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História Les Bleus - Chapitre V


Escrita por: hohopefully

Capítulo 10 - Chapitre V


Charlotte se remexeu incomodada, tendo a sensação que estivesse dormido por vários dias seguidos enquanto sua vida passava como um filme diante de seus olhos. Uma mão passeava por seus cabelos, afagando-o carinhosamente, quase fazendo-a voltar a cair em mais profundo sono. Mas antes que pudesse fazer isso, um forte odor de álcool etílico atingiu suas narinas, obrigando-a abrir os olhos rapidamente e dar de cara com a expressão preocupada de Briane.

— Meu deus Charlotte — a loira se pronunciou, vendo a garota encara-la assustada 

— O que houve?

Sussurrou, podendo ouvi-la rir, e aliviar o seu semblante.

— Você desmaiou. — respondeu, vendo Charlotte se aconchegar em seu colo — Eu sabia que a sua birra de não comer nada hoje, daria nesse resultado.

Antes fosse o fato dela ter sobrevivido aquele dia só com um misto quente que comeu na estação de Londres. Soltou um suspiro alto, sentindo a mão de sua amiga voltar a acariciar seus cabelos, permitindo-a que voltasse a fechar os olhos por um momento. 

Só que o papel fundamental de Briane naquela trama, era somente traze-la para a dura realidade em que vivia.

— Totalmente diferente de Blue, que só não comeu as pedras do caminho porque estava empolgada demais com o dia que tivera — disse, divertida

Infelizmente Charlotte não estava para risada, e ao escutar o nome de sua filha, sentou-se sobre o sofá rapidamente, voltando a sentir uma leve tontura por conta do movimento brusco. Passou a mão nos cabelos, que se encontravam úmidos, e provavelmente olhou desesperada para sua amiga que se encontrava ao seu lado, vendo-a abrir um sorriso.

— Calma, Blue está com Adrien!

Murmurou, fazendo a garota se levantar alarmada, tentando colocar os seus pés para funcionar e ir atrás dos dois desaparecidos. Porém Briane foi mais esperta, segurando-a pelo pulso e fazendo-a encara-la apreensiva.

— Ei, espera. Precisamos conversar!

— Bri, agora não. — respondeu, entre dentes

— Adrien contou que vocês se conhecem desde crianças.

Bri despejou antes mesmo que a outra organizasse seus pensamentos, ignorando totalmente o pedido da mesma.

— Por que não me contou?

Charlotte sentia um torpor assola-la, enquanto tentava a todo custo focar sua audição na silenciosa casa em busca de qualquer barulho que indicasse aonde Blue poderia está. O breve vácuo proposital que deu em Briane, indicava desesperadamente que aquele não era o momento para sentar e prosear sobre o passado, e conseguiu se soltar dela de forma brusca, começando a se movimentar em passadas apressadas para dar o fora daquela sala.

— Eu sei que o pai de Blue é um brasileiro, que você não gosta de falar muito... — Briane soltou de repente, vendo a garota se petrificar no batente da porta - mas é absurda a semelhança entre eles dois. Não só a semelhança, mas a química também.

— Briane... — Charlotte sussurrou, voltando a encara-la contra gosto — Agora não!

— Você sabe que um dia ela vai perguntar pelo pai, Charlotte. — insistiu

— E ela sabe que tem o Elliot como um! — respondeu, entredentes novamente

— Isso não é o bastante Charlie! Você a conhece, sabe que não vai demorar muito para ela começar a questionar o por que que na casa dela só tem sua mãe e seu tio.

Ela sabia.

Charlie sabia perfeitamente que aquele dia chegaria, e infelizmente ainda não estava preparada para encontrar tais respostas para aqueles questionamentos. Muito menos prosseguir com aquela conversa enquanto Adrien Rabiot zanzava pela sua casa segurando a sua filha.

