História Let It Burn - Talvez?

As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas
Talvez apenas com o toque de uma mão
Eu, me apaixono por você a cada dia
Eu só quero te dizer que eu estou apaixonado
 

Ed Sheeran

Pov’s Samantha Montéz

3 meses depois

Três meses tinham-se passado. Três meses sofridos em silencio. Três meses de luto completo.

Meu corpo ainda estava sentindo aquela dor de perder alguém amado e minha alma chorava todos os dias, todos os minutos e segundos desde que Matt partiu.

Não voltaria a trabalhar até o ano seguinte. Mckenna tinha decidido adiantar minhas férias e coincidiriam com o tempo que entraria no período de licença maternidade.

James tinha voltado a frequentar a escola. Mas em nada parecia com aquele menino alegre de antes.

Tudo mudara. E quando digo tudo, é tudo mesmo.

Louis e Josh me visitavam todos os dias. Liam e Alice de dois em dois dias traziam sua pequena para brincar com James.

E eram nesses raros momentos que eu conseguia sorrir e sentir algo além daquele vazio que tinha se instalado em meu interior desde que Matt partira.

Minha barriga estava enorme. Quase entrando no sétimo mês de gestação.

E como Matt tinha previsto, era uma menina. Diana seria seu nome.

Jimmy tinha ficado extremamente feliz ao saber que teria uma irmãzinha para cuidar.

Ficar em casa sozinha me deixava num estado de melancolia profunda, por isso o Doutor Alonso, tinha me recomendado caminhadas todos os dias.

Mas hoje essa caminhada não seria possível. Estávamos na estação invernal. Neve caía sem parar lá fora. E se eu saísse poderia escorregar no gelo e cair.

Então hoje teria que ficar em casa sozinha.

James iria para casa de Louis e Josh hoje depois da escola.

Era o dia dos padrinhos. Foi assim que Louis e Josh batizaram a sexta feira.

Era o dia em que eles pegavam Jimmy na escola e o levavam para passar o dia se divertindo e só o traziam de volta no sábado pela manhã.

O jeito seria ficar em casa assistir muito seriado e tomar inúmeras xicaras de chocolate quente.

Estava na terceira xicara de chocolate quente quando a campainha soou.

Me levantei com dificuldade do sofá e caminhei até a porta da frente.

Não contive a expressão de susto ao abrir a porta e me deparar com Harry parado ali. Com o semblante totalmente sério.

Ele parecia mais magro. Mais sério e mais velho do que quando o vi pela ultima vez.

Algumas linhas de expressão estavam bem demarcadas em seu rosto.

- Oi. – a voz rouca dele me tirou do estupor.

Ele me encarou de cima a baixo e pude ver seus olhos adquirirem um brilho estranho.

- Oi. – respondi suavemente.

Ele deu um pequeno sorriso antes de falar novamente.

- vai me convidar para entrar? Ou posso morrer de frio aqui fora?

Dou um passo para o lado e dou espaço para que ele possa entrar sem esbarrar em mim.

Sigo para a sala e sei que ele está me seguindo.

- quer uma xicara de chocolate quente?

- não, obrigada Samantha.

Aponto para que ele se sente no sofá e ele senta sem dizer nada.

Me sento a sua frente e aguardo. Mas ele continua em silencio então resolvo questioná-lo.

- o que veio fazer aqui Harry?

Ele me encarou por muito tempo.

- Onde está o James?

Sinto um frio percorrer minha espinha de cima a abaixo. Será que ele veio para tirar James de mim? Mas ele tinha prometido que não faria isso.

- está com Louis e Josh, hoje é o dia dos padrinhos. – digo com receio.

-hum... – ele continua a me encarar sem desviar os olhos.

Sem graça, pego minha xicara de chocolate quente em cima da mesa de centro da sala e tomo um gole do conteúdo.

- então... – reforço, para que ele vá direto ao ponto.

- eu vim para saber como você e James estão? Eu fiquei longe esse tempo, pois sabia que vocês precisavam de um tempo para se recuperar da perda.

Com calma, coloco novamente a xicara em cima da mesa, e o encaro.

- nós estamos bem Harry. Estamos seguindo em frente. – digo calmamente.

Ele abaixa a vista e foca em minha barriga.

- e o bebe?

Fico surpresa com a pergunta.

- é uma menina. Diana será seu nome. Assim como o pai dela sempre quis.

- é um lindo nome. – ele sorri largamente.

- sim, um lindo nome. – sorrio também.

Nos encaramos por um longo tempo sem dizer nada. Até ele quebrar o silencio.

- eu vim porque preciso te pedir desculpas por tudo o que fiz.

- Não precisa...

