História Letters For You - Capítulo Onze

"Às vezes, parece que você está sozinho no mundo.Mas tem sempre alguém pensando em você."

—Alunos, não se esqueçam que hoje terá a aula extra.—essa frase me fez ficar aflito, pois eu sabia que teria que encenar com o Chanyeol.

—Teremos aulas extras, foi tudo o que eu pedi.—o Luhan disse ao meu lado.

—Eu também, já faz uma semana que não temos.—o Kyungsoo disse rindo do meu outro lado.

—Foi macumba sua né? Eu vou ter que encenar com o Chanyeol!—sussurrei.

—E qual é o problema?—o moreno me olhou desconfiado.

—Ontem ele me deu um selinho!—eu continuava com o meu tom de voz baixo, pois mesmo os meninos estando sentados longe da gente, era muito arriscado.

—Foi um selinho.—o chinês revirou os olhos.—Baekhyun, você tem que mudar, saia dessa prisão que te prende!—o olhou confuso.

—Isso não fez muito sentido.—o Soo disse rindo.

—Por que, você tá feliz?Kyungsoo, você nunca foi de rir de tudo!—o Luhan o olhou desconfiado.

—Quer apanhar na sala, Lu?Me deixa.—mostrou a língua.

—Vou deixar você em paz, porque a minha omma me ensinou que não devemos mexer com coisas do mal.—e eu só vi um estojo voando.Eu congelei, pois o maldito estojo passou raspando em mim e foi na direção do Luhan.Adivinha?Ele acabou acertando o loiro, não sabia que o Kyungsoo era bom de mira.

—DO KYUNGSOO, SUA DESGRAÇA!EU TAVA BRINCANDO!—o Luhan disse se levantando e com uma expressão de dor, também tinha acertado bem na cabeça dele.

—Ninguém mandou me irritar.—o olhou entediado.

—O que é essa gritaria aqui?—o professor virou e viu os dois.—Kyungsoo, Luhan e Baekhyun para a diretoria!—arregalei os olhos.

—Os dois que brigaram!—cruzei os braços, ele não vai me tirar daqui.

—Tenho certeza que estava envolvido.—disse me olhando.O que ele tem contra mim?Inveja?Só pode.

—Você está certo professor, foi ele que iniciou a nossa briga.—o Kyungsoo disse com um sorriso diabólico.

—Verdade.—com amigos assim, quem precisa de inimigos, não é mesmo?

—Os três pra diretoria.—ouvimos a risada do Sehun, eu vou matar esse cara de porta.

—O que foi Sehun?Acha que eu não vou contar ao professor que você jogou duas bolinhas de papel em mim?—agora eu segurei a risada.

—É verdade!O Sehun jogou duas bolinhas no Luhan e uma no Baekhyun, então os dois começaram a discutir e acabou que eu entrei no meio também.—o Soo disse sorrindo vitorioso.

—Sehun para a diretoria também.—eu mordi a ponta da língua para não rir.

—Se ferrou!—o Kai sussurrou baixinho.E então o Sehun caiu no chão e a sala explodiu em risos.

—Professor!Ele colocou o pé na frente!—o Sehun se levantou e apontou pro Jongin que tinha a boca formando um perfeito "O".

—Jongin, você também!—o professor suspirou frustrado.—O que está acontecendo com vocês?—quando já estávamos na porta, o Kai decidiu incluir o Chanyeol na brincadeira.

—Isso não é justo!—disse fingindo estar bravo.—O Chanyeol perguntou se eu tinha cola para a prova da próxima aula, então me distrai e coloquei o pé.—fez bico.

—Cola?Chanyeol, o que tem a dizer?—por que, ele tem chance de se defender?

—E-Eu...—pensou.—O Jongin colocou o pé de propósito!—idiota.

—Só isso?Então diretoria também! —e lá fomos nós, saindo da sala.

Sabe o que toda a nossa confusão rendeu?Uma semana limpando banheiros.Pelo menos eu tinha escapado da aula extra, mas ainda sim era um saco.Naquele dia, ficamos limpando, o Luhan estava surtando, mas eu como um bom amigo, continuei o meu trabalho, mas o loiro insistia em reclamar.

