Ao ver Sônia semi nua, debruçada na cama, presa pelas amarras e desmaiada, exigiu que os soldados a retirassem dali e a levassem a enfermaria.
Enquanto seguiam as ordens, Bob chamou todos os guardas que estavam presentes na noite anterior.
- Eu quero saber, como? Como meu filho conseguiu fugir se vocês, supostamente, estavam vigiando? Expliquem!
- Senhor. - um guarda deu um passo à frente. - Nós estávamos vendo TV, como de costume, e... - apontou para Joseph. - O garoto estava vigiando enquanto estávamos ausentes, senhor.
- Isso é verdade, Joseph?
- Han... Sim. - abaixou a cabeça. - Estão falando a verdade, senhor.
- Sendo assim... Estão todos dispensados. Voltem aos seus afazeres, exceto você, Joseph, nós precisamos conversar.
- Sim, senhor. - os guardas se retiraram.
- Venha comigo, Joseph. - o guiou segurando a gola do seu uniforme.
Na sala, sentado na poltrona, rodeado pelo coronel, estava assustado com as consequências de seu ato.
- Joseph. - pousou as mãos sobre seus ombros. - Você é o meu melhor guarda. - se sentou à sua frente. - Sempre fiel, nunca me causou nenhum problema. - se levantou. - Mas... De repente, você... Simplesmente errou comigo. - pegou o revólver da gaveta. - Eu só queria saber... - o pôs sobre a mesa. - Por que? Por que isso aconteceu? Como aconteceu?! Você sempre foi bom, aí de repente deixa isso acontecer!
- Me desculpa, senhor.
- Desculpa? Você está me pedindo desculpas? Você acha que isso vai resolver alguma coisa? Hein, Joseph?! - carregou o revólver.
- E-e- eu sinto muito, senhor. - começou a chorar.
- Não, não chore, Joe.- pôs o revólver na sua cabeça. - Me diga, apenas me diga, quem? Quem você teve a audácia de permitir entrar? Quem você respeita... - afastou o revólver da sua cabeça. - Além de mim...
- E-eu...- o entregou um lenço.
- Calma, não se humilhe tanto. - foi à janela.
- Eu errei, senhor, eu sei! A culpa é...
- Shiu! Silêncio. - fitava à janela. - Estou raciocinando...
- Perdão, senhor.
- Você e muito fiel a mim. Você nunca, jamais deixaria alguém entrar! Eu sei disso, mas... Eu sei também, que tem um alguém que você hesitaria.
- Quê?
- Uma pessoa que você respeita muito e faria qualquer coisa... - fitou em seus olhos assustados. - Essa pessoa é...
- Quem, senhor? - olha para os lados.
- O Phil esteve aqui na noite passada, não é? - sussurrou.
- Phil?
- Não se faça de bobo, Joseph. Eu sei que Phil, o "senhor Collins" esteve aqui! Eu sinto, aqui. - bateu no seu peito. - Aqui eu sinto que ele esteve aqui e você o viu, mas teve que deixá-lo entrar, pois ele salvou sua vida. Não estou certo?
- Sim, senhor, está certo.
- É, eu sei, eu sempre estou certo, garoto. - bateu o revólver na mesa. - Bem, como eu estou de bom humor, eu perdôo você.
- Obrigado, senhor.- enxugava suas lágrimas.
- Agora, pode se retirar.
- Sim, senhor. - saiu correndo da sala.
- Ah, Phil... Seu traste. - pegou o revólver e o colocou na bainha de couro.- Eu vou acabar com ele.
Em disparada, saiu da sua sala. Passou por dezenas de oficiais mas não deu atenção para nenhum. Foi para o carro, o ligou e saiu à procura de Graham. Como não tinha como descobrir onde ele estava, foi para o hospital onde Damon estava, na esperança de saber.
Enquanto isso, Damon recebe alta de Phil e já poderia ir para casa, porém ainda estava doente, mas podia se tratar em casa.
- Ah, finalmente! Eu posso ir para minha casa, ver minha família.
- É, uma boa notícia, mas você não parece tão feliz. - disse Alex.
- É, eu estou feliz, mas... Eu sinto saudades do Graham.
- Ele vai voltar.
- Será? E se...
- Shiu. - o calou. - Não seja pessimista. Damon, ele te ama, não irá sair de lá como o pai dele.
- Você acha?
- Eu sinto.
- Obrigado. - o abraçou. - Você cuidou muito bem de mim. - sorriu.
- Quando você vai voltar?
- Em breve, amigo, em breve...
- Okay, eu vou te levar para o carro.
- Não, eu vou sozinho.
- Eu te levo de cadeira de rodas.
- Cadeira de rodas? Hum... Fechado. - apertou sua mão.
