❝Às vezes a verdade machuca mais do que mentiras. Mesmo que eu saiba que isso é perigoso, tão amargo, mesmo se isso for uma mentira, se eu puder ter você ao meu lado eu digo a ela mentiras doces. A mais doce mentira, baby.❞ — Sweet Lies. From EXO.
Os dias se passaram rapidamente, e Nina continuava evitando falar com Suho. Até desligou o celular para não ver as ligações perdidas e as mensagens não respondidas. Sabia que ele queria uma explicação e uma resposta sobre a declaração de amor, mas nem mesmo a própria Nina sabia o que sentia. Tinha certeza de que gostava do médico, mas não queria se entregar tendo as suas dúvidas, como por exemplo os seus sentimentos por Kris, eles continuavam ali, no fundo do seu coração.
Enquanto isso, a vida de S/N não podia estar melhor, como uma balança muito bem equilibrada. O trabalho estava uma maravilha, ganhou um dinheiro extra por cobrir a sessão de fotos da edição especial de natal da Emotion. Sobre a faculdade, ela faria uma excursão em breve e estava muito ansiosa para as aulas. E por fim, ela e Baekhyun continuavam se encontrando e sendo fiéis ao acordo, o que favorecia sua vida amorosa/sexual.
Naquela tarde fria, S/N saía do metrô tranquilamente. Mais um dos motivos de amar o fim de ano era que não precisava enfrentar a multidão aglomerada que sempre se formava quando saía do trem. Sem alunos indo para a escola, sem os adultos atrasados para o trabalho e sem os velhinhos que todas as vezes ficavam com os últimos assentos.
Ela andou resto do percurso pela calçada coberta de neve enquanto escutava uma música calma nos seus novos fones de ouvido, mas tirou os mesmos assim que avistou um pouco distante o prédio da faculdade de marketing.
Quando adentrou o edifício, foi parada pelo segurança que questionou sua presença. Depois de uma curta conversa, o homem se convenceu de que ela era apenas uma futura estudante do local, e lhe explicou o caminho para a secretaria.
Mesmo com a explicação do segurança, S/N conseguiu se perder nos corredores que estavam vazios, mas podia ouvir as vozes dos alunos e professores que vinham das salas de aula.
Pouco tempo depois, avistou um aluno parado no meio de um corredor, ele estava distraído com o celular.
S/N— Com licença… — se aproximou do rapaz. Seus olhos pousaram na mochila de uma só alça que o mesmo carregava. Estava tricotado um nome que deduziu pertencer a ele. — K. Minseok?
Minseok— Sim. O que deseja? — a olhou por um milésimo de segundo, logo voltou a atenção ao celular, parecia muito ocupado.
S/N— Pode me dizer onde fica a se...
Minseok— Meu Deus! — a interrompe arregalando os olhos.
S/N— Está tudo bem?
Minseok— Há um Porygon no corredor oeste! — diz animado, em seguida correndo o mais rápido que suas pernas permitiam.
S/N revirou os olhos. Que ótimo! Acabei de pedir ajuda de um viciado em Pokémon GO!
— Com licença, senhorita. — S/N virou-se vendo uma garota morena que abraçava um livro. Era visivelmente uma aluna. — Parece perdida. Precisa de ajuda?
S/N— Sim. Pode me explicar onde fica secretaria?
— Basta virar as próximas duas direitas. — a garota sorriu docemente. — A senhorita me parece nova para ser uma professora.
S/N— Eu não sou professora, sou uma futura aluna. — explica devolvendo o sorriso. — Hoje vou fazer uma excursão com um dos professores.
— Qual é o nome dele?
Ela tentou lembrar, mas a sua memória estava falha, então colocou a mão no bolso da calça e pegou um papel dobrado, o abriu e leu rapidamente até encontrar o nome do seu professor.
S/N— Lu Han.
— O Lu? D-digo… O senhor Luhan... — as suas bochechas coraram. — A aula dele já foi encerrada, eu posso ir chamá-lo na sala dos professores, se quiser.
S/N— Por favor, e muito obrigada pela informação.
A morena seguiu em direção a sala dos professores enquanto S/N foi até a secretaria e deu três batidas na porta, escutou uma voz de dentro da sala permitindo sua entrada, ela entra e faz uma reverência para a secretária que repetiu a educação e depois começou a falar um pouco mais sobre as aulas e regras da faculdade.
— Você é uma garota sortuda por estar na aula do professor Luhan. — a secretária diz sorridente.
S/N— Imagino que ele deve ser um ótimo profissional.
— É o melhor desta faculdade. Todos os alunos o elogiam, principalmente as alunas.
A jovem arqueou a sobrancelha. Teve a impressão de que seu futuro professor tinha algo de especial além da inteligência.
— Com licença. — a voz masculina se fez presente na sala. As duas mulheres olham para a porta vendo o homem entrar. — Você deve ser a aluna nova.
S/N nada disse, como se as palavras ficassem engasgadas na sua garganta com o simples ato de olhar a face do professor, cujo era uma obra dos deuses!
— Sim, é ela mesma. — a secretária pôs a mão no ombro da jovem que despertou do encanto do homem. — Este é o professor Luhan.
S/N— P-prazer, meu nome é Kim S/N. — fez uma reverência sem desfazer o contato visual.
Luhan— Digo o mesmo. — esticou um sorriso de canto. — Bem, vou lhe mostrar todo o prédio e te orientar nos seus primeiros dias. Por favor, me acompanhe.
Meu Deus... nunca mais falto aula!
[...]
Ao contrário do metrô, o shopping estava uma loucura! Repleto de pessoas que compravam presentes aos amigos e parentes em cima da hora, pois faltavam poucos dias para o natal. E infelizmente, S/N era uma daquelas pessoas. Antigamente, comprar um presente era um luxo, e continua sendo por causa das dívidas do apartamento, mas todo o mês daquele ano ela conseguiu separar um dinheiro para a ocasião.
