Said I wouldn’t call but I lost all control
And I need you now
Regina ainda não estava acreditando que Emma Swan havia feito tudo aquilo para ela. Era algo surreal demais e ela estava encantada com tudo. Até mesmo pelo esforço que Emma havia feito com Zelena já que as duas ainda estavam pisando em ovos uma com a outra.
– A comida está realmente deliciosa. – Disse Regina após terminar de mastigar. – Ruby foi uma ótima professora.
– Ela precisou de bastante paciência. – Sorriu olhando apaixonada para a morena. – E muita força de vontade.
– É, eu imagino.
As duas se encararam um pouco, ambas se sentindo envergonhadas sem nem saberem o motivo. Não era como se elas já não se conhecessem há muitos anos.
– Onde estão as crianças e o resto da família? – Regina questionou de repente, percebendo que a casa estava realmente vazia. Ninguém havia ido meter o nariz no encontro delas, o que seria estranho se eles estivessem em casa.
– Desapareceram para a casa da Zelena. – Respondeu. – Sua avó e a minha queriam ficar, mas sua mãe foi a voz da razão e arrastou elas para longe. Malia queria ir o quanto antes e Henry não entendeu absolutamente nada.
– Ainda bem que minha mãe continua sendo a voz da razão dentro dessa casa – As duas riram – Caso contrário teríamos uma janta em família aqui. – Regina suspirou, parando para pensar nos filhos por um momento e Emma percebeu a mudança na expressão da mulher, mas não comentou. Preferiu deixar que ela falasse sem ser pressionada. – Não sei se ainda tenho coragem de voltar para a Inglaterra.
Emma prendeu a respiração por um momento, nervosa com o assunto. Ela não queria assumir que Regina de repente desistiria de sua vida inteira fora do país para ficar com ela, mas esperava que ela estivesse considerando ficar definitivamente.
– Por que não?
– Agora que estamos aqui, não consigo imaginar as crianças longe da minha família – Confessou – Passamos a maior parte do nosso tempo isolados na Inglaterra. Agora estamos todos juntos, Malia e Henry são extremamente apegados à minha mãe e minha irmã. Eles têm com quem contar. Não tenho coragem de separá-los assim. E também não me vejo longe de ninguém mais. – Regina olhou firmemente nos olhos da loira e sorriu. – Incluindo você.
– Regina... – Emma estava divida em seus sentimentos. Não queria ficar longe de Regina de maneira alguma, mas também não queria atrapalhar sua vida.
– Agora que estamos finalmente nos acertando, não quero estragar tudo indo morar em outro continente novamente. – Falou. – E separar a família inteira logo após perdermos meu pai já não era uma opção. Meus filhos são e sempre serão a minha prioridade, mas você agora também é.
Emma ficou sem palavras com a confissão de Regina e a morena percebeu. Ela sabia que Swan se impressionava facilmente e ficou feliz com a reação ao ver lágrimas nos olhos da loira, por isso sorriu satisfeita e voltou a comer como se nada tivesse acontecido.
– Você sabe como deixar uma mulher sem palavras, Regina Vivian Mills. – Murmurou a loira balançando a cabeça negativamente, mas sorrindo também. – Só quero que você entenda: independente da decisão que você tomar, agora ou depois, eu vou te apoiar e estarei ao seu lado em todos os momentos. Ok?
– Ok. – Regina riu. – Obrigada, de verdade. Quando embarquei no avião de volta para Las Vegas, não imaginei que meu maior apoio acabaria sendo você.
– Nem eu, Re. Nem eu.
Elas continuaram comendo e conversando amenidades, falando sobre coisas que imaginavam para o futuro, fofocando sobre a vida de Zelena e Ruby e dos irmãos de Emma também. Regina percebeu que há muito tempo não se sentia tão feliz e relaxada como estava se sentindo naquele momento, rindo e conversando como se o mundo do lado de fora da mansão não existisse.
– Não teve mais notícias do Daniel? – Perguntou Emma quando Regina contou que Henry estava sentindo falta do pai nos últimos dias.