Assim, Alex o ajudou a sentar na cadeira de rodas.
- Alex, o que você vai fazer?
- Veja.- Alex começou a correr pelo corredor na cadeira de rodas.
- Alex, seu louco! Vá mais devagar!
- Frouxo! Agora que está ficando divertido. - parou a cadeira. - Seu chato.
- Apenas me leve para o carro, okay?
- Tudo bem. - o obedeceu.
Enquanto Damon estava no carro à caminho de casa. Phil estava conversando com o Graham. Sentado à beira de sua cama, com o quarto escuro, contava sua história.
- O quê? Vocês já estiveram juntos?
- Sim.
- Não consigo imaginar meu pai chorando.
- Ele não era assim antes. Ele era muito delicado, generoso e protetor. Eu que era um idiota.
- Ah, mas... Por que ele fez isso?
- Ele fez isso na expectativa de te proteger.
- Ah, ficar naquela prisão foi horrível.
- Foi? Ah, o lado de fora já assusta, imagina ficar 3 dias lá.
- Sim. E... Nela, quando fui me levantar da cama... Eu atropecei... E, num azulejo solto estava escrito...
- Você nunca saberá o quanto eu realmente amo você...
Você nunca saberá o quanto eu realmente me importo.
- Como você...
- Eu já estive lá. Passei 5 dias sendo torturado.
- Phil, como pode ser você se estava escrito Collins. E seu sobrenome é Daniels?
- É uma história meio confusa. Na minha classe tinha um colega que se chamava Finn Collins. Eu não sei o que aconteceu, devem ter trocado nossos "nomes de guerra", e eu fiquei como Phil Collins e ele como Finn Daniels. Eu fiquei 3 meses com esse nome, contudo meus amigos ficaram tirando sarro, e com isso fiquei conhecido como Collins. Ninguém no quartel me conhece como Daniels, por isso estava escrito Collins.
- que loucura, não se incomoda de te chamarem de Collins ao invés de Daniels?
- Não, pois hoje me conhecem como Daniels. Quando aquele garoto me chamou de Collins, me lembrei do tempo em que tudo pra mim era divertido e regras eram feitas para serem quebradas e... Que se dane a moral. Nunca pensei que diria isso, mas... Sinto falta daqueles tempos.
- Garoto?
- Ah, depois conto essa história, você precisa descansar um pouco, se alimentar... Falando nisso, Harley está preparando seu almoço. - se levantou da beira da cama.
- Aonde vai?
- Vou caminhar um pouco, e...- fitou o skate no canto do quarto. - Esse skate é seu?
- Não, eu acho que é do Damon.
- Posso pegar emprestado?
- Eu acho que sim. - sorriu.
- Obrigado. - deu um beijo no seu rosto. - Descanse um pouco e espere seu almoço.
- Não vai levar o skate?
- Não, eu acho melhor não. - se retirou do quarto.
Todavia, Phil, sem avisar aos outros, pela porta de trás, saiu para a tal caminhada. Da garagem, pegou a bicicleta de Damon e foi para o parque.
Ao chegar, debaixo da sombra da enorme árvore, que ficava numa discreta e baixa colina, um pouco longe das pessoas que ali trafegavam. Fechou os olhos, deixou a brisa bater em seu rosto, logo se sentou sobre a grama quente, contudo uma nostalgia que a muito tempo não sentia o fez sorrir.
Aquele lugar o lembrava dos tempos em que estava junto de Bob. Cada sorriso, cada brincadeira boba de criança. Tudo ele se lembrou, como se tivesse acontecido a pouco tempo. Logo, fitou calmamente para o tronco da árvore e encontrou. Estava quase desaparecida, coberta por líquens, mas com ajuda de um galho, conseguiu ver um pouco do coração. Neste estava suas iniciais e as de Bob. Logo ao lado deste, estava outro coração, bem visível e recente, estavam as inicias de Damon e Graham. Simplesmente, tudo estava se repetindo, mas com uma história diferente. Contudo, com finos raios de sol que entravam pelas finas lacunas das folhas, refletia em seus olhos, assim, os fechou e sorriu.
Enquanto isso, Damon chega em casa. Jessica o ajudou a sair do carro, ainda estava um pouco fraco.
- Damon! - Pauline o recebe. - Como você está?
- Estou bem, obrigado.
- Ah, você está bem melhor. - o abraçou.- Venha comigo. - o ajudou a se sentar na poltrona. - Harley e eu estamos preparando o almoço, já está quase pronto. Você está muito fraco.
- É muita gentileza sua. - sorriu.
- Ah, Damon! - sua mãe vinha da cozinha. - Meu filho! -o abraçou.
- Oi, mãe.
- Você está se sentido bem, meu querido? Quer alguma coisa?
- Não, mãe, eu estou bem.
