História Little Hope - Capítulo 1

Não sei dizer exatamente como tudo começou. Foi um vírus, fungo, terrorismo?! Nos filmes o fim do mundo e apocalipse pode ser legal, mas não era bem assim na realidade, o mundo agora era um lugar frio e sem sentido para se viver ainda me lembro dos primeiros dias e do surto e eu tive sorte por estar preparada como em quase tudo na minha vida.

Realmente eu fui muito sortuda porque no começo eu não dava atenção para a "nova epidemia" e lugares seguros que poderíamos ir, uma ótima reação de uma agente do FBI não é?! Mas qual é! Eu estava de folga, tudo o que eu queria era sair para caçar com meus irmãos Keelan e Jasper, íamos nos encontrar na nossa cabana um pouco distante da cidade em que eu morava quando o fim do mundo começou.

Na minha mala que na verdade era mais duas mochilas estavam algumas mudas de roupas, coisas de higiene pessoal, meu facão de caça, algumas armas com as munições, mais duas facas pequenas e a minha besta com algumas flechas, alguns salgadinhos, uma pequena almofada que poderia servir como travesseiro e uma pequena coberta. E sim eu andava sempre armada, graças a minha profissão não poderia dar mole com a minha própria segurança.

Confesso que me desesperei quando vi o caos pela cidade, já que eles não haviam ido até a cabana para nos encontrarmos como combinado, resolvi ir atrás dos meninos. E algumas coisas nojentas que já foram homens e mulheres atacavam os outros e os comiam, tripas e sangue pelo chão não era uma visão muito bonita e agradável. Consegui fugir graças à minha moto, o que foi uma bênção tendo em vista que aos poucos superei meu medo por motos já que o meu pai havia me dado uma e disse: Bells, você tem que perder o seu medo. É agora, essa é a hora!

Ao chegar ao chalé novamente não vi meus irmãos em lugar algum e comecei a me desesperar, mas resolvi os esperar pelo menos por mais um tempo. Havia se passado uma semana e nada deles, no rádio havia mensagens mandando para que todos irem para Atlanta onde era seguro. Não era o que eu queria, mas no momento era a melhor pista deles já que moravam lá por certo tempo, eles deviam estar me procurando também.

Antes de sair do lugar mais seguro que conhecia até o momento, peguei o máximo que podia na outra mochila: algumas roupas de frio e calor, alguns talheres, alimentos, uma pequena lanterna e fotos que tínhamos ali, era naquele momento que minha nova jornada começava. Jornada. Isso me fazia lembrar de Jornada nas Estrelas, isso! Ótimo momento para fazer piadinhas sem graças, Isabella. Maldita convivência com o Keelan!

Coloquei tudo na moto e ajeitei o máximo que pude as três mochilas com segurança e comecei a dirigir rumo à Atlanta, nesse meio tempo eu só rezava para aqueles dois idiotas estarem bem! Eles eram minha família e isso é tudo que me importava era encontrar Keelan e Jasper. Meu casaco de couro protegia contra o vento forte já que eu corria pela estrada como uma louca, não é como se um policial iria me prender ou dar uma multa, enfim ao me aproximar da cidade me desanimei um pouco com a vista, estava tudo destruído. Eu preferia o meu carro confortável e protetor, mas talvez no meio do caos a minha moto possa ser bem mais útil e prática, o que seria importante tendo em vista que precisava disso ultimamente.

Ah mas isso não iria me desanimar, parei a moto em um lugar deserto e rezava para não encontrar qualquer zumbi-monstro-coisa pelo caminho, eles fediam à carniça! Puro nojo, eu detesto isso. Tudo o que eu podia ouvir ao longe eram alguns gemidos  enquanto caminhava pelas ruas em busca de algo e... Espera isso é um cavalo? Porque raios um cavalo estaria sozinho na cidade? Oh sua anta, se tem um cavalo com certeza tem humano por perto, ainda mais numa cidade grande!

Depois da minha pequena briga mental resolvi seguir o som e me deparei com um cara vestido de policial, opa! Será que já me ferrei logo no começo ou ele poderia ser de grande ajuda? Por causa do barulho do cavalo, errantes começaram a surgir pelas ruas gemendo, babando com os olhos doentios e querendo comida, ou seja, nossa carne.

– Oh cara! Policial! --- falei em tom alto para ele que me notou, eu estava em cima de um tanque, não era muita coisa, mas poderíamos nos esconder ali se o idiota não demorasse tanto --- Vamos logo cara, eu não quero morrer hoje!

Com minha performance de megafone ambulante chamei a atenção de  mais alguns zumbis que vieram em nossa direção, eu me desviava de alguns e chutava outros enquanto o policial também me ajudava enquanto escalava o lugar de um jeito desengonçado.

– Certo, vamos nos esconder aqui! Agora moço! Não quero virar comida de zumbi! --- num surto de adrenalina eu o puxei para dentro do tanque e fechei a abertura. Estávamos rodeados de zumbis e um militar morto ocupando espaço, olhei para ele com cara de nojo.

– Obrigado moça, você me salvou. --- o homem disse com um sotaque engraçado sulista pelo jeito quase igual ao do meu irmão e isso me amoleceu um pouco. --- Sou Rick, Rick Grimes.

–-- Por nada. Sou Isabella, Isabella Klein. Nossa isso me vez lembrar o James Bond. --- deixei um leve riso escapar de meus lábios e ele me acompanhou --- Não sei dizer se é um prazer te conhecer no meio de um Apocalipse Global, mas é bom não estar sozinha nesse inferno.

Logo começamos a ouvir chiados do rádio e eu fiquei surpresa do bagulho funcionar ainda, ouvi uma meio crítica e debochada dizer:

– E aí idiotas? Está bem aí? Vocês no tanque... Estão confortáveis aí?