— Depois conversamos sobre isso, por favor — sussurrou, em forma de súplica

— Char, Blue vai começar a se afeiçoar a cada namorado que você tiver... — Briane tentou prolongar, testando o último fio de paciência que Charlotte tinha no lugar

Resolveu voltar a se aproximar de sua amiga para que não precisasse aumentar o tom de voz por conta do rumo que aquela conversa estava tomando. Adotou uma postura nunca antes vista pela outra, os punhos fechados, o olhar raivoso enquanto travava o maxilar para que sua voz saísse controlada, áspera. 

— Você sabe muito bem que eu não coloco qualquer pessoa na vida dela. — a encarou séria — Então, eu não estou conseguindo entender aonde você quer chegar... —

— Blue é uma criança muito comunicativa, isso é fato. Mas o que eu vi hoje, quando ela entrou em estado de choque ao vê-la caída no chão, e só Adrien conseguindo acalma-la, me fez refletir que você não vai está aqui para sempre! Ela merece saber quem é o pai dela... —

— Aonde eles estão?

Ela não lhe respondeu, começando a caminhar para fora da sala e fazendo Charlotte acompanha-la, até que pudessem alcançar a entrada que dava para a cozinha. Briane a encarou, pedindo para que fizesse silêncio e andasse com calma, fazendo-as ouvirem sussurros vindo do ambiente. Ela foi a primeira a espionar, voltando rapidamente o olhar para a mãe de Blue, com aquela expressão que as pessoas faziam quando assistiam vídeos de animais fofinhos, dando espaço para que Charlie pudesse verificar o que estava acontecendo. 

Se ela não carregasse quase 6 anos de culpa nas costas, se sentiria a pessoa mais sortuda por presenciar mais uma vez aquela cena, em que um Adrien estava em pé, com a pequena Blue sentada sobre o balcão da cozinha enquanto balançava as perninhas e mastigava algo. 

Pode escutar um barulho vim da boca de Adrien, e logo ele começar a balançar uma batata frita no ar, fazendo a pequena bater palminhas e abrir a boca que ainda estava cheia.

— Bleu, você precisa terminar de comer para pegar outra — Rabiot advertiu, vendo-a voltar a mastigar — Isso é contra as nossas regras!

A menina concordou com um aceno, podendo vê-lo levar a batata frita para a própria boca.

— Essas batatinhas eram as favoritas da sua... — ele voltou a falar, mas acabou sendo interrompido pela a menor

— Mamãe! — gritou, se agitando enquanto via a loira adentrar a cozinha

Adrien encarou a criança, confuso com a resposta que ela havia dado, mas logo pode desviar sua atenção para Charlie, que ainda vestia o roupão felpudo que deixava a extensão de suas pernas finas de fora, fazendo-o se perder alguns segundos nos desenhos que haviam ali. 

Charlotte sorriu para a pequena Blue, e ao se aproximar a viu levantar os braços, um pedido silencioso para que sua mãe a pegasse no colo, fazendo-a atende-lo prontamente. Por um momento pode senti-la lhe apertar, agarrada ao seu pescoço enquanto enterrava o rosto em seus cabelos. Mas logo pode sentir as mãos pequenas lhe segurar o rosto, fazendo a mais velha esfregar o nariz sobre o dela e ouvindo-a rir baixinho.

— Mamãe, o que aconteceu? — questionou, permitindo que Charlotte analisasse seus olhos azuis ainda inchados 

Ela não tinha nenhuma explicação plausível para o que tinha ocorrido, fazendo-a soltar um suspiro pesado enquanto tentava organizar seu pensamento para que dissesse algo que não fizesse-a devolver com mais perguntas.

Uma coisa impossível quando se tratava de Blue Scarlett.

— Mamãe ficou emocionada em me ver, Bleu — Adrien tomou as rédeas, fazendo-as encara-lo — Ela precisou dormi alguns minutinhos para se recuperar.

Ele concluiu, risonho, observando Charlotte revirar os olhos enquanto murmurava com os lábios um "Vai a merda", fazendo-o rir baixo.