Ficou horas em uma loja em liquidação, competindo com uma desconhecia em cabo de guerra, onde a corda era uma camisa que estava na liquidação, e quem ganhasse iria levar a peça de roupa. S/N saiu vencedora, porém não levou a camisa que estava destruída.
Ao fim das compras, ela aproveitou que estava no shopping para passar em uma loja e encontrar um amigo.
Em poucos minutos, S/N já colocava os assuntos em dia com Chen, que usava um suéter natalino. Eles estavam sentados em um banco, em frente aos provadores.
Chen— Professor sexy? — arqueia uma das sobrancelhas quando S/N citou Luhan.
S/N— Além de sexy, é um chinês muito bonito e inteligente. — acrescentou fazendo Chen se abanar com a própria mão.
Chen— Deus abençoe a China! — a jovem riu. — Sabe me dizer se ele é hétero?
S/N— Não, mas lhe aconselho a desistir. Luhan não deve ser solteiro, e mesmo se for, já tem muitas alunas de olho, até mesmo a secretária.
Chen— E você está inclusa nessa lista? — cruzou as pernas a olhando desconfiado.
S/N— Chen, eu vou para a faculdade pra estudar, e não pra flertar com professores.
Chen— Você só diz isso porque pode ter um Byun Baekhyun quando quiser. — revirou os olhos.
A jovem ia retrucar, mas foi interrompida por uma mulher que saiu do provador. Vestia um vestido preto muito apertado, S/N e Chen se perguntaram como ela estava conseguindo respirar vestindo aquilo.
— Que tal, Chen? — a cliente perguntou, queria a opinião de um profissional.
Chen— Está linda! Vai arrasar na festa de Natal! — ele forçou um sorriso, mas este se desfez assim que a mulher entrou no provador. — Só eu escutei o vestido gritando por socorro?!
S/N— Por que não disse à ela que não ficou bom? — o questionou.
Chen— Porque aquela mulher está aqui à horas, escolhendo um vestido para o natal, e a minha paciência tem um limite! — ele joga o cabelo para o lado e suspira profundamente.
S/N— Vou me lembrar de nunca pedir a sua opinião de moda. — ele sorriu, venenosa!
Chen— Enfim, como estão as coisas entre você e o Baekhyun?
S/N— Não tenho muito a falar sobre isso. — deu de ombros. — Nos encontramos, fazemos sexo e depois seguimos para lados opostos, e isso se repete sucessivamente.
Chen— Fala sério, alguma coisa deve ter mudado.
Sim, muita coisa tinha mudado. O sexo pareceu melhorar, talvez por S/N estar um pouco mais experiente, mas ainda ficava sem graça antes e depois do ato.
S/N— Não crie expectativas. Sabe como Baekhyun é. Pra ele, isso não passa de mais um desejo carnal.
Chen— E pra você? — aquela pergunta fez a jovem ficar nervosa.
S/N— Chega desse assunto. Minha vida não gira em torno do chifrudo. — ela pegou as sacolas com os presentes e se levantou.
Chen— Já vai embora? — levantou-se logo em seguida.
S/N— Sim, estou cansada. Tive um dia longo. — se despediu dando um rápido beijo na bochecha de Chen.
S/N saiu da loja com os pensamentos distantes. Dizia para si mesma que Baekhyun era alguém passageiro em sua vida, mas seu corpo e coração não aceitavam aquilo.
Ela se negava a nutrir sentimentos pelo empresário, era como estar pedindo para ter o coração partido. Baekhyun não pertencia a nenhuma mulher, e nunca vai pertencer. Amor, carinho e compromisso não são palavras que combinam com ele, esse é quem ele é, e isso não vai mudar só porque S/N não queria ser mais uma em seu leito que só serve para lhe dar prazer.
— Papai Noel! — a voz fina e alegre de uma criança despertou S/N, que notou um homem vestido de papai Noel tirando fotos com as crianças e adultos no centro do shopping.
Foi então que a jovem pensou : Por que não? Ela não via nenhum problema em tirar uma simples foto ao lado do homem...
Mas nunca passou pela sua cabeça que ela iria parar atrás das grades por causa daquela decisão.
[...]
S/N— Isso é uma grande injustiça! — reclamava ao policial que a levava algemada até a sala do delegado. — Aquele Papai Noel pervertido passou a mão em mim e eu sou a culpada?!
— Isso quem irá decidir será o delegado. — diz o homem fardado com a voz grossa.
O policial abriu a porta da sala e entrou puxando o braço de S/N com bruscalidade e a fez se sentar na cadeira em frente ao delegado barrigudo que a olhava com o cenho franzido.
— Você aqui de novo? — indagou o delegado apoiando os cotovelos na mesa.
S/N— Antes de começarmos, quero saber se isso aqui é realmente necessário? — refere-se as algemas em seu pulso.
O delegado olhou para o policial que entendeu o recado. Ele tirou as algemas e a jovem massageou os próprios pulsos com um pouco de dor.
— Senhorita S/N... — o delegado deu continuidade. — Primeiro brigou com as irmãs Park, e agora você bateu no Papai Noel. O que vai fazer da próxima vez? Vai arrancar as orelhas do coelhinho da páscoa?
S/N— Depende. Se o coelho também for um pervertido, vou fazê-lo engolir os próprios ovos! — cruzou as pernas, irritada e indignada por estarem a vendo como culpada.
— Você tem direito à uma ligação. Use com sabedoria.
S/N se levantou antes que o policial puxasse novamente o seu braço, e andou em passos firmes para fora da sala. O delegado tinha um pé atrás em relação à ela, que tinha adquirido o título de "encrenqueira" desde a briga com Nancy e Haru. Mas iria provar sua inocência, estava apenas se defendendo.
O policial a levou até um corredor onde havia telefones fixos. A jovem podia ligar para Nina, ou para os seus outros amigos, mas ela sabia que nenhum deles conseguiria resolver aquele problema facilmente. Só pensou em um alguém com poder suficiente para tirá-la de lá, e odiou ter de engolir o orgulho para lhe pedir ajuda.