- Seu pai está dormindo, essa semana foi cansativa para ele, e... Ah, ele não sabe que você está aqui, vou chama-lo.
- Não, mãe, deixe ele descansar, por favor.
- Tudo bem. - deu um beijo na sua testa. - Eu vou preparar seu almoço, querido.
- Okay, mãe. Enquanto você prepara, acho melhor eu descansar no meu quarto.
- No seu quarto?
- Sim, por que?
- Ah, nada não, meu filho. - deu um cínico sorriso.
- Por que esse sorriso?
- O quê? Nada, não. Okay, tenho que ir. - foi rapidamente para a cozinha.
- Que estranho.
- Então, quer mesmo o ir para o quarto? Você se garante em subir as escadas? - perguntou Jessica.
- Claro que sim! Vamos, me ajude a levantar, por favor.
Assim, Jessica o ajudou a subir as escadas. Ele as subia com dificuldade e às vezes dava breves pausas nos degraus, mas continuou até chegar no seu quarto. Quando abriu a porta, viu que seu quarto estava escuro.
- Por que meu quarto está escuro?
- Bem...
- Han?- Graham ouviu uma voz familiar.
- Espera aí... - devagar foi à cama. - Tem alguém na minha cama!
- Quê?
- Sim, tem alguém dormindo, nela.
- Hey. - dava leves tapas no ombro. - Levante, essa cama é minha.
- Han! Damon?- Graham saiu debaixo das cobertas e fitou diretamente para seus olhos azuis.
- Graham?!
- Damon! - seus olhos se encheram de lágrimas. Num salto, o abraçou. - Você é real! Você é real! - chorava.
- Graham? É você? - estava confuso.
- Sou eu! Eu sou real! Você é real! - o abraçou forte.
- Oh, meu Deus! - chorou sobre seu ombro. - Eu senti tanto a sua falta, meu amor. - beijava seu rosto.
- Ah, você não sabe como foi difícil ficar longe de você. - soluçava.
- Você vai ficar comigo?
- Sim, ficaremos juntos para sempre.
- Me abrace e não me solte nunca, por favor.
- Não, eu não vou. Vamos ficar juntos para sempre. Eu sei que sim.
- Bem... Eu vou deixá-los à sós. - Jessica se retirou.
Sentaram-se na cama. Graham o abraçou. De repente, estava sobre ele, com a cabeça sobre seu peito, ouvindo seu coração bater, enquanto Damon tocava em seus cabelos.
- O que fizeram com você, meu amor?
- Não, importa. O importante é que você está bem. - deu um beijo no seu rosto.
- É. - deu um rápido sorriso. - Eu não sei se rio ou se choro.
- Por que?
- Estou sentido que algo ruim vai acontecer.
- Não, não seja tolo, nada vai acontecer.
Enquanto isso, Bob estava no hospital. Chegando ao quarto de Damon, este não estava mais lá, apenas Alex que recolhia os sacos de soro.
- Olá? Posso ajudar?
- Onde está ele?
- Ele?
- Onde está o Damon?
- Ele recebeu alta, ele foi embora.
- Para onde ele foi? Onde está meu filho?
- Desculpe, mas eu não posso informar a localização dos pacientes.
Pôs a arma apontada na sua têmpora. - Onde ele está?
- Senhor, por favor, eu sou só um enfermeiro.- estava nervoso.
- Me diga agora, onde ele mora.
- Tido bem, eu digo, mas, por favor, tire está arma da minha cabeça.- o obedeceu. - Obrigado.
- Então?
- Ah, sim.- fitou a prancheta.- Aqui, senhor. - mostrou o endereço. - Ele mora nesse endereço.
- Obrigado, garoto. - se retirou do quarto, com passos apressado.
- De nada...
Com o endereço em mãos, pegou o carro no estacionamento e foi para a casa de Hansel, onde possivelmente, Graham estava com Damon.
Já estava de noite, todos estavam à mesa terminando o jantar. Lá fora, Bob estacionou, bem à frente da casa, seu carro. Contudo, com o revolver escondido no uniforme, tocou a campainha.
- Ah, quem será essa hora?- perguntou Jessica.
- Não sei, acho melhor eu atender. - disse Graham, se levantando.
- Não, Graham. - Hansel se levantou. - Deixe que eu atendo.
Ao abrir a porta, Hansel se depara com a figura monstruosa e odiosa de Bob.
- Olá, Hansel. - entrou sem permissão.
- O que você está fazendo aqui? Saía da minha casa!
Foi para a cozinha. - Graham?
Se espantou. - Pai! - um frio subiu a espinha.
- Senhor, Coxon! O que faz aqui?
- O que o Graham faz aqui?!
Segurou a mão de Damon. - Onde eu posso estar.
