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História Litigious Love - Farpas


Escrita por: imaginelieber

Capítulo 8 - Farpas


 O traidor abriu os braços para mim, esperando receber um abraço ao invés de um chute certeiro nas partes íntimas, ao que parece. Olhei atrás dele e vi minha família e Fani tão sem reação quanto eu, chocados, levemente irritados e desnorteados. Ótimo, eu teria que me virar.

— Vá, Julia! — Kit me incentivou, empurrando-me pelas costas.

Levantei-me com reservas e me impeli a abraçá-lo, sem saída, tomando o mesmo cuidado que teria se fosse idiota o bastante para abraçar um cacto. Fiquei furiosa quando percebi meu corpo reagir ao calor do dele com aquela receptividade devota, coração ridiculamente acelerado e pernas feito geleia. Aquele maldito cheiro maravilhoso de colônia masculina cara e penetrante, a ponto de ser transferida pelo contato, e roupas limpinhas. Infeliz! Mordi o lábio inferior, enumerando os motivos pelos quais Justin Bieber caíra em meu conceito, liderando a lista: eu havia recebido uma carta de intimação, de um processo de cem mil dólares, por sua culpa, minutos antes de estar ali.

— Eu vou te matar. — sussurrei em seu ouvido, entredentes.

Afastei-me ao ser bem sucedida na recordação, labaredas de raiva lambiam minha pele e precisei de muito autocontrole para não dar-lhe um pisão no pé. 

— Para você. — Estendeu-me o buquê de rosas, ignorando a ameaça, a expressão amável muito forçada acentuando suas marcas de expressão nas bochechas e olhos. 

Eu nunca havia recebido um buquê antes e sempre tive vontade de ganhar um, por mais fútil que fosse. Contudo, perscrutei as rosas com desconfiança, ciente dos ruídos de aprovação da apresentadora. Encarei seus olhos de mel em busca de explicações plausíveis e o descarado apenas devolveu meu olhar com inocência fajuta, mas eu captava bem lá no fundo o teor de desafio. 

Tomei o buquê de suas mãos com um gesto brusco e pela visão periférica notei Fani gesticulando energeticamente para me pedir calma. Era isso o que ele queria? Me desestabilizar em frente às câmeras para provar que eu era a errada na história? Que só queria me aproveitar de sua fama?

Travei os dentes só de pensar em controlar a tempestade despertada pelo meu gênio. Eu gostaria muito de agarrar aquele seu pescocinho branco e torcê-lo como o frango que era. Justin ergueu uma sobrancelha, provavelmente identificara a ameaça em meu rosto. 

— Eu adoro essas coisas! Ela está em choque! — Comentou a apresentadora, feliz e alienada. — Sentem-se para conversarmos!

Tive dificuldades em desviar a atenção dele, suspeitando que, como uma cobra, daria um bote em minha retaguarda. Sentei-me, observando-o se acomodar no banco ao meu lado, bem relaxado. Havia se preparado para aquilo, e com certeza possuía uma carta na manga para me derrubar. Por baixo de toda a ira, senti um leve desespero, ele já sabia lidar com a mídia há anos, eu não fazia ideia de como agir. Não era justo. Do outro lado, Fani reforçava meu nervosismo, torcendo o cabelo enquanto mordia o lábio. 

— E então, Julia... Consegue falar? — Kit me incentivou a fazer algum comentário, parecendo bem orgulhosa de me causar aquela crise. 

Olhei dela para ele, ainda usando sua máscara cortês e suspirei mentalmente. Os dois deveriam estar tramando juntos. Bem capaz. 

— Eu realmente... não esperava por isso. — Disse, enfim, relutante. 

Ela deu uma risadinha. 

— Claro que não, essa era a intenção. Obrigada, Justin, por topar fazer essa surpresa. — Gesticulou na direção dele, recebendo um balançar circunspeto de cabeça como resposta. — Não poderíamos deixar de realizar esse sonho para você.

Kit realmente ignorava nosso encontro em Santa Monica ou apenas fingia não saber? Bem, se fosse assim, eu seguiria seus passos. Acomodei o buquê em meu colo, sem deixar de me questionar se estava envenenado e obriguei meus lábios a imitarem um sorriso. Ou algo próximo a isso. 

