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História Liberté: Sangue do meu sangue - Surpresas bem-vindas... e não tão bem-vindas.


Escrita por: Alexiel_LaRoux

Notas do Autor


Olá amores da titia Alexiel!

Dia lindo *ironia*, um calor insuportável e eu querendo fazer uma versão live action da expressão “quero matar meu chefe”, mas como não posso fazer isso vamos descontar as raivas do dia no Camus e fazer ele sofrer! E vocês merecem o pouco de amorzinho que resta nesse coraçãozinho sádico, com um capitulo fresquinho feito com carinho (e fiz mesmo, não estava com raiva quando o escrevi) só para vocês.

Obrigada pelos comentários, os responderei com todo carinho em breve, agora as raivas que passei tão me deixando dolorida, vou ficar meio quietinha, mas não vou deixá-los curiosos com as novidades.

Nossa fic agora não terá mais errinhos, porque eu ganhei uma maravilhosa beta. Valeskawaski, muito obrigada pelo carinho que está tendo com Liberté, a paciência comigo e ideias que temos compartilhado, adorei o trabalho que fez nesse capitulo. Como agradecimento ele é oferecido especialmente para você pelo seu trabalho.

Sem mais enrolas, obrigada a todos! Um cascudo na Petit, pq sim, sou sua Mestra e eu posso, e um abração a todos nessa reta final de 2016. Um ano novo cheio de amor, felicidade, muitas fics e em especial muitas cenas de lemons do jeitinho que a Lucy gosta. Como não vou postar mais esse ano: Feliz Ano Novo amadinhos!

Boa Leitura!

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Créditos da capa:
☆log_12
Pixiv ID: 41457484
Member: たわし

Capítulo 8 - Surpresas bem-vindas... e não tão bem-vindas.


Fanfic / Fanfiction Liberté: Sangue do meu sangue - Surpresas bem-vindas... e não tão bem-vindas.

Camus se encontrava completamente em choque, tão em choque que sequer conseguiu destravar seu corpo da catatonia iminente, o que permitiu que Shun tateasse sua barriga sentindo o bebê em seu interior se mover com vontade. Era como se o filho houvesse ficado alegre com aquele toque.

- Camus, me responde alguma coisa, eu tô sentindo... - Shun movia as mãos com o olhar opaco travado em um ponto vazio, a expressão de seu rosto denotava ansiedade. – Tem algo se movendo dentro da sua barriga, como se você estivesse...

- Esperando... – Camus engoliu em seco e Shun podia sentir a energia tensa que era emanada pelo ruivo, ele sabia que não tinha mais escapatória, estavam perdidos novamente. – Um filho. É realmente um bebê que você sente.

- Mas como? – Shun parecia em estado de choque, sem conseguir conceber a ideia do que lhe era dito. Nunca sentiu tanta falta de sua visão como naquele momento. – Não brinque comigo Camus, eu suporto as brincadeiras dos outros por ser cego há muito tempo, mas você se tornou meu amigo, eu não aguentaria ser traído! É impossível, até onde eu sei você é um homem, homens não engravidam, poxa!

O jovem dizia de forma confusa quando teve ambas as mãos seguras pelas de Camus e foi conduzido até se sentar. Camus sabia que estava perdido, mas não poderia mentir mais. Não tinha uma convivência muito longa com o jovem oriental, mas o que incialmente se deu por gratidão por ter sido abrigado por ele, havia se transformado em uma amizade tão intensa com a convivência, que o ruivo se sentia a pior das pessoas por ter mentido para o jovem por todo aquele tempo. Ainda teria a chance de se redimir, de confiar nele? Já fora traído tantas vezes, tinha medo de se enganar novamente com Shun, mas não podia lhe negar a verdade.

- Sim Shun, eu sou um homem e mesmo assim eu estou esperando um filho. Um filho do Milo.

- Por favor, me explique isso, me explique antes que eu tenha um troço. Eu senti, eu não duvido do meu tato, mas sem ver, sem visualizar como no passado, na minha mente eu não consigo conceber essa ideia. Como Camus, me diga como isso aconteceu? – Ele suspirava e Camus colocava um copo de água nas mãos do garoto para que se acalmasse de seu estado de estupefação.