S/N— Preciso da sua ajuda. — sussurrou assim que a ligação foi atendida.
Baekhyun— S/N... — reconhecendo a voz da garota. — Onde você está?
S/N— Na delegacia.
Baekhyun— O que faz aí?
S/N— Correndo o risco de ser presa por ter agredido um Papai Noel pervertido com uma bengala doce gigante.
Baekhyun— Ele fez alguma coisa com você? Está machucada? — sua voz continuava com o costumeiro tom frio e prudente, porém S/N notou uma pequena alteração, e não sabia identificar o que era.
S/N— Foram mãos bobas, mas estou bem, sei me cuidar.
Baekhyun— Eu vou resolver isso. — dito isso, a ligação foi encerrada.
Muitos minutos se passaram desde que falou com Baekhyun por telefone. Lá estava ela, escorada na parede do corredor, batendo o pé no chão impaciente e de saco cheio do policial que observava cada movimento que a mesma fazia.
Até o momento em que um homem alto entrou na delegacia, usava calça jeans clara, camisa branca simples e um casaco escuro. S/N imaginou que ele estaria ali a mando de Baekhyun, então foi ao seu encontro sendo seguida pelo policial pé no saco.
S/N— Ei, muralha da China. — o homem revira os olhos.
Chanyeol— Oi, anã de jardim. — foi a vez dela revirar os olhos. — Onde fica a sala do delegado?
— Deixe-me levá-lo até lá. — o policial se pronunciou, em seguida virou-se conduzindo os dois pelos corredores.
Chanyeol— Era só o que me faltava, ter que vir resolver os seus problemas. — resmungou ao lado de S/N.
S/N— Você aceitou porquê quis. — diz só para provocá-lo. Sabia que Chanyeol nunca iria contrariar Baekhyun por medo de sua reação.
Chanyeol— Eu aceitei porque prezo por minha vida e meu emprego. — a corrigiu.
S/N— Eu sei que não está aqui por mim, mas de qualquer forma... Obrigada. — as suas palavras sinceras fizeram com que Chanyeol a olhasse, mas nada ele disse.
[...]
Chanyeol dirigia seu carro, estava atento ao trânsito, enquanto isso S/N observava pelo vidro os enfeites natalinos e luzes coloridas nas empresas; lojas; residências, e a neve que continuava caindo lentamente. A trajetória era silenciosa e isso incomodava a garota.
S/N— Aonde você vai passar o natal? — virou o rosto para Chanyeol.
Chanyeol— Em um restaurante com a minha família. — a olhou pelo canto do olho. — Yah, por que quer saber?
S/N— Por nada. Só achei que estava muito silencioso. — continuou olhando para o Dumbo. — Como você conheceu Baekhyun?
Chanyeol— O pai dele, o senhor Byun, fez uma palestra anunciando a presidência do Baekhyun.
S/N— E como se tornaram amigos? — curiosa com a resposta. Baekhyun tem um grande problema de intolerância, era de se estranhar que Chanyeol tenha conseguido facilmente a sua amizade e confiança.
Chanyeol— Não que eu queira me gabar, mas sou um dos melhores funcionários da Byun's... — ela fez uma cara de tédio. Claro que ele estava se gabando! — Então, como eu tenho um cargo importante, precisei ficar ao lado de Baekhyun para informá-lo sobre tudo com relação a empresa, também o ajudei a se localizar em Seul, e isso nos aproximou.
S/N— Como assim você o ajudou a se localizar aqui?
Chanyeol— A cidade mudou muito em uma década, então fui o seu guia por um tempo. — ele olhou para ela rapidamente e notou que a mesma não estava entendendp nada. — Você não sabia que Baekhyun morou em Busan na infância e voltou para Seul no começo deste ano?
S/N— Ele nunca me contou. — sua voz era um pouco triste. — O Suho também morou em Busan?
Chanyeol— Essa história é complicada… — ele se interrompeu ao perceber que estava falando demais sobre assuntos confidenciais. — Já chega de perguntas, nanica!
S/N não insistiu, no entanto pensou no fato de Baekhyun saber quase tudo sobre ela, e ela não saber absolutamente nada sobre ele. Não era por falta de tentativa, ele é muito reservado, é um mistério que nem o melhor detetive do mundo consegue desvendar.
Depois de ser deixada em frente ao prédio, ela acenou para Chanyeol e subiu até o seu andar com as sacolas de presentes em mãos. Logo, adentrou em seu apartamento, exausta pelo dia que teve.
Nina— Dia longo? — sentada no sofá, fechou o livro que antes lia e tirou os óculos de leitura.
S/N— Não imagina o quanto! — deixou as sacolas em cima da mesinha de centro e deitou-se no sofá, com a cabeça apoiada nas pernas da irmã. — O shopping estava lotado, parecia o fim do mundo!
Nina— O restaurante estava a mesma coisa, sem falar nos nossos vizinhos que estão desesperados com a organização do Natal.
Todo final de ano, os moradores do bairro se reúnem no centro da praça para comemorar o Natal e assistir o show de fogos de artifício.
S/N— Kris vem para a comemoração? Ou vai visitar o primo na China? — olhou para a irmã.
Nina— Ele não comentou que iria viajar, então acho que virá sim. — passou as mãos carinhosamente pelos cabelos da mais nova. — E os seus amigos?
S/N— Sehun e Kyungsoo disseram que vão passar por aqui, já o Chen disse que vai ficar com a família.
Nina— E a Yoora?
S/N sentiu um aperto no peito. Odiava mentir para Nina, sentia um grande peso na consciência e um gosto amargo na boca, mas não tinha escolha. Ela não queria quebrar o acordo com Baekhyun, e a sua irmã nunca iria aceitar isso.
S/N sabia que a verdade machuca mais do que a mentira, então fazia isso de novo e de novo, tornando-as mentiras doces.
