História Live A Dream - Nineteen years.

Dois dias depois...

Dezenove anos. Sim, hoje finalmente é o meu aniversário de dezenove anos. Hoje eu acordei muito feliz, me sentindo renovada. Julian fez um belo café da manhã pra mim junto com a Soph e meus pais. Foi maravilhoso e agora eu – e minha família – iria para a casa do Gabriel.

Eu usava um short jeans escuro – quase preto – de cós alto, junto com um cropped também preto. Usava uma sandália de cor escura como a cor da calça. Meu cabelo estava preso em uma linda trança de lado que eu mesma fiz e eu usava uma maquiagem bem fraca. Levava minha bolsa com biquíni e coisas que eu certamente precisaria lá. Estava ótimo assim.

Meus pais já estavam prontos lá na sala. Os dois chegaram ontem bem de noite e eu não poderia ter ficado mais feliz. Ainda estava matando a saudade dos dois. Julian também já estava pronto, então era só ir. E assim como Julian, meu pai também só estava indo pra casa do Gabriel por mim. Era até engraçado.

Agora eram exatamente onze da manhã. Gabriel pediu para que eu estivesse na casa dele exatamente agora – as onze – e eu estou atrasada. Sorri pra mim mesma no espelho, pendurei a bolsa em meu ombro, peguei o celular e a chave do carro e sai do quarto.

— Vamos, família? — Perguntei ao chegar na sala.

— Vamos — Jota A disse se levantando e me abraçando forte.

Meus pais também se levantaram também, saímos de casa e eu tranquei a porta. Em minutos já estávamos no meu carro, seguindo para a casa do Gabriel. Julian conectou seu celular no som do carro via Bluetooth e colocou algumas músicas legais pra tocar.

Algumas músicas antiga que marcaram nossa infância tocavam. Só sabíamos rir e lembrar de coisas divertidas que aconteceram com a gente. Muitas dessas músicas eram de Bruno Mars, nós amávamos ele e suas músicas maravilhosas. A maioria das vezes me trazia bad, mas era normal. Ou até mesmo algumas músicas de Lady Gaga, que a gente sempre criava coreográficas estranhas e engraçadas, e em domingo de almoço, a gente pagava mico dançando para toda familia.

É, eu sempre fui uma molequinha mas também tinha meu lado de menina. Eu amava dançar e cantar. E Julian entrava nessas brincadeiras comigo. Assim éramos considerados os retardados da família, mas essa parte a gente pula. Julian era o único de meus primos e primas que entendia minhas loucuras e minha paixão pelo futebol. Novamente repetindo, o resto achava bizarro.

É aquele famoso "senso comum", já dizia meu antigo professor de Sociologia. Algum idiota impôs isso na sociedade. Menino tem que brincar de carrinho e bola, e menina de boneca. Mas não é assim. A criança brinca do que ela quiser e isso não tem nenhum problema. É só por que eu troquei minha boneca por uma bola de futebol, minha família me julga como "estranha"? Acho ridículo da parte deles, mas nunca disse nada pra não causar brigas. E não daria em nada, provavelmente eles continuariam com a mesma opinião, eu continuaria com a minha paixão pelo futebol, continuaria seguindo meu sonho de ser jogadora e caguei pra eles. Hoje estou feliz e realizada, sem me importar com a opinião de ninguém. Sou jogadora de futebol profissional com apenas dezenove anos, jogo no meu clube de coração e vivo numa fase incrível. Tenho um namorado maravilhoso, que por coincidência – nenhuma – é meu ídolo, tenho amigos maravilhosos também, ganhei uma irmã com minha vinda pra Santos. Não poderia pedir mais nada. Eu sou imensamente feliz com a minha vida e aprendi com o futebol a não dar tanta importante para opiniões alheias. Quer dizer, a torcida vai sempre cobrar, a imprensa... Isso faz parte. Mas sempre mantenha o foco no que você quer e não desista jamais, você consegue! Só é necessário você, sua fé e Deus. Sem ele, nada vai além. Meus amigos me apóiam, meus pais me apóiam – um pouco menos minha mãe –, meu namorado me apóia e Jorge me apóia. Não preciso de mais ninguém e ponto.

Em meio a esses pensamentos, cheguei logo a casa do Gabriel. Estacionei o carro e peguei minha bolsa, então saímos do mesmo. Andei até a porta e toquei a campainha duas vezes.

— Vocês dois — Apontei pro meu pai e Julian — Se comportem. Por favor. É o meu aniversário e quase o time todo vai estar aqui. Não quero problemas — Eu disse.

— Pode deixar, não vou fazer nada para estragar seu dia — Meu pai sorriu e beijou minha testa.

— Julian? — Olhei para o mesmo.

— Se eles me provocarem...

— Não vão. Já conversei com eles também — Falei.

— Ótimo. Vou me segurar — Ele disse.

— Julian!

— Tá. Não vou fazer nada — Ele diz e eu sorri satisfeita.

— Muito bom — Falei.

Me virei novamente e ouvi alguém gritando um "já vai".

Dhiovanna.

