História Lilith - A culpa.

"Justin Bieber ao lado de sua namorada, e também modelo, Lilith Ali Boomer, em um desfile da Prada, em Paris.”

"O casal Justin Bieber e Lilith Boomer são vistos trocando carícias em festa no iate de Khalil, amigo de ambos, em Miami." 

"Justin Bieber e Lilith deixando a igreja Hillsong em Los Angeles, Califórnia."

"Lilith Boomer e Justin Bieber, foto tirada por uma fã na saída de um restaurante em Bervely Hills." 

"Justin Bieber e Lilith Ali Boomer são vistos hoje caminhando juntos em Los Angeles, California." 

"Lilith e Justin saindo do apartamento da modelo hoje em Los Angeles, Califórnia." 

"@justinbieber: Apenas posso dizer que sou abençoado por ela ser a minha garota." 

“@lilithaliboomer: Você mudou minha vida de tantas formas que nem imagina. A maneira que você encara a vida me inspira. Obrigada por ter feito meu dia dos namorados o mais doce (foi o primeiro) e ah.. obrigada por ter aceitado meu pedido desajeito de namoro um dia desses.. Amo você, baby."

Alguns meses depois... 

"Justin Bieber e Selena Gomez são vistos juntos nesta manhã de domingo em Nova Iorque." 

Eu serei o seu amor, se você quiser

Eu te seguiria para qualquer lugar

Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você

E estou me sentindo tão pequeno

Isso estava tomando conta da minha cabeça

Eu não sei nada

E eu vou tropeçar e cair

Eu ainda estou aprendendo a amar

Apenas começando a engatinhar

Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você

Lamento que eu não possa te alcançar

Eu te seguiria para qualquer lugar

Diga alguma coisa, eu estou desistindo de você

Lilith Ali Boomer

Eu me sinto na porra de um clichê de romance e drama, e todos nossos momentos juntos começam a passar como um filme de duas horas lentas e torturantes de duração na minha cabeça. 

Sinto um gosto forte e amargo passar pela minha garganta, e consegue ser pior do que todas vezes que tive algum tipo de mal-estar por conta da anemia. Meus dentes estão presos aos meus lábios, quase posso sentir dor se não estivesse tão anestesiada pelo momento, logo começo a sentir o gosto de sangue invadir a minha boca. Merda. Estou agindo no piloto automático e não me lembro do diálogo com a recepcionista do hotel e nem do meu caminho até o elevador. Me sinto fraca. Principalmente por estar agindo como uma fraca na frente de desconhecidos. Já posso imaginar qual o título vai acompanhar a foto que a garota que estava no hall do hotel conseguiu tirar do meu rosto, principalmente dos meus olhos fundos e vermelhos. 

Minha visão começa a ficar embaçada novamente. Ótimo, mais lágrimas. Quando eu foi que eu virei um poço sem fundo delas? 

Eu nunca senti algo tão forte como isso, meu coração nunca pareceu tão pesado. Mas não é como se fosse algo positivo. A questão é que nunca senti algo tão forte até conhecê-lo. 

Raiva. Decepção. Angústia. Ciúmes. Alegria. Paz. E amor. 

Eu não chorei desse modo quando minha mãe biológica morreu no meu aniversário de 5 anos. E nem quando minha segunda mãe morreu alguns anos depois. O choro de desespero por ter que cuidar de uma criança recém-nascida quando eu era uma criança de 14 anos também não é nada parecido. 

Conheci o amor que uma mãe tem por um filho muito cedo, e foi o único que senti até Justin chegar. 

Medo fez parte do nosso relacionamento desde que ele se aproximou sorrateiramente e seus olhos cor de mel se misturaram com os meus azuis. Desde que quebrei a regra do terceiro encontro, porque sabia que a partir dali, se ele permanecesse, tudo se tornaria um problema. 

Eu o deixei ficar. Criamos laços e intimidade. Ele se apaixonou. Eu me apaixonei. Houve um pouco de briga no meio disso tudo. Ele conheceu meu filho. Mais brigas. Um pouco de calmaria. Descobri que o amo. Nos tornamos uma família. Ele esteve ao meu lado realizando meus sonhos e cuidando de mim. Nós sempre fomos tão bonito juntos mas muito frágil. E agora, meu coração está quebrado. 