S/N— Ela vai em um restaurante com a família. — lembrou-se do que Chanyeol falou, depois se levantou e recolheu as sacolas. — Bem, vou guardar essas sacolas e descansar. Você vai ficar aí?
Nina— Sim, vou continuar lendo mais um pouco. Boa noite. — sorriu docemente.
S/N— Boa noite. — disse por fim, indo em direção ao seu quarto.
Ela tomou um banho quente e relaxante, pensando nos acontecimentos daquele ano, e no meio daquilo acabou lembrando de alguns momentos com Baekhyun, em como se sentia na palma de sua mão, mesmo com os avisos que mandava ao seu cérebro sobre ser mais forte e resistente, não adiantava nada, pois o seu corpo já estava decidido e clamava pelos toques dele.
Por um segundo, ela quis ser telepata pra saber se Baekhyun pensava nela de vez em quando, mas logo a realidade lhe veio. Ele era ocupado, tinha muitos assuntos para resolver, pessoais e profissionais, e ela não era importante.
Ao fim do banho, ela saiu do banheiro enrolada em uma toalha branca, abriu o seu guarda roupa e vestiu as peças íntimas e uma camiseta que ficava grande em seu corpo. Foi até a janela para fechar as cortinas mas antes observou a neve caindo lá fora, as nuvens distantes da lua e o céu estrelado. Os olhos da jovem brilhavam com a linda paisagem e decidiu registrar aquilo. Pegou sua câmera e tirou uma foto, olhou o resultado e sorriu. Iria revelar apenas no dia seguinte, estava com sono e o bocejo que deu logo em seguida a entregou. Deixou a câmera na escrivaninha, desligou a luz do abajur, deitou-se na cama se enfiando debaixo das cobertas confortáveis, fechou os olhos para finalmente ter as suas merecidas horas de descanso.
Estava quase adormecendo, quando percebeu a porta do quarto abrir e a claridade da luz do corredor invadir o quarto. Ela abriu um pouco os olhos despreocupada, pensando que fosse Nina, e grande foi a sua surpresa ao ver o homem entrando.
S/N— Mas o que... — ficou em pé em um pulo e ligou o abajur, depois coçou os olhos para ter certeza de que não era só sua imaginação. — Como entrou aqui? Eu mandei trocarem a chave do apartamento!
Baekhyun— Dei dinheiro para a velha da recepção. — explicou fechando a porta atrás de si.
S/N— Aigo... pare de subornar aquela pobre velhinha! — cruzou os braços irritada.
Baekhyun— Não subornei ela, apenas fiz uma troca. Dinheiro pela a chave.
S/N não sabia se estava mais indignada com a velha que deu preferência ao dinheiro, ou com Baekhyun que conseguia facilmente manipular as pessoas. Mas aquela dúvida lhe pareceu menos importante ao lembrar que Nina estava na sala de estar.
S/N— Enquanto a minha irmã? Ela viu você entrando?
Baekhyun— Não. Ela está dormindo no sofá. — ele deu passos curtos e cautelosos em sua direção, hipnotizado com o seu corpo um pouco coberto. — Você está cansada?
S/N— Nem tanto, por que? — indagou com uma certa inocência, não entendendo onde Baekhyun queria chegar.
Sem aviso prévio, Baekhyun envolveu as mãos fortes em sua cintura, colando os seus corpos, e depois inclinou a cabeça para frente capturando seus lábios ressecados por causa do frio, mas tudo mudou com o beijo quente e molhado que recebera. Ele estava sedento por prazer e o volume que formou em sua calça o entregou, esperou por isso o dia inteiro.
S/N não resistiu nem por um segundo, mesmo sabendo que a irmã estava em um cômodo não muito distante. Retribuía o beijo na mesma urgência e selvageria, extasiada com o sabor do proibido, enquanto Baekhyun a conduzia até a escrivaninha e a fazia sentar no móvel, resultando em alguns objetos indo ao chão, mas nenhum dos dois se importou.
As mãos dele deslizaram pela lateral do do corpo da garota até pousar na barra da camiseta. Afastou-se do beijo, ofegante, para ajudá-la a tirar aquela peça deixando-a só de peças íntimas.
Baekhyun— Gostei do pijama... — sorriu safado e desceu os beijos pelo ombro dela, ao mesmo tempo em que as suas mãos desciam as alças do sutiã. — Mas prefiro você sem ele.
Não demorou muito para que Baekhyun conseguisse tirar o restante das peça que a cobriam, e S/N usou suas mãos tímidas para ajudá-lo a se despir. Agora, entregues um ao outro, o homem se encaixou entre as pernas da garota e a penetrou devagar. Ela cravou as unhas nos ombros largos dele, abrindo a boca com aquela sensação maravilhosa que só ele conseguia lhe proporcionar, mas controlava o gemido para não acordar a irmã.
S/N— B-Baek... — Ele olhou para ela que mordia os lábios com os olhos fechados e as bochechas rosadas. Ele sorriu. Era capaz de sentir as batidas do doce coração dela, junto do seu que estava mais acelerado do que o normal, e ele não sabia direito o porquê.
Baekhyun— Estava com saudades do seu corpo. — diz começando a se movimentar dentro dela, em seguida a beijou abafando os gemidos descontrolados que escapavam de sua boca.
S/N— Eu também... — confessou em um fio de voz durante o beijo, enlaçando os seus braços no pescoço dele. Na verdade, aquela saudade não era só do seu corpo, era dele por inteiro.
Sentir os beijos e as mãos de Baekhyun acariciando a sua pele era maravilhoso. Seu corpo se contorcia de prazer, as suas pernas tremiam enquanto o sentia indo e vindo.
De repente, Baekhyun fez com que S/N enlaçasse as pernas em volta da sua cintura e a levou em seu colo até a cama de solteiro. Ele a deitou sobre os lençóis, posicionou-se sobre o seu corpo suado, apoiou sua mão na cabeceira da cama e mexeu o quadril contra o dela sem parar, ouvindo o som prazeroso do seu nome sendo dito em gemidos, enquanto olhava para as feições de prazer da garota.
