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História Lilly Evans e os Marotos em O Legado de Ravenclaw - Com amor, A. Tonks


Escrita por: CoracaoClandest

Notas do Autor


Alohomora.

Capítulo 45 - Com amor, A. Tonks


Fanfic / Fanfiction Lilly Evans e os Marotos em O Legado de Ravenclaw - Com amor, A. Tonks

-Lumus.

Contudo, o feitiço não era necessário.

O teto do sótão era um conjunto de constelações luminosas, as estrelas próximas e baixas o bastante para que Al estendesse a mão e as tocasse.

Nunca vira nada igual aquele nível de perícia mágica. Talvez apenas a Sala Precisa. Quem quer que tivesse feito, se é que tudo aquilo era obra de uma única pessoa, era um grande bruxo.

Quando seus olhos se acostumaram com a luminosidade estranha, pôde notar que o lugar parecia mais uma oficina do que um quarto propriamente dito. De um lado, uma cama simples encostada na parede, próxima a única janela. Um guarda roupa pequeno, de madeira, apesar de azul, com pequenas nuvens brancas desenhadas, uma estante lotada de livros e uma mesa de cabeceira. Livros e papéis ocupavam-na junto com o abajur desligado, trazendo a mesma sensação que o restante da casa: como se seu dono tivesse saído brevemente e logo retornaria.

As paredes e o chão eram de madeira polida.

Na parede ao lado da cama, desenhos.

Hogwarts, o chalé, a Torre Eifel, a lua refletida no mar entre as falésias, um pequeno bosque ou jardim, com uma mansão projetando-se ao seu lado, Sara, Lilly, Arthur, Sirius...

Al foi a janela e a abriu. 

Magicamente o céu estrelado desapareceu, dando lugar a um teto transparente. Umas poucas estrelas ainda pintavam o firmamento, denunciando a aproximação do dia com a luz natural do amanhecer inundando o quarto. Al se esticou para tocá-lo: vidro. Não era magia. Não mais. 

Apagou a varinha, dirigindo-se para o outro lado do quarto, livros, mais pergaminhos com desenhos, peças e ferramentas se espalhavam pelo chão e presas às paredes em um caos ordenado. Seu avô teria adorado aquele lugar.

"Mecânica..." Al sorriu, folheando um dos livros no chão. "Ela esteve aqui ou alguém muito semelhante".

Um aperto no peito fez com que desse as costas, lembrando das palavras de Rose: Onde ela estaria agora?

Como, depois de tanto tempo, sua presença ainda estava ali?

Se deteve nos papéis sobre a cômoda.

Como todo o resto, não haviam sido tocados pelo tempo. Talvez um novo alguém morasse naquele quarto. Talvez aquela era a casa de algum dos herdeiros de Viollet Lovelace ou de Moody. Alguém que a tivesse conhecido. Fazia sentido que Moody deixasse a casa para sua afilhada, não tendo outra família. 

Céus! Bastava olhar aquele lugar. Ele a amava como a uma filha. Cada canto pensado nela, cada detalhe.

E Al conseguia imaginá-la, anos depois dos fatos do diário. Mais madura, mais sábia e mais bonita. Sem o peso de tantos segredos. Mãe... professora...

Aproximou-se dos papéis sobre a mesa.

Eram desenhos, rascunhos, e... cartas, notou surpreso.

Não conteve a curiosidade. Pegou uma delas, não passava de um bilhete:

"Viollet,

Já faz tempo demais, sinto sua falta! Por favor, fale comigo.

Eu estou grávida, sabia? Claro que não, como saberia?

O nome dela será Ninfadora. Eu colocaria o nome da sua mãe, mas ela costumava dizer que era muito comum, que se tivesse uma filha a chamaria de Viollet ou Ninfadora. Ela sempre te amou. Cada segundo.

Da sua, A. Tonks"

Datava de 12 de abril de 1972. 50 anos. Intacta. Como se só tivesse passado uns poucos meses, talvez mais um pouco, Alvo Potter soltou a carta como se queimasse. Olhou mais uma vez o quarto ao redor, sentindo-se devastado.