– Ele está em Vegas ainda com a mãe dele até onde sei, mas anda muito ocupado com a empresa do pai dele. – Suspirou. – Ele não quer assumir a presidência, mas Damien consegue ser uma cobra venenosa e persuasiva quando quer. Não é à toa que durante muitos anos foi o melhor advogado do Estado.
– E agora juiz. – Completou a loira levantando a taça e Regina riu concordando.
– Exato. – Falou. – Sei que nós terminamos da pior maneira possível, mas Daniel sempre foi um ótimo amigo e eu não gostaria que ele destruísse a vida e os sonhos dele porque o pai pediu. Logo agora que ele está melhorando tanto.
– Foi por isso que vocês tiveram o Henry? – Era uma pergunta que há muito tempo Emma queria fazer. Mesmo após a conversa com Daniel, muita coisa sobre o casamento dos dois não fazia sentido para ela e o nascimento de Henry era uma das coisas.
– Henry foi uma tentativa desesperada de salvar um casamento que já estava fadado ao fracasso. –Contou com um sorriso triste. – Eu posso nunca ter amado o Daniel como uma esposa deve amar um marido, mas eu o amava do meu jeito e não queria jogar tudo o que tínhamos. E Malia também já estava grandinha, seria muito traumático para ela. Eu amo meu filho mais que tudo, mas os motivos para termos ele foram todos errados.
– Vocês foram felizes em algum momento?
– Fomos. – Regina respondeu sem nem pensar duas vezes. – Logo após Malia nascer, Daniel tirou alguns meses de licença e foi um dos momentos mais felizes que tivemos. E por muito tempo, me segurei naqueles meses, esperando que um dia poderíamos voltar a ter aquilo, mas a influência que Damien tinha nele era muito forte e nem mesmo quando Henry nasceu foi o suficiente. Acabou se tornando tóxico para nós quatro e eu não podia deixar que meus filhos passassem por aquilo mais. – A morena viu que nos olhos de Emma só havia compaixão e carinho, ela não estava lhe julgando por nada, diferente da maioria das pessoas que sabiam da história e isso a confortou muito. – Sempre quis preservar a amizade que tinha com ele e estou feliz por finalmente estarmos chegando lá.
– Você tem um coração gigantesco, sabia disso? – Comentou a loira suavemente fazendo a advogada corar.
– E quanto à você? O que fez nos últimos anos? – Regina perguntou. Esse era outro motivo para ela estar feliz: ter chegado ao ponto de poderem conversar sobre os 18 anos longe uma da outra sem nenhum tipo de tensão.
– Fui embora pro Canadá alguns meses depois de você ter se mudado. Fiquei quatro anos lá. – Contou a loira e isso surpreendeu Regina. Não imaginava que Emma teria coragem de mudar de país assim, logo ela que sempre foi muito apegada aos pais e aos irmãos. – Me afastei muito da minha família por conta disso. Acho que eu mais fugi dos meus problemas do que qualquer outra coisa. – Emma respirou fundo. – Depois me mudei para o México, fiquei uns seis meses morando na capital aí recebi uma proposta de emprego e fui morar em São Paulo. Fiquei anos no Brasil e voltei para cá.
– Você ficou bastante tempo fora, Emma. – Estava surpresa com a notícia.
– Pois é. Antes eu tivesse ficado aqui. – Disse olhando para o prato de comida em sua frente. – Esse tempo fora me custou o relacionamento com meus irmãos. Killian e eu viramos praticamente estranhos e Rose me culpava por ter separado a família toda. Foi uma verdadeira bagunça, honestamente.
– Mas vocês estão melhores hoje, não estão?
– Estamos caminhando numa direção boa. Tive alguns desentendimentos com Killian recentemente, mas nós conversamos bastante e estamos voltando a nos conhecer eu diria. – Emma contou contente por estar se dando bem com o irmão novamente. – Rose e eu fizemos as pazes logo que eu voltei. Na época eu estava conhecendo a Lily ainda e ela foi uma das pessoas que mais me apoiou.
– E a Belle? Você a conhece há muito tempo, não?
– Eu a conheci logo que você foi embora. Nós viramos melhores amigas quase que instantaneamente e foi ela que me ajudou arrumar o emprego na escola de música assim que voltei pra Vegas. – Explicou sorrindo. – Sinto muita falta dela no meu dia-a-dia, mas sei que ela está muito feliz na França.
