Assim que abriu os olhos, Clara viu o teto branco do quarto de hospital onde estava, sentiu um peso na sua coxa e viu Marina dormindo, a morena ficou imóvel para não acordá-la, a namorada segurava na mão dela, mas existia uma telepatia fora do comum entre as duas, não precisavam trocar palavras ou olhares para saber que algo estava acontecendo com a outra e Marina despertou. Ainda sem ver Clara acordada, ela foi levantando a cabeça e esfregando os olhos.
- Não existe imagem mais linda do que a sua. - A rockeira falou ainda com a voz fraca.
- Amor? - Disse surpresa e olhou para ela. - Amor, você acordou!
Foi eufórica abraçá-la, se jogando em cima de Clara que gemeu de dor.
- Aí, desculpa! Desculpa!
- Tudo bem. - Olhou para a branca e finalmente juntaram os lábios, Marina não pode evitar chorar durante o beijo e depois encostou a cabeça na curva do pescoço moreno.
- Fiquei com tanto medo de te perder... quando eu acordei e não te vi do meu lado... Clara, foram os piores momentos da minha vida. - Ela chorava.
- Ei, não chora. Não lembra do que aconteceu. Eu tou bem, estou do seu lado. Tudo acabou. - Marina balançou a cabeça afirmativamente para ela.
- Melhor eu chamar o doutor Hunt. - Deu mais um beijo em Clara e saiu do quarto.
Todos ficaram felizes com a notícia que Clara tinha acordado. Mas como médico falaria com ela agora, só que ficou no quarto foi Marina, Diogo, Callie e Arizona.
- Como esta se sentindo senhorita Fernandes? - O ruivo perguntou.
- Quebrada. - Respondeu sincera.
- Não é para menos, você quebrou duas costelas. - Callie informou para amiga e Hunt fez que sim para ela.
- Vou matar aquele desgraçado. - Foi tentando levantar e Arizona a recostou novamente no travesseiro.
- Não vai matar ninguém. Vai ficar em total repouso, para se recuperar logo.
- Ari, ele me bateu com um bastão de beisebol. - O sangue de Marina ferveu ao ouvir aquilo.
- Nesse caso, você deixa que eu atiro tijolos nele por você. Clarina, você não vai poder fazer muitas coisas não. Tem que ser repouso absoluto. - A loira prosseguia.
- Minhas futuras colegas de profissão estão certas. Olha, você passou por uma cirurgia, tenho certeza que irá se recuperar bem, mas precisara de cuidados, repouso, fisioterapia...
- A Ari e Callie vão ficar com a gente com na cobertura. - Marina olhou para o médico. - Preciso de ajuda para cuidar do touro indomável que eu tenho em casa.
- Bom... eu fico mais despreocupado aqui.
- E o meu barco? Por que não fico lá.
- Porque na cobertura você terá mais conforto. Eu sei que você tem tudo o que precisa na casa de Marina e ainda tem piscina que vai ajudar na sua recuperação. Água é sempre milagrosa nesse aspecto. - Callie foi explicando.
- Você gostaria de saber algo sobre os procedimentos que realizamos na cirurgia? - O médico perguntou.
- Não. Deixo isso pra essas duas. - Apontou para as amigas. - Quando eu posso voltar a trabalhar?
- Isso depende muito de você. Se você se comportar bem, fizer tudo direitinho, não irá demora.
- Vai passar rápido, você vai ver. - Marina beijava a mão dela.
- Como é que eu vou fotografar?
- Talvez você devesse seguir a linda Janela Indiscreta.
- Isso não tem graça Callie.
- Ok, doutor, vamos ao mais importante. Quando estou livre para fazer sexo?
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Apesar da insistência para ficar ali com Clara aquela noite, todos convenceram Marina a ir para casa. Já que ela não tinha descanso após o sumiço da namorada, a própria Clara pediu a namorada para ela ir. Luiza ficou com a tia naquela. Ela se aproximou e deitou na cama ao lado de Clara, com cuidado para não machucá-la.
- Tudo bem Lu, pode ficar relaxada, você não vai me machucar. - Tranquilizou a sobrinha.
- Eu fiquei com muito medo tia. Medo de não te ver mais. - Passou a mão no rosto da tia, que estava machucado. - Dói te ver assim, toda machucada.
- Vou ficar bem. Sou forte.
- Ela deveria estar aqui. Deveria estar cuidando de você agora.
- Lu, a Marina precisa descan...
- Não estou falando da Marina. Acho que se acontecesse algo mais grave ou fatal com você, a Marina não sobreviveria... Estou falando da sua mãe.
- Deixa a Chica de lado.
