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História Little Lies - Lee Taemin - 2 Kids.


Escrita por: jaehyunsexual

Capítulo 3 - 2 Kids.


Busan, 1993

Cantarolava baixo a letra de I'm in Love With My Car, rindo comigo mesma pela canção de Roger Taylor que parecia ser muito fascinado por carros.

Eu até o entendia.

Terminei de tirar o excesso de água em meus fios apenas com a toalha que tinha pegado emprestada de Jinki. Já era noite de sábado e eu vim para o apartamento do mesmo para passar a noite com ele. 

O castanho se dispôs a preparar uma janta rápida para nós dois e ainda deu a ideia de assistirmos um filme em seu videocassete, que seria, A Lagoa Azul.

Eu já tinha o visto nas vezes em que fui posar na casa de Sooyoung, mas não era muito o meu gênero favorito. Por isso, nem prestava muito atenção nas cenas, apenas fazia companhia para a garota assim como agora, faria para meu namorado.

- Quase pronto... - ele murmurou para si mesmo, não percebendo que eu o olhava enquanto me mantinha encostada no batente do arco.

- Espero que esteja bom, minha barriga não aguenta mais de fome. 

Sobressaltou pelo susto e me olhou com os olhos pequenos arregalados. Eu ri baixinho do mesmo e me aproximei em passos sorrateiros de seu corpo enquanto o mesmo resmungava pelo susto que tinha lhe dado.

- Tenho um coração, sabia? - o abracei e concordei com a cabeça, puxando meu lábio inferior entre dentes. Jinki depositou um beijo em minha testa e deslizou suas mãos pelas minhas costas. Cobertas apenas pelo pijama fininho que eu usava para dormir.

E para provocá-lo também.

- O que você tá fazendo? - perguntei me referindo a janta. Ele sorriu grande e eu cerrei os olhos.

- Tinha Kimchi e então eu apenas o misturei com arroz e queijo.

- Hmm, gostei. - fiquei na ponta dos pés para deixar um selinho em seus lábios rosados, sentindo o cheiro do perfume costumeiro que ele usava.

Nós colocamos comida em nossos pratos e então fomos para sua sala. Jinki ligou a televisão e colocou a fita VHS no videocassete. Comemos quietos, apenas olhando o filme.

O Lee sempre fora muito concentrado e odiava quando as pessoas tiravam sua atenção do que estava fazendo. Teve duas vezes que já brigamos por causa disso, mas ele se desculpou pela maneira em que tinha chamado minha atenção.

Ele nunca fora explosivo e nem rude comigo. Nas poucas brigas que tivemos, ele ficava quieto, apenas me escutando e vez ou outra falando. Se algo o irritava, ele apenas saía de perto e ia respirar ar puro.

Quando o filme já estava na metade, tínhamos parado de comer há um bom tempo e isso me deixou inquieta, pois eu não gostava muito do filme e aquele silêncio da parte dele estava me matando.

Eu o encarei ao meu lado. Ele tinha a postura relaxada no sofá e os braços fortes cruzados rente ao peitoral. O mais velho ficava sexy em demasia quando tinha a feição séria e concentrada. E isso, por muitas das vezes, me deixava tentada.

A minha vontade agora, era de sentar naquelas coxas e fazer ele olhar apenas para mim e me dar o que eu queria.

Só não sabia se fazia ou não, já que tinha medo dele ficar brabo.

Senti meu interior revirar quando o vi passar a língua entre os lábios, apenas os molhando por conta da ressecassão normal. Ele deve ter sacado que eu estava o encarando, já que me olhou de relance duas vezes.

- O que foi? - a voz soou um tanto baixa e então ele me olhou. Eu sorri pequeno.

- Posso sentar no seu colo? - pedi doce, mas longe de ser inocente.

