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História Liqueur - Ato XXXVII


Escrita por: Nocturnall

Notas do Autor


Boa pra mais um capítulo? bora

Capítulo 38 - Ato XXXVII


Shermansky andou pelo corredor da escola com passos largos, mais largos que suas curtas e rechonchudas pernas conseguiam dar. A diretora de Sweet Amoris carregava um pesado livro debaixo do braço. Virou a direita, andou por mais um longo corredor, até chegar às altas portas que levavam a uma sala trancada. Tirou do bolso a chave e no momento em que a colocou na fechadura começou a rogar palavras em um idioma desconhecido. Um lacre brilhou na porta e ela se abriu. No momento em que a diretora pôs os pés para dentro da sala sua aparência mudou drasticamente. 

Seu corpo era jovem e, apesar de não ter tantas curvas e nem tanto volume, era muito atraente, ainda mais pelo poder de sedução que tinha. As orelhas em sua cabeça despontavam entre os cabelos negros, longos e muito lisos com pontas levemente azuladas, quadro caudas felpudas da mesma coloração de seus cabelos balançavam sutilmente. Com um movimento de mão, um cajado tomou forma. A bruxa havia feito um pacto antigo com demônios adormecidos, tornando-se uma híbrida. Ela andou até onde um pentagrama estava desenhado no chão, cristais azuis estavam cravados ao redor dele, em pontos específicos. 

Assim que se posicionou, a bruxa abriu o livro e o colocou sobre um suporte, logo lendo suas inscrições e novamente rogando um cântico antigo. Os cristais começaram a brilhar. O pentagrama no chão começou a se mover, como que com vida, brilhando na mesma cor azulada que inundava a grande sala, vinda de um portal que se abria aos poucos. 

 

Foi nesse momento em que um raio cortou os céus de Paris e o portal para outra dimensão estava aberto. 



 

Paola foi despertando aos poucos, seus olhos estavam pesados, sentia o corpo mais leve, era verdade. O cheiro da chuva que começava a cair, o som das pequenas gotas. estava do lado de fora de sua casa, mas não estava se molhando. Com dificuldade foi tentando focar sua visão, até conseguir, finalmente, se localizar. Ainda confusa, levou as mãos até a cabeça, olhando ao redor. Não reconhecia aquele lugar, aquele salão, os desenhos no chão, os cristais azuis ao seu redor. Piscou várias vezes para tentar se lembrar o que havia acontecido.

 

Estava no quarto de Nathaniel, junto com Violette. Castiel havia chegado, provavelmente para informar o dia do duelo que seu pai, Erick Delamour, havia proposto para Nathaniel em troca de sua mão. O raio e o trovão, o susto que levou, ia se preparar para se trocar quando algo entrou pela sua janela. Sim, ela conseguia se lembrar, uma criatura feita de luz atravessou a janela, estendeu os braços e nesse momento tudo se apagou. 

 

- Finalmente você acordou, que susto. - uma voz suave se aproximou dela. Paola se virou para se deparar com uma jovem de cabelos castanhos curtos. Ela sorriu docemente, tinha os olhos violeta brilhantes, muito incomuns, usava uma armadura de cores iridescentes, como as penas de um beija-flor. De suas costas despontavam duas asas brancas. Paola prendeu a respiração, estava diante de um anjo. 

A garota anjo se abaixou ao seu lado, colocando a mão em seu ombro. 

- Está tudo bem, somos amigos, me chamo Erika, você deve ser a Paola, filha do lord Erick. 

Paola apenas confirmou com a cabeça e novamente a jovem sorriu docemente. 

- É uma prazer. - aquela garota era de fato um anjo, a sensação de paz e conforte que despertava em Paola era indescritível.

Erika ajudou Paola se levantar e a levou até uma poltrona que havia ali, sempre muito atenta a seus movimentos para ajudar como fosse preciso. 

