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História Like Ghosts In Snow - The Only Hope For Me Is You


Escrita por: Caroline-San

Notas do Autor


Oi, gente! Demorou um pouco mais pra sair do que eu esperava, mas espero que gostem!!

Capítulo 53 - The Only Hope For Me Is You


Fanfic / Fanfiction Like Ghosts In Snow - The Only Hope For Me Is You

Tatsuki estava acostumada a derrubar valentões que a desafiavam constantemente, desde ainda menina. Acreditava muito que haviam apenas duas opções para lidar com qualquer obstáculo que a vida poderia lhe proporcionar: fugir ou lutar. E Tatsuki Arisawa não era desistente. Com o tempo, e com todo seu treinamento, aprendera a ter eficiência, bem como, a medir sua força para não machucar seus adversários mais do que o necessário.

 

No entanto, desta vez algo dentro dela lhe dizia para não se conter. Haviam três deles e dentre seus seis amigos, Tatsuki era a única que de fato podia tentar alguma coisa para os manter seguros. Além disso, a sensação de perigo eminente emanada por aqueles três em especial, lhe encorajava a de fato, lutar com todas suas forças.

 

-Vamos lá... – Um deles se aproximou um passo a mais. – Realmente prefere dificultar as coisas, desse jeito? – Perguntou, quando a viu colocar-se em posição de ataque.

-T-Tatsuki... a gente vai mesmo brigar com esses caras? – Keigo mal conseguia conter seu nervosismo.

- “A gente” não. – Corrigiu. – Eu irei. Tira os outros daqui. Agora.

-Tá louca? – Aproximou-se um pouco mais, talvez numa tentativa de fazê-la desviar seu olhar fixo que permanecia sobre os três homens.

-Só faz o que eu tô falando. – Reforçou, num tom que não abria espaço para argumentos. Sabia que Keigo não deveria estar contente com aquilo. O rapaz não costumava se envolver em confusões, e não fazia questão de fingir uma suposta valentia. Mesmo assim, se preocupava e estava até mesmo disposto a levar um soco ou outro, quando necessário. Não gostava de ser dispensado daquela forma, fosse por ela ou por Ichigo. Era um bom amigo, mas aquele não era o momento para insistir naquilo.

-Como se nós fossemos permitir que fugissem. – O mais baixo entre os três homens, interveio. Tatsuki pôde ver os outros dois sorrirem por um segundo, antes que aquele, avançasse em direção aos seus amigos que tentavam sair, apressados.

 

Não houve muito tempo para pensar. A lutadora precisava agir, e tudo o que pôde fazer foi colocar-se no caminho, e assim que dada a chance, acertou com toda sua força, um chute no maxilar do agressor. A forma grotesca como seu pescoço estava virado, agora que ele atingira o chão, fizera com que seu coração congelasse no peito.

 

Aquilo não podia estar acontecendo. Despencou sobre os próprios joelhos, suas mãos tremiam e o ar agora era muito escasso. Não pretendia isso. Nunca quis que aquilo acontecesse. Sentiu algumas lágrimas se formarem em seus olhos, deixando o mundo ao seu redor turvo, quando olhou para trás, para seus amigos que continuavam seu caminho sem sequer notar o que havia acontecido, com exceção de Keigo, que permanecia agora paralisado, perplexo olhando em sua direção.

 

-Eu não... – Não era fácil falar. – Eu não queria... Eu sinto muito... Eu não... – Olhou com dificuldade na direção dos outros dois. Por uma fração de segundo, havia ali também algum choque com a cena. Mas tudo mudou no instante seguinte, quando aquele sorriso sádico surgiu uma outra vez em seus rostos.

 

Nada mais fazia sentido, quando sentiu um puxão. Aquele que estava no chão. O que estava morto. O que ela havia matado, lhe havia agarrado pela mão e puxado para si, enquanto lhe mostrava presas afiadas sobressaindo de uma boca meio aberta. Não era possível.

 

-Achou que tinha me matado? – Estava enlouquecendo, enfim? Não era possível.

-É assim que se mata uma pessoa. – Ouviu outro dizer, enquanto avançava rapidamente na direção de um Keigo inerte. Não conseguia reagir. Não conseguia pensar. Não era possível.