Ele assentiu com a cabeça e estendeu o braço em minha direção, como se me chamasse. Engatinhei por pouco no sofá e me sentei sobre suas coxas, mas virada para si. Vendo o rostinho se encher de confusão e as mãos gélidas entrando em contato com minhas coxas desnudas.

- O filme já está acabando. 

- Eu sei... - deitei a cabeça sobre o peitoral dele, ouvindo as batidas fortes de seu coração e sorrindo mínimo por causa disso. Me sentindo bem por tê-lo comigo.

Mas como todo momento fofo comigo dura pouco, logo tratei de adentrar minhas mãos por baixo de sua camiseta. Sentindo a pele quente e arrepiada contra meus dígitos, ansiando para que ele cuide de mim e esqueça esse filme chato.

Comecei a subir alguns beijos pelo pescoço claro, sentindo quando ele engoliu a saliva e apertou minha coxa. Puxei o filete de pele entre os dentes e não demorei a beijá-la com lentidão como se fosse a boquinha gostosa dele.

Jinki se remexeu no sofá e então eu me ajeitei sobre o colo, subindo mais os quadris até ficar sobre sua pélvis. Notando que seu amiguinho já estava um tanto animado ali.

- A-amor... - ele soltou manhoso quando rebolei, passando minhas unhas por sua barriga.

- Diga. - soprei contra a mandíbula marcada, deixando beijos estalados nela e me mexendo mais contra seu corpo. Sentindo as mãos grandes me apertarem sem muita força e me deixando excitada.

- Não tira minha concentração.

- Vamos pro quarto, Jinki. - pedi rente sua orelha, fazendo o ar quente de minha boca soprar contra ela. - Eu quero tanto foder com você amor...

Choraminguei feito uma cadela no cio, torcendo para que ele pegasse menos leve dessa vez. Jinki sempre foi muito paciente nesse quesito, era delicado e se preocupava em saber se não estava me machucando ou se eu estava gostando.

No começo, eu até gostava disso tudo e achava fofo da parte dele. Mas agora... Eu só queria que saísse um pouco do controle e me tomasse com certa selvageria.

Porém, não ocorreu. Depois de irmos pro quarto e termos um sexo digno de um filme romântico bem meloso, ele dormiu. Nu ao meu lado, apenas com o cobertor lhe cobrindo do meio das costas para baixo.

Eu deixei um beijo sobre sua bochecha e então me levantei da cama. Buscando pelo meu pijama e indo em direção a cozinha, afim de beber daquele vinho guardado ali há séculos.

[...]

- Eu chamo isso de tesão reprimido.

Sooyoung disse ao ver no noticiário as últimas tretas envolvendo os atros do rock e em questão, de Axl queimando um boné do Nirvana no último show e de Kurt usando o nome de Axl em uma entonação diferente que podia ser muito bem comparada com "idiota".

- Guerra de testosterona. - argumentou Yukhei.

- Acho isso babaquice. Ambos são grupos e vocalistas perfeitos. E ainda mais, Axl sempre mostrou apoio ao Nirvana, Kurt que é estourado demais.

Em tese, eu concordava com Mark. Mas todos sabemos, que Axl também não era flor que se cheire.

Porém, Kurt só pegava pesado com quem fazia escrotices, fora isso, sempre o achei um amor de pessoa. Não tinha o que colocar defeito nele, ele simplesmente era um ser humano amável e que merecia todo amor do mundo. Por mais que os críticos fizessem a caveira dele, os fãs sabiam como ele era porque sempre deixou bem explícito seus pensamentos.

- Um lado meu diz para concordar com a Soo, mas o outro martela no fato em que ele tem a Frances agora e ainda é casado com a mãe dela... - eles me olharam. - Claro, não quer dizer nada também, já que uma vez ele disse que era gay de espírito. - dei de ombros, voltando a comer das baratas fritas que havíamos pedido.

Eram 7:30 da manhã, de uma segunda-feira e nós estávamos aqui, na lanchonete mais próxima da faculdade, entupindo nossas veias e torcendo para ter uma morte precoce.

