Quando Park Chanyeol abriu os olhos naquela manhã de domingo, e a primeira coisa que viu à sua frente eram as costas de Baekhyun, ele soube que era a pessoa mais sortuda do mundo todo.
A luz entrava através de pequenos feixes que serpenteavam de modo astuto pelas pequenas brechas da cortina até o chão. Era o suficiente para que pudesse admirar as costas nuas do menor que repousava a cabeça em seu braço esticado.
Foi impossível não sorrir.
Estavam encaixados e amanheceram daquela maneira. A aproximação durante a noite fora natural. O Park não sabia quais reações químicas eram ou quais feitiços vudoo que Byun Baekhyun tinha acesso, o rapaz apenas sabia que estava completamente caidinho por ele.
Ainda conseguia sentir seu corpo dolorido da noite passada. Fora a primeira vez que fizeram sexo depois de muito tempo longe e Chanyeol sentia-se um idiota virgem por estar querendo chamar a transa de “fazer amor”. Baekhyun provavelmente riria se ouvisse isso e ainda lhe zoaria por algumas semanas, então era melhor guardar para si todos os sentimentos que o sexo tinha lhe causado.
Talvez estivesse apenas sensível demais, porque havia esperado muito por aquilo; não pelo sexo, mas sim por alguém como Baekhyun. Chanyeol sabia que não era saudável estar tão apaixonado, mas era impossível evitar. Seu corpo entrava em ebulição apenas de fitá-lo de perto ou de ver suas caretas fofinhas quando falava mal de alguma roupa sua ou de sua comida.
Ele era perfeito e isso era muito assustador.
E ele não conseguia sequer desviar os olhos do monstro mais lindo do mundo.
Sorriu de canto, sua mão livre passeando pelo contorno do tronco do outro, mas sem tocar. Mordeu o lábio inferior ao lembrar-se dos toques ainda recentes; será que era normal ainda sentir sua pele arder? Lembrava-se dos suspiros deleitosos, os gemidos arrastados e pedidos sussurrados por mais. Em algum momento eles haviam dito um “eu te amo” meia boca, porque estavam gozando e falariam qualquer coisa naquela situação, mas Chanyeol no fundo sabia que era verdade. Porque ele amava Baekhyun e vice-versa. Mesmo que ele jamais fosse admitir tão facilmente.
Era melhor assim, julgava o Park. Porque ele também amava a birra e dificuldade desnecessária que o Byun impunha. Talvez se passassem anos, Baekhyun poderia ser o mais canalha dos canalhas, e mesmo assim Chanyeol iria amar até seus defeitos.
A pele leitosa, macia e cheirosa que tão bem conhecia, começou a ser atingida pela luz e então ela estava realmente irradiando energia. Para Chanyeol aquilo tudo era poesia e incrivelmente fácil, como uma manhã de domingo. Porque quando via aquele corpo do ser pequeno adormecido – tão perto e ao mesmo tempo tão inalcançável – não conseguia se lembrar do motivo de terem terminado inicialmente. Se amavam. Se amavam para caralho e todos podiam ver.
Não importava se tinham discutido e se magoado, aquela dor que um dia fora o suficiente para que ambos dessem um basta no relacionamento bonito que tinham parecia ínfima perto de tudo de bom que também tinham juntos. E era a isso que estava se apegando com todas as garras. Apegava-se ao sorriso retangular, suas mãos delicadas e precisas – tão fortes quanto as suas –, também apegava-se aos pequenos momentos em que Baekhyun deixou-se abrir o suficiente para lhe dizer seus maiores segredos e temores. Apegava-se ao primeiro dia em que tomaram sorvete e também ao que brincaram enquanto lavavam o carro. Apegava-se ao dia em que adotaram um gato e ao dia em que ele morreu, quando o menor buscou seus braços para esconder seu choro silencioso pelo gato maldito que roubava seus doces escondidos.