— Estou sem palavras, Kit. — Coloquei a mão no peito, teatralmente — Muito obrigada. Sempre foi mesmo meu sonho conhecê-lo. — Joguei um olhar indiretamente acusatório em direção do destruidor de corações e ele apertou os olhos numa tentativa ruim de sorrir. 

Usava uma touca vermelha contrastando com a pele branca como leite que parecia destacar ainda mais sua boca vermelhinha, bem hidratada e um moletom azul água. Ter uma aparência agradável versus caráter desagradável. 

— Posso ver! Está até trêmula! — Reparou em regozijo. 

Justin olhou para minha mão enquanto eu colocava uma mecha do cabelo atrás da orelha, curioso. Não contive totalmente o ímpeto de lhe fechar a cara. 

— É um prazer conhecer meus fãs. — Destacou a palavra, me encarando. 

Ele estava me desmerecendo de novo. Víbora asquerosa! Quis chutar sua canela, então entrelacei os pés para não fazê-lo. Dei um sorriso duro em sua direção. 

— Você soube que essa garota escreveu um livro inspirado em você, Justin? Depois de muito sucesso no Brasil, ela veio nos presentear com a obra. — Kit elevou os ombros, feliz em contar a notícia como se eu fosse sua pupila. 

Me retraí, prevendo a repreensão que emanaria dele. Além de toda a raiva, me magoava sua desaprovação por motivos óbvios. Enquanto eu enaltecia a todo custo o seu trabalho, ele depreciava o meu. 

Justin passou a mão no maxilar, coçando distraído. 

— Ouvi falar alguma coisa, sim. — Limitou-se a dizer e eu relaxei um pouco, sem perceber que prendia a respiração. 

Eu não sabia o que dera nele para perder a oportunidade de me jogar no chão, mas aproveitaria a folga para reunir forças e enfrentar o próximo ataque. 

— Tenho certeza de que ela lhe concederá o privilégio de dar uma espiada antes do lançamento marcado para o dia 26, não é, Julia? 

— É tudo o que eu mais quero. — Garanti, bem sincera. Eu já havia insistido várias vezes para que ele lesse antes de julgar, sem êxito. Fiz a oferta mais uma vez com o arquear das sobrancelhas. 

— Será um prazer. — Deitou a cabeça um pouco, como se estivesse interessado. Para mim, contudo, direcionou seu ar sarcástico. Apertei os olhos, mentiroso, falso, descarado!

Kit uniu as mãos, comovida. 

— Esses dois são uns amores! Infelizmente nosso tempo é curto, e a surpresa foi breve, mas, antes de nos despedirmos... Quer dar a boa notícia, Justin? — Ela se inclinou, olhando sugestivamente para ele, quase quicando de entusiasmo. 

E o que raios poderia ser agora? Além de me extorquir quatrocentos mil reais ele pretendia escrever uma música sobre como eu não sabia a diferença entre ser fã e aproveitadora? O nome da composição se pintou em minha mente de modo natural: Juliah. 

Ele pareceu inexpressivo por um instante, até ser inundado por compreensão.

— Hm, claro. — Mexeu no bolso da frente da calça jeans, franziu um pouco a testa, deixando escapar por pouco o desagrado com toda aquela situação. — Vai ter um evento beneficente em Beverly Hilton Hotel em prol da Los Angeles Free Clinic, uma entidade que ajuda famílias carentes a terem assistência médica, e... bem, eu vou ir. — Pensou bem antes de movimentar a mão, mas me estendeu relutante um papel retangular dourado — Tenho aqui um convite para você ir comigo.  

Meu queixo literalmente caiu, perplexa e incrédula como se tivesse me dito que a terra é plana. Olhei da sua mão para o seu rosto repetidas vezes, notando em minhas investigações que aquilo não podia ser ideia dele, para ser exata ia contra sua vontade e fora preciso grande autocontrole da sua parte para fazer o convite. Se fosse pensar bem, na verdade, existia uma grande diferença entre "fazer um convite" e "entregar" um. Ele, por óbvio, não estava me convidando. Arqueei a sobrancelha, naquele ponto se alguma coisa ia contra sua vontade eu o faria com prazer. Peguei o papel, espalhando um sorriso largo no rosto, me garantindo de deixar a provocação implícita no canto dos lábios. 