—Tomou o seu remédio contra raiva?—perguntei rindo.

—Ta me chamando de cachorro?—perguntou me fuzilando com o olhar.

—Você não está longe de ser um.—o Soo disse ainda passando um pano no espelho.

—Eu já disse que amo ver a amizade de vocês?—o cara de porta perguntou rindo.

—Cala a boca e termina de limpar o chão.—meus amigos estão afiados hoje.

—É melhor não mexermos com eles.—o Jongin disse rindo.

—Concordo.—o poste terminou de limpar as cabines.

Se passou duas horas, sim, demoramos duas horas para limpar os banheiros.Também a anta do Sehun, jogou o balde d'água suja no chão, mas mesmo assim, conseguimos terminar.Agora, o Chanyeol, Kai e o Kyungsoo estavam indo embora comigo, o cara de porta pegou ônibus e o Luhan também, nem um pouco estranho.Quando chegamos na minha casa, o poste se despediu e seguiu para a dele, já os outros dois falaram que iriam ensaiar algumas cenas.

Aqui estou eu, na cozinha de casa, com fome e sem nada para fazer.Minha omma não estava presente e o máximo que eu sabia cozinhar era lámen, mas vamos combinar que quando você está com a fome de vinte homens, lámen não ajuda.Decidi ir comprar algo na praça que tinha ali perto, aproveiteine acabei ficando por lá, às vezes é ótimo observar a natureza.

Jongin

—Estamos indo bem.—Kyungsoo disse assim que terminamos de ensaiar a cena.

—Sim, espero que no dia seja assim.—disse sorrindo.O barulho da porta se abrindo, invadiu o local, a figura do meu pai, fez eu tremer.

—Jongin, precisamos conversar!—o ele disse.—Quem é esse?—estranhou a presença de Kyungsoo.

—Appa, esse é o Do Kyungsoo.—disse com medo.—Estamos ensaiando para uma peça do colégio.—expliquei antes que ele pensasse errado.

—Muito prazer, mas agora temos que conversar.—me chamou para baixo.O segui até a sala, quando sai do quarto, apenas dei um sorrido fraco para o menor.

—O-O que foi?—eu sabia que era sobre a Krystal.

—A Krystal me ligou.—engoli em seco.—Ela disse que vocês terminaram, ou melhor, você terminou.—eu tentei me controlar.

—Você sabia que isso iria acontecer.—tentei controlar as lágrimas que queriam sair.

—Eu pensei que depois da nossa conversa, esse seu pensamento tinha mudado!—por que, eu não posso ter um pai normal?

—Não mudou, eu não vou voltar pra ela.—eu finalmente ergui a cabeça e o encarei.

—Você quer ter essa conversa de novo?—neguei.—Então, trate de pegar o seu celular e ligar pra ela.—disse com o tom de voz elevado.

—Eu não vou voltar com a Krystal!—ele me olhou com raiva e se aproximou.Eu não consegui me mexer, por que não me defendo?

—Você vai sim!—ele ia avançar em mim, quando uma figura baixa apareceu e o empurrou.

—Fique longe do Jongin!—era o Kyungsoo.Os meus olhos se arregalaram, o que ele está fazendo aqui?O medo me invadiu.

—O que você pensa que está fazendo?—o meu pai disse ainda bravo.

—Estou protegendo o Kai.—o meu coração se acelerou.—Eu não vou deixar você bater nele.

—É melhor você sair da frente.—o meu pai disse rindo.

—Eu não vou sair! Se quiser, pode bater em mim, mas o Kai sai sem nenhum arranhão daqui!—agora os olhos do meu pai se arregalaram.

—Você é burro?Por que, está fazendo isso garoto?—ele deu alguns passos.