- Antes de mais nada, perdão por ter escondido isso de você. Desde o início eu me senti mal e com medo de acreditar que me aproveitei de sua deficiência, para me esconder.

- E é realmente o que eu acreditaria, você escondeu algo de mim, mesmo depois de tudo.

- Sim eu sei, e afirmo que eu e Milo nos envergonhamos disso, mas além do desespero, foi para sua própria segurança.

- Sim, continue. Como isso é possível, porque esconderam de mim? – Shun perguntava curioso e angustiado.

- Começarei desde o início.

Camus fechou os olhos puxando o ar cansado. Recostou-se no sofá procurando posição e contorcendo de leve o rosto com a dorzinha chata que sentiu. O filho se moveu de um jeito que parecia que havia enfiado o pé bem entre as costelas do pai, e esse precisou de um tempinho para se recuperar desse movimento da criança. Com o espaço cada vez mais reduzido com o crescimento do garoto, Camus sentia muito mais fortes os movimentos do filho dentro de seu ventre. Era incômodo, doloroso às vezes, mas irremediavelmente maravilhoso senti-lo tão forte e vivo dentro de si. Escolheu as palavras e iniciou seus relatos.

- Já deve ter ouvido falar de alguns projetos sobre reprodução humana que se iniciaram com o fim da terceira grande guerra, não é mesmo Shun? Depois de toda a dizimação da população e os problemas com a esterilidade causada por algumas das armas biológicas utilizadas.

- Sim, mesmo na situação difícil da minha família, antes de ficar cego, me dedicava bastante aos estudos. Como já disse, queria conseguir uma bolsa no curso de medicina, mas a morte dos meus pais e minha cegueira me impediram disso. Mas vamos ao que isso tem a ver com você, estou curioso.

- Um dos laboratórios pioneiros nesse estudo, utiliza-se da lei que autoriza o uso de cobaias humanas, desde que nascidas e produzidas dentro desses laboratórios. Eu nasci dentro de um desses laboratórios, Shun.

- Você é uma cobaia Camus? Mas eu pensei que isso fosse altamente controlado. – Dizia estupefato.

- É eu sou... fui, não sei, só sei que sou uma delas, mas eu fugi. Eu deveria ter uns sete anos na época, ao menos era essa a idade que eu acreditava ter, porque sequer sei realmente o dia em que eu nasci. – Ele desviava o olhar entristecido. – Nessa época, um verdadeiro anjo apareceu em minha vida.

Uma lágrima rolou do rosto de Camus nesse momento. Ele depois de algum tempo, com o sofrimento que havia tomado sua vida, havia começado a ocultar o que sentia. Mas ali diante de Shun, que não podia ver sua face, derramou lágrimas de saudade e gratidão ao lembrar de sua cuidadora. Era tão grato a ela. Sempre seria.

- Agatha, era o nome dela. Ela se compadeceu por todo o sofrimento que eu passava, se afeiçoou a mim. Você não faz ideia de como era terrível aquele lugar. Eu vivia confinado em um quarto branco, em um isolamento constante e de regras rígidas, desde a assepsia impecável do lugar e de meu corpo até mesmo as regras de como me portar, sentar, vestir, comer e agir. – Ele sentia o coração doer e a emoção transbordar. Ao lembrar disso era difícil conter as lágrimas. – Sofri experiências horríveis, dores, procedimentos e cirurgias intermináveis. Acredito que eles me mudaram geneticamente e me tratavam apenas como o objeto de pesquisa que eu era. E ela me salvou disso, me deu uma vida.

- Que horrível Camus, eu sinto muito. Mas como você fugiu, como conheceu o Milo? Como você acabou assim esperando um filho?

