História Life After The Blue Neighbourhood - New Neighbourhood

¨ Nós jogávamos vídeo – games.¨

¨ Contávamos tudo um ao outro. ¨

¨ Ele vinha até minha casa o tempo todo. ¨

¨ Pulamos o píer juntos. ¨

¨ Ele é meu melhor amigo. ¨

Era o que passava na mente de Troye nesses dois últimos anos. Sua cabeça e corpo estavam cansados de toda aquela dor. Já havia se passado muito tempo depois do acontecido.

Seu quarto estava uma completa bagunça. Garrafas de cerveja jogadas na cama, no chão e caídas na escrivaninha ao lado da cama; o quarto cheirava a tabaco e  guimbas de cigarro jaziam amassadas perto da porta.

Troye estava cheio de olheiras, pois dormia muito pouco. O cabelo estava ressecado e grande demais. As roupas que usava estavam em farrapos. Mas ele não se importava com nada disso.

Levantou – se de onde estava deitado e foi até a escrivaninha. Abriu a gaveta e pegou o saco quase vazio de sua pílula. Elas eram a única coisa que o faziam esquecer e deixá – lo meio alegre. Pegou uma pílula entre os dedos e levou até a boca, para depois engoli - la em seco.

Afastou algumas garrafas e deitou – se na cama esperando a pílula começar a fazer efeito. Ouviu batidas na porta. A maçaneta girou.

- Troye? – perguntou Tyde, o irmão mais novo. – Posso entrar?

Troye não respondeu, só respirou pesadamente.

- Vou entrar. – disse Tyde, calmo. Era o que sempre acontecia.

Tyde entrou, desviando de algumas garrafas e caminhou até Troye, se ajoelhando ao lado da cama.

- Troye, vamos. Você precisa levantar. Mamãe fez o almoço. – Tyde segurou a mão de seu irmão. – Você não pode continuar assim. Já fazem dois anos.

Troye não respondeu. Seu olhos estavam fechados e a respiração normal. Ele não conseguia pensar em mais nada.

Tyde não sabia mais o que fazer. Todo esse tempo, ele tentara trazer o velho Troye de volta, eles eram muito apegados , Tyde sentia falta. Com um suspiro pesado e desapontado, Tyde se levantou e saiu do quarto.

Troye finalmente foi levado pelo efeito da pílula e caiu no sono.

Seus sonhos eram sempre os mesmos. Ele e Matt, mais novos, caminhavam pela praia. O sol da Austrália ia se pondo, deixando o céu alaranjado. Eles sorriam e brincavam juntos. Iam para o mesmo lugar de costume, o píer. Sentavam e conversavam sobre jogos e suas vidas. Então Matt teve a grande ideia de pular o píer.

- Você tem certeza? – Troye hesitou.

- Tenho. Fica tranquilo, faço isso sempre. – Matt respondeu, confiante. – Tiraram suas camisas, e chegaram mais perto da borda. – Quando eu disser três. Um...Dois...Três!

Juntos pularam na água fria da praia.

Então o sonho mudava. Estavam novamente na mesma praia e o céu estava o mesmo, passaram a adorar aquela paisagem. Eles conversavam sobre a vida e Matt estava preocupado.

- Acho que meu pai desconfia. – disse, baixando seus olhos para a areia em seus pés.

- Por que você acha isso?

- Ele tem agido entranho, e toda vez que você vai lá em casa, ele nos vigia. Além disso, ele anda bebendo mais do que o normal. Estou nervoso.

- Matt – disse Troye dando um rápido beijo na bochecha no garoto. – Estamos juntos nessa. Você sabe disso. Ele não vai descobrir, escondemos muito bem. Mas e se ele descobrir? Tudo vai ficar bem, eu prometo. – terminou a frase passando os braços pelo ombro de Matt e o puxando para perto.

Subitamente, Troye sentiu ser puxado e acordou. Seu pai o balançava, quase gritando:

- Troye, meu filho. Precisamos de você bem estamos preocupados. Já se passaram dois anos! Matt morreu. Você precisa superar. – seu pai o balançava e o olhava firmemente nos olhos.

Quando o pai parou de balançar, Troye olhou em sua volta. Seu irmão, Tyde, estava sentado na cadeira, perto do computador, Steele, o mais velho, perto da porta e Sage, a terceira mais velha, abraçava sua mãe, que estava chorando. Todos o olhavam com tristeza.

Uma pontada de culpa o invadiu. Como ele pôde se deixar levar desse jeito? Ele precisava mudar. O que estava acontecendo?

Abraçou seu pai com força e chamou a todos, juntando – os em um único abraço.

- Amo vocês. Me desculpem.

Cinco meses se passaram depois que Troye reparou com o que tinha acontecido com ele. Agora ele ia a um psiquiatra todo mês e tomava pílulas, mas não suas antigas, que agora estavam escondidas no fundo falso de sua gaveta, mas sim, antidepressivos. As luzes de seus espelhos que estavam queimadas, brilhavam com um intenso azul escuro. O quarto estava limpo e cheirava a flores.

Troye também caminhava por sua vizinhança duas vezes por semana. Isso o fazia pensar com mais clareza. Sua saúde mental melhorara, porém, Matt ainda perambulava por sua mente. Ele ainda o amava demais.

Em uma de suas caminhadas, Troye viu que um carro havia estacionado na casa ao lado da dele. Seus antigos vizinhos tinham ido morar na Europa, três meses depois da morte de Matt. Então a casa havia ficado a venda esse tempo todo.

As portas do carro se abriram e um menino saiu.  Seu cabelo castanho estava arrumado em um topete e seu rosto claro era iluminado pelo sol. Ele usava óculos de sol.

Troye o fitou rapidamente e entrou em casa. Tomou um banho demorado e foi se deitar pensando em Matt.