- Mas eu quero me desculpar e, por favor, não me interrompa. Eu te magoei, te fiz tanto mal e eu entendo agora o porquê de esconder James de mim. Eu sempre fui um filho da puta, arrogante e bastardo com você. Nunca te disse o quanto você era importante pra mim ou quanto senti sua falta todos esses dias. Eu escolhi a Nadine ao invés de você e me arrependo amargamente dessa escolha, pois hoje James saberia que eu sou o pai verdadeiro dele, você seria minha esposa e essa menina que você está carregando seria nossa princesa. Você sempre foi paciente, bondosa e me amou mais do que eu mereci. Eu te peço perdão por tudo, tudo o que fiz de errado e que te machucou. Perdão por não ser o cara que você merecia. Perdão por tudo mesmo Samantha.

Estática, continuei calada, ainda sem reação depois de tudo o que ele havia dito.

- Samantha? – a voz rouca dele me tirou da perplexidade em que me encontrava.

- e-eu... eu não sei o que dizer Harry. – respondi em um fio de voz.

- você não precisa aceitar meu pedido de desculpas, mas eu precisava pedir de qualquer jeito. Só peço para que você não me exclua da vida de James, eu gostaria muito de um dia poder contar a ele que eu sou seu pai, quero estar sempre presente na vida dele.

- mas sua esposa não gostará nada dessa sua decisão.

- eu e Nadine assinamos o divorcio há alguns meses atrás, ela não está mais presente em minha vida.

Novamente surpresa, solto um riso nervoso.

- Eu não me oponho de você fazer parte da vida de James, e agora mais do que nunca ele precisa de um pai. – sorrio suavemente.

Vejo a felicidade em seus olhos que começam a brilhar com lágrimas não derramadas.

- então posso vir visitar vocês sempre que quiser?

- sim, pode, mas não quero suas namoradas por perto, quando quiser ver ele, venha só, não quero James confuso por ver você todo mês com uma nova amante.

Ele sorri amargamente.

- eu sei que dei motivos para você pensar assim, mas eu garanto a você que não existe mais nada disso em minha vida.

Confusa, sem querer franzo o cenho.

- Você está doente?

-não, porque ?

- primeiro você se desculpou, agora diz que não existe mais amantes em sua vida.

Ele solta uma risada.

- eu estou mudando Sam, quero algo que nunca quis e estou tentando merecer.

Arqueio a sobrancelha em descrença.

- e o que seria isso?

- você. – ele me encara seriamente. – estou tentando merecer e reconquistar você, Samantha.

Engulo em seco.

Ele se aproxima de mim e segura minhas mãos delicadamente. Nos encaramos e ele sorri abertamente.

- três meses atrás, depois de sair do funeral do seu marido e de ter jurado que não ia tirar James de você, eu fui direto para casa de uma das minhas amantes, eu precisava me distrair, todo aquele sentimento ruim estava me sufocando e eu precisava me libertar dele e sinceramente Sam, eu só conhecia um modo pra isso acontecer, mas então um amigo muito importante, me abriu os olhos e me fez enxergar que aquilo não ia adiantar de nada, porque de quem eu realmente precisava era você, sempre foi você, Nadine e todas as outras era apenas distrações para fugir daquilo que sempre senti por você, pois eu tinha medo de aceitar esse sentimento e sair machucado.

- Harry... – sussurro quase sem voz.

- mas agora eu aceito, sei que somente você vai me fazer feliz, somente você vai me completar. Você me disse uma vez que se tivesse me contado da gravidez eu teria largado Nadine e escolhido você somente por causa do nosso filho. Mas não, eu teria largado dela, porque tudo o que sempre quis foi que você ficasse comigo de qualquer jeito. Agora eu estou aqui de coração aberto pedindo para que você me aceite de volta.

Ele toca em meu rosto e seca uma lágrima que tinha escorrido por meu rosto. E só então percebo que estava chorando.

- Eu não posso... – digo com a voz embargada.

- pode, eu quero fazer você feliz, quero construir uma família com você, cuidar do nosso filho, cuidar do seu bebe, eu vou amá-lo assim como seu marido amou meu filho, ela será nossa princesa, basta você aceitar ser minha novamente.

- do que está falando? – retiro minhas mãos das dele e me afasto, mas ele se aproxima novamente e coloca suas mãos em meu rosto, o forçando a encará-lo.

- estou te falando que quero que volte pra mim, que seja minha pelo resto da vida. O que estou pedindo Samantha, é que você se case comigo, e não por causa do nosso filho e sim porque te amo incondicionalmente.

Muito surpresa para dizer algo, somente o encaro por longos minutos.

Lembro-me de tudo o que passei desde o momento em que disse sim para ele a quatros anos atrás.