- Axl já se mostrou muito machista, duvido que não seja homofóbico também. - o chinês disse com a boca cheia de batatinhas, apontando uma para nós enquanto distribuía seus pensamentos.

- E todos nós sabemos o quão feminista e a favor dos gays nosso lindinho cabeludo é.

- Poxa, Soo. Ele não tem mais o cabelo loirinho até os ombros. - choraminguei a olhando e ela riu da minha cara. Porra, Kurt não era mais cabeludo e esse era um dos vários charmes dele.

- Roger Taylor também não é mais cabeludo e continua gostoso.

- Falando nele... Viram que estão afim de fazer um documentário sobre eles? - Mark perguntou após as falas corretíssimas de Park Sooyoung.

- Pra quando? - indagamos juntos e não deixamos de rir pela telepatia.

- Disso eu não sei, ninguém sabe. Só vi que estão planejando algo.

Nós ficamos conversando por mais um tempo até que desse a hora de nossas primeiras aulas. Na verdade, Yukhei e Mark mataram a primeira deles para nos fazer companhia e fofocar como nossas mães para as vizinhas.

Saímos da lanchonete apressados, praticamente correndo em direção ao campus. Nos sentamos sobre as mesas de cimento que havia ali, sentindo o ar da manhã soprar contra nossos corpos jovens e preguiçosos.

- Uou... Que gatinho é aquele?

Eu, toda inocente, me virei imediatamente para onde minha amiga estava olhando. Pensando que de fato, ela estava falando de um gatinho mesmo.

Mas, não. O gatinho que ela citava tinha 1,75 de altura. Cabelos negros e tatuagens pelo corpo, uma boca carnuda com piercing e olhos provocantes. O cara tinha o mesmo sobrenome de meu namorado e eu não preciso dizer mais nada para todos saberem que era Lee Taemin.

- Acordei com o pé esquerdo, só pode. - resmunguei ao ver que o moreno desfilava em nossa direção, mantendo o olhar sobre mim.

- Ele tá vindo, S/N. Será que notou que eu falei dele? Eu nem apontei! 

Soo surtou ao meu lado e tudo que fiz foi revirar os olhos. Cadê o Jinki em um momento desses?

Recuperei minha pose de garota inabalável, notando que parecia demorar a chegada dele até nós e que Paranoid do Black Sabbath tocava como trilha sonora em minha cabeça.

Céus... Esse era o efeito de comer batatas fritas pela manhã em um ano inteiro e falar sobre astros do rock no café da manhã?

- Bom dia. - ele desejou com um sorriso até que tímido quando se pôs em nossa frente. Eu uni as sobrancelhas, me perguntando o que caralhos Taemin queria ali conosco. - S/N... Você pode me mostrar aonde fica a sala de Relações Internacionais?

- Oh! Vocês se conhecem? Por que não me contou, S/A? - antes que eu pudesse mandar Taemin a merda, a garota me cortou. Empurrando-me pelo ombro e sorrindo de maneira doce para o moreno.

- Ele é meu cunhado. 

Soprei desgostosa, me levantando em um pulo da mesa e batendo na minha bunda para tirar qualquer resquício de sujeira. Puxei minha bolsa que mais parecia uma mochila, e a joguei sobre o ombro.

- Não sabia que Jinki tinha um irmão tão bonito assim... - ela me puxou para sussurrar em meu ouvido, mas tenho certeza que o Lee ouviu pois soprou um risinho. 

Procurei o chinês e a cópia barata de canadense com os olhos, mas os mesmos não se encontravam mais ali. Suspirei pesado e então a olhei, notando que a garota não desviava seu olhar lascivo do rapaz.

- Eu vou levar ele até a sala, então... Sei lá, faça algo útil.

Não queria por nada, ter sido grosseira com ela. Mas por algum motivo, me pareceu necessário.

