História Lírio - Aquilo

Como de costume, Kai estava sentado no escuro de uma boate, balançava seu copo vazio, a ultima vez que ficou totalmente sóbrio foi no enterro dela. A pessoa que ocupava seus pensamentos. Ele ainda sentia a mesma dor de 2 anos atrás, a dor de perda da garota com quem fez milhares de planos, Nicolle sofrera um acidente e partira, levando consigo toda a vontade de viver de Kai. O moreno de lábios carnudos possuía uma aparência desleixada (mas ainda assim atraente), diferente de anos atrás, o rapaz de pele escura chamava a atenção por onde passava, possuía um charme incrível e uma felicidade que contagiava todos á sua volta. Agora era só um corpo sem alma.

- Mais uma rodada querido?- uma das dançarinas seminua disse, sentando em seu colo.
- Sai - respondeu friamente
- O que foi meu bem? levou um fora da namorada? eu posso fazer você esquecer dessa vadia rapidinho, é só...
- Eu disse SAI!! CAI FORA DAQUI! - Kai a levantou pelo braço, a empurrando para traz.

Como ela ousou chamar Nicolle de vadia, e ainda achar á tiraria de seus pensamentos. A mulher ainda o fitava enquanto se afastava da mesa. Para ela ele era como muitos ali,  apenas mais um  sufocado pela dor e preso ao passado. O álcool já não adiantava mais, Kai olhava em volta analisando as pessoas ali. Havia jovens que provavelmente ainda estavam no ensino médio, homens que possuíam grandes e brilhantes alianças douradas em sua mão esquerda, outros que discretamente as tiravam e colocavam em seus bolsos, havia também os malucos por sexo, que pagavam 2 ou 3 strippers ao mesmo tempo.

Foi quando notou um grupo de homens  bem vestidos sumirem por uma porta no fundo da boate. Não era a primeira vez que vira isso acontecer, e apesar de não  saber o que havia atrás daquela porta, a curiosidade e talvez o fato de já não estar sóbrio o motivaram a quere " AQUILO". procurou o gerente do lugar com os olhos, e com um gesto simples, o mesmo já estava a sua frente. O homem possuía o cabelo extremamente bem arrumado e fazia questão de dar o melhor atendimento aos que possuíam mais dinheiro, nesse caso Kai.

- Posso lhe ajudar senhor?- o homem perguntou com um sorriso enorme no rosto.

          - Eu quero AQUILO - disse simplista.

          - ''Aquilo''. aquilo o que?

- AQUILO - apontou para a porta no fundo escuro da boate.

- Aaaah aquilo - o gerente finalmente entendeu  - Aquilo você não pode. - sorriu

- Quanto custará pra eu poder?! - rebateu com um sorriso irônico.

- Uma boa quantia de dinheiro.

- Eu só tenho isso... serve?

Kai se levantou e tirou do bolso um rolo de dinheiro preso com elástico, quantia na qual poderia comprar todo aquele buraco que chamam de boate e ainda sobraria. Deixou o dinheiro sobre a mesa e dirigiu-se para a porta escura, nem ao menos esperou o gerente, ele precisa ter ''AQUILO'', o que quer que fosse, aquilo era oque Jongin queria.

- Finalmente um pouco de diversão. - disse abrindo a porta e adentrando no lugar pouco iluminado, deu alguns passos e parou estático diante da cena a sua frente.

Haviam mulheres enfileiradas e nuas, enquanto homens bêbados e ricos as observavam.

- O que é isso? - Kai perguntou ao gerente que já se encontrava ao seu lado.

- Um leilão senhor. -respondeu como se fosse obvio.

- VENDIDA! - Kai ouviu a voz grave do barbudo encima do palco gritar.

- Parabéns senhor Steve, você acaba de adquirir um ótimo produto. - o barbudo disse á um velho sentado na frente do palco, fez um sinal, e logo um brutamontes veio e levantou a mulher que estava ajoelhada ali, a puxou pelo cabelo e sumiu por traz  de uma cortina vermelha.