- Você vai voltar comigo.
- Nunca!
- Ah. - sacou a arma. - Você vai! Por bem ou por mau.
- Pai, por favor, abaixa essa arma.
- Não.
- Pai, eles não tem culpa de nada. - largou a mão de Damon, e se aproximou de Bob. - Vamos conversar... Em particular, no escritório.
- Não! - Damon o segurou pelo braço.- Não vá!
- É a mim que ele quer. - tirou sua mão. - Vamos pai.- foi até o escritório.
- Graham, não faça isso! - Pauline se desesperou.
- Por favor, Bob, deixe o aqui! - insistiu Phil.
- Cale sia boca, Phil. Esse assunto é meu e do meu filho. - trancou a porta.
- Oh, meu Deus! - Pauline abraçou Harley. - Outra vez, não.
Dentro do escritório, de frente um para o outro, com apenas a mesa os separando, ficavam sérios um para o outro.
- Filho, eu poupo todos eles, ”se"! Você voltar comigo.
- Pai, eu sei de tudo.
- Tudo o quê?
- Tudo. O porquê me colocou naquela cela, o seu relacionamento com Phil.
- Filho, eu fiz isso pro seu bem!
- Não, você só está repetindo o que o vovô fez com você.
- Não! Ele foi muito mais cruel, eu ainda estou sendo bom com você.
- Chama isso de bondade?
- Filho, você não vê, mas isso é tudo para o seu bem. É como um espinho de marfim, dói mas faz bem.
- Pai, eu não sou uma criança, eu já tenho 22 anos!
- Graham... - seus olhos se encheram de lágrimas. - Quando você esteve nos meus braços pela primeira vez, senti que você seria brilhante, seria melhor do que eu. Que você seria o melhor coronel do Reino Unido! Que... Você seria melhor do que eu. Mas...
- Eu estraguei tudo? Só porque eu fiz o mesmo que você?
- Sim, você errou, graças aquele...
- Não se atreva a falar dele! - o interrompeu. - Se queres culpar alguém, culpe a mim. Damon não tem nada haver.
- Como? Como ousa protegê-lo? Graças a ele fui obrigado a te prender.
- E por que? Fez isso só porque eu o amo? É isso? Só posso amar mulheres?
- Sim! Ah, Graham, eu tinha tantos planos pra você. Você seria brilhante!
- Mas isso é você! Eu não sou sua idealização. Eu sou um ser humano, e eu posso fazer o que eu quiser! Pois eu sou independente!
- Não! Você não pode arruinar o nome da nossa família assim! - começou a chorar. - Você não pode cometer o mesmo erro que eu. - enxugou suas lágrimas.
- É a primeira vez que eu te vejo chorar. Agora consigo ver você quando era mais jovem.
- Eu era imaturo.
- Você apenas se apaixonou.
- Me apaixonei, pois eu era um tolo! A culpa foi do Phil.
- Pai, eu sei que você ainda...
- Não diga nada!
- Você ainda o ama!
- Não! Eu o odeio! Ele arruinou minha vida!
- Ele te fez feliz. Lembre-se dos bons momentos que vocês viveram juntos. As suas aventuras pela cidade. Mesmo sendo contra a vontade do vovô, sabe do as consequências, vocês continuaram de mãos dadas.
- PARA! - sacou o revólver. - Cala a boca! Isso já passou!
- Quando você vai parar de se reprimir? Quando vai aceitar o que você é de verdade?
- Nunca! - apontou o revólver para sua cabeça. - Nunca, vou aceitar ser a ruína dessa família. - voltou a chorar. - Eu não posso fazer isso. E, eu não vou deixar você estragar.
Com o silêncio pairando entre eles, com Pauline em prantos aos ombros de Phil na sala. Com olhares assustados e cheios de lágrimas, com o revólver apontado em direção a sua cabeça. A mão de seu pai tremia enquanto em seus olhos lágrimas fugiam.
A respiração de Graham estava pesada, seu coração batia mil, estava com mãos pro alto, sentiu que aquela era sua hora. Uma última lágrima escorreu pelo seu olho, logo o fechou.
De repente, no assustador silêncio, um som alto de um tiro vindo do quarto. Assim, todos que ali estavam presentes, principalmente Pauline ficaram em choque.
- NÃO! - Damon se ajoelhou no chão e começou a chorar.
- MEU FILHO! - gritava desesperada, chorando. - NÃO! NÃO! MEU FILHO, NÃO!
Harley a abraçou, enquanto chorava. - Calma, mamãe.
- Ele o matou... ELE O MATOU! AQUELE MONSTRO! - chorara em seus braços. - Eu vou matar aquele monstro! Assassino!
E ali, o desespero pairou. Para todos, Graham havia morrido, este era o fim.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.