Estávamos voltando para o Canadá antes que Scooter estivesse um surto. Era só eu e Justin no carro e ele permanecia dirigindo em silencio.
Naquela manhã Scooter ligou pra Justin o informando que um jatinho já estava a caminho pra nos buscar, mas Justin negou sem demonstrar motivos, dizendo que em algumas horas chegava na casa de seus avós.
Saber que estávamos voltando pra realidade me assustava um pouco, como também me causava um frio ridículo na barriga. Eu não sabia o que seria daquele dia em diante, como deveríamos nos comportar, se Justin continuaria do mesmo jeito que é comigo ou se tudo iria mudar. Teríamos que tomar o máximo de cuidado em relação aos paparazzi ou qualquer outro repórter curioso pronto pra foder com a nossa imagem. Já Scooter não poderia nem sonhar com o que aconteceu enquanto estivemos fora. Provavelmente ele surtaria e meu emprego iria pra água a baixo.
‘’ - Espero que você saiba aonde pisa – Scooter sussurrou perto da porta de saída, mas eu poderia ouvir perfeitamente da onde eu estava – ou terá que se afastar do Justin até ter certeza do que realmente quer.’’ Lembrei de uma das ultimas conversas que tive com ele, fazendo meu corpo todo se arrepiar.
- O que está pensando? – Justin perguntou me fitando enquanto dirigia. Sua mão se direcionou sobre a minha perna e começou fazer carinho com a ponta dos seus dedos.
- Não sei – ri pelo nariz – tenho medo de algumas coisas.
- Medo? – ele perguntou confuso.
- É – respondi dando o ombro – não sei como vai ser daqui em diante, tudo mudou Justin...
- Lucy – ele me fitou enquanto dirigia, voltando a olhar pra frente – já conversamos sobre isso, provavelmente agora ninguém vai perceber e tomaremos o máximo de cuidado, eu só não quero que você sinta esse medo todo – ele abaixou a voz – não tem necessidade disso, você não vai me perder.
Abri um sorriso após ouvir aquela frase e depositei um beijo na sua bochecha, fazendo Justin sorrir de volta. Mas nada daquilo me garantia, Justin sabia que no meio de nós tinha tantas outras pedras no caminho, ele só dizia aquilo pra me tranquilizar.
Chegamos mais rápido do que quando fomos. Bruce, Diane e Pattie não sabiam que iríamos chegar naquele dia, então ficaram surpresos e aliviados por nos verem, já que deu noticia na TV e em todos os lugares que tínhamos sumidos – graças ao Justin que não atende o maldito celular -.
- Nem pra vocês nos avisarem – Pattie reclamava – vocês devem estarem com fome e não fizemos nada pra comer ainda – ela dizia preocupada – vão tomar banho e depois desçam, que enquanto isso vou comprar alguma coisa – ela pegou a chave do carro, logo saindo de casa.
Subi com as malas junto com o Justin.
Jeremy, Erin e as crianças já tinham ido embora, no entanto o meu quarto voltou a ser o de antes e eu não iria mais precisar dormir com o Justin.
- Quando vamos voltar pra Nova York? – perguntei pro Justin que estava sentado na minha cama me vendo arrumar algumas roupas.
- Não sei ainda, preciso ligar pro Scooter – ele deu os ombros – mas eu te aviso.
- Tudo bem – sorri – vou pro banho, estou exausta.
- Eu também – ele disse se levando e indo em direção a porta do quarto, mas logo parando e me fitando de cabeça aos pés, dando alguns passos grandes chegando perto de mim e selando rapidamente nossos lábios.
Então ele deu as costas e saiu do quarto, me deixando com um sorriso bobo estampado no rosto. Tomei banho e quando estava quase acabando ouvi alguém bater na porta.
- Lucy – Justin chamou – seu celular não para de tocar.
- Deixa tocar – respondi enquanto fechava o chuveiro – já estou saindo e logo retorno.
Ele não respondeu nada e o silencio voltou.
Sai do banheiro apenas de toalha e a porta do quarto estava fechada. Me troquei rapidamente e peguei meu celular, vendo que tinha 6 chamadas atendidas de um numero que eu não conhecia.
Tentei retornar e então deu ocupado.
Quem seria? 6 chamadas não atendidas e eu não lembrava de ninguém que tinha aquele numero.
Justin logo apareceu me chamando pra podermos ir comer. A mesa estava farta. Só tinha coisa gostosa, torta, suco, bolo, pães de todos os tipos.
- Como foi a viagem, querido? – Diane perguntou enquanto comíamos todos reunidos á mesa.
- Foi boa, vó – Justin respondeu me fitando, logo soltando um sorriso calmo.
- Conseguiram descansar? – Pattie perguntou dando um gole do seu suco.
- O suficiente – ele riu.
- E por que não atendeu o celular, filho? – Pattie perguntou nos fitando.
- Eu esqueci, mãe – ele respondeu passando a mão no cabelo – e Scooter é muito preocupado e exagerado, não iria acontecer nada demais com a gente – então ele me olhou – eu não deixaria.
Assim que terminamos de comer, ouvi meu celular tocar novamente, pedi licença e sai da mesa pra atender.
- Alô?
- Com quem eu falo? – era uma voz feminina calma, mas que eu não reconhecia.
- Lucy. Quem gostaria?
- Olá senhorita Lucy, aqui é do Parkland Memorial Hospital, de Dallas.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntei preocupada.
- Oh, sim – ela soltou um suspiro – você é filha de Margarete e Jonathan Williams, isso?
- Sim – respondi com a voz falhando – aconteceu alguma coisa?