- Ela me ocultou e me tirou de lá, mas fomos descobertos e perseguidos. Na fuga ela acabou falecendo em um acidente que sofremos, esse acidente, mesmo a tendo matado, infelizmente, foi o que salvou a minha vida. O carro onde estávamos explodiu e eu consegui fugir até a vila onde vivia antes de vir para cá. Fui abrigado como uma criança perdida e criado em um orfanato. Foi lá que conheci o Milo, ganhei o segundo grande presente da minha vida, pois o primeiro Agatha já havia me dado, minha liberdade para poder encontrá-lo. Vivi feliz por anos, cresci, conheci o mundo aqui fora, fiz amigos, enfim pude ser uma criança.

Camus sorria saudoso de seus amigos do orfanato e dos momentos felizes que viveu lá. Se perguntava em sua mente se algum dia poderia revê-los. Sorrir das palhaçadas deles. Sentar naquele jardim e ensinar os mais novos. Sentiu saudades de sua vida antes do sofrimento das ruas e da paz que o abrigo de Shun havia lhes dado. Percebeu nesse momento que anjos de bondade sempre apareciam em sua vida e era imensamente grato a eles por lhe levarem no colo no espinhoso caminho de sua busca por liberdade.

- Me apaixonei pelo Milo e com a paixão e o crescimento, não tardou nos envolvermos e você sabe bem o que vem depois disso. Milo estava prestes a ir para a faculdade, começar a construir a vida dele e logo eu também partiria para vivermos juntos e construirmos nosso futuro que parecia tão promissor. Mas um dia eu passei mal e acabei descobrindo o que eles realmente haviam feito comigo naquele laboratório maldito. Com estupefação e choque descobrimos que eu estava gerando uma vida. Entenda Shun, o médico que descobriu minha gravidez, relatou que internamente eu sou exatamente um híbrido. Sou um homem em todas as suas características, mas possuo os órgãos e a capacidade feminina de gerar. Nem eu sei explicar como, não sei exatamente o que fizeram comigo, mas meu corpo se adaptou completamente para gerar esse menino que estou esperando.

- Isso é loucura Camus, se eu não tivesse sentido eu diria que você está brincando comigo. Isso que você passou é absurdo. Mas como vocês dois vieram parar aqui?

- O médico que descobriu minha gravidez nos traiu. Milo lhe pagou para manter o silêncio, gastou o que tinha e o que não tinha para garantir que ele tratasse de mim e fizesse meu parto. Porque mesmo meu corpo se adaptando para gerar, ele não terá como dar vazão ao nascimento dessa criança, eu precisarei fazer isso cirurgicamente. E nisso, por ganância, o cretino nos traiu e me entregou para o laboratório ao qual eu pertenço. Por sorte eu e Milo descobrimos isso antes e começamos a nossa fuga, e o resto da história você já conhece.

Um silêncio mortal se fez entre eles. Shun virou a água de seu copo a tomando quase que em um gole só, e Camus também buscou o mesmo para ele. Encarava nervoso o pequeno oriental que parecia pensar, ainda abismado com tudo. Foi o ruivo que rompeu o silêncio.

- Arrumarei minhas coisas assim que amanhecer e irei embora com o Milo novamente. Eu compreendo que não mais queria que fiquemos aqui. Sou um fugitivo e menti para você. – Dizia já angustiado.

- Está louco Camus? – O ruivo olhou intrigado para o jovem. – Estou chateado que mentiram para mim? Sim estou, não nego. Isso soa como se tivesse se aproveitado de minha cegueira para se esconderem. Mas não sou louco de permitir que partam, não no seu estado. De quantos meses você está Camus? Digo, quantos meses de... de... ai isso é muita loucura. Quantos meses de gestação Camus?

- Seis, estou próximo de entrar no sétimo pelas minhas contas. – O ruivo engolia em seco.

- Deus?! Isso é louco demais. – Pensava - vocês vão continuar aqui como estão. Milo vai trabalhar e se dedicar a juntar dinheiro somente para o seu parto, não quero mais ele ajudado na casa, a pensão deixada por meus pais que recebo é suficiente para nós três vivermos com dignidade como sempre vivi antes de vocês. – Movia as mãos levemente tensas com tantas informações de uma vez. – Você continuará me ajudando e vamos ocultar a sua gravidez. Você não vai pôr o pé fora de casa Camus, e ainda tomará bastante cuidado com os vizinhos e as janelas que dão para os outros apartamentos dos prédios vizinhos. Eu vou ajudar a cuidar de você e você continua me ajudando cuidando da casa até essa criança nascer.