Baekhyun— Linda... — aumentando os movimentos, sentindo que chegaria ao ápice.
Em poucos minutos eles se desfizeram nos braços um do outro, unindo suas bocas para não gritarem de prazer. Encostaram as testas suadas enquanto tentavam recuperar o fôlego.
Baekhyun se separou dela e caiu ao seu lado, de barriga pra cima. O peito da jovem subia e descia, apenas os seus suspiros eram ouvidos naquele quarto. Ela fechou os olhos e se permitiu lembrar dos acontecimentos de agora a pouco. E deixou um pequeno sorriso escapar.
S/N— Baek... — o chamou com a voz falha, mas ele não respondeu. — Baek?
Ela olhou para o lado e aumentou o seu sorriso quando avistou o homem dormindo, cansado por causa do sexo e por ter passado o dia todo trabalhando. Passou a observá-lo com uma enorme vontade de beijá-lo, mas se conteve. Ela estava satisfeita com o sexo sem compromisso, não a trazia preocupações ou dores de cabeça, sentimentos no meio disso só iria atrapalhar, mas S/N não conseguia evitar aquilo, mesmo com o amadurecimento nesse meio tempo, lá no fundo ela continuava sendo aquela menina que queria um amor.
Se apaixonar por Byun Baekhyun era como avançar no sofrimento e dor, porque sabia que ele nunca retribuiria e que se afastaria dela se demonstrasse um mínimo sinal do que sentia.
Começando a se entristecer com os pensamentos, ela se levantou da cama com cuidado para não acordá-lo, vestiu as peças de roupa que antes usava e agaichou-se no chão, recolhendo os objetos que caíram da escrivaninha e só então viu a sua câmera no meio daquelas coisas. Um semblante triste se formou em seu rosto quando pegou aquele objeto e percebeu que estava quebrado. Para outros aquilo era nada demais, mas para ela era importante. Se lembrava que começou a economizar para comprar a câmera no ensino médio, e que deixou de ir em vários eventos, como o baile do colégio por exemplo, para guardar o pouco de dinheiro que ganhava quando ajudava Nina no bufê.
Imaginou que seria caro concertar, e ela não queria gastar o pouco que sobrou das compras, nem pedir emprestsdo de Nina que todo mês separava uma quantia certa para as contas do apartamento e as refeições. Teria que passar o final daquele ano sem a sua câmera.
[...]
Na tarde da véspera de natal, a neve parou de cair mas em compensação as ruas e calçadas estavam repletas de gelo. No parque do humilde bairro, os vizinhos decoravam as árvores, os bancos e vasos de flores para o grande dia, e nas ruas que raramente passava um veículo, os vizinhos corriam de um lado para o outro com sacolas decorações ou com ingredientes para preparar a grande ceia de Natal. Ver aquilo deixou uma certa jovem com fome só de imaginar as comidas que teriam na ceia.
S/N— Estou tão ansiosa para a ceia. — comentou entregando os pisca-piscas para Kai que logo depois começou a enrolá-lo em uma árvore.
Kai— Digo o mesmo. A dona da padaria da esquina disse que iria contribuir com japchae e teeokguk. — ambos suspiraram em pensar nas deliciosas comidas. Eles se olham e por fim riram de si mesmos.
Sehun— Vocês só pensam em comida? — indagou ajudando Kai a enrolar os pisca-piscas. — A ceia não é o mais importante no natal.
Kai— Tem razão, também temos que pensar na sobremesa. — S/N riu mais ainda e Sehun revirou os olhos.
Sehun— Eu já avisei que vocês precisam ser fitness, igual a mim.
S/N— Sehunnie, nós estamos no final do ano, e é nessa época que eu posso comer até explodir por causa do natal e do ano novo. Então vá sonhando que vou fazer dieta!
Sehun— Tudo bem, mas quando você ficar acima do peso não venha choramingar no meu ombro! — avisou com uma cara séria.
O celular de Kai começou a apitar no bolso da calça, ele pegou o aparelho e leu a mensagem com feições tensas, o que atraiu a atenção dos dois que antes discutiam.
Kai— Desculpem, mas preciso ir resolver alguns assuntos. — diz guardando o aparelho.
Sehun— Aconteceu alguma coisa grave? — tirou as palavras da boca de S/N, era visível que ele estava muito curioso.
Kai— Não, são só coisas do trabalho. Volto antes do anoitecer. — ele sorriu mínimo e acenou para os amigos antes de seguir em uma direção.
S/N— Parece que vamos ser só você e eu... — diz para Sehun referindo-se a decorar a praça, mas quando olhou em sua direção viu que o mesmo estava se afastando de fininho. — Bi-interesseiro!! Aonde pensa que vai?
Sehun— Foi mal, mas eu tenho coisas mais importantes para fazer. — encostou o ombro na árvore que estavam decorando.
S/N— Me dê um exemplo. — colocou as mãos na cintura.
Sehun— Seguir aquele Deus grego. — se referiu ao Kai. — Ele está escondendo alguma coisa e eu quero ser o primeiro a saber o que é.
S/N tinha de concordar, Kai vem agindo de maneira estranha e ela só não correu atrás de respostas porque não queria se intrometer nos seus assuntos, porém Sehun podia fazer isso por ela.
S/N— Tudo bem, mas volte logo. Eu não quero arrumar tudo sozinha.
[...]
Chanyeol saía do carro esbanjando um imenso sorriso, feliz por comemorar aquela data especial ao lado dos seus pais e da irmã mais velha, ainda mais no seu restaurante preferido.
A família Park adentrou no esplêndido estabelecimento, o local era lotado de casais e famílias que comiam formalmente a comida típica coreana. Parecia que não havia uma mesa disponível, mas a família Park não se preocupou pois já tinham feito a reserva.