 

Tudo se fez em breu no minuto seguinte, quando com muita facilidade, bem diante de seus olhos, o homem agora à frente de Keigo agarrou-o pela face e forçou seu pescoço. Não podia reagir. O som do estralar fora tudo que conseguiu ouvir, antes de sentir em sua própria garganta a dor pontiaguda e o rasgar de sua pele.

 

E assim, tão de repente, Tatsuki aprendera que havia de fato uma terceira forma de reagir: a paralisia.

 

 

***

 

 

Neliel cambaleou um pouco, após o golpe que recebera em sua cabeça. Sentia o quente do próprio vermelho que agora escorria do pequeno corte sobre seu olho direito. Não conseguia entender como aquilo podia ser possível, e sequer havia o tempo para tentar fazê-lo. O ruivo vinha em sua direção mais uma vez, sua mão mirando seu coração, numa força e velocidade das quais, caso não fosse ela mais preparada, não conseguiria escapar.

 

Neliel aproveitou-se de sua investida, agarrando-o pelo braço e forçando-o para baixo. Sabia que a rápida torção havia tornado o membro inútil quando o ouviu grunhir em dor. Ainda assim, o caçador não parecia preparado para desistir de atacá-la, usando agora a mão que lhe restara. Um esforço que se provou quase completamente eficaz, de alguma forma ele conseguira golpear a lateral de seu corpo, lhe causando uma dor aguda nas costelas, ainda que não o suficiente para lhe causar algum dano real.

 

Estava sem ar. Neliel mal conseguia se lembrar da última vez em que fora machucada numa luta, menos ainda por um caçador adolescente e desarmado! A fúria crescia selvagem em seu âmago. Qualquer limitação que teria se imposto em outro momento, parecia não existir mais àquela altura. Agarrou e atirou o rapaz com toda sua força, fazendo com que seu corpo atravessasse a já fragilizada porta de vidro daquilo que um dia, fora sua sala de música, agora apenas destroços.

 

Podia vê-lo sangrar pelos cortes causados pelo vidro. Ainda que estivesse cercada de outros corpos, da carnificina que o ruivo havia causado mais cedo, o cheiro de seu sangue era inconfundível. Era fresco e exalava poder. Suas presas quase queimavam em sua boca, o desejo agora fazia com que sua consciência deslizasse entre a parte de si que não podia pensar em nada além do som de seu coração bombeando, e aquela que não queria sucumbir àquela selvageria.

 

Não havia, contudo, muito o que pudesse fazer enquanto instintivamente ia em sua direção. O rapaz não estava desacordado, mesmo após tamanho impacto. Ele agora respirava com dificuldade. Mesmo tendo sido forte o suficiente para não morrer com aquele golpe, estava seriamente machucado e quase inconsciente àquela altura.

 

Seu autocontrole e resistência, já haviam se tornado nada além de uma voz distante quando Neliel o ergueu do chão e o imobilizou segurando ambos seus braços e aplicando um pouco mais de pressão sobre aquele que já havia quebrado, para garantir que não tentaria escapar, ou talvez, somente para ver a dor refletida em seu rosto. O âmbar de seus olhos já não parecia tão selvagem quanto antes. Devia estar fraco demais, agora, supôs.

 

Aquilo de pouco valia naquele momento. Tudo no que conseguia pensar era no rubro e espeço que corria por suas veias. Sentiu-o tentar alguma resistência inútil enquanto suas presas aproximavam-se de seu pescoço. Pouquíssimas coisas podiam ser tão prazerosas quanto o momento exato em que Neliel sentia suas presas atravessando a pele de uma vítima e em seguida, poder experimentar a primeira gota ir de encontro com sua língua. E era sempre neste momento onde perdia completamente qualquer tipo de contenção.

 

Desta vez, não fora diferente, principalmente por haver algo especialmente mais inebriante em seu sangue. Havia um tipo de euforia crescente em seu peito enquanto alimentava-se dele, como se existisse ali algo além de um simples humano, algo novo que a fazia querer mais e ir muito além, desligar-se por completo de si mesma.