— Eu não acredito! — Arregalei os olhos, utilizando mais da minha quota de atriz inexistente. O papel continha as informações que ele me dissera, bem elaborado numa fonte elegante, acrescido da data, sexta feira 16, depois de amanhã, às 18 horas — Realmente, Kit, não sei como te agradecer. Isso só pode ser coisa sua! Muito obrigada! — Levei a mão a boca, balançando a cabeça em negativa ao passo que olhava para Justin. 

Eu senti o riso subindo do fundo do meu âmago, atuar não era meu forte, e meu esforço parecia uma piada até para mim. Kit não percebeu, ou fingiu acreditar, gesticulando com modéstia, enquanto Justin parecia cada vez mais prestes a perder o controle no papel, sua expressão de dor de barriga não chegava nem perto da fachada simpática. 

— Imagina, querida, é um prazer! Agora vamos nos despedir dos nossos convidados. Obrigada por aceitarem o convite. — Sorriu graciosa para nós dois. Eu me esforçava muito para não gargalhar dos olhares furtivos de desaprovação que Justin me lançava — Não esqueçam do que procurar nas livrarias dia 26: November! E eu vejo vocês depois dos comerciais. — Kit piscou para as câmeras. 

Eu acenei, desenterrando um sorriso com mais facilidade do que o fizera durante o programa todo. Estava extremamente grata pelo fim, aliviada por encerrar a entrevista relâmpago sem incidentes maiores e muito feliz por ter jogado o feitiço contra o feiticeiro. Justin entrara pensando que me tiraria do sério e terminara ele mesmo a beira de um surto. O motivo pelo qual continha todas as acusações sobre mim que estavam na ponta de sua língua eu não sabia, mas estava bem satisfeita por não ter feito. 

Assim que saímos do ar, Kit se virou para nos agradecer novamente com apertos de mãos cordiais. 

— Eu espero que tenha muito sucesso, querida. — Ajeitou seus cabelos intactos. — E aproveite a festa, você merece. — Piscou uma vez seu olho claro para mim e, meio confusa, se virou para conversar com alguém da produção. 

Achei no mínimo curioso que ela não quisesse bajular Justin até perceber que ele não estava mais ali, passava decidido pela minha família, fingindo que eles não existiam. Seria melhor mesmo pra ele, porque todos eles me lembravam naquele momento onças prestes a pular em sua jugular. Saltei do meu banquinho, pulsando com o jorro de sentimentos atordoantes, tão decidida quanto ele. Se ele pensava que escaparia sem me dar satisfação, estava muito enganado. Larguei o buquê nos braços de minha mãe e levantei um dedo para as quatro pessoas ansiosas, pedindo um tempo. Num impulso, o segui pelos bastidores, me desvencilhei do microfone em minha camisa e entreguei para um dos funcionários que passava, sem dispensar-lhe muita atenção. Justin não se virou em momento algum, embora eu não estivesse disfarçando meus passos espalhafatosos, e assim que entrou em um camarim, empurrei a porta entreaberta, fechando-a atrás de mim. Encostei nela e cruzei os braços, sentindo-me bem atrevida com aquilo. 

— O que diabos foi isso?

Justin acabara de apanhar uma garrafinha de água da mesa e a bebia quando se virou para mim, perplexo com minha invasão e aparente naturalidade para confrontá-lo. Eu mesma estava um pouco surpresa, assistindo de um canto do meu cérebro enquanto o divertidamente da raiva assumia. Havia sido muito paciente e gentil com ele esse tempo todo, e olha até onde isso me levara. Após se acostumar com a novidade, contudo, Justin transbordou em irritação.

— O que você está fazendo no meu camarim, quer dizer? — Franziu o cenho. 

Me remexi, ligeiramente desconfortável. 

— Vai me processar por isso também? — Desafiei. 

— Poderia, já que você parece ter tanta dificuldade assim em respeitar minha privacidade. — Apontou para lugar nenhum, indicando o recinto. 

Impedi que minhas bochechas corassem de vergonha por tamanha ousadia da minha parte em estar ali e me concentrei no que importava. 