A recepcionista se aproximou deles com um largo sorriso. Chanyeol por sua vez encarou aquela mulher com o pressentimento de que já tinha a visto em algum lugar.
Nina— Boa noite. — os cumprimentou educada. Naquela noite ela assumiu aquele cargo por motivos da colega estar doente. — Em quem está o nome da reserva?
Yoora— No meu. — ela dá um passo a frente. — Meu nome é Park Yoora.
Nina— Yoora? — franziu de leve o cenho pensando na possibilidade de ser a amiga de S/N. — Você não trabalha com a minha irmã na Emotion?
Yoora— De fato eu trabalho na agência, mas quem é a sua irmã?
Nina— Kim S/N.
O Dumbo arregalou os olhos lembrando da mentira que facilitava os encontros de S/N e Baekhyun. Sentiu que precisava impedir que Nina descobrisse a verdade, se não ele quem iria levar a culpa e não queria enfrentar o seu amigo com raiva.
Chanyeol— Yoora e S/N são amigas muito próximas! — se intrometeu na conversa forçando um sorriso.
Yoora— Amigas? — repetiu em um tom irônico. — Colegas de trabalho é o melhor termo a ser usado.
Nina— Não precisa de formalidade. Eu sei que são amigas e que sempre fazem festas do pijama.
Chanyeol— Exatamente! — concordando começando a empurrar a irmã e os pais para finalizar de vez aquele assunto. — Vamos logo para a nossa mesa...
Yoora— Espere, irmão! — livrou-se do mais alto que entrou em desespero. — Moça, você deve estar me confundido. Sua irmã e eu só nos falamos na agência sobre assuntos do trabalho, nada mais e nada menos.
Nina ficou incrédula. Nunca pensou que S/N mentiria daquele jeito e não conseguia imaginar o porquê dela fazer isso.
Muitas idéias lhe passaram pela cabeça, das mais inocentes até às mais macabras, e parou com aquilo quando viu incoerência nos seus próprios pensamentos, mas continuou a se perguntar para onde ela ia, ou com quem se encontrava todas as vezes em que mentiu.
Nina não estava mais reconhecendo a própria irmã.
[...]
Já era noite, e a praça do bairro estava simplesmente magnífica. Era iluminada pelas luzes coloridas dos pisca-piscas, os bancos estão personalizados com laços vermelhos, há mesas com toalhas vermelhas e cadeiras para os vizinhos se acomodarem e em um canto há uma mesa ainda maior onde estão as comidas e bebidas. Aquela praça estava em um clima de alegria e confraternização.
E no meio daquilo tudo encontravam-se Sehun e Kyungsoo que se escondiam no meio de um arbusto, olhavam para as pessoas ao redor com a ajuda de binóculos.
Kyungsoo— Achou o Kai? — indagou sem olhá-lo.
Sehun— Não… mas achei outra coisa. — ele sorriu malicioso aproveitando a visão ampliada para olhar o corpo de uma mulher que não estava muito longe do arbusto.
Kyungsoo olhou na mesma direção em que Sehun olhava, depois afastou o binóculos do rosto e deu um peteleco na testa do outro.
Kyungsoo— Foco na missão!
Enquanto isso, S/N andava de um lado para o outro cumprimentando todos os seus vizinhos na maior alegria, até mesmo os que ela não tinha simpatia, e eles correspondiam o sorriso e o aceno da mulher com jeito de menina.
Ela usava um vestido vermelho rodado que batia no joelho, o decote era comportado e nos seus pés haviam saltos da cor preto. A maquiagem era simples, mas os seus lábios um pouco avermelhados eram marcantes e exuberantes.
Olhava ao redor e via tantos momentos bonitos e mágicos entre familiares que quis tirar infinitas fotos, tentou com o celular mas não era tão bom quanto sua câmera. Ela não se deixaria abalar por causa disso, então foi a procura dos seus amigos.
S/N— Aonde eles se meteram? — indagou para si mesma parando de andar no meio da praça.
Ela pegou novamente o celular, prestes a ligar para Sehun, quando conseguiu avistar o mesmo atrás de um arbusto com Kyungsoo.
O que diabos eles estão fazendo ali?! — se perguntou mentalmente e soltou uma fraca risada ao notar que eles estavam discutindo.
S/N foi até ambos que cessaram a briga de imediato. Ela viu os binóculos nas mãos dos indivíduos e rapidamente raciocinou o que estava acontecendo.
S/N— Ainda estão seguindo o Kai?
Sehun— Eu disse à você que só iríamos parar quando descobrissemos a verdade. — diz levantando-se junto de Kyungsoo.
S/N— E estão fazendo isso o dia todo?
Kyungsoo— Infelizmente. — diz tirando as folhas do arbusto que estavam no seu casaco. — Vimos ele entrar na casa dele, deve está se arrumando para a festa.
S/N— Quanto tempo faz isso?
Kyungsoo— Meia hora. — ele bufou, logo leva um olhar de reprovação do Sehun.
Sehun— Homens também demoram pra se arrumar! Eu preciso de mais ou menos três horas para lavar o meu cabelo.
Kyungsoo— Três horas?! — incrédulo.
Sehun— Claro, tenho que lavar, hidratar, secar com o secador, passar reparador de pontas... Eu sou modelo. Preciso me cuidar. — o baixinho agressivo parecia estar no mundo da lua, não entendia nada daquela conversa.
O celular de S/N começou a tocar. Ela pegou o mesmo e deu um meio sorriso ao ver quem estava ligando.
S/N— Eu vou ir roubar alguns aperitivos da mesa. Me avisem se descobrirem alguma coisa. — deu uma desculpa qualquer e não esperou a resposta deles, saiu andando em passos rápidos em direção a um banco vazio e um pouco afastado de onde a maioria das pessoas estavam, sentou-se no mesmo para enfim atender a ligação. — Oi, Baekhyun.