- Shun... você...- Camus ficava visivelmente emocionado. Estava pronto para ser escorraçado dali, mas ao contrário, Shun se mostrou um amigo fiel mesmo em tão pouco tempo.

- Shun nada, é de uma vida que estamos falando, e da vida do filho dos dois amigos que me salvaram e tem me ajudado desde então, mesmo com o mundo caindo sobre suas cabeças. – Ele dizia enfático. – Quando eu ainda enxergava e estudava para tentar a bolsa de medicina, eu auxiliava um velho médico, já querendo me inteirar do ofício e ter proximidade. Foi ele quem me ajudou quando fiquei cego e tratou de mim, só não fez mais por falta de recursos. Assim que possível vou procurá-lo e como sei a pessoa boa que é, e o fato dele sempre ter sido contra o uso de cobaias humanas, vou pedir que ele cuide de você Camus, e do nascimento de seu filho quando isso estiver bem perto de acontecer. Assim não corremos riscos de você ser denunciado de novo, o que eu duvido que ele faça, o conhecendo como conheço. Mas Milo precisará trabalhar dobrado, uma cirurgia desse tipo custará uma boa grana e ele precisará mesmo dela. Fique tranquilo Camus, eu vou ajudar vocês dois, o tempo de fuga acabou.

- Shun... – em algo inédito à personalidade dele, Camus abraçou o amigo com força, vertendo lágrimas de felicidade e emoção pelo auxílio recebido. Esperança aquecia novamente seu peito – Obrigado, obrigado mesmo. Eu nunca vou poder te pagar por isso à altura.

- Ah vai sim! Me deixa ser padrinho do pequeno, eu adoro crianças e vou adorar te ajudar com ele, assim como você se ariscou e me livrou de morrer numa calçada espancado por loucos.

- Considere-se padrinho do pequeno Hyoga, não poderia ter outro melhor. Eu não quero nem imaginar a felicidade de Milo quando eu contar como nos ajuda e nos ajudará.

- Ele vai saltar de alegria. Mas agora descansemos, você precisa estar forte para gerar esse bebê e eu estou morto de cansado com tanta informação. Vamos dormir Camus, amanhã é um novo dia.

E naquela noite Camus dormiu com a esperança renascida em seu peito e louco para contar as novidades a seu amado companheiro.

 

 

Ele sorria enrolando os cabelos loiros nas pequenas mãozinhas, ambos sentados em um belo balanço no jardim

- Estamos atrasados! – O outro entrava e o menino que antes brincava com os cabelos do loiro, correu na direção dele saltando em seus braços.

- Papa!

- Você ainda está assim? – Dizia recebendo o pequeno nos braços.

- Que posso fazer se ele é tão lindo que não quero mais soltá-lo. – O outro ria se levantando e dando um beijinho na testa do menininho. – Papai tem que ir filhinho.

- Fica, fica com bebê. Quelu bincar com os papa.

- Não podemos pequeno, temos compromisso, mas logo voltamos e ficamos com você. – O loiro dizia com um sorriso lindo.

- Pomete?

- Prometemos pequeno.-  Era o outro quem respondia. – Nós sempre vamos estar com você. Se comporta.

- E cuidado para não perder o presente que te demos.

- Não vo pede papa.

Os dois deixaram o menino ali, que sorria olhando o presente que seus pais haviam lhe dado. O pingente brilhava com a luz do sol.

 

Milo se moveu na cama ainda sem abrir os olhos, meio preguiçoso. Assim que acordou realmente, percebeu Camus o observando dormir e o companheiro estava diferente do comum, tinha um leve sorriso nos lábios.

- Você estava sorrindo enquanto dormia. Estava lindo! Um sonho bom? – Camus perguntava apoiando a cabeça no travesseiro, deitado de lado e passando com carinho a mão sobre a avantajada barriga, sentindo o filho finalmente ficar quietinho.