- Não dá. Você poderia ter morrido lá. Ela tinha que estar aqui, sei que tem a mim, a Marina e muitas pessoas que te amam. Mas em um momento desses um colo de mãe é muito importante.
- Eu não gosto de ficar pensando nela.
- Ela tem uma filha maravilhosa para quem deu as costas. Aquela mulher não deve ser feliz, tenho certeza... Nem a minha mãe. - Falou com mãe com dificuldade. - Sei que a ama de verdade o primo Laerte, mas não é porque ela é frustrada no amor que eu tenho que ser. Que você tem que ser.
- Eu sei Lu. É uma história complicada. Mas, eu estou bem, tenho minha sobrinha linda comigo, amigas incríveis, um irmão que mesmo longe é ótimo, um sogro que é um sonho e a mulher que eu amo. Estou feliz.
- Sabe, eu sei que temos pouca diferença na idade, mas... eu te vejo como uma mãe. É você o meu grande exemplo e não elas.
- Eu fico muito feliz e honrada por saber disso... Você também é como uma filha para mim.
Luiza se aproximou e deu um beijo na testa da tia, que dormiu recebendo o carinho da sobrinha.
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UMA SEMANA DEPOIS
Era o dia de Clara ter alta, todos estavam ansiosas para isso, planejavam uma comemoração leve, mas só aconteceria a noite. Emma entrou no prédio da Runway e deu de cara do Graham saindo de lá.
- Emma. - Ele chamou por ela. - Estive a pouco dando uma notícia para Regina. - Ele se aproximou da loira e contou algo, um sorriso brotou no rosto dela.
- Huntsman, você pode até me julgar pelo que direi, mas essa notícia é música para meus ouvidos.
- Não julgo. Ele teve o que mereceu. - Ele cumprimentou a loira e foi em direção a saída do prédio. Emma seguiu para a sala de Regina.
- Emma, que surpresa você aqui. - Ela não esperava ver a ex ali. - Não deveria estar no trabalho?
- Sou nova na firma, tenho poucos casos, sai mais cedo hoje.
- Não me diga que foi trabalhar assim? - Olhou para loira de jeans e jaqueta de couro. - Pelo que me lembro te ajudei a comprar lindos ternos Armani... - Por um instante, Emma sentiu-se como se ainda estivesse em um relacionamento com Regina, já que a morena implicava com suas roupas sem parar.
- Sai cedo e troquei de roupa. Sabe que prefiro minha jaquetas. - Se serviu com um pouco de café. - Encontrei o Huntsman quando estava chegando.
- Ele te contou?
- Sim. Olha, se quer saber, eu fiquei feliz.
- Eu também. É um alívio, assim eu sei que a Clarinha não corre mais riscos e nem vai fazer besteira quando se recuperar.
- Do jeito que ela é, recebe a liberação do médico hoje e minutos após esta indo pra o presídio acertar contas.
- É. Acha que ela também vai querar acertar contas com o Cadu?
- Se ele escapar dessa, acho que sim.
- Temos que dá um jeito de segura a fera.
- Falamos com a Marina. - Terminou o café.
- Emma, se tem uma coisa que sei sobre a minha irmã, é que quando o assunto é Clara, ela diz sim para tudo e sem pensar duas vezes. Ainda bem que Ari e Callie estão lá, se não, ela faria todos as vontades da Clarinha.
- Ainda mais que elas passaram por uma barra.
- Principalmente isso.
- Sobre isso Regina. Eu andei pensando muito esses dias. - Ela levantou do sofá onde estava.- Elas estavam bem e felizes e veio essa bomba. A Clara poderia ter morrido.
- Nem vale nisso.
- Só que é a verdade. Nossa amiga correu muito risco e não podemos fechar os olhos para isso. Ao quanto todas estamos expostas a reviravolta da vida. Hoje estamos aqui e amanhã, sei lá onde vamos parar...
Regina parou o que fazia e olhou para ela.
- Não quero mais ficar longe de você. Não quero mais ficar longe você um minuto.
Ela não esperou a morena responder e a beijou, até ambas perderem o ar.
- Luiza, não saia da recepção, nem deixei ninguém entrar na minha sala. Só me chame em caso do prédio sofrer um atendado terrorista. - Falou pelo telefone para Luiza. - Tranque a porta. - Disse autoritaria para Emma.
- As janelas são de vidro.
- Emma, você esta com saudades de mim ou não?
- Sim, your highness. - Vou a única coisa que a loira conseguiu dizer após trancar a porta e partir para tomar Regina em seus braços.
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Callie ajudou Clara a deitar na cama, ela ainda sentia muita dor. Depois de passar uma semana no hospital, com Marina e as amigas se reversando para não deixá-la sozinha, a morena finalmente estava na cobertura de Marina.
- Confortável? - Callie quis saber.