- Mas são pessoas! - Kai voltou sua atenção novamente ao gerente.

- Você nunca viu isso na TV?? - disse com um sorriso debochado.

- Sim, mas...

- Pois isso é a realidade - notou a  expressão de surpresa do rosto do moreno.

- É um leilão de pessoas abandonadas, vendidas, prostitutas velhas, mulheres sem valor. o homem que comprar uma delas se tornará seu dono. - pausou - Venha por aqui - Pegou no braço de Kai e o guiou ate outra sala.

O lugar era idêntico ao outro, pouco iluminado cheirando a álcool e cigarro.

" O produto especial de hoje é um jovem Lírio. " um gordo disse encima do palco.

- Lírio? - disse a si mesmo.

- Lírio significa Virgem. - o gerente respondeu a pergunta indireta.

- UM jovem Lírio?

- Temos clientes de diversos gostos aqui.- sorriu com o que acabara de dizer.

Kai não se surpreendeu. Apesar de nunca ter se envolvido com homens, esse tipo de coisa era normal ali, diferente de seu antigo país, ''terra mãe''. Kai saíra da Coreia à muitos anos atrás, estabeleceu sua vida em Toronto, foi onde conhecera Nicolle, onde passou maravilhosos dias com ela, onde ela morrerá.

Notou um jovem nu que agora se encontrava no centro do palco. Sua pele extremamente branca, cabelos negros, lábios carnudos que por algum motivo fazia com que Kai não desvia-se o olhar. Pode reconhecer traços orientais nele.

'' AQUI ESTA O JOVEM LÍRIO''

''QUE PEDAÇO DE CARNE HEIM''

''ESSA PELE BRANQUINHA, JA IMAGINO O QUE VOU FAZER COM ELA''

''VOU DEIXAR ESSE CORPO CHEIO DE MARCAS MEU BEM''

Esses eram alguns dos comentários que podia-se ouvir.

- Porcos imundos. - indagou Kai

O garoto no palco olhava para as pessoas que ali estavam, para os sorrisos e olhares maliciosos direcionados a si, seus olhos estavam deixavam escapar as primeiras lagrimas.

- Bom pelo jeito isso não lhe agrada não é? - perguntou o gerente.

-...........

- Vamos então. - disse o homem - Vamos voltar ate a sala anterior

- Não. - Kai retrucou, o segurando pelo braço firmemente. - Ele é meu.

- Hum.... então aproveite. - disse o gerente por fim e saiu.

Kai sentou-se em uma das mesas, não entendera o motivo de sua inquietação, nem o que levou a querer ficar, querer lírio.

- Lance inicial é de 10 mil. - O gordo disse.

- Lance inicial é de 10 mil? - disse a si mesmo

O primeiro homem levantou a mão, ofereceu 10.500,00, o segundo 11 mil, o terceiro 12 e assim como em uma sequencia perfeita as mãos se levantavam aumentando o valor do garoto.

Os homens ali apareciam estarem no cio, ou em abstinência a séculos, ofereciam cada vez mais dinheiro. Tudo se silenciou quando uma oferta de 100 mil foi ouvida. O olhares voltaram-se para o fundo da sala onde Kai ainda com a mão levantada, colocou-se de pé e repetiu sua oferta.

- 100 mil dólares... á vista! - Tirou do bolso outro rolo de dinheiro, esse era mais grosso que o anterior.

Andou em direção ao palco, subiu no mesmo e jogo o dinheiro para o leiloeiro, voltou sua atenção ao jovem no centro, o qual lagrimas desesperadas escorriam em sua face.

Kai aproximou-se dele, tirou seu casaco e pós sobre o corpo nu do jovem.

- Qual é o seu nome? - perguntou autoritário mas não obteve resposta.

- Não me faça repetir a pergunta! - aumentou o volume de sua voz.

- Kyung... Kyung soo. - respondeu baixo e com a voz tremula.

- Bom Kyung soo... - pausou - agora, eu sou seu dono.

                                                         ...