A Park me empurrou novamente pelo ombro e como eu não esperava por isso, acabei amolecendo o corpo e batendo contra o torso do moreno. Me afastei rapidamente, me praguejando por ter dado mole.

- Vamos logo, eu estou atrasado. - ele resmungou, passando a me puxar pelo pulso. Soltei-me de seu aperto, apressando os passos para ser o mais rápida possível. Pois queria me livrar dele o mais cedo antes.

- Todos se atrasam, florzinha. 

- Olha só como ela é irônica. - eu apenas sorri fechado de forma debochada em sua direção. E antes que eu pudesse me desfazer do sorriso nada gentil em meu rosto. Taemin tomou um rumo diferente enquanto me puxava pelo braço.

Claro que eu poderia muito bem me soltar dele ou lhe chutar, mas tal curiosidade não deixou que os fizesse.

- Não era você que estava atrasado, princesa? - perguntei quando tive as costas coladas na lajota fria do banheiro masculino e um Lee de feição séria me encarando.

- Qual é o seu problema?

Ele soltou sem mais nem menos, achando que eu entenderia suas palavras na hora. Eu acho que fiquei por meia hora lhe olhando com uma expressão confusa no rosto. Pensando no que ele queria dizer com aquilo.

- Espera... Do que você tá falando, Taemin?! - ele se aproximou mais do meu corpo e eu praticamente tentei recuar, porém foi em vão. Visto que minhas costas já estavam contra aquela parede.

O cheiro do perfume dele impregnou em meu nariz, como na noite em que havia me levado para casa. Poderia dizer que sua feição me dava medo, mas não, ele estava sexy de tal forma e eu quis me esbofetear por pensar nisso.

Eu tenho um namorado cacete e esse é meu cunhado!

- Você age como se nós não nos conhecêssemos há tempos, pareço mesmo só um cunhado pra ti?

Tá. Agora eu não entendia mesmo aonde ele queria chegar com aquilo.

- Nossa...! - soprei diante de um riso incrédulo, olhando para seu rosto e temendo o que poderia vir depois. - Te afeta o fato de... Sei lá, eu ser sua cunhada ou, não sei... Ter seguido minha vida ou o quê?

- Eu não sei! Achei que depois daquele encontro lá em casa, sei lá...! Aquela S/N de antes correria até mim e pularia no meu pescoço, dizendo que escutou Guns N' Roses e gostou. Esperava ver aquela garota de antes e não uma toda certinha e que namora com o idiota do meu irmão. Por Deus... Vocês nem combinam.

Ele riu em escárnio, dando a volta no próprio lugar e puxando os fios escuros entre os dedos cercados de anéis em prata.

- Não acha que está indo um pouco longe demais? Desde quando isso tem a ver com seu irmão? - coloquei as mãos na cintura, uma mania clara de minha irritação. - Não temos mais 17 anos, Taemin! Somos adultos que seguiram a própria vida.

- Oh, Jura? - me olhou. Parecia ter uma nuvem de ironia nos cercando, podia ver no olhar dele que suas palavras mesmo que fossem sérias, vinham de modo irônico e incrédulo. Taemin parecia descrente com toda situação e eu só queria saber o porquê disso tudo agora. - Sério que conseguiu deixar tudo pra trás? Que seguiu com sua vida perfeitinha sem ao menos lembrar de mim?

O maior se aproximou novamente do meu corpo, me cercando com seus braços e fazendo com que eu não desviasse o olhar de si.

Era tenso o clima e eu rezava para que ninguém entrasse nessa merda de banheiro, principalmente o irmão dele. Não seria nada legal ele presenciar essa cena, pois eu tinha certeza de que ele nos faria milhões de perguntas e eu não estava nenhum pouco afim de respondê-las se fosse o caso.

- O que quer dizer com isso? - minha voz saiu em fio. - Por que tudo isso agora?