—Porque, o Kai é meu amigo e eu não quero ver ele machucado como da última vez!—senti as lágrimas tentando vir.—Qual o seu problema?Ele é seu filho, além de ser educado, inteligente e talentoso! Você já viu ele atuando?É ótimo, e dançando?Acho que o Jongin é o melhor dançarino que eu já vi.—ele se virou pra mim e sorriu.—Sabe, eu o conheci, porque o mesmo me ajudou.Um garoto estava implicando comigo e com o meu amigo, então o Kai nos ajudou.—o Kyungsoo continuava com aquele sorriso.

—Cala a boca!—o mais velho disse.

—Olha como você fala com o Kyungsoo!—eu me coloquei na frente dele.—Se quiser pode bater em mim, mas eu nunca mais vou voltar com ela.Já cansei de deixar você controlar a minha vida, sabe, daqui alguns meses eu viro maior de idade, então vou trabalhar e comprar uma casa.—eu disse.—Então, pode fazer o que você quiser, mas o Soo vai sair como ele entrou, sem nenhum machucado!—nem eu sabia de onde a coragem tinha vindo.

—E o Kai também não vai ficar com nenhum machucado!—ele veio até o meu lado.

—Estamos indo, quando a omma chegar eu volto.—avisei e puxei o Soo.—A peça vai ser daqui um mês e alguns dias.—abri a porta.—E sim, eu gosto do Kyungsoo.—colei nossos lábios rapidamente e o puxei para fora.

—O-O que?—o Soo disse quando já estávamos andando pela rua.

—Eu estou gostando de você.—eu disse e desviei o olhar.—Não fica bravo, juro que tentei tirar esse pensamento da cabeça, mas não consegui.—fechei os olhos com medo.Só que aconteceu outra coisa.

Senti seus lábios serem colados ao meu.Abri os olhos assustado e vi ele, então não pensei duas vezes, coloquei minhas mãos em sua cintura e aproximei nossos corpos.Aquele beijo estava sendo carinhoso, parecia ter amor, mas não podia confirmar isso, pelo menos do meu lado era verdadeiro.Quando nossas línguas se encostaram, eu senti algo estranho, era boa a sensação de ter o Kyungsoo só para mim.Brinquei com a sua língua e aproveitei cada momento.

Nessa hora, os braços dele já estavam em volta do meu pescoço e por ser um pouco baixo, estava nas pontas dos pés.Deixei um sorriso escapar durante o beijo e quando o ar se fez presente, nos separamos, mas logo o puxei de volta para outro.Em histórias as pessoas retratam como "parecia que havia borboletas em meu estomago", entre outras coisas meio clichês. Para mim, a explicação perfeita era: estávamos nos beijando, eu não sentia algo em meu estômago, mas sim, em meu coração, que estava acelerado.

—Isso quer dizer o que?—perguntei quando nos separamos novamente.

—Que eu também gosto de você, sempre gostei.—meus olhos se arregalaram.

—S-Serio?—perguntei.

—Sim.—ele deu aquele sorriso que eu tanto amo.Senti as batidas ficarem mais rápidas,eu vou ter um ataque só pode!Mas, não era isso, era felicidade.

Chanyeol

Meus pensamentos estavam confusos, o Baekhyun gostava de mim, mas por que eu me sentia estranho?Talvez, pelo medo dele não gostar de saber que na verdade o anônimo, sou eu.Esse medo que me fez confessar por cartas, pois eu nunca me achei bonito, tudo bem que ele não é o tipo de pessoa que liga para aparência, mas eu sou cheio de problemas.Por qual motivo, Byun Baekhyun se interessaria por mim?

Não existem motivos, pois eu realmente não tenho nada de especial.Só que a ideia dele ficar com outra pessoa, dói!Vocês já sentiram isso?Pois é, isso é uma droga né?Só de imaginar ele feliz, dividindo a casa com outro cara, ou então indo no cinema de mãos dadas, o meu coração se apertou.

—Chanyeol?—ouvi a voz da minha mãe. Apenas dei um resmungo, fazendo assim ela entrar.—Tenho uma notícia para você.—disse animada.

—A Yoora vai vim visitar a gente?—perguntei olhando para ela.

—Não, é outra coisa.—eu não podia reclamar da minha mãe.Ela sempre me tratou bem, deu amor, fez de tudo para que eu crescesse e fosse um bom homem.A única coisa mesmo é as mentiras e o amor falso.