-Mas que droga!

Socou a parede com força, à medida que sentia as lágrimas percorrendo um caminho solitário pelo seu rosto. Outro soco veio em seguida, como se a dor física pudesse externar o que sentia transbordando. Corações não se partiam, não era ossos, era músculos, sangravam, se estendiam até esganiçarem, dilacerados.

Deixou os dedos percorrerem as paredes. Ela estivera ali. Cada pedaço daquela casa, daquele diário. Ela os mudara. Transformando-os. Arrancando sentimentos, humanizando-os.

Como se suas palavras estivessem escritas naquelas paredes. Fechando os olhos, Al quase conseguia lê-las em sua mente, em alto e bom som: “Medo do monstro dentro de mim”; “Sinto tanta falta dela”; “Eu amo Lilly”; “Onde estará o meu padrinho agora?”; “Sirius é apenas um idiota sem cérebro”; “Acho que o Potter sente algo por Lilly”; “Snape a magoou de formas irremediáveis”; “Queria que as coisas fossem diferentes, mas não são”...

A ausência de surpresa não diminuía a sua dor. Mesmo que ela não tivesse morrido, jamais seria novamente a garota de 16 anos que escreveu o diário. Independentemente do que tivesse acontecido. Ela não existia mais fora daquelas páginas. A garota do diário que se tornara uma companhia. Em algum lugar, ele sabia, mas não tornava mais fácil encarar os fatos. Também não precisava do conhecimento de Rose em feitiços para perceber. Havia magia naquela casa, poderosa e antiga, preservando-a da passagem do tempo.

O quarto era na verdade um túmulo, aguardando para sempre, intacto e morto, o retorno de alguém que provavelmente já havia partido.

Porque Al a conhecia o bastante para saber que ela jamais deixaria Lilly por vontade própria. 
Pegou a carta do chão e se pôs a vasculhar as outras.

Todas da vovó Tonks.

Se deteve na mais recente.

"Querida Viollet,

Como está? Como foi nos NOMS desse ano? Aposto que excepcionalmente bem. E Lilly? Soube que é monitora. Espero que isso a ajude a não se meter em encrencas. Você parece ter uma boa amiga, Viollet. Não sabe o quanto isso me deixa feliz.

Espero que Moody esteja bem, sei que ainda passa os verões com ele então quis acreditar que entregando essa carta a ele, ela abriria um caminho até você e então a leria.

Devo ser mesmo uma tola esperançosa. Já faz tantos anos, são tantas cartas não respondidas. Acredito que um dia entenderá, abrirá a gaveta na qual as tem guardado (se realmente as guardou) e lera uma a uma. E então encontraremos juntas um modo de fazer tudo ficar bem.

Ninfadora fez 3 anos.

Ela cresce rápido, é inteligente e determinada. Desde que dissemos que não poderia ter um pelúcio, seus cabelos estão roxos. Adoro essas manifestações de humor. Ela é transparente como a água mais pura e deixa claro o que está sentindo, mesmo tão pequena. Ted passa horas observando-a aprender o que é ser uma metamorfa. Mas, em geral, ela é um bebê normal, dentro da normalidade do que é ser um bruxo. Estou pensando em lhe dar um gato, talvez assim seus cabelos voltem ao rosa que estamos acostumados.

Acho que ela é feliz. Isso é o bastante.

Acabei devaneando. Estarei envelhecendo e ficando tola?

Uma mãe boba falando da sua cria.

É o que toda mãe quer, e sei que a sua também iria querer isso: que fosse feliz. 

Você é feliz, meu pequeno gnomo de olhos azuis?

É uma das milhares de perguntas que me assombram. 

Sei que pensa que a abandonei, mas não percebe que eu jamais faria isso. 

Eu estou aqui, Viollet. Aguardando. Não importa por quanto tempo, ainda estarei aqui, esperando por você. Deve odiar promessas, tanto quanto me odeia, mas eu prometo.