Eu deveria ser clichê e dizer que o odeio. Mas eu não gosto de mentiras. Eu o amo. Ele é a coisa mais real que já tive, e eu amo o modo como ele me faz sentir. 

Raiva. Decepção. Angústia. Ciúmes. Alegria. Paz. E amor.

A porta do elevador se abre e engulo a seco tudo que estou sentindo, junto com as minhas lágrimas. Meus passos pelo corredor extenso são lentos, fazer um caminho nunca pareceu tão difícil. Respiro fundo antes de enfiar o cartão na droga da maçaneta. A porta de abre e está tudo silencioso demais. Respiro fundo mais uma vez. Deixo minha pequena mala pelo caminho e fecho a porta atrás de mim com cuidado. Um alívio percorre meu corpo quando encontro Justin dormindo na enorme cama de casal, a porta que dava acesso ao outro quarto estava aberto, e caminho até lá a procura de Dylan. Era engraçado o fato que ele dormia na mesma posição que Justin. Deixo um beijo no topo da sua cabeça e saio do quarto fechando a porta de correr. Deixo minhas peças de roupa pelo quarto, e me deixo ao lado de Justin. 

Ele está de costas para mim, minhas mãos seguem involuntariamente até seus fios de cabelo que estava começando a crescer novamente. O acaricio devagar, enquanto fecho os olhos. Aquilo parece o despertar, seu corpo se vira e eu ainda mantenho meu olhos fechados. Não sou forte o suficiente para encarar o meu próprio céu cor-de-mel. 

Ele parece surpreso ao me ver. Principalmente deitada ao seu lado somente de lingerie e tão próxima. 

Eu sinto que ele irá começar a falar, eu abro meus olhos e encaro qualquer canto do seu corpo que não seja seus olhos, levo meu polegar até sua boca. Um sinal e um pedido silencioso para que ele não continue. Ainda não estou pronta para a tempestade que está próxima a vir. 

— Não me beije como se fosse a última vez — ele pede com a voz rouca e baixa, ignoro seu pedido. 

Até ele não é fiel ao seu pedido, pois a forma que me toca me mostra que ele também tinha consciência que seria a última vez. 

Eu não consigo ser diferente. 

Era o jeito mais burro de matar a saudade de algo que eu entraria em abstinência em pouco tempo por não pertencer a mim mais. 

Eu lhe dou a melhor chupada de sua vida, e ele não faz um trabalho diferente quando sua língua atinge entre minhas pernas. Controlo meus gemidos contra sua boca enquanto ele mete fundo. Ele me come de quatro e sinto que vou ficar dolorida amanhã pela forma que ele apertou minha cintura e minha bunda. Mais algumas marcas como lembrança. Essas são boas pelo menos. Nossos corpos estão escorrendo suor quando atingimos o ápice. Eu continuo a beija-lo, não quero parar. Ele diminui o ritmo e finalmente sai dentro de mim. Beijo seu maxilar e chupo seu pescoço, ele também teria marcas minhas. Eu volto a beija-lo, tão calma e precisa. Esse seria o nosso beijo de despedida. E é tão gostoso, minha língua explora cada parte da sua boca que eu já conhecia. É calmo, selvagem, e está repleto de saudade, e só consigo parar quando finalmente encaro seus olhos e encontro quem eu não queria. 

A culpa.

Me levanto rápido, vestindo apenas a calcinha e o sutiã jogado ao lado da cama. As lágrimas estão de volta e dificultam minha visão. Eu não consigo me afastar o suficiente, não consigo sair correndo pra longe dele. A única coisa que consigo é sentar no chão do quarto e chorar. Como nunca fiz. 

Eu sinto seu corpo abraçar o meu, ele está sentando ao meu lado do chão. É engraçado, é como se estivesse cutucando a ferida exposta. Nós ficamos assim, por um bom tempo, até eu conseguir me acalmar e as lágrimas estejam secas. 

Não deveria, mas meu coração dói e se parte mais um pouco, se é possível, quando vejo seu rosto molhado e seus olhos vermelhos. 