— Eu pensei que você estava dodói, e pedi para o tio Adrien lhe dar um beijo mágico... — Blue tagarelou, deixando Charlie com os olhos arregalados 

— Para falar a verdade, ela não pediu. Ela mandou. — Adrien encostou no balcão, cruzando os braços enquanto mirava com uma expressão julgadora para a pequena

— Mentira — a menina apontou o dedo para ele, sentindo-o morder seu dedinho — Eu pedi com carinho.

Charlotte precisou rir por um momento, vendo-os se encarando com as expressões franzidas por conta da pequena discussão. Precisava concordar com Briane o quão era gritante a semelhança dos dois, fazendo pesar mais uma tonelada no seu saco de culpa.

— Obrigada Adrien — disse por fim, vendo Blue voltar a encara-la 

— Mas ele não deu o beijo, mamãe — disse, obvia

— Não pelo beijo, sua pestinha — Charlie respondeu envergonhada, apertando-a — Estou agradecendo por cuidar de você!

A garotinha riu, sendo acompanhado por Adrien.

— Pensei que eu não tinha jeito com criança — ele pigarreou, dando de ombros — Mas Bleu é bem domável. Filha de peixe, peixinho é! É o que dizem, uhm?

Ele sacudiu a cestinha com algumas batatas fritas, fazendo Charlie soltar uma risada. 

— Ainda sobrou algo? — perguntou, desconfiada 

— O que você acha Bleu? Dividimos nossas batatas com ela? — ele questionou, vendo a mais nova acenar enquanto coçava um dos olhos.

Charlie riu, se desprendendo daquela cena de comercial de margarina para se virar e encontrar Briane sentada a mesa que havia no meio da cozinha, com os cotovelos apoiados, observando o que ocorria a sua frente. Não pode deixar de rolar os olhos com aquilo, e puxou uma cadeira para que pudesse acomodar Blue ao seu lado, fazendo-a se sentar logo em seguida.

Adrien aproveitou para colocar sobre a mesa as duas cestas de batata frita que havia comprado, acreditando ser o bastante para que as damas pudessem comer e alcançou a geladeira, passando a vasculha-la atrás de alguma bebida para que pudesse servir de acompanhamento.

— Certo, estou bem curiosa — Briane se pronunciou, chamando a atenção para ela — Como vocês... — ela apontou para os dois, fazendo-os rir

— La pelos anos 2000 eu me mudei para o sobrado que tem aqui na frente. E bom, a senhora Blanc sempre fora muito receptiva quando aparecia um novo morador... — Adrien começou, enquanto depositava entre elas uma garrafa de suco com alguns copos

— Chata, como você ja percebeu — Charlie murmurou, fazendo-os rirem — Ela me fez ajuda-la a fazer uma fornada de biscoitos para levarmos aos Rabiot's. Nosso problema começou quando ele não quis dividir nada comigo.

— Pelo o que eu me lembro, você comeu metade da travessa — ele advertiu, acusando-a — Consegui conquista-la com comida.

Os dois se entreolharam por um momento, começando a rir logo em seguida.

As memórias de anos e anos de amizade voltavam a tona, como se tivessem vivenciando-as novamente.

Quando Adrien se empolgava e começava a narrar alguma história boba deles quando criança, fazia-a se perder involuntariamente em sua voz que atualmente se encontrava tão rouca, tão grossa. A ponta de sua língua, vez ou outra brincava nos cantos de sua boca, e quando era interrompido com alguma pergunta vindo das suas espectadoras, ela deslizava sobre o lábio, fazendo Charlotte ativar a sua perversidade. Os traços do rosto de Rabiot estava mais marcado, maduro. A barba enfim resolverá preencher, e estava por fazer, deixando-a com vontade de acaricia-la por alguns minutos.

Ela havia sentido tanta, mais tanta falta dele, que conseguia naquele momento reparar até nos poros abertos que havia em seu rosto e contado precisamente quantas vezes o gogo de seu pescoço subia e descia, fazendo-a registrar cada momento como se fosse o último.