Gostaria que soubesse que não precisa morar com Simon depois da maioridade. Pode ficar aqui, conosco. Assim como Sirius. Conversei com Ted e ele disse apenas que contaria as horas para conhecê-los. 

Temos dois quartos de hóspedes. Então... Apenas venha.

Deve me achar louca. Deve pensar que Órion e Walburnia me matariam por tirar Sirius deles ou que você e Sirius providenciariam uma catástrofe juntos sob o mesmo teto.

Estou disposta a arriscar.

Me deixe fazer o que não pude antes, quando era jovem demais para compreender. Me deixe cuidar de você. 

Eu também sinto falta dela, Viollet. Todos os dias.

E você também. Sei que sim.

Com amor,

A. Tonks."

 

09 agosto de 1976.

Ao longe, o céu rosado e laranja poderia ser visto. Era tarde. Logo, Rose, Scorpius e Ted estariam procurando por ele. Não demorariam para ir até a floresta procurá-lo.

Sentiu uma leve resistência em sair dali, apesar de saber que a casa permaneceria onde estava desde que tivesse o diário. Poderia retornar.

Só encontrariam a família no Chalé das Conchas no dia seguinte e, mesmo assim, sabia onde ficava a casa. Poderia voltar lá algum dia. Explorar quando não houvesse mais ninguém.

“Se acalme, está sendo um tolo sentimental”. Levou à mão ao peito esquerdo, diante do solavanco.

Um insight tomou conta dele.

Foi até a janela, fechando-a, permitindo que a escuridão das estrelas ganhasse vida novamente.

Examinou-as com cuidado.

A galáxia espiralada e elíptica. Com algumas galáxias anãs e nuvens estelares ao seu redor.

Não era nenhum exemplo de estudioso em astronomia e poderia estar terrivelmente errado, mas aquela era a galáxia de Andrômeda.

Riu, sem humor, sentindo as lágrimas novamente arderem em seus olhos.

Vovó Tonks estava errada, Viollet não a odiara ou se odiava, seu amor conseguia ser superior ao ódio.

Um leve pressentimento fez com que sussurrasse:

-Sirius...

Imediatamente o céu mudou.

A constelação de Andrômeda desaparecendo, evidenciando duas estrelas brancas, binárias. Uma delas, Alvo sabia, a estrela mais brilhante do céu noturno.

Ela o desenhara no seu céu, de algum modo, assim como fizera com Andrômeda.

Para ele bastava. Já havia tido o suficiente para um dia.

Pegou as cartas sobre a cômoda, enfiando-as no bolso das vestes.

Desceu com pressa em direção à porta, antes de se deter.

Voltou correndo para a biblioteca. Retirando a foto de Viollet do porta-retrato na parede e colocando-a no bolso das vestes, junto às cartas e o diário. Sentia-se um ladrão, quase tão ruim quanto Mundungo Fletcher. Seu olhar se deteve uma última vez na foto dos adolescentes. O que teria acontecido com eles?

Não olhou mais para a moça no quadro, sabendo que veria sua censura.

Não havia tempo.

Saindo pela porta, o ar marítimo o embalou, estremecendo do mesmo modo que quando entrou. Como se o mundo não fosse absolutamente diferente de horas antes.

No instante seguinte, o barulho. O alarme que pusera antes de entrar na casa apitava. Sentiu a tensão dos feitiços de proteção sendo rompidos.

Restando tempo apenas para sacar a varinha, quando sentiu o impacto atirando-o longe.

-Protego. –O feitiço aliviou a aterrissagem, mas o impacto o desnorteou. O ar foi expulso dos seus pulmões, enquanto tentava levantar. Moveu a varinha buscando aparatar, mas um puxão o deteve. Uma mão retorcida apalpava suas vestes.

“Ele quer o diário”

-ESTUPORA! –O encapuzado poderia ser velho, mas não era lento. Desviou do feitiço, retribuindo com o espeliarmus.

Para sua sorte, o garoto escorregou na areia sem querer, desviando do feitiço. Novamente o homem (se é que era um homem) saltou sobre ele.