Todo o sofrimento, todas as brigas, todas as humilhações, apenas para que ele ficasse comigo. E agora ele está aqui. Na minha frente, me pedindo para que fosse sua, para que se casasse com ele.

Há quatro anos, eu teria dito sim, sem pensar duas vezes. Mas agora, tudo em que eu conseguia pensar era que Matt, tinha acabado de morrer, e eu tinha duas crianças para cuidar. Não podia correr riscos, e meu coração ainda estava machucado demais para aceitar amar novamente.

- e-eu não posso fazer isso. – me levanto bruscamente do sofá, rompendo o contato de suas mãos.

Caminho para o outro lado da sala agoniada.

Encaro Harry e vejo a esperança que brilhava em seus olhos morrer e seus ombros caírem.

De repente sinto aquela dor de vê-lo sofrer que eu não sentia há muito tempo. E ai percebo que ainda me importo com ele.

- eu sei que ainda é muito cedo e que você ainda está de luto por seu marido. Mas eu vou lutar por você, não importa o que diga.

 E sem dizer mais nada, ele saiu pela porta como um furacão.

(...)

Quando a manhã seguinte chegou, eu ainda não tinha pregado os olhos. Passei o resto do dia sentindo que estava fazendo a coisa errada. Harry não saia da minha cabeça e pela primeira vez depois da morte de Matt eu estava sentindo algo em meu peito novamente.

Quando ouvi movimentos na porta, soube que Louis e Josh tinha chegado para entregar James.

Louis foi o primeiro a passar pela porta. James vinha logo atrás segurando a mão de Josh.

- Oi viada

,. – Louis se joga no sofá ao meu lado.

James corre para meu colo e me dá um abraço apertado.

- Oi mamãe, já estava morrendo de saudades da senhora e da Diana. – ele dá um beijo na minha barriga e depois a acaricia levemente.

- também estava com saudades Jimmy. – dou um beijo em sua bochecha . Sinto a bebe chutar minha barriga. Parece até que ela sentia quando Jimmy está por perto. – E acho que a Diana também sentiu. – ele dá uma risadinha e desce do meu colo.

- vou guardar minhas coisas no quarto e já desço mamãe.

Ele sai correndo escada acima. E me levanto do sofá para abraçar Josh.

- Oi Josh. – dou um beijo em seu rosto e ele me abraça mais apertado.

- OI Sam. – ele sorri sem graça. – Preciso conversar com você.

Louis o encara confuso.

- e o que você tem pra conversar com ela? – Louis pergunta curioso.

- sobre Harry. – Josh diz firmemente.

Então Louis compreende e se levanta dizendo que ira ajudar Jimmy com as coisas.

Josh se senta ao meu lado e me encara atentamente.

- Harry me ligou ontem, depois que saiu daqui. E ele estava chorando. – ele diz sério. – ele me contou tudo o que tinha acontecido.

- Josh...

- não, me deixa falar, no fim de tudo se você ainda estiver irredutível, eu nunca mais tocarei no assunto. – ele dá um suspiro longo e depois recomeça a falar. – Preciso contar algumas coisas pra você que ninguém além de mim sabe. Tipo como Harry chorou poucas vezes na vida, e a primeira vez foi quando o pai dele Desmond, abandonou a família para viver com o amante.

- o pai dele era Gay? – pergunto chocada.

- sim, o pai de Harry era Gay. E Depois disso ele nunca mais foi o mesmo. Ele se fechou para o mundo Não confiava em ninguém, se afastou da mãe e da irmã. Então as noitadas começaram, bebidas, drogas e mulheres eram coisas de lei no seu dia a dia. A única pessoa que ele permitia entrar era eu. E quando contei para ele que era Gay, ele também se fechou para mim. Por algum tempo ele ficou sem falar comigo, mas isso nunca me impediu de tirá-lo de enrascadas.  Mas finalmente chegou um dia em que ele não mediu seus atos e quase morreu. Ele tinha ido para uma boate com algumas pessoas que eram desconhecidas para mim se drogou. Ele teve uma overdose, e nenhuma das pessoas o levou para o hospital. O barman do lugar, pegou o celular de Harry e discou o primeiro numero da agenda que no caso era o meu. Eu acordei no meio da noite e soube que meu melhor amigo estava tendo uma overdose.

Engulo em seco. Josh enxuga algumas lágrimas que teimavam a cair em seu rosto.