Não queria, mas esperava que realmente fosse o último.

— E por que vocês perderam o contato? Já que os pais de Charlie continuam morando aqui, desde... — A voz de Briane a fez voltar a tona, fazendo-a encarar sua amiga em reprovação 

Adrien gostaria muito de poder responder aquela pergunta. Se tivesse a resposta correta para ela.

Mas preferiu encarar Charlotte, que naquele momento passava as mãos grosseiramente sobre o rosto, provavelmente se sentindo incomodada com aquele questionamento.

— Eu tenho uma pergunta — Blue aproveitou o silencio, levantando o braço como a sua professora da escolinha havia lhe ensinado e fazendo todos presente prestarem atenção nela - Vocês então são pretendentes?

Briane precisou reprimir uma risada, enquanto Adrien encarava a pequena com uma careta divertida e sua mãe aproveitava para esconder o rosto entre as mãos, balançando a cabeça em negação.

— Não meu amor — Bri tentou consertar, afagando os cachos da garotinha

— Mas você disse que o tio Adrien era pretendente... — continuou a questionar, sendo cortada rapidamente por uma Charlotte apreensiva

— Blue, Adrien é só um amigo. 

— Igual eu e Dan? — ela perguntou, fazendo sua mãe querer apertar aquelas malditas bochechas

— Igualzinho você e Dan — concordou, vendo-a ficar satisfeita e pegar o copo de suco, permitindo que sua mãe voltasse a encarar os dois adultos — Qualquer palavra atraente aos ouvidos dela, acontece isso — sussurrou, apontando com a cabeça para a pequena

— Quantos anos ela tem mesmo? — Adrien questionou, percebendo o olhar de Charlie ficar alarmado

— Tem... — Briane tentou começar a falar, porém

— O bastante para saber que está na hora de escovar os dentes e ir dormir! Briane, você poderia acompanhar Adrien... — Charlotte apressou-se, levantando-se rapidamente para pegar pequena no colo, porém sua amiga se adiantou, segurando-a e lhe lançando um sorriso indecifrável

— Pode deixar que eu ponho ela na cama. Fica mais um pouco — concretizou o que a cabeça de Charlie já imaginava, para o seu desespero — Vamos Bleu, da tchau para o tio Adrien.

Tio Adrien.

Aquilo era o fim de menina Charlotte.

Pode vê-lo se aproximar das duas, e afagar os cabelos castanhos e cacheado da pequena Blue, fazendo-a petrificar no lugar em que estava, enquanto um grito para que Briane corresse dali ficava entalado.

Adrien havia observado atentamente os traços da garotinha quando a vira entrar em desespero ao ver sua mãe desacordada. Os olhos que antes estavam escurecidos, acizentados, agora ganhará uma tonalidade azul cristalino, fazendo-os ter a semelhança dos seus próprios olhos. A boquinha fina e bem desenhada, guardando um sorriso de menina sapeca. Os cabelos finos e embolados, formando cachos perfeitos, totalmente distorcido do cabelo escorrido que Charlie tinha quando criança, além de serem escuros, fugindo da loirisse dos Blanc's.

Antes que se perdesse novamente nas feições da pequena, a voz astuta da mesma preencherá seus ouvidos, fazendo-o abrir um breve sorriso.

— Tchau tio Adrien! Obrigada pelas batatinhas — falou, abrindo um sorrisinho tímido

— Conta para ele o que faremos sábado — Briane incentivou, fazendo Adrien perceber o brilho no olhar de Blue

— Sábado eu vou ver o Neymar jogar — disse, ainda tímida, enquanto tentava focar a atenção no desenho de sua blusa 

— Só o Neymar? — perguntou, num tom falso de indignação 

— Tudo bem — a pequena suspirou, soltando uma risada — Vou ver o time do PSG ganhar!