Baekhyun— Quero que venha na minha casa. — diz simplesmente fazendo o sorriso da garota desaparecer.
Parecia que uma borracha havia passado em seu cérebro e alma, apagando boa parte da sua alegria e sendo substituída por milhões de xingamentos que quis dizer ao homem que queria tirar aquele momento tão especial para ela.
S/N— Nem que a vaca tussa, chifrudo! — resmungou irritada. — Você se esqueceu que hoje é véspera natal?
Baekhyun— E daí? — questiona normalmente.
S/N— E daí que essa é a oportunidade de todos se unirem, de estarem ao lado das pessoas que gostam para celebrar. Eu sei que isso viola os termos do acordo, mas...
Baekhyun— Datas comemorativas não são exceções no nosso acordo. — interrompeu deixando aquilo bem claro. A jovem suspirou, arrependida por não ter pensado direito quando estavam discutindo as condições.
S/N— Não consegue ficar sem sexo só por hoje? Existe uma coisa chamada mastur... — a mesma se interrompeu ao ver um casal com três crianças passando na sua frente e a encarando com um olhar feio. Ela sorriu meio torto e logo abaixa a cabeça completamente corada.
Baekhyun— O que dizia? — indagou com um pouco de ironia, adivinhando o que tinha acontecido.
S/N— Por favor. — manhosa. Sabia que Baekhyun não se importava com seus planos e pensava que ela tinha que estar disponível o tempo todo.
Baekhyun— S/N...
S/N— Baek... — apelou para o apelido que só usava na hora em que estavam no ato sexual. — Eu não estaria pedindo se não fosse importante.
Ele ficou quieto por um tempo, e ela só não achou que a ligação foi encerrada porque conseguia escutar a respiração calma dele.
Baekhyun— Tá... tudo bem. — suspirou se rendendo aos encantos da garota.
S/N— Obrigada chifrudo! — ela sorriu com a voz carregada de felicidade. — Espero que aproveite bem o Natal com a sua família! — diz encerrando a ligação.
A jovem se levantou, indo em direção a parte mais movimentada da praça. Para a sua surpresa, viu os seus três amigos sentados juntos em uma mesa, Kai, Sehun e Kyungsoo. Ela sorriu fazendo menção de ir até lá, mas o seu pulso foi puxado a fazendo virar e ver a garota morena com os olhos inchados de tanto chorar.
S/N— Por que está chorando? — preocupada.
Rose— Kai terminou comigo.
[...]
Baekhyun deixou o celular em cima da mesinha de centro e sentou em uma poltrona no canto da sala de estar.
"Família?" — pensou na palavra dita por S/N.
Ele tinha parentes, mas não fazia nem questão de vê-los, e mesmo que quisesse não seria bem-vindo por ser considerado a ovelha negra. Então, ele passaria a noite da véspera de Natal na sua mansão, acompanhado de uma garrafa de uísque.
Ele bebia sem pressa, não havia tomado nem a metade da garrafa, estava sóbrio, com a expressão de sempre, frio e inabalável, os seus olhos estavam fixos em um lugar qualquer, alheio ao que acontecia ao seu redor, perdido nos seus pensamentos que insistiram voltar para aquela garota, a mesma que o chamado de chifrudo.
De repente, ele começou a ficar inquieto. Por que ela não saía da sua cabeça? Por que ele a queria ao seu lado?
Baekhyun dizia a si mesmo que estava bem sozinho, que não precisava de ninguém, mas naquela noite ele se sentia vazio e o seu coração ousava chamar apenas um nome. Mas por quê? Por que insistia em querer vê-la?
Ele se levantou, agoniado com aquelas perguntas que não sabia responder. Andando nos corredores da mansão, Baekhyun entrou no seu quarto indo até o criado mudo, abriu a primeira gaveta e pegou a fotografia, sentou-se na cama e passou a admirar a imagem em suas mãos lembrando daquela noite.
A primeira vez em que levou S/N na Ko Ko Bop. Ela acabou bebendo demais e foi ele quem teve de cuidar dela. Depois de deixá-la dormindo tranquila na sua cama, ele pegou a câmera fotográfica de dentro da bolsa da jovem, se perguntou o que ela tanto gostava naquilo, e por curiosidade tirou uma foto da garota dormindo. Logo após ver o resultado, Baekhyun não quis excluir a foto e não podia deixá-la salva para que S/N visse no dia seguinte e a apagasse, então ele foi até o seu escritório no andar de cima e revelou aquela fotografia.
Era difícil de admitir, mas ele estava sozinho, se sentia sozinho, e talvez a única que quisesse ao seu lado fosse S/N. Ele nunca iria admitir isso, mas ela era a sua companhia preferida.
[...]
Sentadas em uma mesa afastada de onde os meninos estavam, S/N olhava Rose à sua frente que virava mais um copo de bebida alcoólica, depois o deixou vazio sobre a mesa junto dos outros copos que já tinha bebido.
S/N— Já está satisfeita? — apoiou o cotovelo na mesa e o queixo na mão.
Rose— Me sinto melhor. — diz limpando as poucas lágrimas com a manga da camisa.
S/N— Então... — vendo que ela estava sensível, procurou ser cautelosa com o que ia dizer. — O que aconteceu entre vocês?
Rose— Uma semana atrás, Kai e eu nos encontramos em uma lanchonete. Pensei que era só mais um encontro, mas vi que estava enganada quando ele disse que não queria mais continuar com o nosso relacionamento. — deixou mais lágrimas caírem.
Aquela era uma situação estranha para S/N que nutriu sentimentos por Kai durante um bom tempo, não que ela esteja feliz com o término deles, já tinha superado isso. Estava vendo Kai como um amigo. Não tinha muita afinidade com Rose, mas sabia que se elas conversassem mais, seriam ótimas amigas.
S/N— O que aconteceu depois?