 

E teria conseguido, não fosse a sensação que agora a fazia sufocar. Seus sentidos de repente pareciam tentar afoga-la. Precisava focar-se, entender o que eles a tentavam mostrar. Não era uma tarefa fácil, mais ainda quando estivera tão próxima de entrar em frenesi, mas precisava tentar, sentia que sim. O caçador estava quase desacordado agora, e o cheiro de seu sangue ainda a atordoava, mas precisava ir além disso.

 

Fechou os olhos e deixou que sua mente ampliasse aqueles sinais. O que estava acontecendo? Tentou afastar sua consciência que ainda queria focar no cheiro ferroso, precisava continuar. Lhe restara agora, sua audição. O que ela podia lhe trazer?

 

Àquela altura da destruição da casa, haviam inúmeros sons ao seu redor, amontoados e quase indecifráveis... Mesmo assim, de alguma forma, podia ouvir aquele batimento. O reconheceria mesmo em meio de milhares. O batimento que lhe ninava todas as noites, aquele que trazia alguma paz para o seu próprio coração... não restavam dúvidas.

 

E agora, nem tempo a perder, quando o percebeu estar tão fraco, quase escapando de seu alcance... Não permitiria.

 

***

 

-...Somos parecidos... não é? – Grimmjow murmurou numa voz carregada de dor, sem ar. Aquilo caiu sobre Rukia muito repentinamente. Ele estava enganado. Aquela certamente não passava de mais uma de suas tentativas de desestabilizá-la, não havia outra explicação. A morena enfureceu-se. Como aquele monstro ainda podia ousar fazer tal comparação?

 

Rukia tentava fugir daquela parte de si, que de fato, acreditava nele. A parte de sua própria escuridão a qual temia. Aquela que sentia em seu âmago o sabor doce da satisfação em vê-lo sofrer, subjugado. Afligido pela mesma dor que um dia a fizera passar. Precisava acreditar que aquela era a forma como as coisas deveriam ser.

 

-Não me compare com você! – Vociferou, tentando mandar para longe uma outra vez, suas dúvidas ou qualquer tipo de hesitação. – Eu nunca me permitiria me tornar um monstro como você. – Sim, precisava manter aquilo em mente. Se havia algum monstro naquele lugar, era ele. Um cruel e impiedoso assassino. Incapaz de qualquer tipo de emoção. Um que não hesitaria nem por um instante, caso os papéis fossem reversos.

 

Mesmo assim, não pôde deixar de escapar por seus olhos, quando pôde ter um vislumbre daquilo que parecia ser algum tipo de mágoa, ou arrependimento, refletidos nos olhos azuis, cansados.

 

-Eu também... acreditei nisso... um dia...- Aquela dor reverberava também em sua voz, algo que de certa forma, acabou por lhe passar uma sensação semelhante à quando observou os quadros, mais cedo. O que aquilo queria dizer? Antes que pudesse continuar se questionando sobre isso, sentiu seu corpo voltar ao estado de alerta total quando o toque trêmulo veio de encontro à suas mãos, que seguravam a adaga. - Só... – Rukia podia ouvir o sofrimento e o cansaço em sua voz. – Só termina logo... com isso... – De todas as coisas as quais podia esperar naquela situação, esta certamente não era uma delas. Se de fato havia qualquer que fosse o pequeno vestígio de emoção humana o qual ela acreditava ter conseguido ver, este agora parecia mais real, quando notou que ele parecia estar pronto para o que viria a seguir.

 

Sim, era hora de pôr um fim naquilo de uma vez por todas. Retirou a adaga de seu lugar original, de forma cuidadosa – não havia motivo para torturar alguém que praticamente já estava morto, e então a levou até onde a ponta pôde encostar sobre seu peito. O viu fechar os olhos no momento seguinte. Estava pronto.

 

A sensação da lâmina, lentamente atravessando o tecido de seu smoking e alcançando sua pele, era estranha. Rukia estivera tão focada em se fortalecer, treinar e se preparar para esse momento, de forma que achava que seria resolvido rapidamente. Um golpe limpo e firme em seu coração e bastaria. Aquele que lhe aterrorizara encontraria seu fim e ela poderia ter algum mínimo de paz em fazê-lo, livrando o mundo de mais um monstro, cruel e inescrupuloso e sem dúvidas o mais distante de uma pessoa... certo? 