- Querida, não podemos dar muita informação pelo telefone – ela disse ainda calma – tem como você vir pra cá o mais rápido possível?
- O QUE ACONTECEU? VOCÊS PODEM ME FALAR POR FAVOR? – eu pedia descontroladamente, quase gritando.
Senti o meu corpo todo estremecer, meus olhos já continham algumas lágrimas que estavam caindo sob meu rosto, eu tremia dos pés a cabeça.
- O que houve Lucy? – Justin perguntou assustado entrando rapidamente no quarto. Coloquei meu dedo indicador nos seus lábios, pedindo que ele não falasse nada por enquanto.
- Seus pais sofreram um acidente – a atendente do hospital declamou, me fazendo sentar na cama imediatamente – e pediríamos que você venha com urgência para o hospital.
- Tu... tudo bem – respondi gaguejando e tentando engolir o choro – daqui algumas horas estarei aí.
- Obrigada senhorita, aguardamos qualquer resposta ou ligação e desculpe qualquer transtorno – ela disse finalizando a ligação, me fazendo cair em lágrimas.
Meu mundo tinha desmoronado sobre as minhas costas. Meus pais tinham sofrido um acidente e eu não sabia onde a minha irmã estava, não sabia de nada, não tinha noticias de ninguém.
- O que aconteceu? – Justin perguntou se ajoelhando na minha frente enquanto eu chorava desesperada com a mão afundada no meu rosto – Lucy, me responda – sua voz era baixa e falhava.
- Meus pais sofreram um... – parei, tentando arranjar forças pra falar aquilo – acidente – e então comecei a chorar mais ainda.
- Onde eles estão? – Justin perguntou preocupado, tentando não transparecer nervoso pra não me deixar pior.
- No hospital em Dallas – respondi ainda chorando.
Ouvi Pattie subir e perguntar ao Justin o que tinha acontecido.
- Mas ela está bem? – ela perguntava preocupada.
- Sim mãe – ele respondeu calmo – vamos ter que ir embora.
- Mas o que houve filho? Vocês brigaram?
Justin não tinha contado a real historia pra não deixa-lá nervosa, logo pedindo pra ela sair do quarto e me deixar sozinha.
Eu queria entender tudo o que estava acontecendo, eu PRECISAVA ir pra Dallas. Então comecei a jogar todas as minhas roupas dentro da mala sem poder enxerga-lás muito por conta das lagrimas que embaçava a minha visão.
- Scooter nos mandou um jatinho e daqui algumas horas já vamos chegar em Dallas – Justin disse entrando no quarto – você está bem? – ele perguntou segurando no meu braço.
Então eu olhei pra ele e o abracei forte.
A única coisa que fazia barulho naquele quarto era o meu soluço.
Justin passava a mão nas minhas costas e me apertava cada vez mais, como se quisesse tirar a dor de dentro do meu peito de alguma forma, mesmo sendo impossível.
Depois de alguns minutos, um carro preto nos esperava nos levando até a cidade ao lado, onde tinha um campo e que era onde o jatinho já nos esperava.
A viagem de algumas pequenas horas, duraram grandiosas. Eu estava exausta e a minha cabeça doía, passando um milhões de coisas. Justin não dormiu e ficou a viagem toda ao meu lado.
- Está passando bem? – ele perguntou pela vigésima vez.
- Não sei – respondi olhando um ponto fixo – ficar nessa duvida é horrível.
- Vai ficar tudo bem – ele disse beijando a minha testa – você vai ver, não aconteceu nada demais – ele disse sorrindo de lado.
Eu queria acreditar em cada palavra que ele dizia, mas era impossível. Eu sei que ele estava querendo me confortar de alguma forma, mas eu só queria chegar em Dallas e ver que tudo não tinha se passado de um susto.
Assim que chegamos no aeroporto, um outro carro já nos esperava. Fomos até o Parkland Memorial Hospital e em poucos minutos chegamos lá.
Justin entrou junto comigo, fazendo com que a atenção do hospital parasse em nós.
- Sou Lucy – disse a uma das recepcionistas – Lucy Williams.
- Olá senhorita. Me acompanhe por favor – ela pediu saindo de trás da recepção e passando por uma porta, entrando em um corredor enorme e sem vida.
Justin me acompanhava em silencio, enquanto a recepcionista quase o engoliu com os olhos.
Assim que chegamos em uma das salas, um médico nos aguardava. Senti o choro na minha garganta e o engoli, eu precisava ser forte.
- Lucy? – ele perguntou se levantando e vindo dar a mão pra mim – sente-se.
Ele fitou Justin e olhou surpreso.
- Estão juntos? – ele perguntou, arregalei meus olhos sem saber o que responder – sente-se também, Bieber.
E então ele se sentou do meu lado. O médico começou a olhar os papeis que tinha em sua mesa e pensar no que falar, aquilo me deixava cada vez mais nervosa.
- Senhorita Lucy... – então ele me fitou – sinto muito.
Nos meus olhos já continham algumas lágrimas que eu não conseguia mais controlar.
- Candy é sua irmã, isso? – ele perguntou e eu apenas assenti – eles sofreram um acidente e ela foi a única que sobreviveu – ele disse com um olhar triste, me fitando e em seguida fitando Justin que estava com um olhar sem vida – e está em coma, com pouca chance de sobrevivência.
Senti um nó na minha garganta me impedindo de respirar, as lágrimas que eu lutava pra controlar começaram a sair descontroladamente. Eu tremia dos pés a cabeça, eu nunca tinha sentido aquilo na vida. Mas em 22 anos de existência, meu mundo tinha acabado ali.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.