- Sonhei com minha família. Há muito tempo eu não tinha esse sonho, eram mais frequentes quando era mais novo, antes de você chegar.

- Então foi um sonho bom. Mas achei que você não tinha nenhuma lembrança deles, Milo.

- E praticamente não tenho. Quando eu cheguei ao orfanato tinha quase três anos e sempre minhas lembranças foram muito confusas. O engraçado é que em todas elas eu não consigo ver minha mãe, somente meus pais.

- Pais?

- Sim, sempre vejo dois homens e sempre me refiro a eles como papa. Mas o rosto deles nunca fica claro em minha mente. Só consigo lembrar realmente da cor dos cabelos de um deles. Idênticos aos meus. É estranho! Mas agora me diz, você está sorrindo, não te vejo sorrir há muito tempo. O que deixou meu namorado tão feliz? Nosso filho te deixou dormir bem essa noite? - Acariciou o ventre do amante – Gosto de te ver assim, feliz.

- A noite foi boa, tirando um pesadelo, posso dizer que essa noite foi milagrosa. – Milo arqueava uma sobrancelha realmente curioso. – Mas vai se arrumar senão você se atrasa para o trabalho. Te conto a novidade enquanto tomamos o café da manhã.

- Ai, ai, ai, Camus, você sabe que sou curioso.

- Sei sim. – Ele se levantava da cama rumando para sair do quarto. – Por isso adoro atiçar esse seu lado. Anda, se arruma e vem comer.

Saiu dali deixando para trás um loiro extremamente curioso. Milo se ergueu da cama indo se arrumar, pelo rosto de seu namorado, sabia que as novidades eram boas e não tardou a estar pronto e ir para a cozinha. Shun estava sentado à mesa e Camus o servia com um pouco de café quando percebeu a entrada do loiro.

- Bom dia papai. – Shun brincou rindo ao sentir a aproximação de Milo.

- Como? – Olhou para a Camus pedindo uma explicação com a expressão de dúvida em seu rosto.

- Ele já sabe Milo. – Camus passou a mão na barriga indicando sobre o que se referia a Camus. – Shun descobriu ontem.

- Mas como? – Ele fica desesperado. – Shun você... ai que merda! – Estava com medo da reação do jovem, tão nervoso que não se deu conta de como Camus estava calmo e dos risinhos de Shun.

- Calma Milo. O Camus já me explicou tudo e nós já nos resolvemos quanto à situação de vocês. Eu vou ajudá-los.

- Ele vai conseguir o médico para cuidar do nascimento do nosso filho Milo. – Camus dizia empolgado vendo as lágrimas começarem a verter de felicidade dos olhos claros do amado.

- Ai senhor, eu tô sonhando? Me diz que eu não vou acordar daqui a pouco e descobrir que estamos no meio da rua e na chuva e tudo não passou de um sonho.

- Não Milo, isso não é um sonho. Como eu disse ao Camus ontem, fiquei magoado por terem escondido isso de mim, mas não abandonaria vocês, sou seu amigo, mesmo em tão pouco tempo. Vou ajudar vocês, agora senta, toma seu café enquanto te contamos como eu descobri tudo.

 

******

 

 

Milo havia saído cedo para trabalhar aquele dia. Já havia se passado um mês desde que Shun descobriu sobre a gravidez de Camus. O loiro achava um verdadeiro milagre terem achado um porto seguro e ajuda junto ao garoto, nunca saberia como agradecer merecidamente ao novo amigo. O dia de trabalho transcorreria normal, o loiro teria que revisar algumas coisas no estoque da pequena loja e cuidar da reposição de mercadorias, mas excepcionalmente aquele dia, fora incumbido de fazer a entrega de alguns documentos para o senhor que lhe era empregador. Para isso teria de ir até o centro da Vila, o que não deixava o loiro nada satisfeito.

Tinha certo receio de ser visto, não sabia como havia ficado a situação desde sua fuga, mas não poderia se dar ao luxo de negar e correr o risco de perder seu trabalho. Escondeu os longos cabelos os enrolando e colocando um boné, as madeixas longas e loiras eram uma marca que o faria atrair bastante atenção desnecessária. Rumou para a Vila sempre atento à movimentação ao seu redor, era um fugitivo e como todo fugitivo temia muito ser descoberto e pôr em risco não a si, mas as duas pessoas que mais amava nesse mundo, o namorado e o filho.