Eu ri com isso e senti os três atrás de mim me olhando, provavelmente confusos. Logo a porta foi aberta pela morena, mas antes que ela pudesse falar "Oi" foi puxada. Isso fez que ela soltasse um gritinho abafado e logo Gabriel apareceu sorrindo.

— Idiota — Dhiovanna murmurou batendo em seu braço. Gargalhei.

— Fracote — Gabriel a provocou.

Dhio revirou os olhos e saiu de perto. Gabriel sorriu satisfeito. Irmãos... Sempre com suas implicâncias mas no fundo se amam. Ele então voltou seu olhar pra mim e me puxou, me abraçando forte.

— Feliz aniversário, meu amor — Ele diz.

— Obrigada, Bi. Mas eu preciso respeitar se quiser que eu ainda viva por anos — Falei e ele riu divertido.

— Eu te amo — Disse entre selinhos.

— Também amo você — Sorri.

— Ainda estamos aqui — Julian disse atrás de mim.

— Ah é! — Gabriel riu sem jeito e foi comprimentar os três.

Logo entramos e eu fui direto para a parte de traz da casa do Gabriel. Lá estava meio cheio, como havia dito antes, apenas por jogadores do Santos. Sorri com aquilo, duas semanas, e eu já morria de saudades deles.

— Braz — Gritei o mesmo e pulei em suas costas.

— Que susto, menina — Ele diz rindo — Feliz aniversário — Eu sai de cima dele e o mesmo me abraçou.

— Obrigada, monstro — Sorri lhe chamando por um apelido carinhoso por ele ser um baita zagueiro — Pastor — Abracei ele.

— Parabéns, baixinha. Muita paz e saúde, que Deus te abençoe — Ele diz.

— Obrigada — Sorri largo.

— Clarissinha — Senti alguém me abraçar por três.

— Não creio! Zequinha — Me virei para abraçar ele — Achei que ainda estivesse viajando.

— Não perderia seu aniversário — Ele disse e beijou minha bochecha — Parabéns!

— Obrigada — Sorri.

Comprimentei Renato, Crispim, Alisson, Lucas e Marquinhos, que também estavam ali. Mas senti falta do Vitor. Será que ele vem?!

— Me dêem licença, mas eu vou roubar minha namorada — Gabriel disse pegando em minha mão.

— Mas não larga essa menina mesmo. Leva vai — Zeca disse.

— Vá atrás de sua namorada, José Carlos — Gabriel disse e Zeca lhe lançou um olhar repreendedor pelo nome todo. Nós rimos — Vem comigo, amor.

Dito isso, nós saímos dali e seguimos para dentro da casa dele. Gabriel me conduzia até seu quarto enquanto a gente conversava animadamente.

— O que estou fazendo aqui? — Eu perguntei me jogando em sua cama macia.

— Viemos pegar seu presente — Ele diz naturalmente.

— Presente? — Eu arqueei as sobrancelhas.

— É — Ele riu fraco abrindo sua gaveta — Vem aqui.

Eu me levantei e fui em sua direção lentamente. Ele pegou em minha mão carinhosamente e me mostrou uma bolsa de nenhuma marca menos que Channel.

— Tá brincando comigo — Eu arregalei os olhos. Gabriel sorria.

— Eu sei que você sempre quis ele...

— Mas não vende aqui — Eu disse ainda surpresa.

— Eu dei meu jeito — Ele piscou pra mim — Abre!

Peguei a bolsa de suas mãos e abri a mesma, vendo o perfume que eu mais desejei na minha vida.

Channel N° 5.

— Não acredito — Pulei animada e Gabriel riu — Muito obrigada, eu amei. Não sei o que dizer. Amei muito! Obrigada — Falei abraçando ele.

— De nada, meu amor. Não precisa dizer nada, só seu sorriso já diz tudo — Ele sorriu.

— Meu Deus — Eu ri fraco.

Abri aquela caixa e tirei o perfume de dentro. Puxei a tampa dele e borrifei um pouco em meu pulso, levando ao nariz. O cheiro é realmente maravilhoso.

— Não é bom? — Perguntei enquanto ele sentia o cheiro.

— Muito. Por que não usa ele?

— É uma ótima ideia — Sorri borrifando um pouco em meu pescoço.

Em mais alguns minutos – que eu ainda não acreditava naquele presente dele – saímos do quarto e descemos novamente.

— Ah, finalmente apareceu — Eu escutei quando estava saindo da casa.

— Bueno! — Sorri e corri para finalmente abraçar ele — Achei que não viria.

— Não faria isso com você — Ele beijou minha bochecha.

— Taina está com você? — Eu perguntei.

— Aham, ela está lá fora com a esposa do Ricardo — Ele diz e eu sorri.

— Que bom — Falei.

— Pra você — Me entregou uma caixinha.

— Ah Vitor, obrigada. Mas você sabe que não precisava — Falei.

— Cla, você tem sido muito importante pra mim desde que cheguei em Santos. Tem sido como uma irmã, sei que posso contar contigo sempre que precisar e espero que você saiba que também pode contar comigo. Feliz aniversário, pequena. Você merece tudo de bom — Ele disse sorrindo.