 

Sacudiu aqueles pensamentos de sua mente. Aquele não era o momento para ter dúvidas, quaisquer que fossem. Firmou melhor sua mão sobre a empunhadura da adaga, respirou fundo. Precisava acabar com aquilo. Forçou a lâmina para dentro de seu peito, fazendo-o buscar por ar enquanto sufocava em seu próprio sangue.

 

Notou uma resistência sob a ponta. Havia atingido uma costela e não seu coração, ainda. Empurrou a adaga com mais força, sentindo o osso se quebrar sob seu peso. Um gemido de dor mais alto. Podia sentir o fim, mais próximo... Só mais um pouco de força... só mais um momento de agonia...

 

O som abrupto da porta sendo aberta lhe assustou. Não tanto quanto a imagem quando olhou em sua direção.

 

-NÃO FAZ ISSO! – A vampira de cabelos verde-água intercedeu. Em seus braços, um Ichigo quase desacordado residia, imobilizado.

 

Com a ajuda da luz pálida da lua, que atravessava as paredes de vidro, Rukia podia ver: Ichigo estava coberto de machucados, um de seus braços parecia deslocado e haviam cortes em seu rosto... Além do sangue... Havia tanto sangue... Seu coração gelou ao ver o sangue que corria em seu pescoço, assim como no rosto da vampira.

 

-O QUE VOCÊ FEZ COM ELE? – Sua fúria transcendia qualquer outra que um dia tivesse sentido.  A outra parecia tão desestabilizada quanto ela, quando apertou ainda mais sua pegada sobre Ichigo.

-DEIXA ELE IR! – Exigiu. – Deixa ele ir, ou o eu mato! – Suas presas estavam à mostra. Sabia que falava a sério.

 

Rukia levou seu olhar de volta ao vampiro sob si, e então à outra e à face de Ichigo. Passara toda sua vida, treinando e aprendendo. Preparando-se para momentos como aquele. A resposta deveria estar clara, podia até mesmo ouvir a voz de seu antigo mentor, Kaien, lhe dizendo:

 

~~~

 

-Lembre-se bem Kuchiki: Nós caçadores, diferente deles, somos também humanos... E enquanto nossos sentimentos são aquilo que nos diferencia, podem também ser usados facilmente contra nós... Eles não hesitam em usá-los... – Ele havia parado seus passos por um instante, pousando um olhar demorado sobre Miyako, sua esposa que treinava perto de lá. – O amor é muito importante... e muito poderoso... – Comentou pensativo. – Mas e quanto ao dever? – Voltou a caminhar, como se decidisse ter deixado a conversa daquela forma.

-E então? – Rukia lembrava-se de tê-lo perguntado. – O certo é seguir sempre o dever, não é?  - Questionou em sua curiosidade infantil aos 11 anos.

-Mas se o fizer desta forma, e se afastar de seus sentimentos... – Ele voltou-se para ela. – Então não estaríamos mais próximos deles? – O homem de cabelos negros deixou escapar um sorriso triste. A confusão crescia dentro dela.

-Então, o certo é seguir pelos sentimentos? Mesmo que signifique abrir mão da missão? – Aquilo não parecia certo. O viu suspirar.

-Quem pode dizer? – Ele respondeu com seu sorriso largo, característico, voltando-se uma outra vez para a direção na qual caminhavam. - Acho que... – Sua feição havia se tornado séria uma outra vez. – Esse é o tipo de coisa que só você mesma pode decidir, quando precisar.

 

~~~

 

Até aquele momento, a resposta lhe parecia muito simples: O dever deveria sempre vir em primeiro lugar. Havia se esforçado durante todo esse tempo, para que, caso fosse forçada a fazer esta escolha, não houvessem dúvidas. Manteve sempre uma distância segura das pessoas que veio a conhecer... não podia se apegar. Não podia ter fraquezas. E isso havia funcionado bem, pelo menos por um tempo.