— Agora melhorou! — ele sorriu, levantando a mão para que ela batesse em um high five — Nos vemos no sábado, então!

Se despediu calorosamente de Briane, e logo pode vê-las desaparecer no corredor que atravessava a cozinha, fazendo-o voltar sua atenção para a loira que estava parada alguns centímetros de distâncias.

— Ela é adorável. — começou, vendo-a acenar — Totalmente diferente de você que passou o dia tentando me dispensar, mas veja só... - ele abriu os braços, fazendo-a bufar irritada

— Não estou tentando te dispensar — se defendeu, ouvindo-o soltar uma risada sem humor algum

— Imagine se não estivesse tentando — murmurou, um tanto quanto chateado — Eu queria muito entender o que eu te fiz para ser tratado dessa forma. Juro. Eu passei tanto tempo pensando o que eu possa ter dito, possa ter feito. Mas não encontro nada, Charlotte... —

Charlie agarrou os próprios cabelos, dando alguns passos para trás para que pudesse se distanciar daquela sensação inebriante em tê-lo por perto.

Aquilo era um problema. Um problemão dos grandes.

— Adrien, acho melhor você ir. — murmurou, desviando o olhar

— Não Charlotte. — disse, firme — Você não tem direito nenhum de achar nada. A única pessoa que tem direito de alguma coisa aqui sou eu.

— Direito a que Rabiot... — ela permitiu que sua voz elevasse dois tons, sentindo que estava começando a perder o controle

— De saber a verdade!

Charlotte o encarou, com os olhos arregalados. Ingenuamente, nunca havia se preparado para aquele dia, iludindo-se a si mesma que nunca passaria por aquilo. Provavelmente era isso que estava-a fazendo hiperventilar e encontrar dificuldades para respirar, enquanto a pane em sua cabeça se tornava tão real, que não a deixava proferir nada audível e/ou compreensível. 

A forma como ele a olhava também não ajudava muito, deixando-a totalmente vulnerável para aquela situação. 

A alguns minutos atrás ele a mirava com carinho, como se fossem os mesmos de seis anos atrás. Mas agora despejava um olhar frio, sem cor, permitindo que seus olhos azuis oceano se tornassem um aterrorizante tsunami.

Parecia que Adrien conseguia engoli-la com aqueles globos oculares, como se pudesse atravessar a pele, a carne, o crânio, para assim penetrar em seu cérebro e arrancar a força o que ela tanto lutava para esconder. 

Mas preferiu permanecer em silêncio, tanto porque estava petrificada, controlando-se para continuar mantendo seu corpo funcionando, tanto por imaginar a catástrofe que seria ao soltar que Blue era realmente a filha dele.

O único problema era que quanto mais aquele silêncio perdurava, pior a situação ficava.

Rabiot se movimentou e minimizou os passos que Charlie havia dado para se afastar dele, voltando a ficar próximo daquela expressão atordoada. Respirou fundo, ignorando totalmente a nostalgia ao sentir o aroma de morango vindo dos cabelos macios da garota, reunindo forças para continuar batalhando contra ela:

— Perdemos tanto tempo, e a última coisa que eu queria era perdurar uma briga idiota contigo - começou, ouvindo-a soltar um arfar alto — Mas precisa concordar que eu mereço saber o motivo de você ter simplesmente me tirado de sua vida, me reduzindo a um nada.

— Você não é um "nada"!

Ela murmurou, sofrida, enquanto desviava o olhar para encarar o pés descalços.

Muito pelo o contrário. Adrien Rabiot era tudo na vida dela.

Havia caído nas garras de se apaixonar por seu melhor amigo, e que na época o sentimento a fizera ser tola o bastante para priorizar a vida dele, ao invés de poder ter tentando abraçar uma vida com ele.

Mas não dava, não encontrava muita exatidão naquilo. Se tratava de dois adolescentes, inconsequentes, com dois futuros distintos e que pesando na balança da vida, apenas um merecia ser sacrificado.