- Eu preciso só saber, S/N... - me encolhi quando sua mão tocou meu rosto. Eu sabia que era errado estar ali e estar gostando do toque, pois não via maldade alguma nele porque... Era Taemin ali, eu sentia saudades dele. - Admito que é estranho te ver com meu irmão. Porra, você não sabe o que eu daria para estar na lugar dele.

- Tae-

- Shh, eu preciso te dizer isso.

- Você vai se arrepender, não faz isso.

- Eu deveria ter feito isso há muito tempo. - os olhos negros me encaravam perdidos e o toque em minha bochecha era doce e gentil. Eu parecia ter em mente o que ele falaria, e isso agora, me assustou.

- Não, Taemin. Você quer me deixar mal? - segurei na mão que estava em contato com minha pele, sentindo um tremor percorrer meu corpo inteiro. Ele negou com a cabeça, puxando o lábio inferior entre os dentes. O que me fez engolir seco e fechar os olhos por curtos segundos. - Então não diga nada... Porque, como tu disse. Eu segui minha vida e eu amo seu irmão. Não posso deixar tudo isso pra trás por conta de alguém... Instável.

- Instável? - eu assenti, esquecendo de largar sua mão. A mantendo em meu rosto ainda. - Corta essa, não tem desculpa melhor?

- Você sabe que é verdade.

[...]

A brisa do fim da tarde bateu contra meu corpo quando saí do mini mercado que tinha há três quadras de minha casa. Guardei o maço de Shelton longo depois de destacar um cilindro, o acendendo com o isqueiro novo e o colocando no bolso de trás da calça.

Traguei duas vezes seguidas, não me orgulhando nenhum de voltar a fazer isso. No sábado, tinha sido só duas vezes, não era como se eu fosse voltar ao antigo vício.

Mas cá estou eu, gastando dinheiro em uma droga fodida e voltando a alimentar a parte de mim que acha que se satisfaz com nicotina.

Eu queria colocar a culpa em alguém, mas eu poderia ir contra. Nunca fui facilmente manipulada, sempre fui firme em minhas questões. Entretanto, hoje me abalou.

E eu só queria fumar esse cigarro até chegar em casa e depois de tomar banho, me atirar na cama e escutar algum álbum de rock no volume mais baixo para não me dar dor de cabeça. 

Já podia ver a fachada de minha casa e Jongin com alguns de seus amigos. Eu via a fumaça saindo dos lábios de um e meu cenho franziu. Sim, bem hipócrita de minha parte.

Quando o moreno me viu, seus olhos arregalaram e ele cutucou o garoto que fumava, o fazendo tossir e jogar o cilindro para longe.

- Pra dentro antes que nossos pais cheguem. - foi a única coisa que eu disse ao passar por eles.

Jongin resmungou algo que não pude compreender, pois o som rangido de nosso portão limitou minha audição. A porta de casa estava encostada e a televisão da sala ligada.

O mais velho com certeza não tinha chegado ainda, já que não havia nenhum sinal de sua picape na calçada. Nossos pais ainda estavam no trabalho e só chegavam pelas 18:30.

Eu tomei um banho e logo mais me atirei na cama, dormindo até o dia seguinte mesmo que Jonghyun tivesse vindo me acordar duas vezes para o jantar. Apenas resmunguei nas duas vezes, dizendo que ia depois, porém, não o fiz.

Eram quatro da manhã quando acordei. Com fome e sem nenhum pingo de sono pois tentei dormir novamente e não deu nenhum pouco certo. Desci as escadas com a vista turva, o Sol não tinha nascido ainda e eu nem me dei ao luxo de acender a luzes.

- Under pressure... Pressure. - cantarolei Queen enquanto procurava algo na geladeira. A luz amarelada me ajudou um pouco e dali retirei os condimentos para fazer um sanduíche bem básico.