-FLIPENDO. –O agressor foi arremessado a uma pequena distância, dando espaço para Al se afastar.

O velho poderia tê-lo ferido se quisesse ou mesmo usado “accio”, mas não havia feito. Não parecia ter a intenção de...

-Crucio.

-Aaaaaaaaaah. –Uma dor desesperadora atingiu-o, queimando cada nervo do seu corpo.  Tão abrupta quanto surgiu, a dor cessou. Apesar da visão tingida de vermelho, Alvo pode notar a aproximação de uma segunda pessoa. Vinda das árvores. Um capuz escuro cobria todo o seu rosto, salvo o sorriso.

“Comensais da morte” Ele pensou, em pânico, mas não havia como ter certeza.

-Crucio. –A voz repetiu. Dessa vez, atacando aquele a quem Alvo havia derrubado. –Velho tolo.

“Ele vai matá-lo”

-Espeliarmos. –Al revidou, fazendo a nova figura afastar-se um pouco do mais velho. –Estupore.

Inesperadamente o ser de sorriso cruel impulsionou-se sobre ele, derrubando-o no chão. Ele podia voar, Alvo percebeu assustado. Pouquissímos bruxos na história de magia eram capazes. Mas a surpresa durou apenas o suficiente para que Al sentisse o diário escapando de suas mãos. Agarrou-o mais firmemente, aproveitando-se da proximidade com o ofensor.

-BOMBARDA!

A explosão devolveu-o ao chão, ferindo Alvo e o seu atacante igualmente.

Os braços ardiam. Algo viscoso e pegajoso escorria do seu nariz.

Droga! Sangue.

Provavelmente quebrado, percebeu enquanto tentava se levantar. Não podia ficar ali beijando o chão se quisesse viver. Aquele não era um duelo entre amigos.

Ergue-se, procurando os agressores.

Há alguns metros, o homem apagou as chamas que consumiam suas vestes com um gesto da varinha.

-Se me der o livro, poderá viver. –A voz gelou Al até a espinha, parecendo vir de outro mundo, antiga, apesar do passo firme sem qualquer hesitação ou fraqueza. Ele o mataria, assim como a qualquer pessoa que entrasse no seu caminho. Viu a varinha branca do bruxo de movendo no ar, mas algo o puxou, arrastando-o pelos pés na areia áspera, até onde o velho o aguardava.

-Fique aqui, criança. –Murmurou o velho, enquanto tirava Alvo da linha de frente.

Lá estavam eles. Em segundos, duelando, apesar de ser quase impossível distingui-los na chuva de violentos feitiços que os rodeavam. Aquele que primeiro o atacara era mais lento, mas bloqueava firmemente cada tentativa do outro de avançar, que continuava com seu sorriso insano. Avançando em direção a Al... o rapaz notou assustado.

Ele queria o diário. Ambos queriam. Mas o velho de mãos retorcidas estava protegendo-o.

Um enorme unicórnio projetou-se de sua varinha, investindo contra o outro homem, que, por sua vez, usou o patrono de corvo.

A força do impacto dos patronos empurrou o agora protetor de Al para trás, afastando o capuz que ocultava seu rosto: era um ancião, os cabelos cumpridos e a barba completamente branca assustadoramente familiar. 

“Corra! Proteja o diário” Uma voz falou em sua mente. Mas como se também ouvisse, o seu opositor imediatamente apontou a varinha para ele.

-Avada...

Al não esperou para ver o que aconteceria. Aparatou.

O mundo desapareceu, antes de clarear novamente.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH.

O cheiro de sangue e mar, areia pegajosa contra sua bochecha, o som de um animal guinchando feria seus ouvidos.

-Alvo! –Rose. Nunca ficara tão feliz em ouvir sua voz. Apesar de não estar tão perto quando ele gostaria. –ALVOOOOO!

Quanto os gritos do bicho estavam a ponto de partir o seu crânio, ele percebeu. Os gritos eram seus. Havia estrunchado.

 


Notas Finais


Colloportus.
Espero que tenham gostado


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