Caminhava pelas ruas da Vila e sentia um pouco de saudades da época em que vivia naquela região, tinha sido bastante feliz ali. Seguia até o endereço indicado e não tardava em cumprir a função a qual havia sido atribuído pelo seu empregador, estaria com o resto do dia livre e pretendia fazer uma surpresa a Camus chegando mais cedo e podendo curtir um pouco seu ruivo. O trabalho havia lhe roubado muito tempo, além das inúmeras horas extras que fazia para ganhar a mais e poder juntar tudo que precisava para o companheiro ter o filho dos dois. Quase não tinham mais tempo de ficarem juntos.

No caminho de volta, ainda na Vila, passou por uma loja parando diante da vitrine e nesse instante seus olhos brilharam. Um conjuntinho de roupinhas de bebê, feito em um tom de azul clarinho, o fez lembrar que seu filho não tinha ainda nenhuma roupinha sequer. Ele e Camus, com todos os problemas que haviam passado, não tinham pensado no enxoval do filho. O menino nasceria e acabaria não tendo nada! Ponderando se devia ou não gastar o extra que havia ganhado para fazer aquela entrega, ele decidiu-se por não deixar aquela oportunidade passar. Entrou na loja.

Com ajuda de uma vendedora, ou ele ficaria mais perdido do que agulha no palheiro, comprou algumas coisas básicas, que segundo ela eram essenciais para os primeiros momentos do bebê. Estava maravilhado com a ideia de como Camus gostaria de ver cada coisinha linda que escolheu para o filho dos dois, era um verdadeiro pai babão. O custo de tudo não havia ficado alto, Milo soube bem calcular para não gastar em excesso, havia aprendido a isso à duras custas. Estava no caixa cuidando do pagamento da compra e esperando que tudo fosse empacotado, quando ouviu às suas costas a porta de entrada da loja se abrir e uma voz familiar lhe fazer arrepiar.

- Cara, a Amy sabe que não gosto de fazer essas coisas, por que ela tinha que me mandar? Eu podia tá com a Marin agora. – Dizia Aiolia, entrando na loja ao lado de Afrodite. Milo puxou um pouco a aba do boné e abaixou o rosto tentando não ser identificado pelo amigo. Mantinha-se de costas.

-  Porque eu não vou fazer as compras para as crianças sozinho e carregar esse monte de sacolas sem ajuda. E agradeça esse novo benfeitor do orfanato ter nos ajudado muito, ou estaríamos vivendo de doação como sempre. – Afrodite dizia com aquele jeito todo dele, já olhando algumas peças.

- Tá, tá, só anda logo, tá bom. – Revirava os olhos. – Quem sabe ainda dê tempo de eu namorar um pouco se você não ficar com frescura.

- Olha aqui Aiolia eu não sou fres... – o loiro cerrava os olhos quando Milo pegava suas sacolas apressadamente. – Pera aí, aquele ali é o Milo? – o jovem pai saía rápido tentando se ocultar após ter sido descoberto, não queria envolver os amigos nos problemas dele – hein Milo, cara, espera!

- Tem certeza que era o Milo, Dite? – Aiolia perguntava vendo o amigo mais novo indo para a porta e observando a direção que o outro havia tomado. – Não é possível, ele fugiu há muito tempo, mas não ia fugir da gente, cara.

- Mas é claro que era ele, idiota, o Milo não quer que saibamos onde ele está, por isso que fugiu. – Pegou a mão do outro o puxando para fora da loja-  Ah, mas hoje eu vou descobrir onde esses dois se meteram e porque eles fugiram, ah se vou! Anda, vem comigo e vê se não dá na cara que estamos seguindo ele.