Comi quieta em meio ao breu, ouvi a escada ranger, porém não dei muita importância. Por um filete de luz, pude deslumbrar a imagem de Jongin, segurando um bastão de baseball. Eu ri soprado.

- Relaxa, pirralho. Sou eu. 

- Porra, que susto! - ele grunhiu e então acendeu as luzes. Fechei os olhos por conta da claridade e os cocei. Merda de olhos sensíveis. - O que tá fazendo acordada a essa hora? - largou o bastão sobre o sofá e veio em minha direção.

- Comendo, oras. - dei de ombros, com a boca cheia de pão.

- Ah, eu nem percebi. O que te levou a acordar antes das galinhas?

- Isso virou um interrogatório?

- Larga de ser chata. Só é estranho você acordar cedo, normalmente é o hyung que te tira da cama aos gritos.

- Dormi cedo demais e acordei com fome, pô. Só isso.

Ele soprou um risinho e começou a preparar um sanduíche para si também, depois de feito, o garoto sentou ao meu lado e escorou a cabeça em meu ombro. 

Agora foi minha vez de soprar um riso e o olhar de canto. Jongin comia como um bebê e isso ainda o deixava fofo. Por mais que brigassemos, quando o menor estava carente, sempre vinha pro meu lado. Aproveitei o momento, já que era raro.

- Dorme um pouco comigo, noona.

Noona...

Agora eu choro.

- Tu não é mais um garotinho, Jongin.

- Eu sinto falta de dormir contigo... Você fazia carinho no meu cabelo até eu dormir.

- Tá... Temos mais algumas horas, você tem que ir pra aula hoje.

O garoto apenas assentiu com a cabeça e se levantou, guardando as coisas em seus devidos lugares e depois me puxando pela mão até meu quarto. Já que eu era a única dos filhos a ter uma cama de casal.

Deitamos um de frente para o outro. O cabelo negro de Jongin caía sobre sua testa e um pouco se esparramava no travesseiro. Os olhos que antes eram grandes demais para o rosto pequeno, se ajustaram a face de adolescentes dele.

- Não vai dormir? - ele perguntou já sonolento, procurando pela minha mão e levando á sua cabeça. 

- Estou sem sono, pode dormir. - o mais novo assentiu e se aproximou mais de meu corpo, passando um braço por minha cintura e começando a ressonar enquanto eu acariciava os fios sedosos.

[...]

A jaqueta de Taemin parecia me encarar. Ela estava jogada sobre o cabideiro e a minha coragem de pegá-la para entregar ao dono, era nula.

Não queria que Jinki soubesse, por mais que eu achasse que ele fosse ser compreensível com a situação, ainda tinha dentro de mim de que aquilo era um pouco errado. Pois meus pensamentos eram chulos.

Faltavam poucos minutos para Jonghyun adentrar o meu quarto e encher meu saco para que acordasse. Quem ocupava boa parte de minha cama agora, era o Kim mais novo. Tive pena de acordá-lo, mas não deixaria que o mesmo faltasse aula.

A porta se abriu em um estrondo e eu pude contemplar a boca aberta de Jong. Ele me olhou confuso e depois para a cama, sua testa estava franzida e uma interrogação invisível parecia perceptível ali.

- Tá... Que merda é essa? - perguntou em um sussurro.

- Acorda ele, vou te esperar lá em baixo. - puxei a jaqueta e joguei a alça da bolsa sobre os ombros. Passei por Jonghyun e desci as escadas com rapidez, ignorando meus pais e indo direto para a picape.

Bati a porta da lataria e suspirei. O perfume dele ainda era presente no tecido e eu me peguei respirando fundo apenas para o sentir mais forte. Abaixei o vidro da janela e procurei pelo maço em minha bolsa. Destaquei um cilindro e o acendi.

" - Isso é errado!

- Quem liga? - o garoto de fios escuros perguntou dando de ombros, enquanto me ajudava a descer do muro da escola. - Não estamos fazendo nada de muito errado.