– Ela é realmente uma pessoa incrível e Malia a adorava. – Regina disse.
As duas mulheres conversaram mais um pouco sobre a vida, comentando sobre o quanto o mundo era pequeno e que não podiam acreditar que elas só estavam onde estavam porque Lia precisou de uma professora substituta de piano. Elas se levantaram da mesa em um certo momento e decidiram ficar deitadas no jardim, com uma toalha embaixo delas, olhando as estrelas e conversando mais um pouco.
– Meu Deus, Emma, é quase uma da manhã! – Exclamou a morena assustada ao olhar o relógio em seu pulso. – Nós trabalhamos amanhã. – Emma riu e se levantou, ajudando a advogada a se levantar também.
– Vamos, vamos limpar essa mesa. – Disse.
Elas retiraram os pratos e copos sujos da mesa, mas Regina insistiu em deixar a decoração do jeito que estava. Só apagou as velas.
– Eu quero ver tudo isso amanhã quando eu acordar para ter certeza que não estou sonhando.
Regina se aproximou da loira e a abraçou pelo pescoço com um sorriso enorme no rosto. Emma a puxou pela cintura, fazendo com que as duas ficassem extremamente coladas uma no corpo da outra.
– Posso te garantir, srta. Mills, que isso não é um sonho. É muito real. – Murmurou hipnotizada pelos olhos castanhos e brilhosos da morena. – Obrigada por ter me proporcionado uma noite tão maravilhosa quanto essa.
– E pode ficar melhor ainda. – A morena usou a mão que estava no pescoço de Emma para puxá-la para um beijo.
Ele começou lento, apaixonado e muito carinhoso, mas não demorou muito para que as duas se empolgassem. Emma apertou Regina pela cintura, trazendo-a impossivelmente mais perto, desesperada para um contato maior e amaldiçoando a pessoa que inventou as roupas. Elas estavam no meio do jardim, mas nenhuma das duas se importou com isso.
Tudo o que elas queriam eram se perder na sensação da outra. Regina sentiu seus joelhos falharem e se Emma não tivesse a segurando, ela tinha certeza que iria parar no chão. Já a loira estava vendo fogos de artifícios.
Beijar Regina Mills era como se estivesse beijando pela primeira na vida. Uma mistura de sentimentos, nervosismo, paixão, saudade, amor, carinho, tudo se misturando em um beijo só e Emma não queria que acabasse nunca.
– Nós... – Murmurou a morena, já sem fôlego. – Nós temos que trabalhar amanhã bem cedo e por mais que eu queira muito continuar, precisamos descansar.
– Tem toda razão. – Emma queria mais que tudo no mundo jogar Regina ali no jardim mesmo e arrancar sua roupa, mas sabia que elas precisavam ser adultas. – Vou terminar de tirar a louça e ir embora, ok?
– Claro que não! – Regina falou franzindo o cenho. – A louça eu lavo amanhã, mas eu quero que você fique essa noite comigo. – O sorriso de Emma se alargou imediatamente. – Apenas para dormir, não seja pervertida. – O mesmo sorriso sumiu. – Idiota.
As duas pombinhas apaixonadas seguiram para dentro da casa e Regina já aproveitou para ir trancando as portas e fechando as janelas. A morena emprestou um pijama para Emma, já que a loira não tinha roupa nenhuma para usar para dormir e as duas gostariam de tomar um banho antes de deitar.
Regina já havia tomado um, mas estava bem calor e ela havia ficado deitada na grama, então sentia a necessidade de tomar outro.
– Não sabia que vossa majestade tinha esse tipo de roupa. – Emma comentou entrando no quarto da morena usando um shortinho de flanela e uma camisa larga escrito “Sarcasmo é minha segunda linguagem”.
– Foi um presente da Zelena e eu usei poucas vezes. – Deu de ombros. – Prefiro os meus. – Ela apontou para o próprio corpo. Estava vestindo um conjunto de seda preto, um shortinho curto com rendas na barra e uma blusinha de alça fina com rendas no decote também.
Emma sentiu sua boca secar.
– E você vai dormir nisso? – Questionou a loira. – Comigo na mesma cama?