- eu o levei para o hospital, e Harry ao ver que eu o tinha socorrido chorou e pediu meu perdão. Mas ele não precisava ter pedido, pois eu nunca o odiei, e nem nunca irei odiar. Ele é o meu melhor amigo, ele é meu irmão. Depois dessa noite Harry parou com as noitadas, a única coisa que permaneceu em sua vida dessa fase foram as mulheres. Então ele conheceu Nadine e ela sabia o entreter muito bem, tudo na vida dele depois da overdose era controlado, rígido, mas Nadine trouxe diversão a vida dele. E ele achou que isso bastava para se casar. Então você apareceu. Você, a garota mais inocente e doce que ele já conheceu. Em nada lembrava Nadine, em nada o lembrava daquela fase negra da vida dele. E o deixava louco. Ele morria de ciúmes de ti, e acho que você lembra-se de como ele era obcecado com sua aparência, pois ele não gostava que outros caras percebessem o quanto você é linda.

Sorri com as lembranças que invadiram minha mente ao lembrar-me de como Harry realmente era obcecado. Eu não podia nem usar o cabelo solto na empresa.

- Ele não percebeu de inicio que você era tudo o que ele sempre quis. Tudo o que ele precisava. Mas finalmente ele percebeu. Ele vai lutar por você, porque você é a mulher que ele ama. Não é uma fase, não é diversão. É sério, ele te quer pra ser a companheira dele, quer criar o filho de vocês, e também quer cuidar dessa bebe que você espera.

- talvez seja tarde demais para isso. Talvez eu já tenha superado ele, e só quero viver em paz. Sem confusões, sem sofrimento.

- Mas você sabe em seu coração que não o esqueceu, você ainda o ama, apenas está com medo de se machucar novamente. Então pense em como sua vida está solitária e em como você pode ser feliz com o Homem que sempre amou. Sei que sofreu quando estava com ele, mas também sei que você foi feliz, porque acima de todo sofrimento você o amava. Então pense bem e decida se vale a pena ou não dar uma chance ao amor e deixar ele arder em seu coração.

Josh se levanta e Louis logo aparece e me dá um abraço de despedida. Josh me abraça também e coloca um papel na palma da minha mão e os dois vãos embora.

Sento-me no sofá e logo Jimmy aparece dizendo que esta com fome.

Faço o nosso almoço completamente no automático. James come tudo e sobe para seu quarto para brincar um pouco. Pego o papel que guardei no bolso do meu vestido e o encaro.

Ali está o numero e o endereço de Harry.

Sem pensar novamente, subo as escadas as pressas, mas demoro um pouco para alcançar o topo por causa da barriga.

Entro no quarto de James e ele está deitado na cama jogando vídeo game.

- vamos sair James.

- pala onde mamãe?

- vamos em lugar, se apresse.

Ele se levanta num pulo, passo em meu quarto pego minha bolsa e as chaves do carro e da casa, e saio. Coloco James na cadeirinha e entro no carro, dando a partida e seguindo o transito.

Trinta e cinco minutos depois, estaciono em frente ao enorme portão da mansão.

James encarava tudo maravilhado. Ele não sabia para onde olhar, era tudo tão lindo.

Desço do carro e sigo até a campainha, mas antes mesmo de tocá-la o portão se abre. Entro no carro e sigo o caminho que leva até a mansão. Estaciono o carro e vejo Júlio o motorista de Harry se aproximando e sorrindo largamente.

- Senhorita. – ele me saúda.

- Júlio. – tento sorrir, mas acabo falhando. – seu patrão está em casa?

- sim, já pedi para a governanta anunciar que você está aqui.

Assim que Júlio acaba de falar, Harry aparece na soleira da porta todo descabelado.

Abro a porta de James e ele sorri para Júlio.

Quer conhecer um carro enorme garotão?  - Júlio pergunta sorrindo;

Os olhos de James brilham. – eu posso mamãe?

- claro que pode querido. – digo suavemente.

James segura na mão de Júlio e os dois começam a caminhar para a enorme Limusine estacionada ali perto.

Harry termina de descer a escadaria e me encara seriamente.

- aconteceu algo? – ele pergunta.

- sim. – digo sem encará-lo.

- o que aconteceu? Algo com James? Ou com Diana?

- está tudo bem com eles. – digo suavemente. 

Ergo a vista e o encaro.

- então...

Sem o deixar terminar a pergunta, seguro sua nuca e tomo seus lábios em um beijo.

Ele geme e segura em minha cintura, ou pelo menos aonde costumava ser minha cintura antes da gravidez;

Aquele doce calor se espalha por meu corpo e sinto minha pele arder com o desejo. Harry separa nossos lábios e me encara maravilhado.

- isso é um sim? – ele pergunta com a voz rouca.

- isso é um talvez senhor Styles. – minha voz está tão rouca quanto à dele.

Harry sorri maliciosamente ao me ouvir o chamando como o chamava, e me puxa delicadamente para outro beijo devastador.