- Onde estou, o que estou fazendo aqui? Como vim parar aqui?

Erika sorriu ao ouvir os questionamentos de Paola. 

- Está no local onde chama de Sweet Amoris. Leiftan a trouxe até aqui. 

- Leiftan?

- Sim, em breve irá conhecê-lo.

- Mas por que estou aqui?

- A trouxemos para cá para evitar maiores desastres. Eu e meus amigos somos responsáveis pela paz neste mundo. A muito tempo atrás foi assinado um tratado de paz entre as raças, isso você já deve saber, não é mesmo?

- Sim, em partes entendi isso.

- Pois bem, quem forçou esse tratado foram os anjos. Nós somos responsáveis pela proteção dos humanos e deste lugar. Mas não podíamos expulsar todas as raças sobrenaturais deste plano. Seria prolongar a guerra. Por isso foram abertos portais e  permitido que as raças pudessem partir para um outro “mundo”, onde viveriam em paz em seus reinos. Porém, nem todos aceitaram esse tratado e permaneceram aqui, com a condição de não interferir na vida humana. De qualquer forma, você é apenas uma inocente envolvida em planos muito mais obscuros. Nós, anjos, também chamados de celestiais, aegels e daemons, sabíamos que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde, que as raças que aqui vivem iriam se revoltar, e é por isso que estamos aqui de novo. Infelizmente não podemos impedir que uma batalha aconteça, mas podemos salvar muitas vidas, se você nos ajudar. 

Paola ouvia tudo com muita atenção, sentia dentro de si um fio de esperança crescer. As palavras de Erika eram tão reconfortantes quanto sua presença. 

- O que preciso fazer.

Erika sorriu, levantando-se no mesmo momento em que a bruxa se aproximava, inicialmente Paola ficou sem entender, mas logo as apresentações foram feitas e a jovem lupina ficou surpresa em saber que sua diretora era na verdade a guardiã do portal que traria um fim em toda aquela confusão.

- Primeiro, precisa se alimentar e se trocar, vamos te ajudar no que for preciso. 




 

Château de Belmont

 

- O que o senhor quer dizer com “temos que partir”?

Todos os vampiros estavam voltados para Nevra, o vampiro original que havia tomado seu lugar na cabeceira da mesa. Sentada ao lado dele estava sua irmã, Karen. Kael havia cedido seu lugar a jovem vampira original que acompanhava o irmão. Todos estavam apreensivos ao ouvir as palavras do moreno, que permanecia calmo, com um sorriso galante no rosto. 

- Ora, não se façam de ingênuos, meus caros. A era dos humanos chegou a muito tempo, todos vocês e as demais raças estão fazendo hora extra aqui, precisam partir para Eldarya o quanto antes. 

- Eldarya? Fala da terra utópica que os celestiais nos obrigaram a viver em exílio? - praguejou a vampira ruiva, sem se importar se estava sendo grosseira com um vampiro original. Nevra suspirou, mas quando a olhou, a vampira sentiu as pernas ficarem bambas e seu ventre se remexer. O olhar do vampiro era tão sedutor que nem mesmo os da sua raça conseguiam escapar. Ele novamente sorriu. 

- Sim, a terra utópica a qual foi caridosamente cedida para que nós pudéssemos viver em paz, como nós mesmos, e não interpretando papéis ridículos como vocês fazem aqui. Fingir que são jovens garotinhos estudando em escolas para adolescentes? Vão me dizer que se banham em brilho e saem no sol para fingirem que não são vampiros de verdade e tentar seduzir elas?

Nevra gargalhou de suas próprias palavras enquanto os outros vampiros se entreolhavam, alguns com vergonha, outros incomodados. Nathaniel parecia alheio a toda aquela conversa, apenas uma coisa lhe chamou atenção: um lugar onde poderia viver em paz e como ele mesmo. Quando, desde que se tornou vampiro, pode viver como ele mesmo? Sem precisar fingir que era outra pessoa, sem precisar interpretar um papel que não era seu. Será que Paola se sentiria feliz em um lugar como aquele? Mas como eles conseguiriam ir para aquele lugar, sendo que Erick era um extremista que jamais permitiria tal fato? E como ele iria para lá? Nevra deveria saber, ele estava dando um passe para que todos fossem para lá. 