– Sim, geralmente durmo pelada. – A morena sorriu inocentemente e se ajeitou embaixo das cobertas, deixando um espaço para a mulher ao seu lado. – Venha.
– Você é má. Muito, muito má. – Emma resmungou emburrada, mas deitou mesmo assim. – Vira, eu sou a conchinha maior.
– Mandona.
Regina reclamou, mas virou mesmo assim pois seria a primeira vez que ela dividiria a cama com Emma em muitos anos. Quando ela se ajeitou nos braços da loira, percebeu o quanto havia sentido falta daquilo e desejou poder dormir assim todas as noites.
Até o final de sua vida.
[...]
Regina acordou cedo no outro dia, com seu celular despertando no criado-mudo ao lado. A morena percebeu que estava na mesma posição em que havia ido dormir. Emma a puxou mais para perto, pela cintura, e depositou um beijo na nuca da advogada, mas Regina notou logo de cara que ela ainda estava dormindo.
Com muito cuidado, ela se desvencilhou dos braços fortes de Emma e levantou para ir fazer sua higiene matinal. Não se preocupou em trocar de roupa ainda, pois tinha tempo o suficiente para preparar um café da manhã para as duas e ir trabalhar.
Ela desceu as escadas, mas logo percebeu que não estava sozinha. Haviam vozes vindo da cozinha e ela não se surpreendeu ao ver Granny, Harriet, Cora, Amélia e as crianças em sua cozinha já comendo.
– Achei que estariam na Zelena. – Comentou franzindo o cenho.
– Achei que você fosse educada, bom dia pra você também. – Harriet rebateu fazendo a neta revirar os olhos.
– Bom dia. – A morena beijou o topo da cabeça dos filhos e seguiu para servir seu café. Todos os olhos na cozinha lhe acompanharam enquanto ela bebia, esperando que ela falasse algo. – O que foi?
– Como o que foi? – Harriet não estava com tempo para ser enrolada. – Nos conte como foi. Não aturei uma noite inteira de ronco dessa aqui – Apontou para Amélia –, para chegar e não saber os detalhes.
– Foi bom. – Deu de ombros e voltou a se concentrar no líquido em sua xícara.
– Só isso? – Cora questionou morrendo de curiosidade.
– Não vou entrar em detalhes. – Ela sorriu disfarçadamente vendo todo mundo fazer careta.
No mesmo momento, Emma entrou na cozinha toda descabelada e ainda vestindo as roupas da morena. A loira paralisou ao ver a cozinha lotada e com todos lhe olhando de cima a baixo.
– Pijama bonito. – Lia comentou maliciosamente e a loira ficou extremamente vermelha. – Minha mãe tem um igual.
– Sim porque o pijama é meu. – Regina enfatizou ao entregar para a loira uma caneca de café e depositar um beijo em sua bochecha. – Sente-se para comer. – Falou e se virou para os filhos. – Vocês dois: banho e trocar de roupa. O pai de vocês logo está aí para buscar pra poder levar vocês para a escola.
– O papai? – Malia perguntou confusa.
– Sim, tenho uma reunião com um cliente do outro lado da cidade e não tenho tempo de deixar os dois na escola. Agora parem de enrolar e vão já se trocar.
Malia terminou o pão que estava comendo e seguiu o irmão para o andar de cima. Harriet e Amélia estavam ainda encarando as duas como se elas fossem duas adolescentes enquanto Cora e Granny se ocupavam em comer.
Emma comeu rapidamente, pois ainda precisava trocar de roupa e dirigir até o trabalho, pois também não teria tempo de ir em casa.
– Preciso ir. – Ela disse se levantando. – Vou direto para a escola, não tenho tempo de ir em casa me trocar. – Comentou.
– Pegue uma roupa minha. – Sugeriu a morena. – Deixa a sua aí, que deve estar suja já que quando eu for lavar a roupa eu lavo a sua também.
– Tem certeza?
– Claro, querida. Não se preocupe, pegue qualquer coisa no meu guarda-roupa. Depois você me devolve.
As outras mulheres na cozinha estavam observando a interação com bastante cuidado, tentando fazer o mínimo de barulho possível para que nada atrapalhasse as duas naquele momento. Elas conversavam como se fossem as únicas na cozinha.