Aquela foto não poderia significar nada. Esse era o meu pensamento até agora. Eles poderiam ter se encontrado, como amigos. Fiquei sabendo sobre algo dela ter passado por uma cirurgia recentemente, eu não surtaria caso ele estivesse preocupado com a garota que foi sua namorada por tanto tempo. 

Mas nesse momento não é apenas isso. Porque ele carregava culpa em seu olhar? Porque ele está chorando? Porque ele não pode me dizer que é apenas coisa da minha cabeça, que eu estou ficando louca, que a porra da mídia foi sensacionalista demais? Ele não faz nada disso. Está quieto ao meu lado, ouvindo meu coração se quebrar. 

Talvez eu não poderia culpá-lo, tenho certeza que ouviria isso de alguém em algum momento. Justin está ocupado com as coisas da sua turnê, e eu com os trabalhos que andam aparecendo. Já chegamos a ficar um mês completo sem nos vermos, apenas por FaceTime e conversas de texto. Mas para mim, nada mudava quando eu encontrava seu olhar. A felicidade e o amor estava lá, e eu deixava explícito em todos os momentos. Ele também parecia deixar. 

Agora tudo está confuso demais. 

Eu me esquivo de seus braços, me levantando rapidamente. Meu dentes furam meus lábios de uma forma nervosa. O silêncio nos atormenta por tempo demais e tenho certeza que isto é pior que uma briga barulhenta. 

Justin aproxima dois passos e eu recuo três. 

— Você não vai gritar comigo? — Justin pergunta com a voz rouca e com os olhos cansados — Você não quer eu te explique? Não vai dizer nada? Me bater? Tacar alguma coisa contra mim? Eu preciso de uma reação sua Lilith... 

Ele súplica, me fazendo rir sem humor. Ele sabia, meu silêncio é pior do que todas as nossas brigas, os meus choros e as vezes que já desejei matá-lo, ou quase fiz atacando algo contra ele. 

— Meu filho está dormindo, não quero acordar ele.. — respondo sorrindo amarelo. 

— Nosso filho... — ele me corrige e nesse momento eu sinto vontade de matá-lo. 

— E você pensou no nosso filho? Pensou na sua família quando estava com ela? Pensou em mim? Pensou em como Dylan sofreria em ser afastado de você? Uh? Olha, Bieber, eu não me importo de você pisar na porra do meu coração, mas com ele não. Ele te ama, você se tornou a porra do papai dele. Se você estava cansado de mim, ou do nosso relacionamento, era só me falar, nós terminávamos de um jeito amigável e você... — eu respiro, não consigo continuar com este assunto — Olha, eu não a odeio por abrir as pernas pro meu namorado.. — suspiro, eu também não queria falar disso — Sua atitude me faz pensar que nada significou pra você, porque você não se importou em me machucar... 

Eu não consigo continuar pois estou chorando, ele me abraça, mais uma vez. Eu não quero deixar, mas não tenho força para protestar. 

— Eu não quero ficar sem você, eu não quero ficar sem meu filho.. — ele soluça contra o meu pescoço — Eu não sei ficar sem vocês.. Olha, eu fui um idiota, foi só um beijo de.. 

Eu me afasto dele com brutalidade. 

— Me poupe dos detalhes de como você e ela quebraram o meu coração. Boa noite, Bieber. 

Sigo para o quarto do Dylan, durmo agarrada ao cheiro misturado de Dylan e de Bieber. Eu choro baixo com medo de acorda-lo. Ele está usando como pijama a camisa da marca da nova turnê de Justin, e eu sorrio ao pensar em como meu pequeno deve ter se divertido nos bastidores do show. Sim, Justin teve o seu primeiro show da sua nova turnê aqui em Nova Iorque hoje, eu poderia ter compartilhado esse momento, mas no caminho recebi a maldita foto do meu namorado com a ex há dois dias atrás. Seria idiota demais. 

E eu chorei até o sono vencer. Chorei porque sabia que era hora de cortar laços, porque não queria deixá-lo ir. Chorei porque tudo era tão bonito e no outro momento desmoronou. Chorei porque não queria viver longe dele. Digo, viver sem saber falar com ele, saber como foi seu dia, o que ele fez, e o que está sentindo. Até porque, fisicamente, eu sinto que já estou.