— Bom, hoje de manhã recebi seu convite honroso para nos encontrarmos no tribunal. Depois, você aparece na minha entrevista — contei nos dedos suas faltas, demonstrando —, me dá um buquê de rosas, como um presente de grego, e outra espécie de convite, dessa vez, de festa beneficente. Você está claramente jogando sujo e queria me humilhar em rede nacional, que é internacional para mim! — Acusei, semicerrando os olhos e fechando os punhos, bem distante da minha personalidade de fã dedicada. 

Ele deu um sorrisinho irritante, com um humor sádico. 

— Eu te disse que receberia notícias dos meus advogados se não interrompesse seus planos de me difamar com seu livrinho — arquejei, prestes a protestar, mas ele levantou a mão para me impedir — e quanto ao resto, eu realmente não sabia que era você a fã a quem eu surpreenderia hoje com rosas e o convite, caso contrário, não perderia meu tempo aqui. — desdenhou.

Direcionei tamanha fúria pelo meu olhar que pensei ser capaz de queimá-lo, camuflando o quanto aquilo me magoara. Ele bebericou a água, satisfeito em declarar-se vencedor daquela rodada. 

Como se eu fosse deixar barato! 

— E você acha mesmo que eu gostei de ser surpreendida com sua ilustre presença? — Indaguei sarcástica, revirando os olhos — Eu preferia enfiar os espinhos das rosas embaixo das unhas! — Confesso, forcei a barra, mas ele precisava entender o quão desagradável estava sendo. 

Justin demonstrou ligeira incompreensão com o fato, achando estranho seu saco de pancadas não gostar de vê-lo, que logo se diluiu na ira densa. 

— Fico feliz em te dizer que não gastei um centavo com aquelas rosas, providenciadas pelo programa, e será mais do que um alívio não ter que te aturar na festa beneficente.  

Comprimi os lábios e apertei os punhos ao lado do corpo, contendo meu impulso de partir para a violência física e verbal. No lugar disso, tive uma ideia. 

— Para a sua informação, eu vou na festa beneficente. Eu ganhei o convite, eu vou. — Concluí triunfante, motivada principalmente pela ânsia de irritá-lo, sem pensar em qualquer resultado prático. 

Ele bufou, balançando a cabeça. 

— É claro que vai, você não perderia a oportunidade de desfrutar um pouco mais da minha fama. 

Abri a boca e fechei diversas vezes antes de conseguir pensar em uma resposta.

— Pois bem, eu não vou, e quando me perguntarem o motivo de não ter ido, porque você sabe que vão perguntar, eu vou ficar feliz em contar que você não quis que eu fosse além de estar tentando destruir a minha carreira. — Tive noção de que reproduzia uma careta bem infantil de pirraça, mas não fiz nada para mudá-la. 

Foi o máximo observar sua expressão ultrajada. 

— Ah, você vai sim, porque se não for eu vou falar que não aprecia minha companhia e só usou meu nome para se autopromover! — Retrucou, aprofundando a carranca. 

Soprei o cabelo que escapulia para perto da minha boca como um touro bufante, indignada que usasse da mesma estratégia que eu.

— Eu não vou, e então veremos qual argumento prevalece. 

Justin deu um passo a frente, ameaçador. 

— Você vai sim. 

Eu mesma dei outro passo em sua direção, provando que não podia me intimidar. 

— Não vou.

Mais um passo. 

Giulia, você vai. 

O imitei e agora estávamos a um metro de distância. 

Justchin.... — parei na metade da frase quando me ocorreu uma coisa. Se eu fosse, poderia demonstrar a fã leal que era, a qual nunca pensaria em lhe fazer mal e todos veriam que quem agia de má-fé era ele. Repuxei o canto da boca, astuta — já que deseja tanto a minha companhia, eu vou. 

Ele estreitou os olhos desconfiado, esperto o bastante para perceber que aquilo não lhe dava exatamente uma vantagem. 

— Ótimo!

— Ótimo!

Passamos o que pareceu um minuto inteiro encarando os olhos do outro com evidente desafio e aquilo logo se transformou em outra competição para ver quem não teria culhões e desviaria primeiro. A bem da verdade, eu era péssima naquele jogo, e ainda ficava nervosa por estar tão perto dele — o que era patético —, mas abastecida pelo orgulho irritado permaneci imóvel por um tempo.

