História Ligados pelo Destino - A Vida da Novas Chances?

Castiel olhava seu reflexo diante do espelho: calca preta e camisa social cinza sem gravata (condicao que impos a seu pai) o cabelo bem preso num rabo de cavalo ao pe da nuca, usava sapatos pretos. A camisa por fora da calca lhe conferia o ar rebelde sem lhe tirar a elegancia.

Um mes havia se passado desde que chegara a Paris. No primeiro momento seu pai quis que ele logo mergulhasse no universo empresarial a fim de compensar o “tempo perdido”, como dizia ele quando referia-se a faculdade de musica, mas nao era insensivel ao ponto de perceber que o filho nao estava bem, e, ao contrario do que o proprio Castiel esperava, seu pai resolveu lhe dar um mes para se adaptar a cidade e para organizar sua mente, pois de nada adiantaria ter sua presenca fisica se a cabeca estivesse nas nuvens. Tambem foi um tempo importante para que pai e filho pudessem se aproximar um pouco mais e derrubar algumas barreiras que cresceram entre eles ao longo dos anos.

Findado o “prazo” eis que o dia de sua apresentacao formal na empresa havia chegado e ele nao poderia negar que estava um tanto quanto ansioso pois aquele passo marcava definitivamente sua mudanca de vida.

Apos lavar o rosto, saiu do banheiro masculino pelo corredor de paredes brancas e carpete cinza adentrando a espacosa anti sala da presidencia onde se dirigiu a secretaria:

– bom dia, poderia avisar ao meu pai, quer dizer, ao Sr. Ricardo Ortiz que Castiel esta aqui?

- Sim claro, so um minuto por favor – disse a linda jovem de tracos orientais ligeiramente nervosa pois nao imaginava que o “filho do chefe”, como alguns ja haviam se referido a ele, fosse tao bonito daquele jeito.

Alguns segundos depois ela volta da sala principal:

 - O Sr pode entrar

 – So Castiel por favor. Qual eh mesmo seu nome?

 – Alice Sr, ah rs me desculpe, Castiel.

 – Obrigada Alice.

A manha transcorreu entre as apresentacoes formais e uma explanacao breve a respeito do seu trabalho que consistiria em uma especie de estagio nos setores financeiro e administrativo, bem como na area de producao para que pudesse ter um conhecimento geral da empresa, somente depois ele iria se aprofundar no setor financeiro ou administrativo a depender de qual seria sua maior identificacao.

Paris era a sede da comapanhia e de onde partia a producao para as demais filiais pelo pais. Os cosmeticos produzidos pela Beauté Douce eram de excelente qualidade e lider de mercado. Castiel estava entrando para um mundo de somas altissimas, grandes contratos e jogadas comerciais onde marketing era a palavra de ordem e onde uma cadeira importante na diretoria de uma empresa deste nivel significava dedicacao de corpo e alma e alguns eram capazes de vender a propria alma por uma destas cadeiras.

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Lysandre estacionava o carro em frente a casa de Sofia apos uma noite de pipoca, refrigerante e doces no cinema.

– Obrigada Lys, de verdade. Voce tem sido um amigo e tanto esse tempo todo, sinceramente nao sei se eu teria sua paciencia comigo mesma – Disse ela sorrindo – sempre ouvindo a mesma conversa chata, sempre me fazendo sorrir quando na verdade quero chorar e principalmente me fazendo companhia quando sinto que estou mais so do que nunca.

– O nome certo disto Sofia nao eh paciencia – Falou tocando-lhe a face delicadamente.

Tal atitude a deixou desconcertada, alias, nos ultimos dias, Lyzandre vinha agindo de maneira mais invasiva e Sofia nao quis alimentar a duvida que comecava a surgir em sua mente, por isso foi direta:

- Se nao eh paciencia o que eh entao?

– Como eu poderia descrever pra voce minha doce Sofia, algo que eh inefavel, que nenhuma atitude parece boa o suficiente para expressar a magnitude de tal sentimento, ou mesmo o quanto pode parecer pequeno o coracao que tem a audacia de abrigar esta sensacao que ao mesmo tempo em que faz flutuar a alma, faz doer a carne? Sim, existe uma palavra que, muito embora seja usada de forma banal, mas em sua essencia pode expressar um pouco do que sinto por voce. Essa palavra eh amor!