 

Desde que chegara em Karakura, de alguma forma, as pessoas daquela cidade conseguiram atravessar suas barreiras e logo, sem que sequer percebesse, Rukia fizera amigos. Pegava-se feliz ao estar com eles. Confortável com a gentileza de Orihime, admirando a força e obstinação de Tatsuki, rindo das esquisitices de Keigo. E é claro, havia o Ichigo...

 

Era difícil dizer agora, quando exatamente teria começado a amá-lo. Algum dia aleatório, enquanto caminhavam para casa depois da aula? O dia em que ele imprudentemente lançou-se em sua frente para protege-la de um vampiro? O dia em que ele lhe disse que lutaria ao seu lado? Já não podia dizer.

 

Mas o amava. Mais do que imaginava ser possível. Ichigo era luz, ele trazia paz ao seu coração, era seu porto seguro. Podia ver em seus olhos cansados o que ele preferia. O ruivo lhe diria que acabasse com aquilo, que terminasse de cravar a adaga no coração daquele vampiro e então, que seguisse para a outra. E de fato, uma parte de si, acreditava que era exatamente o que deveria fazer.

 

Mesmo assim... Seu coração estava apertado. Como podia fazer uma escolha daquelas? Respirou fundo, firmando sua mão sobre a adaga.

 

-NÃO! – Viu a outra apertar sua mão sobre o braço de Ichigo, fazendo-o gritar. Seu coração disparou. Não podia suportar vê-lo sofrer. – Por favor! – Sua atenção voltou-se outra vez para a vampira. – Só deixa a gente ir... – Ela trazia lágrimas em seus olhos e sua voz estava mais fraca, apesar de seus olhos estarem ainda mais desesperados. – Eu imploro... por favor... – Rukia revisitou os olhos castanhos de Ichigo e então voltou a olhar um Grimmjow quase sem vida sob sua adaga.

 

Precisava tomar uma decisão. Cada segundo que passava parecia aumentar ainda mais sua angustia. Aquela deveria ser uma decisão tão fácil..., mas nada nunca o era. Fechou os olhos, sentindo um peso enorme cair sobre si. Suspirou mais uma vez. Segurou a empunhadura com determinação... E a retirou.  

 

Pôde ver a outra respirar aliviada, imediatamente soltando Ichigo e correndo na direção de Grimmjow, seus caminhos se cruzando enquanto Rukia tentava ir até o ruivo e impedir que despencasse sobre o chão. Segurou-o em seus braços. Ele estava fraco, e seriamente machucado, mas estava vivo. Ficaria bem, tinha certeza que sim...

 

Sem que notasse, voltou a observar os outros dois. O desespero da vampira inundava sua voz enquanto tentava falar com ele, e checava suas feridas.

 

-Grimmjow! – Ela soluçava, agarrando-se a ele. – Grimm, fala comigo, por favor... – O viu abrir os olhos por um instante, com dificuldade.

-N-Nel... – Sussurrou. Rukia a viu esboçar um pequeno sorriso entre lágrimas, e respirar fundo.

 

O que fez em seguida, deixou Rukia com um misto de surpresa e confusão, nunca ouvira falar de algo assim: A vampira cravou as presas em seu próprio pulso e então o levou aos lábios entreabertos do outro.

 

-Vai... tem que beber um pouco. – A ouviu dizer. – Pelo menos para se recuperar. Isso não é hora de ser teimoso! – Reclamou, antes que ele começasse a beber, não demorando até parecer forte o suficiente para segurar o pulso que a outra ofereceu.

 

Estava funcionando. Pouco depois, o viu conseguir sentar-se, mesmo que com certa dificuldade, e aquela a quem ele chamou de Nel, o abraçar, ainda em prantos. Não tinha certeza sobre qual daqueles eventos era mais chocante: Vampiros compartilhando sangue para curar uns aos outros, ou aquela demonstração tão clara de sentimentos que acontecia à sua frente.

 

Mas não podia focar nisso, agora. Precisava garantir que Ichigo ficaria bem. Começou a vasculhar os bolsos de seu smoking, em busca de seus comprimidos, mas não os encontrou. Por que Ichigo não os havia trazido? Teria simplesmente esquecido? Isso era mesmo possível? Viu os outros dois começarem a sair. Grimmjow, ainda fraco, apoiava-se em Nel, que lhe deu uma última olhada antes de sair de lá em uma velocidade incrível, mesmo levando o outro. Já deviam estar longe agora.