Milo havia acreditado que tinha despistado os amigos e acabou relaxando quanto a isso, e feito novamente seu caminho de volta para casa.  Não tardou muito a chegar no complexo onde ficava o apartamento de Shun, e os amigos, com o dinheiro que Dite tinha, haviam pago um carro de aluguel para seguir o transporte público onde Milo havia entrado e estavam em seu encalço a uma distância segura, quando o viram entrar no prédio antigo onde agora viva.

- Não acredito que ele está vivendo nesse pardieiro sendo que podia estar confortável na faculdade. – Dizia Aiolia meio incrédulo.

- Se ele largou tudo o que alcançou, com certeza foi pelo Camus, o Milo iria até o inferno por aquele ruivo, os dois se amam de verdade, desde criancinha. – Afrodite respondia com os olhos atentos ao local onde Milo havia entrado.

- Então o Camus deve ter entrado em algo muito feio para terem se escondido nesse fim de mundo. Que faremos agora?

- Vamos descobrir no que esses dois se meteram. Eu disse que não deixaria nossos amigos sozinhos, e pelo que tô vendo, eles precisam e muito da gente. Vem, vou dar um jeito de descobrir qual o apartamento deles.

Enquanto os dois armavam para conseguirem entrar e descobrirem onde os amigos haviam se entocado, Milo adentrava o apartamento de Shun encontrando tudo na mais completa paz. Camus estava na cozinha terminando de arrumar tudo e já deixando o jantar encaminhado, era dele essa função na casa. De costas sentiu seu corpo ser enlaçado pelo amado e receber um carinhoso beijo no pescoço.

- Chegou mais cedo hoje? – Dizia jogando levemente a cabeça para trás e recostando o corpo no do namorado recebendo aquela carícia gostosa e sentindo as mãos do loiro descerem para seu ventre, o acariciando ali. – Aconteceu algo no trabalho?

- Não, só tive de fazer uma entrega e fui liberado depois disso. Aí pensei em passar um tempo com meus dois amores. – Virou Camus lhe dando um beijo carinhoso e demorado. – Cadê o Shun?

- Teve de resolver algumas coisas sobre a pensão que ele recebe dos pais, disse que era coisa simples e como não podia te esperar foi com a vizinha.

- Isso quer dizer que a casa é só nossa? Que eu vou poder te namorar um pouco? – Milo dizia descendo os beijos pelo pescoço do namorado, já se assanhando.

- Eu adoraria, mesmo sabendo que podemos fazer isso normalmente, a barriga já atrapalha né Milo, é incômodo e o Hyoga anda meio agitado hoje. Às vezes acho que ele quer arrebentar minhas costelas com os pés. Eu tô cansado mesmo.

- Ah, mas isso não impede de namorarmos só com uns beijinhos, eu te fazer uma massagem nos pés, que eu sei estão inchados e te ajudar a descansar, né. – Dizia ainda dando beijinhos em Camus, o atiçando.

- Isso eu vou adorar. Mas antes... – ele ria afastando o namorado – desce o lixo para mim? Você sabe que eu não posso.

- Tudo bem, mas esteja pronto, quando voltar quero matar a saudade de você. – Milo dizia já indo buscar as sacolas com o lixo.

- Eu estarei, pode ter certeza.

Abria a porta para o namorado que ainda lhe roubava um beijo antes de sair e o ruivo ia para o quarto, tinha que tirar aquela roupa suja depois da faxina e quem sabe daria tempo de iniciar um banho antes de Milo voltar, afinal o mesmo iria querer entrar no meio do banho e tomá-lo com ele, seria um ótimo incentivo. Já havia tirado a roupa e rumava para o banheiro quando ouviu a campainha tocar e teve de se enrolar rapidamente na toalha, que praticamente só servia para lhe tampar a intimidade, deixando o peitoral e a grande barriga à mostra.

- Ai Milo, você sempre esquece a chave quando vai tirar o lixo. – Ele dizia indo abrir a porta e ao fazê-lo, esperando encontrar o namorado, não olhou quem era do lado de fora e deu de cara com dois amigos completamente chocados com a imagem do ruivo. – Dite, Aiolia... vocês?

- Camus... – Afrodite era quem dizia em estado de choque e Aiolia ao seu lado estava boquiaberto. – Que barriga é essa?

 

 



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