- Ah, sim. Matar aula pra ir escutar música é super certo.

- Então volta pra lá, por que veio se vai ficar reclamando?

Ele me olhou irritado e eu apenas suspirei. Peguei sua mão, entrelaçando nossos dedos e passando a puxá-lo pela rua. Temendo que alguém nos visse. 

- Você sabe que eu gosto, panaca.

- De música ou de mim? - Taemin me olhou ladino e eu apenas o soquei. O mais alto riu e deixou um beijo em minha bochecha, passando a correr enquanto segurava nossas mochilas."

- Desde quando voltou a fumar?

Me assustei ao ouvir a voz séria de meu irmão e engasguei com o ar. Ele adentrou a picape e respirou fundo.

- A-ah... Isso? - sorri sem jeito, jogando o cigarro pela metade na calçada. - É só pra descontrair.

- Que jeito mais estranho de distração. - eu dei de ombros e o mais velho ligou o rádio, deixando que a fita do AC/DC tocasse em volume baixo, já que as músicas eram altas por si só.

- Então, tirou suas conclusões sobre aquele assunto?

- Mais ou menos, mas antes, quero saber o porquê de Jongin dormir em seu quarto.

- Justo. - o olhei. - Eu acordei pelas quatro e fui comer, ele desceu achando que alguém tinha invadido a casa. Mas viu que era eu e então comeu comigo. Nós conversamos pouco e em meio disso, ele deitou a cabeça no meu ombro e disse que sentia falta de dormir comigo.

- Carentão. - resmungou. - Mas ele também está mais manso comigo. E tenho certeza, que difere no que vou te contar agora.

Jonghyun contou sobre cada amigo com qual Jongin estava andando, e a maioria deles, estavam envolvidos com coisas nada boas para qualquer ser humano. Drogas, prostituição infantil - pois eles ainda eram de menor - e um vício fodido por álcool.

Ele contou tudo com calma enquanto um turbilhão de coisas me acertavam. Temi pelo caçula, mesmo sabendo que ele não seria burro a esse ponto, porque ele não precisava daquilo.

- Não me diz que ele-

- Calma. - pediu, estacionando o carro na vaga do campus. - Até onde eu sei, ele não se envolveu com isso, mas continua andando com esses garotos.

- E o que a gente faz? 

- Podemos conversar com ele, aproveitar essa mudança de temperamento e tentar. - eu assenti freneticamente. Querendo voltar para casa o mais rápido possível e ir falar com ele.

Faltava muita coisa em nosso relacionamento como irmãos, pois Jongin era muito difícil de lidar.

Jonghyun pediu para que eu mantesse a calma e não pensasse no pior. Nós descemos do carro e então nos separamos, seguindo cada um o seu caminho.

- S/N! Amor... - me virei para onde vinha a voz doce me chamando, e sorri fraco quando vi Jinki correr até mim.

Ele me abraçou com força, pois havia notado meus olhos marejados. O apertei contra meu corpo e me permiti chorar ali. Sentindo o conforto em seus braços e me acalmando pouco a pouco com o seu perfume.

- Você está bem? - perguntei quando nos separamos. Ele riu com isso e beijou minha testa.

- Tu que está chorando e pergunta se eu tô bem? - apontou para si mesmo e eu assenti rindo fraco. - Você está mal, então eu também estou.

- Ah... Para. Desculpa por isso, foi só... Uma recaída.

- Certeza? - ele colocou as mãos em minhas bochechas e esfregou nossos narizes.

- Tenho. Vamos?

Seguimos de mãos dadas pelo campus e em nenhum momento vi o irmão dele. Tinha deixado a jaqueta no carro pois não tinha me lembrado no momento. Mordi o lábio ao comparar o perfume dos dois, me sentindo um lixo humano por conta disso.


Notas Finais


aiai eh cada coisa


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