 

Concentrou-se outra vez em Ichigo. Não podia deixá-lo daquela forma. Lembrou-se do pequeno compartimento em seu vestido, onde trazia um dos seus comprimidos emergenciais.

 

-Ichigo! – Tentou despertá-lo. Estava quase desmaiado. – Vamos lá, preciso que acorde! Você tem que tomar isso! – Ichigo não respondia. O cheiro forte de sangue lhe deixava nauseada. Estava tão ferido, mas mesmo assim, percebeu que parte daquele sangue não era dele. O que havia acontecido, afinal?

 

Estava se desesperando. Não podiam mais continuar ali. Ainda havia um incêndio e inúmeros inimigos por perto.

 

-Ichigo, por favor! – Agora o agitava, precisava fazê-lo reagir, não era o momento para que ele apagasse, como ela já o vira fazer tantas vezes, após uma batalha intensa. – Ichigo!

-Pode deixá-lo conosco. – Ouviu a voz solene atrás de si. Virou-se para ver Urahara e Yoruichi que adentravam a sala cuidadosamente. Provavelmente haviam sido chamados ali por Ichigo.

-Vocês podem ajudá-lo? – Ouviu o desespero em sua própria voz.

-Claro que sim, mas vamos ter que sair daqui antes. – Yoruichi disse, levantando Ichigo do chão e o apoiando junto a Urahara.

-Você também deveria ir, Kuchiki-san. – O homem mais velho lhe alertou, deixando claro que ela não os acompanharia.

-Onde o estão levando? – Perguntou, mesmo sabendo que não haveria resposta enquanto eles continuavam a seguir em direção a saída.

-Não importa muito, agora. O Ichigo vai ficar bem. – Yoruichi lhe disse simplesmente. – Além disso, seus amigos já estão aqui. – Encerrou antes de desaparecerem também, na escuridão.

-Amigos...? – Questionou-se, confusa, instantes antes que ouvisse uma voz conhecida, em algum lugar dentro daquela zona de destruição.

-RUKIA! – A voz masculina ecoou. - ONDE VOCÊ TÁ? – Rukia apressou-se na direção da voz. Mal podia acreditar, sequer lembrava-se que havia solicitado apoio mais cedo. Não pôde evitar o alivio e a nostalgia, quando finalmente o encontrou.

-Renji! – Correu em sua direção, era bom revê-lo.

  

 

***

 

 

Orihime tentava abrir os olhos. Havia algo de errado. Os sentia mais pesados, como se acordasse de um sono febril. Sentia uma dor crescente, sempre que tentava mexer seus braços ou pernas. Não entendia o que podia estar acontecendo. Tudo o que lembrava era de estar em seu quarto, momentos antes de tudo ficar escuro. Teria desmaiado? Não... não parecia certo.

 

Sentia sua testa latejar. Teria caído e se machucado? Começara a conseguir abrir seus olhos, precisava de respostas. Demorou um pouco para que sua visão focasse o mínimo para que conseguisse distinguir alguma coisa à sua frente. Haviam grades ao seu redor, algo assustador, mas não tanto quanto ver seus próprios braços e pernas amarrados por uma corda em uma cadeira.

 

Sua respiração acelerou. O que estava acontecendo? Havia sido sequestrada? De verdade, desta vez? Queria gritar, queria chorar, mas sua voz estava engasgada em sua garganta. Podia sentir que começava a tremer, estava sem dúvidas entrando em estado de pânico, lembrava-se da sensação que tivera no dia em que perdeu seu irmão. Estava apavorada, mas sabia que de alguma forma precisava se acalmar, ao menos entender onde estava e o porquê.

 

Começou a olhar ao seu redor, seus olhos ainda não lhe eram de grande ajuda, mas aos poucos conseguia começar a perceber algumas coisas, alguns detalhes nas paredes... a luz fraca e aquela porta... Já estivera ali...


Notas Finais


É isso, espero que tenham gostado!
Até o próximo,
Beijinhos ❤❤


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