—Você e o appa vão finalmente se separar?—perguntei esperando a resposta negativa de sempre.

—Sim!—dei um pulo que fez com que eu caísse da cadeira.Ela me ajudou a levantar, tentei formular várias frases, mas não consegui.

—O-Obrigado!—foi a única coisa que consegui falar, então para compensar, a abracei.

—De nada, eu sei que você sofreu com isso.—disse olhando para as próprias mãos. —Só que foi para o seu bem, não queríamos te trazer algum dano psicológico.—eu estou com um.

—Tudo bem, vocês só queriam o meu bem.—segurei as lágrimas.O que eu poderia fazer se me sentia culpado pela infelicidade dos dois?

—Estou indo procurar um advogado, se cuida e tem comida no armário.—piscou e me deu um beijo na testa.

—Tchau.—acenei e ela saiu.

Não pensei duas vezes e corri para o banheiro, peguei o meu remédio e tomei.Minha cabeça estava girando, mas pelo menos eu tiraria um peso das minhas costas, só sobraria mais uns dez.

Baekhyun

Voltei para casa quando já era noite.Me surpreendi quando vi um carro parado em frente a mesma, apenas entrei e ouvi risadas vindo da cozinha.Fui até aquele cômodo e vi uma cena que gostaria de não ter visto, minha mãe, o pai do Kris, o próprio Kris e o Tao na cozinha.Eles estavam conversando e rindo, pareciam felizes, então minha omma estava mesmo quase namorando?Tentei segurar as lágrimas e minha saída era subir sem ser notado, mas nem consegui terminar de pensar, porque ouvi uma voz.

—Baekhyun, você já chegou?—minha omma perguntou, chamando toda atenção à mim.Ela deu aquele sorriso falso.

—Já, podem continuar comendo, eu vou subir para o quarto.—disse coçando a nuca.

—Se junte à nós.—o pai do Kris disse.

—Eu estou meio cansado, tive um dia agitado, então prefiro subir.—sorri.—Obrigado pelo convite me curvei e subi para o quarto.

—Espera ai!—era a voz do Tao.Parei no final da escada e o observei.—Preciso falar com você, posso?—perguntou e eu assenti.

—Vem.—ele me seguiu até o meu quarto.Quando entramos no mesmo, fui direto.—O que você quer?

—Eu percebi que sua relação com a sua omma, não é muito boa.—comentou observando o quarto.

—Todos podem perceber isso.—me joguei na grande cama de casal.

—Vocês não são muito discretos.—sorriu.—Eu queria agradecer.—disse.

—Tudo bem, eu não podia deixar você lá. —eu disse.

—Claro que podia, esqueceu que eu sou amigo do garoto que transformou a sua vida em um verdadeiro inferno?—neguei.

—Não esqueci, mas algumas pessoas me aconselharam a esquecer esse ocorrido.—suspirei.

—O Yifan não fez certo, ele não podia te exibir assim.—disse triste.—Baek, eu sinto muito.—assenti.

—Não precisa se desculpar, eu sei que você é uma boa pessoa.—sorri.

—Eu queria tanto me afastar do Kris, mas não consigo.—sorriu.—Sei que posso estar caindo em uma cilada, mas sinto que ele mudou um pouco.—isso até eu percebi.

—Só toma cuidado, mas não precisa se afastar, quem sabe o Kris não vire uma pessoa boa.—eu desejava isso.

—Talvez ele vire.—não entendi muito.—Eu estou gostando dele, mas não posso gostar!—disse meio baixo.

—Por que, não pode gostar?—perguntei.

—Porque, ele pode estar me usando.—senti sua voz falhar.—E tem outros motivos, que quem sabe, um dia você não descobre.—sorriu triste.—Estou descendo, até mais Baek.—acenou.

—Até mais Tao.—acenei e ele saiu.—Que motivos seriam esses?—eu disse sozinho.

O Tao estava estranho, parecia estar escondendo algo.Espero que seja alguma coisa boa, porque de coisa ruim, já basta a minha vida!