História Lisboa, a Bella - Capítulo único

O Professor entra na sala visivelmente vazia, no mais absoluto silêncio. A sala escura e só um feiche de luz entrando pelo seu lugar, derrepente, ele a vê.

Parada de costas para a porta concentrada vendo algo no quadro negro, a essa altura todo escrito com coisas que Sérgio não consegue identificar e o cabelo preso com o lápis como de costume, Raquel não o vê entrar.

Sérgio então se senta em uma das cadeiras a frente da sala e a observa com atenção olhando cada detalhe seu. Procura não fazer nenhum tipo de barulho para que não estrague esse momento que ele acha perfeito. Na verdade, tudo com ela é perfeito.

Ali, Sérgio enxerga a inspetora Murillo com quem falava e negociava por telefone, completamente concentrada no que tem que fazer tanto que, não o nota lá.

-Por Deus! Que susto Sérgio- ela finalmente o vê e vira para encara-lo escondendo o rosto entre as mãos pelo susto que acabou de tomar- Estava me observando denovo não é?

Agora, Sérgio enxerga Raquel. A mulher por quem se apaixonou e a amante perfeita na hora exata em que ele precisa. Sorri e se levanta da cadeira andando até ela parando a sua frente.

-Desculpe- ele pede envergonhado por ela o pegar no flagra- mas é praticamente inevitável.

Raquel não evita sorrir se derretendo pelo jeito de Sérgio. O único motivo pelo qual aceitou toda essa loucura.

-Nós já conversamos sobre isso mocinho- ela da um tapa fraco em seu ombro ao passo que o sorriso não sai do rosto- Estava vendo o plano denovo e descobri algo que você vai gostar de saber…- ela retoma a postura séria novamente mas Sérgio a interrompe.

-Sabe de uma coisa?- Raquel o encara atentamente e ele prossegue- nós ainda não decidimos seu nome de cidade.

Raquel então estala a língua. Não havia pensado nisso antes, mas agora que Sérgio havia mencionado, não sabia bem qual nome usar.

-Não sou boa com decisões- ela admite sorrindo. Sérgio a encara sorridente como se tivesse a solução, e realmente tem.

-Lisboa- ele sussura para si mesmo, Raquel escuta e arqueia as sobrancelhas intrigada.

-Lisboa?- ela repete ainda em dúvida.

-Lisboa, a bella- ele sorri largamente- a capital de Portugal e a cidade mais linda e brilhante, assim como você.

Ele solta sem nem perceber. Segue falando mas Raquel o encara abobalhada sorrindo. Ama essas declarações repentinas de Sérgio e seu lado romântico. Amou conhecer Salva mas essa versão conseguia supera-lo.

-Me achas bela e brilhante então Professor?- ela pergunta sorrindo chegando perto de Sérgio passeando os dedos pela sua barba por fazer. Ele sente o ar escapar dos pulmões como se fosse a primeira vez que ela o toca, e segue sendo assim toda vez que isso acontece.

-Bom…pois sim inspetora- ele mexe nos óculos nervoso e Raquel sorri- bella e brilhante assim como Lisboa. Eres merecedora desse título.

Raquel volta a sorrir terna. Nunca se acostumaria com essa versão do Professor, e quem sabe até prefira ela.

-Lisboa então- ela fala sorrindo e Sérgio a acompanha

-Lisboa…minha bella Lisboa.

Sem perder tempo Raquel cola seus lábios ao de Sérgio puxando sua nuca fazendo suas línguas se tocarem numa explosão de sentimentos. Quando se separam, Sérgio a encara.

-Agora, acho que isso lhes pertence sim?

Sérgio então entrega a ela o macacão e a máscara de Dalí. Raquel então sorri, decidida. Começa a se despir na frente do Professor sem nenhum pudor e Sérgio segue a encarando. Veste a peça vermelha, soltando seu cabelo antes preso pelo lápis e passa as mãos pelas madeixas loiras.

-Como estou Professor?

O Professor a mede de cima a baixo antes de voltar a encara-la.

-Estás linda Inspetora- ela sorri- Bem vinda a resistência Lisboa.

Raquel sente o peso de tais palavras e teme, novamente. Na verdade, a sensação não sai dela desde que aceitou participar do novo assalto.

-Sérgio- ela o encara séria- independente do que vier a acontecer eu estou e sempre estarei contigo. Se estou aqui hoje, foi por sua causa porque prometi desde o início que sempre, independente de qualquer coisa, estaria ao seu lado. Conte comigo pra absolutamente tudo e acima de tudo me prometa que se qualquer coisa, qualquer coisa mesmo vier a acontecer você vai fugir.

O Professor a encara perplexo tentando processar tais palavras pronunciadas. Teme por ela e por todos do bando, sabe que o plano é arriscado mas, precisa e necessita salvar Rio. Sabe, mais do que ninguém, como dói ficar longe da pessoa que ama.

-Raquel eu- ela ainda o encara séria esperando por uma resposta- prometo. Prometo por você e você também me prometa que irá se cuidar la dentro sim? Caso contrário eu entro lá e…

-Ei, Sérgio- Raquel segura seu rosto entre as mãos o fazendo encarar-lhe. Aos poucos sua respiração se acalma- não se preocupe, e eu prometo. Prometo por você tudo bem?- ele assente- Te quiero.

Sérgio congela e um sorriso enorme se abre em seu rosto. Segura Raquel pela cintura e a beija com paixão fazendo suas línguas dançarem dentro da boca. A beija até ficar sem fôlego em seguida, cola suas testas fixando seus olhares.

-Te quiero também, minha bella Lisboa.

   Raquel sorri e ali, tem a certeza de que fez a escolha correta e se fosse necessário faria tudo novamente, sempre, por ele.