Emma sumiu no andar de cima e Regina ficou avermelhada ao se virar e ver os olhos das mulheres queimando em sua pele. Ela seguiu para perto da mesa e começou a guardar algumas coisas em um potinho tentando ignorar os olhares.
– Querida, é? – Amélia perguntou se segurando para não rir, mas a morena a ignorou.
– Querida, me passe o leite. – Harriet pediu à amiga com um tom de ironia na voz.
– Claro, querida, aqui está. – A senhora lhe entregou com mais ironia ainda. Granny balançou a cabeça negativamente, mas quem olhasse de perto conseguia ver que ela estava rindo já Cora ficou apenas observando. – Querida, não vai se atrasar para a sua reunião? Está de pijama ainda!
– Eu odeio vocês duas. – Murmurou a advogada, mas não rebateu mais nada pois Emma voltou à cozinha vestindo uma calça jeans preta e uma camiseta de banda que Regina tinha há muito tempo. – Ficou bom em você.
– Era o que servia e o que mais fazia o meu estilo. – Ela respondeu dando de ombros. – Não consegui me imaginar indo trabalhar nas suas saias sociais e terninhos.
Regina riu e revirou os olhos.
– Toma. – Ela entregou um pote à Emma com comida. – Você não comeu direito, então isso é para caso sinta fome durante a manhã.
– Obrigada. – Swan beijou o rosto da morena com carinho e se afastou. – Já vou indo senão me atraso.
– Me ligue durante o dia. – Regina gritou antes que a loira fechasse a porta e se virou para falar com a mãe. – Vou me arrumar e ir também, apresse a crianças que o Daniel já deve chegar.
A morena correu para o andar de cima e em menos de quinze minutos estava impecável para ir trabalhar. Ela desceu as escadas e encontrou o ex-marido já na cozinha conversando com as fofoqueiras do bairro.
– Bom dia, Daniel. – A advogada o cumprimentou com um sorriso amigável.
– Bom dia. As crianças já estão prontas?
– Henry já, mas a Lia ainda não. – Respondeu e o homem revirou os olhos rindo. Típico de Malia. – Bom, eu já vou indo, não quero me atrasar. Beijos e tenham um ótimo dia!
[...]
A reunião que Regina tinha era com um antigo cliente, um médico muito conhecido em Las Vegas que havia a contratado para defendê-lo em um divórcio e sempre a indicava para os amigos e colegas porque confiava no trabalho dela, mas quando pediu que Regina o encontrasse na casa de sua irmã, não deu detalhes só disse que era muito urgente e ele não confiava em mais ninguém.
– James, bom dia. – Ela o cumprimentou assim que ele abriu a porta.
– Regina, obrigada por ter vindo com urgência. – O rapaz estava nervoso e isso era nítido. – Venha, minha sobrinha está na sala.
Ela o seguiu até a sala da casa que mais parecia uma verdadeira mansão. Regina conhecia a família do médico e sabia que eles eram extremamente ricos, mas ainda sim estava surpresa com a beleza daquela casa.
– Essa é minha irmã, Rosalie e a minha sobrinha Elizabeth. – Ele apontou para a mulher loira sentada no sofá e para a menina, que não parecia ter mais do que vinte anos ao lado dela. A garota tremia feito vara-verde e nem sequer olhava nos olhos de ninguém.
– Então, o que aconteceu? – Regina questionou olhando de James para Elizabeth.
– Lizzie, conte a ela. – Rosalie falou suavemente para a filha, que respirou fundo e assentiu.
– Eu... humm... Eu sou estudante de jornalismo. – Começou ela tentando controlar a voz. – E precisei ir a um evento de caridade para conseguir uma entrevista para um trabalho da faculdade.
Regina ficou em silêncio, deixando que a menina contasse a história. Ela já estava nervosa o suficiente e a morena preferiu deixar as perguntas para o final.