Alguns segundos depois concluí que eu não precisava disso, dei um sorrisinho falso e me voltei para a porta. Já com a mão no trinco, eu a puxei em minha direção, só para me surpreender quando a mão grande de Justin surgiu num ponto acima da minha cabeça e a empurrou de volta. Voltei-me para ele estupefata, o coração dando um salto, e notei que estava muito próximo de mim. Dali, podia sentir o aroma que emanava dele e até mesmo o calor do seu corpo — ou era o meu próprio esquentando? No fundo eu sabia que tentava me intimidar, mas não resisti ao impulso de me retrair o máximo possível sob seu olhar penetrante e sério. 

Ele passou o língua nos lábios e tive que conter um pigarro. Maldito, tentaria me seduzir?

— Sei onde é sua casa, então passo para te pegar às 17:30 na sexta feira. — Falou baixo e incisivo na voz rouca, eu senti seu hálito morno em meu rosto. Concentrei-me na entonação de ameaça que usara, evitando distrações inconvenientes oriundas dos meus hormônios. 

Meus músculos tensos relaxaram na região da boca em vista da utilidade eminente de falar alguma coisa simples. 

— Sem problemas pra mim. — Pisquei, tentando parecer confortável e inabalável. 

Mas, começava a entender aos poucos o que aquilo significava, dentro do perímetro de sua presença intimidadora, a irrealidade do arranjo dançou em minha mente. Justin Bieber me buscaria em casa para irmos a uma festa. Juntos. Do jeito que ele se esforçava tanto para acabar com a minha vida, contudo, o fato só parecia muito bizarro. Antes eu daria tudo para ter um segundo de sua atenção, agora daria tudo para marcar seu rostinho de porcelana com meus cinco dedos.

Assentiu, contrariado. 

— Será um ótimo plot twist para sua história.

Eu conseguia ver muito melhor dali o quanto a cor dos seus olhos era extraordinária, aquela mistura cativante âmbar de tracinhos esverdeados. Praticamente mel com limão, a beleza doce contrastada na acidez de seu humor. 

— Sim, mas a melhor parte será quando ele perder a língua. Até sexta-feira, Justchin. — Virei-lhe as costas, tentando mais uma vez abrir a porta, a necessidade quase física de me afastar dele pulsando em meu peito de modo a reverberar por todo o corpo. 

Praticamente senti ele se afastando para permitir, emitindo um muxoxo, e saí para o corredor bastante aliviada, sem olhar para trás. A caminho do meu camarim, senti que conseguia respirar outra vez, as pernas moles recuperando a força. Em geral, eu não gostava muito de festas, muito menos de interagir com pessoas, e se tivesse que enfrentar essa situações deveria estar acompanhada de alguém com quem me sentisse confortável e pudesse me amparar. Bem, eu havia acabado de garantir que seria jogada sozinha na cova dos leões com uma pessoa que me detestava, então o frio na barriga parecia ter vindo para ficar. 

Por outro lado, eu não me arrependia de ter chegado naquela situação. Justin teria que me engolir, e se ele estava tão determinado assim a me odiar e arrancar meu sonho, eu garantiria de arrancar sua paciência. 

— A gente vai acabar se matando.  — Eu disse quando encontrei meus quatro a minha espera, ainda perturbada, no entanto, mais aliviada por tê-lo confrontado. 

Dei uma descrição precisa dos acontecimentos para colocá-los a par das novidades, e garanti, sim, que eu iria naquele bendito evento beneficente, e não, Justin não me impediria de ir porque não fora ele que me arrumara o convite, e sim permitiria que fôssemos juntos para manter sua aparência de bom moço, aliás o que a mídia diria ao saber que ele impedira uma fã de desfrutar de um benefício como aquele? Deixei para contar apenas à Lara mais tarde como ele me encurralara na porta e retorcera minhas tripas na frente dos meus olhos.

— Acho que ele também não ficou muito contente, não é? — Lara ponderou num tom maléfico. 

O ânimo era unânime naquela questão e comentários acerca da entrevista foram expressados entre risos pelos corredores. 