O mais velho moveu-se em um gemido manhoso – ainda dormia –, virando-se o suficiente para estar de frente para o Park. Os olhos grandes e negros de Chanyeol se prenderam em cada detalhe da fisionomia delicada. Observou os fios de cabelos acastanhados que caiam sobre seus olhos pequeninos, fechados firmemente. Via suas pálpebras moverem-se, talvez ele estivesse sonhando com algo bom. Aproximou seus lábios no nariz pequenino, beijando-o e seu polegar da boca, contornando o desenho dela para que pudesse decorar cada curva. Deixou um selo afetuoso em cima da pintinha quase imperceptível que queria se esconder no canto superior do local. Aquela pinta era a sua preferida.
Com cuidado, retirou seu braço de baixo da cabeça do Byun, deixando-o cuidadosamente repousar sobre o travesseiro fofo. Seu braço estava dormente, mas não deu muita atenção.
O dorminhoco logo tratou de se acomodar de bruços, abraçando o travesseiro com o cheiro do namorado, sentindo-se finalmente relaxado depois de um ano longe dele. Chanyeol sentou-se na cama, admirando o caminho das costas alvas e repleta das mais belas pintas. Era como uma constelação.
Esticou-se até a mesinha de cabeceira ao lado da cama, remexendo até encontrar uma canetinha esferográfica. Retirou a tampa com a boca e jogou-a em cima do lençol, voltou-se ao garoto, beijando-lhe o ombro calidamente e fazendo com que ele se mexesse, despertando aos poucos.
Chanyeol voltou a olhar a constelação particular nas costas do namorado e não tardou a aproximar a ponta do pincel da mais próxima, decidindo que ela seria o início. Traçou um traço torto e falho até a outra e seguiu fazendo mais outro, tudo lentamente, com calma. Riu baixinho quando ligou o último ponto, vendo uma estrela sem forma exata. Era perfeita.
- O que pensa que está fazendo aí? – Baekhyun murmurou ainda de olhos fechados.
- Mapeando estrelas. – Chanyeol respondeu prontamente, sorrindo ao ver o olhar sonolento do menor lhe encarar preguiçosamente. – Bom dia.
- Bom dia. – Murmurou entre um bocejo, voltando a fechar os olhos.
Chanyeol não ligou. Focou-se novamente em sua obra de arte, retirando o restante do lençol, que atualmente cobria apenas as partes intimas do Byun e revelou as nádegas fartas que encaixavam-se perfeitamente em suas grandes mãos.
Haviam pintinhas fofas ali também e ele não demorou a começou a ligá-las cuidadosamente.
- Chanyeol... Você está me rabiscando todo... – Resmungou com manha.
- Eu te dou banho depois. – Rebateu sem parar de mover seu pincel. Quando ligou os pontos, beijou o local, arrancando um suspiro arrastando do menor.
Sorriu de canto, inflando um pouco seu ego por ver os pelinhos de Baekhyun se arrepiarem sutilmente. Voltou a levar sua canetinha até a bunda do garoto e escreveu em caixa altas suas iniciais.
“PCY”.
- O que você fez? – Indagou Baek ao olhar por cima do ombro para saber o que Chanyeol estava aprontando agora. – Por que escreveu suas iniciais? Não sou sua propriedade. – Reclamou cheio de birra, chutando de leve a barriga do Park, que estava mais próxima do seu pé.
- Ai! – Chanyeol reclamou em uma careta, não conseguindo pensar em poesia naquele momento. Mas logo sorriu, lembrando que amava apanhar dele também. – Estou apenas assinando minha descoberta. Mapeei seu corpo hoje, você é toda uma constelação. Acho que é um universo inteiro. – Foi dizendo enquanto voltava a se ajeitar na cama, o suficiente para estar próximo dos lábios do outro. – E é muito lindo... Fico honrado de poder fazer essa descoberta, Baekhyun. – Sussurrou antes de beijá-lo, aprofundando com toda a calma possível ao escorregar sua língua para dentro da boca alheia.
Foi retribuído, mas não o suficiente, porque logo Baekhyun o afastava – como sempre – e soltava sua risada debochada.
- Você é tão piegas. – Zombou e Chanyeol apenas revirou os olhos. – Eu amo isso também. – Segredou ao diminuir seu sorriso até que se tornasse algo tímido.
E Chanyeol voltou a beijá-lo. Porque ele simplesmente sabia que Baekhyun era fácil de amar. Fácil como uma manhã de domingo.
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