– Eu precisava entrevistar alguém e escolhi um dos juízes que estavam lá. – Elizabeth respirou fundo e sua mãe lhe fez um carinho de leve na cabeça. – Ele foi muito gentil e simpático e concordou em fazer a entrevista. Ele me chamou para um lugar mais reservado, longe do barulho para que não atrapalhassem. Eu aceitei e nós fomos para a área externa, tinha alguns sofás lá e nós nos sentamos. Eu comecei a fazer algumas perguntas e um garçom apareceu com dois copos de água, ele pegou os dois copos enquanto eu estava fazendo as anotações e me entregou um deles. Depois disso, eu apaguei.
A morena já imaginava qual seria o final dessa história e precisou se controlar muito para não demonstrar nenhum tipo de emoção e se manter profissional. Mesmo sendo extremamente difícil.
– Eu acordei depois em um dos quartos do hotel, que era onde estava acontecendo a festa. O meu vestido estava rasgado e sujo e sangue. – Nesse momento, Elizabeth estava chorando abertamente, mas ainda continuava a contar e Regina a admirou pela força que a menina tinha. – Eu liguei pra minha mãe ir me buscar e ela me levou no hospital.
– Vocês já prestaram queixas? – Ela questionou e as duas mulheres fizeram que não.
– Eu pedi que elas esperassem eu contatar você. Nós sabemos como são esses casos e como esses vermes podem sair ilesos. Não quis confiar apenas na promotoria e na polícia, precisávamos de alguém para nos dar suporte.
– Você fez o certo. – Disse a advogada. – Você se lembra do nome dele?
– Sim. – Respondeu a menina trêmula. – Damien Colter.
[...]
– Já está indo? – Ashley perguntou quando viu Emma pegando a mochila.
– Sim, vou almoçar com umas amigas. – A loira respondeu – Volto em duas horas, beleza?
– Bom almoço!
Swan saiu da escola já fazendo o pedido no restaurante que ela amava para poder dar tempo de chegar e a comida já estar pronta. Iria fazer uma surpresa para Ruby e Zelena. As duas estavam finalizando alguns detalhes no restaurante delas para a inauguração e estavam trabalhando feito loucas, na maioria das vezes sem pausas para o almoço e por isso ela havia decidido surpreender as duas com comida.
E como ela havia imaginado, quando chegou ao restaurante, a comida já estava pronta. Ela pagou e logo já estava indo em direção ao novo restaurante das duas. O local era bem aconchegante e estava tudo praticamente pronto, elas só estavam finalizando o escritório onde elas trabalhariam. Swan parou em frente a porta e mandou mensagem para Ruby, avisando-a que estava ali e não demorou mais que cinco minutos para a morena aparecer com um sorriso enorme no rosto.
– Não acredito que veio! – Elas se abraçaram com força. – E que cheiro maravilhoso. Estou faminta!
– Que bom, trouxe para nós. – Emma disse enquanto Ruby fechava a porta atrás delas. – Onde está Zelena?
– No escritório. – Respondeu – Estamos terminando de montar alguns móveis, mas podemos parar para comer.
Elas subiram as escadas até o segundo andar, onde encontraram Zel sentada no chão tentando decifrar um manual de instruções.
– Difícil? – Perguntou Emma rindo da cara da ruiva.
– Parece que está escrito em latim, não entendo nada. – Falou frustrada, mas sorriu ao ver a comida na mão da loira. – Hum, isso está cheiroso demais! Comida árabe?
– Sim, de um dos meus restaurantes preferidos. – Disse.
As três preferiram comer ali no chão do escritório mesmo para não sujar nada do restaurante no andar debaixo. Emma se surpreendeu com Zelena, pois a ruiva estava extremamente amigável com ela, parecia até mesmo outra pessoa.
– E como foi o encontro com a minha cunhada? – Ruby perguntou animada e novamente Emma se surpreendeu pela ruiva não fazer cara feia.
– Foi incrível. – Contou suspirando. – Nós jantamos, conversamos e eu passei a noite na casa dela.
– Não acredito! – Ruby praticamente gritou.
– Não aconteceu nada, ok? – Emma sentiu a necessidade de esclarecer. – Nós só dormimos, mas foi perfeito. E obrigada pela ajuda que vocês me deram, não teria sido possível sem vocês.
– Estamos aqui para isso. – A morena respondeu sorrindo orgulhosa do progresso que Emma havia feito. Zelena apenas sorriu, mas foi um sorriso sincero e Swan ficou satisfeita. – Eu vou no banheiro, já volto!