— É uma situação tão complicada, Rabiot — 

murmurou, sentindo sua cabeça trabalhar a todo vapor, fazendo-a não conseguir raciocinar uma resposta melhor para o questionamento de Adrien. Precisou reservar aquele momento também para agradecer mentalmente, por ele só querer saber o motivo daquele afastamento repentino, e não sobre outra coisa.

— Eu me arrependo todos os dias por ter incentivado aquela estupidez de perdemos a virgindade juntos... —

Disse, fazendo-a voltar a atenção para ele, podendo observa-lo a passar as mãos grosseiramente sobre os cachos perfeitos que tinha. O coração dela apertou, porque todas as vezes em que se lembrava daquela noite, sentia-se completa, sentia-se inteiramente dele.

E nunca mais havia sentindo isso com alguém.

Provavelmente sua expressão naquele momento era de sofrimento, pois sentiu a mesma mão lhe afagar o rosto, fazendo-a fechar os olhos por um momento.

— Por que pelo menos eu ainda teria minha melhor amiga na minha vida! — sussurrou, percebendo-a espremer os lábios

Que tiro a queima roupa.

Charlotte tão pouco se arrependia daquela noite. Mas não podia discordar que depois daquela atitude fatídica, a amizade deles começara a ruir, fazendo-os não conseguir encontrar nenhum plano de ataque para reverter aquela situação.

— Podemos dizer que foi o início do nosso declínio — ela prontamente lhe respondeu, fazendo-o soltar uma risada anasalada — Adrien, eu realmente acho que é melhor você ir!

Concluiu, conseguindo afastar de seu toque - contra seu gosto -, e se abraçar com as próprias mãos, enquanto sentia todos seus sentimentos escorrer sob a pele que começava a ficar úmida, de nervosa que estava. 

— Ficarei em Paris até domingo, podemos nos encontrar qualquer dia desses para conversar. — murmurou, não conseguindo encarar os faróis azulados que faiscavam em sua direção 

Ele grunhiu, voltando a dar passadas fundas até ela, consequentemente encurralando-a na borda do balcão da pia, fazendo-o apoiar as duas mãos sobre o mármore e pressionar propositalmente o seu corpo sobre o dela, para que não escapasse daquela vez.

— Você vai fugir, Charlotte — ele disse, entredentes, vendo-a negar com um aceno — Eu sei que vai.

— Não, não vou! — ela disse, firme — Já está tarde, e realmente foi um dia cansativo... —

— Charlie — ele murmurou, vendo-a relutar em encara-lo — Charlotte Blanc.

— Que — ela gritou, se rendendo a aquela situação e enfim encarando-o nos olhos, percebendo que a respiração de ambos começava a se afobar

Adrien dominado por seus instintos, aproveitou a corrente de energia que sentia ser passada pelo o contato de seus corpos colados, para inclinar o rosto até o dela, vendo-a passar brevemente a ponta da língua sobre os lábios. 

Se perdeu um momento naquele movimento, fazendo-o agarrar involuntariamente com uma de suas mãos, a cintura da garota, percebendo-a semicerrar o olhar e soltar um arfar quente, pesado em seu rosto, atiçando-o a se aproximar mais.

Ele queria beija-la. 

Sua cabeça gritava para que grudasse os lábios sobre os dela e acabasse com aquela tortura que se pendurava por anos, só para sentir mais uma vez o sabor viciante que ela tinha. Mas ele não podia.

Ainda não.

— Charlotte, eu juro — voltou a murmurar, rude, enquanto a pressionava contra o seu corpo — Eu juro que se você fugir dessa vez, eu farei uma caçada até o inferno, só para te buscar!

Os pelos da garota eriçaram com aquela ameaça. Tendo até a sensação que algo em seu baixo ventre começava a despertar. 

Mas ela conhecia o inferno, e diferente da cor vermelha e quente na qual ele era pintado, o seu vinha com um par de olhos profundamente azulados.
 

 



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