Ela nao soube o que dizer diante de tal declaracao. Assim era Lysandre, ja nascera com o dom da palavra, mas apesar de toda a sua habilidade com as mesmas, tudo o que acabara de dizer vinha da sua alma., dissera de forma expontanea e por isso soou muito mais encantador aos ouvidos de Sofia, que fragilizada como estava, sequer percebeu quando deixou cair uma lagrima pelo canto do olho.

– Lys, eu … eu …

– Nao diga nada, nao precisa dizer. Apenas nao consegui mais sufocar o que sinto.

– Desde quando? - perguntou ela de cabeca baixa quase num sussurro.

- Acho que desde antes de lhe conhecer, ja lhe idealizava. Quando a vi pela primeira vez senti como se durante toda a minha vida eu estivesse esperado por voce, mas eh claro , eu ainda nao conhecia quem de fato era Sofia, estava encantado pela sua aparecencia, seus modos , sua voz, seu jeito suave, acontece que quanto mais lhe conhecia mais atraido pra essa tempestade de sentimentos eu ficava, ate que percebi o interrese mutuo entre voce e Castiel.

 – Lys, eu...

 – Por favor, deixe-me continuar. Nao sei se terei coragem novamente para me expor desta maneira e preciso que voce saiba de uma vez o que se passa dentro de mim – disse ele segurando -lhe uma das maos - Bom, como havia dito, percebi algo a mais entre voces e entendi que havia caido numa armadilha do destino pois o meu melhor amigo gostava da mesma garota que eu e para minha tristeza esse sentimento lhe era correspondido. Resolvi que jamais iria revelar meus sentimentos e se restava a mim apenas a posicao de amigo, ficaria com ela, ao menos era uma forma de estar ao seu lado e viver o meu amor unilateral.

– Nao sei o que dizer Lys, jamais pude acreditar que voce sentisse por mim algo a mais, voce eh tao, tao... seguro e sensato, tao inteligente, culto, alguem com voce nao se interessa por garotas comuns!

– Quem lhe disse que voce eh comum Sofia? Pare de se menosprezar, qualquer homem desejaria estar ao seu lado, por Deus! Nao quero que isto abale a nossa amizade, entenda que se for o seu desejo, permanecerei na condicao de seu amigo para sempre, so lhe peco que nao me afaste,

 – Jamais lhe afastaria da minha vida, nao sou tao pura quanto pensa, tenho uma dose de egoismo razoavel para lhe querer ao meu lado sempre, mesmo sem saber ao certo como me sinto diante de sua revelacao.

Lysandre sorriu com aquela resposta tao sincera a respeito do seu egoismo, assim era Sofia: espontanea, sincera, incapaz de manipular, era uma garota que alertava o outro sobre aquilo que ela reprovava em sua propria conduta, e por esta e outras razoes a amava.

De de certa forma ele gostou do que ouviu, afinal ele estava certo quando acreditava que havia uma forma de amor ali e ainda que nao fosse o amor carregado de paixao que ele sentia, era uma questao de tempo para que este sentimento dentro dela pudesse criar a forma ideal.

Sofia despediu-se com um beijo em seu rosto e um carinho em sua face. Chegando em casa trancou-se no quarto imediatamente antes que Vivian tivesse tempo de novamente questiona-la sobre a frequencia com que vinha saindo com Lysandre.

Olhando para as flores que recebera dele no dia anterior e que agora enfeitavam seu quarto, pensou sobre o fato de que todo aquele ciume de Castiel fazia sentido, ate mesmo as insinuacoes de Vivian, mas afinal, isto seria ruim? Deveria ser incisiva quanto as espectativas dele ou seria esta uma oportunidade de colocar uma pedra de vez em cima das lembrancas que a atormentavam e se dar uma nova oportunidade? Lysandre a compreendia, fazia tudo por ela, alem de ser facinante em todos os sentidos. Ninguem iria poder julga-la muito menos ele!

Ela tinha o direito de tentar se quisesse nao tinha?

Sim ela tinha esse direito, so nao poderia imaginar que ao fazer uso desse direito viria a perder outros tantos...