Ruby saiu praticamente correndo em direção ao banheiro, deixando Emma e Zelena num silêncio desconfortável. A ruiva pigarreou e se aproximou de Swan, se preparando para falar algo.
– Emma... – Começou. – Eu sei que tenho sido horrível com você e nós já tivemos uma conversa sobre isso, mas eu sinto que precisamos falar de novo. Me desculpe por ter te tratado mal, de verdade, eu vejo agora o quanto você está fazendo minha irmã feliz e isso é o que eu sempre quis. Então, obrigada. E só não estrague tudo dessa vez.
A loira voltou, duas horas depois, para a sua aula com o coração mais leve. A conversa com Zelena havia lhe tirado um peso enorme do peito e ela se sentia a pessoa mais feliz do mundo naquele momento.
Fazer as pazes com a ruiva era um passo muito importante no relacionamento que estava pensando em construir com Regina. Não podia ficar brigada com a mulher para sempre e uma hora ou outra elas precisariam conversar e botar tudo pra fora, ela estava agradecida por isso ter acontecido.
E ela faria o possível e impossível para tudo dar certo. Dessa vez para valer.
[...]
– Emma! – Ashley bateu na porta da amiga e entrou rapidamente com um sorriso sem graça. – Desculpa atrapalhar sua aula.
– Sem problemas, Ash. – Ela sorriu – O que houve?
– Telefone pra você. – Respondeu. – É urgente.
– Quem é? – Emma já perguntou saindo da sala, preocupada. Ninguém ligava para ela no meio do dia assim sabendo que ela estava dando aula.
– Regina Mills.
Emma correu até a secretaria para atender, pois seu celular ficava na bolsa dentro do armário e por isso ela nunca atendia o telefone. Seu coração estava batendo extremamente rápido de tanta preocupação que a loira estava sentindo já que Regina jamais ligaria no meio de seu expediente se não fosse algo realmente urgente.
– Regina? Está tudo bem? O que aconteceu? – Emma foi bombardeando a morena assim que pegou o telefone.
– Emma, oi. – Sua voz estava calma, para quem não conhecia, mas a loira sabia que ela não estava bem. – Me desculpa te incomodar no meio da sua aula, mas você pode buscar o Henry e a Malia na escola assim que sair daí e ficar com eles no seu apartamento até de noite? Aconteceu um problema aqui e eu preciso de alguém pra ficar com eles.
– Claro que sim, meu amor. Não se preocupe. – Ela disse prontamente. Nunca negaria um pedido de Regina Mills. – Mas está tudo bem?
– Na verdade, não, mas não consigo falar por telefone agora. – Emma percebeu que havia algumas vozes no fundo. – Prometo te contar assim que eu pegar as crianças, ok? Vou avisar a diretora da escola que é você que irá buscá-los.
– Ok, te vejo mais tarde. – Regina desligou rapidamente e Emma ficou ainda mais preocupada querendo saber o que havia acontecido.
Emma voltou para a sala com a cabeça nas nuvens, pensando o tempo todo na morena, fazendo com que fosse extremamente difícil se concentrar em seus alunos. Ela deu graças a Deus quando a aula acabou e saiu praticamente correndo para ir buscar os dois pirralhos.
Como Regina havia dito, a diretora estava ciente de quem iria buscar as crianças e os liberou sem nenhum problema.
– Por que a mamãe não veio buscar a gente? – Henry perguntou ao entrar no fusca da loira.
– Ela está ocupada, assim como a família toda. – Respondeu a loira facilmente. – Eu realmente não sei o que aconteceu, só me passaram a missão de buscar vocês pirralhos.
– Eu não sou pirralho! – O pequeno rebateu indignado fazendo as duas rirem.
– É sim, sua irmã também. – Disse. – Agora botem o cinto.
O apartamento não era muito longe da escola das crianças, mas o trânsito dificultou um pouco a chegada deles e acabaram demorando mais do que o esperado. Emma, sabendo que as crianças estariam com fome, decidiu pedir uma pizza. Regina a mataria com certeza, mas valeria a pena.
– Ei, terroristas! – Chamou os dois. – Querem pizza de que?