Rose— Dei um tempo a ele. Pensei que não queria terminar de verdade, pensei estava passando por um momento difícil... ou eu só não quis acreditar que aquele era o fim. — ela abaixou o olhar. — Hoje nos encontramos de novo, eu tinha esperança de que ele tivesse desistido dessa ideia, mas não. Ele continuou firme com a sua decisão. — um silêncio se instalou entre elas. S/N queria dizer alguma coisa que pudesse consola-la, mas não era a melhor pessoa para dar conselhos. — Eu quero mais bebida.
S/N— Não, não quer. Você já bebeu muito e isso não vai resolver nada.
Rose— Olha quem fala. — ignorando o aviso da jovem, a morena se levantou e logo sentiu uma tontura, teve que se apoiar na mesa para não cair.
S/N— Se acalma aí, bêbada! — levantou-se ajudando a morena a ficar ereta. — Vem, eu te levo pra minha casa.
S/N teve que carregar a morena até o seu prédio, nunca pensou que aquilo seria tão difícil e a bêbada não facilitava a tarefa. Rose, que sempre foi tão certinha acabou de encher a cara por causa de um coração partido. S/N não a julgava, entendia muito bem o seu lado.
Rose— Ele é um cafajeste! — gritou assim que entraram no apartamento.
S/N— Eu sei, eu sei... — com os ouvidos doendo pelos gritos agudos da morena.
Rose— Kai só tem um rosto bonito, mas na verdade é um canalha sem coração. — a jovem deixou a morena sentada no sofá da sala.
S/N— Você precisa de um banho de água fria! — diz se agaichando em sua frente. Não queria deixar Rose na mão, mas também não queria passar o Natal cuidando de uma bêbada.
Rose— Eu não quero! — fez um bico. — Eu quero mais bebida... E quero o Kai.
S/N— Puta que pariu. — massageou as têmporas impaciente, e foi pega de surpresa com as mãos da morena que puxaram seus ombros a fazendo olhar nos seus olhos.
Rose— Sabe qual é o pior de tudo? Que eu não consigo deixar de gostar do Kai. Ele é tão perfeito. O que eu fiz de errado?
S/N— Pare com isso. — tentou se afastar, incomodada com a aproximidade dos seus rostos, mas foi falho. — Não invente imperfeições em si mesma. Você não é a culpada pelo término, nem ele. Só não era pra ser.
Rose— Tem razão. — suspirou sem tirar os olhos do dela. — Eu tenho que desapegar dele... dos olhos, o nariz, a boca, o sorriso...
S/N notou que a morena lhe olhava de um jeito estranho, e pensou que a imaginação incoerente daquela bêbada imaginava que era Kai quem estava alí, na sua frente, ao invés de S/N.
S/N— Rose... — ia impedi-la de fazer qualquer maluquice, mas foi calada com os lábios da morena nos seus.
S/N rapidamente empurrou a morena que se afastou batendo as costas no sofá. A jovem estava assustada, ainda processando o que acabara de acontecer, e o som do rangido da porta chamou a sua atenção. Olhou para o lado e viu Kai, surpreso e boquiaberto com a cena que acabou de presenciar.
Enquanto isso, na praça, Sehun andava ao lado de Kyungsoo, conversavam sobre assuntos aleatórios esperando encontrar os seus outros amigos, mas os seus olhos foram desviados para o carro preto luxuoso que parou em frente a um prédio. Não eram só os dois amigos, praticamente todos naquela praça pararam para ver quem saía daquele carro.
Kyungsoo— Meu Deus! — colocou a mão sobre o coração ao ver o homem que saía do carro e entrava no prédio. — É o Byun Baekhyun...
Sehun— Sim, o daí? — deu de ombros e recebeu um olhar mortal de Kyungsoo.
Kyungsoo— Não é muito normal ver um homem tão importante como ele andando pelas ruas de um bairro como o nosso.
Sehun— Ele deve ter vindo atrás da S/N. — aquilo soou normal vindo dele, mas o outro quase não acreditava no que ouviu.
Kyungsoo— Por que ele faria isso?
Sehun— Porque... — o mesmo parou de falar, tinha prometido para S/N que iria ficar em silêncio. — Eu não posso dizer.
Kyungsoo— Eu não acredito mesmo. — Sehun o olhou sentindo-se ofendido. — S/N sabe que Baekhyun é igual um ídolo para mim e que o admiro muito, ela me diria se o conhecesse.
Ao mesmo tempo em que os dois conversavam na praça, Baekhyun estava no elevador esperando chegar ao andar do apartamento de S/N. Ele não pensava direito, nem sabia o que estava fazendo, mas queria vê-la nem que fosse de longe, pensou que só assim iria parar com sua inquietude.
As portas se abrem automaticamente, e a primeira coisa que Baekhyun viu foi um vaso de flores sendo lançado de um dos apartamentos indo de encontro com a porta do vizinho logo a frente, o objeto se estraçalhou e os cacos se espalharam no corredor.
Rose— Sai daqui, seu canalha! — ouviu a voz da garota, de primeira não se importou por pensar que era mais uma briga de casal, mas aquilo mudou quando viu que aquele alvoroço vinha do apartamento de S/N.
Ele acelerou os passos indo até a porta aberta, viu mais cacos de vidro espalhados na sala de estar, uma garota morena vermelha de raiva no canto e S/N frente a frente com o homem.
S/N— Por favor, vá embora. Ela não está no seu melhor momento. — pedia para Kai, desesperada para cessar aquela confusão.
Kai concordou com a jovem. Rose estava bêbada e de cabeça quente, não era a melhor hora para ter uma conversa séria. Então ele se virou para ir embora, mas parou ao ver Baekhyun parado na porta.
E quando S/N pensou que não podia piorar, aquilo acontecia. Kai e Baekhyun, frente a frente, encarando os olhos um do outro com o maxilar rígido. Ela ficou imóvel, não sabia o que dizer e nem como agir, sentia que não devia interromper aquela troca de olhares.
Baekhyun— A quanto tempo, Kai.
Kai— Digo o mesmo, primo.
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