E meus pensamentos voam, flutuam sem eu perceber, sem eu controla-los, eles têm uma vida só deles e assim eles viajam para aonde eles quiserem. Os pensamentos são traiçoeiros e estratégicos, por mais que você pense no bem do próximo pela sua vida inteira, na hora da sua morte seu cérebro apenas faz o que você quer, ou seja, você quer sobreviver e não liga mais para os outros ao seu lado. E ai você entende que você mesma foi uma farsa Eu não consigo. Minha armadura de ferro, que eu mesma implantei em volta do meu coração se dissipou. E não restou nada, apenas a resistência que eu fui destinada a suportar.
A atmosfera estava lúgubre, o céu ficou cinza e os muros me sufocavam, mesmo sem eu necessitar de ar. Definitivamente me lembro desse lugar, tenho essa impressão óbvia de que já pisei aqui nesse chão tênue e perigoso, mas ao mesmo tempo acolhedor, pelo menos para mim.
Aceito a mão que me é estendida, e por um impulso leve eu levanto do chão, e me lamento mentalmente pela minha aterrisagem gratificante.
- Conheço esse lugar – Dessa vez sussurro, descrente que isso tudo é real. Chego perto do muro enorme que me rodeia e encosto levemente a palma da mão nos blocos resistentes. Assim que minha mão estendida entra em contato com o muro maciço, um choque repentino percorre meu corpo, me fazendo dar um pulo para trás por imediato.
- Como é possível? – Pergunto para ninguém em particular.
- Não percebeu que tudo é possível? – Fala Jack brotando ao meu lado.
- Ultimamente sim, estou até com medo do boi da cara preta aparecer também – Respondi sarcasticamente, mas a verdade é que esse era um dos meus mais temidos medos de infância, ou até hoje. A risada de Jack me contagia, e com isso dou um sorriso nervoso e descontraído.
- Porque me trouxe aqui? – Pergunto depois de segundos olhando uma única porta que se encontrava, e também a única proposta de saída.
- Não fui eu que trouxe você aqui – Ele da uma pausa – Esse lugar tem seu próprio portal, ele te empurrou sozinho – Ele gesticula com a mão aberta, tudo a nossa volta.
Ao ouvir isso, aperto mais firme o laço que minha “querida” tia Dorette me deu, o presente dos meus pais e que eu não tiro por nada, na primeira vez que ela me presenteou com esse laço e essa frase que continua em minha cabeça, eu nunca mais o tirei, enrolei-o no meu pulso várias vezes e usei como pulseira e também como meu sustentar silencioso.
*
P.O. V Andrew
Ela me conquistou naquele rio, com seu jeito cativante, olhar frágil e alma cálida. Por anos á fio tentei achar uma companheira para dividir a eternidade comigo, e nunca achei uma que me cativasse na proporção que queria. Lavonne sim. Ela me prendeu de uma forma que não considero fugaz. E isso é caloroso a ponto de fracassar meus planos. Sim, possuo alguns planos na cabeça, não apenas eu, mas Megan e Adam também. Sorrio com o pensamento de que todos no final acabam sendo mentirosos. E sinto esse gosto amargo no céu da boca e que me acompanhou durante minha vida.
Voltei com ambas as passagens, segurando firme entre os dedos, com medo de perder a minha chance que certamente me salvaria. Egoísmo? Nem tanto, só preservo minha existência imortal, além disso, não completei minha vingança, tenho todo o plano elaborado na cabeça, e Lavonne está irrevogavelmente inclusa. Dessa vez não tem saída.
Abro a porta do hotel em que nos hospedamos e entro em parafuso com o que vejo. Vidros para todo lado, cadeiras e tapetes revirados, quadros que antes ficavam na parede, agora estão se deleitando no chão do quarto. E o pior. Ela não está aqui.
- LAVONNE – Grito alto, e o som faz eco pelo cômodo, me lembrando do quanto está vazio sem sua presença. Jogo as passagens em qualquer canto e começo a perscrutar a casa em busca de alguma pista de invasão. Mas não tem rastros, como fui burro o bastante para deixa-la sozinha? Com as mãos trêmulas, giro a maçaneta da porta e respiro fundo antes de abrir meu notebook e procurar o rastreador que coloquei nela.
O dispositivo que combinei junto com Megan e Adam em colocar nela, foram impostos por pura precaução, pois existe um numero notavelmente grande de seres diversificados atrás dela, dos lobisomens disfarçados para seres hediondos e nojentos, como os rastejantes.
Os rastejantes são cobras humanas, literalmente, sua aparência é de um humano comum, seja homem ou mulher. A única diferença é que sua pele é mais escamosa e seu cheiro é insuportável, tem cheiro de enxofre e gente morta se decompondo. Já nem me lembro de quantos matei, foram muitos. E por isso não os temo, apesar de serem perigosos e assassinos.
Mas eu também sou.
**
P. O. V Lavonne
A perversidade do castelo, que por meio dos conhecimentos de Jack descobrir ser construído por memórias passadas, só não me pergunte como, isso eu ainda não decifrei direito. A única coisa que ele citou foi que sem meus pais isso não era possível, e que provavelmente eles foram os fundadores. Deixando de lado isso, entramos no tão falado castelo, acompanhada do clã que decidiram, por conta própria, serem meus guias, e eu apenas aceitei porque qualquer coisa que envolva meus pais, também me envolve.
Passando pelos portões de aço, pergunto.
- Esse lugar tem saída? Tipo, uma porta de emergência? – Lídia que descobrir ser mais alta que verônica, solta uma risada sínica na minha direção.
- Claro que não, acha que está em um hotel? – Esqueci-me de mencionar que também é a mais ambiciosa e mimada, e isso se percebe até pelo andado dela.
- E como faço para sair daqui, então? – Pergunto ignorando completamente Lídia, que apenas da de ombro. Viro-me para Jack, que em minutos consegui me aproximar mais dele e o considero um amigo. Pelo menos ele é o mais simpático entre todos os outros. Verônica me faz lembrar um pouco Megan, pelo ar meigo, exatamente o contrário da irmã. Sinto um aperto por pensar que quase matei Megan e os outros, e não me perdoo por coloca-los em perigo.
- Simples você não sai – Ele fala, ainda olhando para frente. Assusto-me, mas não recuo, tem que haver uma saída por aqui. Tenho absoluta certeza que no momento em que abriram a porta daquele castelo eu ficaria intrigada, mas quando abriu totalmente à porta eu não consegui ficar menos chocada.
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