- Não podemos simplesmente ir embora e deixar para trás tudo o que temos! - disse outro dos vampiros velhos, fazendo alguns outros vampiros concordarem com ele. 

- E o que você tem? Um pouco de dinheiro, algumas terras? Tem um nome seu? Precisa se esconder, precisa tomar mais sangue do que qualquer um aqui para poder se manter sempre jovem. A cada dia que passa vocês enfraquecem mais. O sol pode não matá-los, mas ainda assim os oprime. Em Eldarya isso não acontece, não há o poder divino, somos regidos por nossas próprias forças, convivemos com nossos semelhantes. 

Ele apontou de leve para o garoto lobo que estava ali, alguns vampiros o olhavam sem compreender. 

- É seu escravo?

O lobo mostrou os dentes. Mas Nevra ergueu a mão. 

- Escravo? Que tipo de vampiros vocês são? E em que parte da “paz” vocês não entenderam? Escravidão faz parte da paz que vocês conhecem? Isso é ridículo. 


 

As portas da sala foram abertas com força e por elas o ruivo entrou em passos largos. Os vampiros se eriçaram como gatos prestes a atacar. Nathaniel se pôs a frente, parando Castiel que parecia prestes a tomar sua forma de lobo. Ao ver o vampiro, o jogou para longe. 

- ONDE ESTÁ PAOLA? - gritou.

Nathaniel girou no ar e conseguiu cair em pé, se voltando para Castiel sem compreender. O lobisomem estava furioso, não estava com Paola, estava a procurando e rapidamente o vampiro ficou em alerta. Os demais vampiros se prepararam para atacar Castiel, mas Nevra foi mais rápido, se colocando diante do lobo e o segurando pelo pescoço. Castiel tentou se livrar das mãos de Nevra, que parecia nem se quer fazer esforço. 

- Calma lobinho, estamos aqui conversando pacificamente, não sabe que é falta de educação entrar sem bater na porta… Aliás, como entrou sem ser notado? - ele ergueu os olhos, vendo uma jovem humana de cabelos roxos entrar logo atrás, carregando em mãos um punhado de cartas mágicas. Nevra sorriu, a fazendo parar no lugar e ficar corada. - Oh, entendi, uma feiticeira. 

Lysandre se levantou de onde estava e correu até Violette enquanto Ambre se aproximava de Nevra, quase chorando. 

- Senhor… Por favor… Não o mate… Ele… Ele não fez isso de propósito, tenho certeza disso…

Nevra arqueou a sobrancelha enquanto olhava para Ambre, vendo nos olhos dela uma súplica de misericórdia pela vida do lupino que estava perdendo a consciência em sua mão. O vampiro abriu boca para falar, mas foi interrompido por Nathaniel, que se aproximou com rapidez, olhando para Castiel aflito. 

 - O que você quis dizer com “onde está Paola”? Ela estava no apartamento, deixei Violette e Igor cuidando dela. 

Nevra suspirou, soltando Castiel que caiu num baque no chão, amparado rapidamente por Ambre. O ruivo passava as mãos pelo pescoço, recuperando o ar que estava lhe faltando. Estava molhado pela chuva que havia pegado até chegar ali. Olhou primeiro para Ambre, que sorriu ao notar que ele estava bem. Retribuiu o breve sorriso, mas voltou a ficar sério, erguendo os olhos para os vampiros a sua frente. 

- Paola… Desapareceu.. Sem rastros… Nada… Eu fui até o apartamento para avisar que Erick será seu oponente e a duelo acontecerá amanhã a noite.

 



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