- Demais até. - A morena respondeu. - Obrigada por tudo. Todas vocês.
- Não tem que agradecer Clarinha, somos todas uma família. - Arizona sorria.
- É, estou com fome.
- Vou providência algo para você comer. - Marina disse para namorada.
- Um hamburger com bastante bacon, queijo e batata frita, não esquecendo de uma coca bem grande.
- Clara, você acabou de sair de um hospital, já quer comer essas coisas? - Callie olhava um pouco assustada para amiga.
- Callie, eu preciso disso. Aquela comida de hospital não me fez bem.
- Você era alimenta de forma saudável. - A latina rebateu.
- Pode até ser. Mas, eu estava quase em depressão de ter que comer as sopas sem sabor e gelatina sem gosto. Amor, eu também quero brigadeiro. - Marina apenas afirmou e ia saindo do quarto, mas Arizona passou na frente.
- Nada disso. - Olhou para Clara. - Sabíamos que Marina iria te mimar, estamos aqui para fazer o contrário. Você ainda não pode comer essas coisas.
- Meninas, não sejam cruel. Cadê meu celular? Tenho certeza que Quinn vai traficar bacon para mim.
- Não ela não vai. Já alertei a Quinn. - Arizona respondeu.
- Eu preciso comer algo gostoso. - Clara quase choramingava.
- Marina, ela pode comer um frango ou peixe grelhado, pode também uma massa leve e salada. E suco, nada de álcool e refrigerante. - Callie explicava.
- Certo. Eu vou pedir a Lauren para fazer. - Marina deixou a namorada com as amigas e foi falar com Lauren que era cozinheira.
Assim que Marina saiu do quarto, Arizona esperou um tempo.
- Clara, a Regina ligou mais cedo com uma notícia que o Graham deu para ela. … Eu não quis falar na frente da Marina, porque afinal o Matt foi ex dela e querendo ou não, ela teve sentimentos por ele.
- Você esta me assustando Ari.
- Matt e Cadu estavam em um presídio aqui perto. Não era muito seguro e um dos carceiros vazoa para os outros presos o que eles fizeram com você. - Callie foi falando. - Os dois foram estuprados e espancados lá dentro. - Clara não soube o que dizer.
- Eles...
- Isso aconteceu tem dois dias. Eles entraram em coma. - A latina prosseguiu.
- Mas, hoje pela manhã o Matt veio a óbito. Um outro preso que estava na enfermaria terminou o serviço e o sufocou. O Cadu ainda esta em coma. - Arizona terminou.
- Eu sei que eram seres humanos. Mas, eu mesma desejei matá-los. - Clara falou.
- Acabou minha amiga. - Callie segurou a mão dela.
- O Cadu ainda esta vivo. - Clara falou.
- Nem pense nisso. - Arizona foi firme. - Você poderia ter morrido, mas esta viva. É uma segunda chance. Então pensa em coisas boas daqui para frente. Em firmar cada vez mais sua relação com Marina e sua carreira profissional.
Clara seguiu ouvindo as palavras das amigas, até Marina retornar para o quarto com uma refeição para ela. Ela ainda não segurava no talher por conta da dor, a branca dava comiga em sua boca. A noite chegou e a morena desceu com ajuda para sala. Todos as amigas estavam lá. Era um festinha para ela, tinha torta, alguns salgadinhos e docinhos.
- É bom esta fora daquele hospital. - Ela estava no sofác com Marina do seu lado.
- Em breve você esta de volta na ativa amiga. - Vanessa falou para ela. - Ô Marina, cadê o álcool? Aqui só tem suco.
- Sem álcool Vanessa. Clara não pode beber e vamos ser solidarias com ela. - Rachel cortou a ruiva.
- Agora, eu sou oficialmente a pessoa mais interessada na recuperação da Clara. - Declarou provocando risos de todas. - Brincadeira a parte, eu te amo amiga. - Se aproximou de um beijo no rosto dela.
- Olha, eu não fazia ideia que você me amavam tanto. Estão todas me paparicando. - A morena falava feliz.
- Ah Clarinha, você mora nos nossos corações. - Quinn levantou. - Por isso eu proponho um brinde a você amiga. A essa guerreira que você. … Você que pra todas nós é uma irmã, uma inspiração, um porto seguro. É sempre você que procuramos quando temos problemas, pela segurança, tranquilidade, força que você nos passa. Você é a amiga, a irmã, uma mãe para gente. E agora, é a nossa chance de te passar força, tranquilidade e cuidar de você e fazemos isso com todo o coração. Te amamos Clara. - Ergue o copo. - A Clara, nossa mãe, nossa guerreira.
Todos brindaram, fazendo a morena chorar e receber um selinho de Marina.
- Eu também amo vocês.
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