– Queijo! – Henry respondeu com um sorriso.
– Escarola. – Respondeu Malia. Os dois lhe olharam com a pior cara possível.
– Você é realmente filha da sua mãe, credo. – Murmurou a loira pegando o telefone.
As crianças convenceram a loira a fazerem uma maratona de filmes da Marvel enquanto Regina não chegasse e enquanto eles comiam a pizza, que não demorou a chegar. Eles se ajeitaram ne frente da televisão, com os colchões no chão e a pizza em cima das pernas para poderem comer.
– Devíamos fazer isso mais vezes. – Lia comentou quando Emma deu o play. – Com a mamãe.
– Sua mãe arrancaria meu pescoço se visse isso. – A loira riu – Mas quem sabe não conseguimos convencê-la de fazermos isso na sua casa? A sala tem mais espaço e a TV é maior.
– Bem maior, Emma. – Henry concordou enfiando um pedaço enorme de pizza na boca. – Shiu, o filme tá começando.
Henry dormiu na primeira meia hora do filme, não surpreendendo nenhuma das duas. Emma apenas o ajeitou no sofá e o cobriu com uma coberta para que o pequeno não sentisse frio enquanto elas terminavam o filme.
– Emma, você não sabe mesmo o que aconteceu? – Malia perguntou preocupada sem tirar os olhos da tela.
– Não, Lia, não sei. Sua mãe só me ligou pedindo para buscar vocês e disse que não podia explicar por telefone. – Foi honesta e a menina aceitou a resposta.
Quando as duas terminaram o segundo filme, a campainha da loira tocou e ela se apressou em ir atender, já sabendo quem era.
– Desculpa por ter demorado, está tudo meio um caos. – Falou ela nervosa. Malia apareceu na porta e abraçou a mãe com força, tanto ela quanto Emma perceberam o quanto Regina estava tremendo.
– Aconteceu alguma coisa com alguém, mamãe? A vovó está bem?
– Estão todos bem, não se preocupe. – Ela disse acariciando o rosto da filha. – Pegue suas coisas para irmos. – Quando Lia saiu de perto, a morena aproveitou para abraçar Emma. – Obrigada por cuidar deles.
– Claro, meu bem, sempre que precisar. Henry está dormindo no sofá, vou levar ele lá embaixo pra você, ok?
Emma desceu com Henry nos braços e, com a ajuda de Regina, o colocou na cadeirinha específica para ele. Logo após isso, ela pegou as chaves do carro da mão da morena e sento no banco do motorista.
– Emma?
– Eu vou levar vocês e depois volto de uber, você não vai dirigir nervosa desse jeito. – Não adiantou Regina rebater, pois Emma estava irredutível e não mudou de ideia, então a morena apenas aceitou.
O caminho até a mansão Mills foi feito em silêncio, ninguém se atreveu a abrir a boca. Emma, vez ou outra, olhava na direção da morena, mas ela estava sempre observando a rua e parecia totalmente perdida em pensamentos então a loira achou melhor deixa-la quieta.
Malia também não quis quebrar o silêncio, sabia que precisava ser paciente e confiava em sua mãe para lhe contar quando achasse melhor. Ela não era idiota, era óbvio que algo grave havia acontecido, mas aos olhos de todos ela ainda era uma criança e Lia aceitava isso. Não exigiria explicações. Não ainda.
Emma estacionou a Mercedes na garagem e, sem que Regina pedisse, foi até a porta de trás e abriu-a, tirando o pequeno dorminhoco. A morena sorriu agradecida pois não tinha forças para carregar o filho naquele momento. Swan entrou direto na casa e subiu as escadas em direção ao quarto do menino com a morena em seu encalço.
– Tira o uniforme dele pra mim enquanto eu pego o pijama. – Emma fez o que a mulher lhe pediu e ainda a ajudou a vesti-lo com bastante cuidado para que ele não acordasse. – Obrigada por hoje.
– Já disse, Regina, pode contar comigo sempre que precisar.
– Vamos lá na cozinha, vou te servir um café.
Emma a seguiu pela casa e, ao chegar na cozinha, se assustou ao ver Daniel, Cora e Maria sentados em volta da mesa com caras nada boa.
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