— Os dois pareciam ter chupado limão com sal antes de estarem ali. — Fani gargalhou, lembrando-se. O riso vinha acompanhado daquele quê de alívio depois de uma batalha complicadíssima, porque todos ficaram igualmente tensos ao vê-lo se dirigir ao cenário, sem saber como eu agiria. As apostas rodaram entre sair correndo, estapear a cara dele e pisar nas rosas, e fazer uma exposição "gratuita" ao vivo. 

Angelina nos encontrou na porta para conduzir-nos aos carrinhos com o mesmo sorriso simpático.

— Então se divertiram, hein? Fico feliz! — Comentou ao visualizar nossos dentes todos a mostra. — Quem vem comigo? — Ela se sentou em um dos carrinhos como condutora. 

Lara correu depressa para sentar-se na frente e eu me empoleirei atrás, ao passo que meus pais foram juntos com Fani para o carrinho da frente. Angelina já dera a partida, mas se deteve bruscamente antes de sair atrás dos meus pais, olhando atenciosa para o lado. 

— Oi, Justin. Bem na hora, sobe aí. — Apontou para o acento vazio ao meu lado.

Descrente, comprovei com meus próprios olhos que ele chegava no ponto. Havia mais dois veículos estacionados, mas sem condutores. Ele avaliou a situação, olhou para mim sem emoção, e após um suspiro se rendeu, vindo sentar-se ao meu lado, mudo. Lara e eu trocamos olhares numa conversa silenciosa e me ajustei no banco para ficar o mais distante possível, ainda bem consciente do poder emanado por seus membros. No caso, não consegui nenhum centímetro a mais, o espaço era apertado. Nossa coxa e ombros lado a lado. 

Olhei para a frente, esforçando-me para permanecer inexpressiva. Os rasgos em minha calça estavam arrepiando minha pele devido a brisa suave gelada, coloquei a mão nos joelhos para aquecê-los e me concentrar em alguma coisa que não cada movimento tosco que ele fazia. Naquele instante, balançava a perna, inquieto.

— Vocês sabiam que o programa foi ao ar pela primeira vez em setembro de 1996? Já eram nascidos? — Angelina puxou o assunto, inspirada pela alma de um agente de turismo. O clima mórbido de fato não estava agradável. 

Foi automático, dei com a língua nos dentes:

— Justin é de 1994, eu sou de de 1997. — Corei assim que percebi ter agido pelo impulso de uma fã orgulhosa por saber aquele tipo de coisa e me arrependi no mesmo instante.

Justin e Lara olharam pra mim e evitei os dois. 

— Eu sou de 1995, abril. Júlia é a única bebê daqui. — Lara disse, descontraída. 

Angelina riu, compelida em grande parte pela gentileza. 

Mostrei a língua para minha irmã.

— Vocês não são tão mais velhos assim, e acho que eu tenho mais neurônios que os dois juntos. — Pela parte que tocava Lara eu estava brincando, agora, quanto ao canadense...

Os dois me fitaram com uma descrença desgostosa parecida, ainda que a de Justin não demonstrasse divertimento. 

— Só de experiência eu tenho o dobro de idade da sua. — Ele retrucou, olhando-me de cima a baixo. 

Batuquei meus joelhos. 

— De chatice também, ao que parece. — Farpas. 

Lara sufocou a risada com uma tosse. 

— Há. — Ele murmurou, irônico. 

O carrinho mal havia parado e Justin já estava fora dele. Virou-se tardiamente para Angelina com um aceno singelo. 

— Obrigado. — E saiu andando daquele seu jeito característico, pernas e braços soltos quase como se estivessem a parte do tronco reto e sólido. 

Deixou, contudo, uma pergunta corroendo meu cérebro: Como eu nunca percebera antes o quanto ele era irritante?


Notas Finais


GENTE. Eu juro que tentei postar e mais rápido possível kakaka e o mais rápido possível saiu hoje, me perdoem.
Esse capítulo foi muito trabalhoso de sair e eu não faço ideia do motivo kakaka
Espero que tenham gostado, eu li e reli quinhentas vezes e tentei fazer o melhor para vocês conseguirem pegar a essência.

Obrigada pelos comentários e leituras, são mt importantes para mim <3

Até a próxima!


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