— Idiota, quer me fazer chorar? — Perguntei e nós rimos — Obrigada, Vítor. Você pode sim sempre contar comigo. Ganhei mais um irmãozinho. Amo isso — Falei e ele riu fraco.

Beijou minha testa e eu subi de novo para guardar o presente que ele me deu. Quando desci novamente voltei para o fundo da casa.

— Taina — Sorri abraçando a morena.

— Cla, que saudade — Ela disse.

— Digo o mesmo — Falei.

— Feliz aniversário! — Ela diz.

— Obrigada. E sinto muito por não termos saído essa semana — Falei.

— Tá tudo bem. O que importa é a Sophie. Como ela está?

— Bem, graças a Deus. Daqui a pouco ela chega pra vocês se conhecerem — Sorri.

— Ok — Ela disse animada.

Então, eu e Taina passamos mais um bom tempo conversando sentadas na beira da piscina.

(...)

Já era de tarde. Tudo estava correndo bem. Todos conversando e se divertindo. Minha mãe conversando com Lindalva e meu pai com o Valdemir e o Ricardo. Julian até estava se dando bem com os jogadores do Santos, mas sem muita proximidades. Juntas estavam eu, Soph, Taina, Liv – que veio por convite meu – e Dhio. A pouco almoçamos e agora alguns se preparavam para aproveitar aquela tarde de sol na piscina.

Eu, estava na sala, sentada no sofá. Descansando um pouco longe daquele sol e de todo aquele barulho. Peguei meu celular e vi algumas notificações no Instagram. A todo momento chegava mensagens de felicitações, eu responderia algumas mais tarde, eram realmente muitas. Inclusive alguns dos meninos do Santos, como o Zequinha, o Vitor, o pastor, o Braz e o Thiago. Uma notificação chegou.

"@neymarjr tirou uma foto com você"

— Ai meu Deus — Sussurrei nervosa e ri, abrindo a imagem.

Era uma foto de quando ele estava no Brasil, em julho. Ele usava uma camisa branca de mangas cumpridas e um boné da mesma cor. Ele tinha seu sorriso bobo que fazia seus olhos se fecharem levemente. Eu estava com a cabeça deitada no ombro dele e de olhos fechados, enquanto sorria. A foto estava maravilhosa.

"Ei moça bonita, parabéns pra você, que Deus te abençoe sempre e todo aquele blá blá blá hahaha. Amo você. Tenha um ótimo dia ❤ ( mais tarde te ligo ) @clagoulart"

Sorri com aquilo, enquanto meus olhos marejavam. Socorro, é o meu ídolo com essas palavras e aquela foto linda. Eu comentei um agradecimento e curti a foto. Percebi que Gabriel tinha me marcado em uma foto, então abri a mesma. Era mais uma de nossas fotos espontâneas e fofas. Dessa vez eu tentava fazer sua barba. Estava na ponta dos pés e Gabriel ria com aquilo. Essa foto foi ontem, eu estava aqui na casa dele. Então, segui para ler o texto.

"Desde que te conheci, não faço nada além de pensar em você, quando fecho os olhos, tudo o que vejo é o teu rosto, te sorriso. A cada dia que passa, a única certeza que tenho é que te amo e quero te ter comigo pelo resto da minha vida, se possível até mais. O aniversário é seu e sou eu quem ganho o presente. E você veio assim me fazendo esquecer tudo e virando tudo do avesso. Deixando tudo fora do lugar. Eu não reclamo disso, eu até que gostei. Quando dei por mim, não me importava, nada mais importava, desde que você estivesse aqui do meu lado, aí fica tudo certo. Eu me prendi totalmente nesse seu jeito de conversar. Nessa sua loucura, nesse seu temperamento um tanto quanto confuso. Gosto desse seu jeitinho de marrenta, dessa sua cara amarrada que fica linda quando você finalmente se entrega e me dá um sorriso. Gosta pelo seu jeito difícil e ao mesmo tempo fácil de lidar, pelos seus dramas e por aquela sensação gostosa de alívio quando a gente briga mas logo faz as pazes. Me apaixonei pelo seu jeito todo carinhoso de expressar o que sente. Eu to gostei de cada detalhe seu. Gostei de quando você me chamou de amor e disse que me amava. Gostei de quando beijou minha bochecha com carinho. Eu gostei de quando você me fez sorrir com palavras, com gestos. Eu te valorizo, por que mesmo sendo errada, chata, birrenta, você vai fazer o mesmo por mim. E hoje eu estou aqui, comemorando seus 19 anos. Amor, quero que saiba que eu te desejo tudo de melhor, quero que você seja muito feliz, que você possa crescer profissionalmente, que consiga realizar todos os seus sonhos e desejos, que você tenha muita saúde, paz... E eu como seu namorado, quero te acompanhar, quero te ver crescer, amadurecer. Quero estar sempre ao seu lado, pra que um dia eu possa te aplaudir de pé por tudo o que você conquistou. Que Deus te acompanhe e te ilumine sempre, minha menina. Eu te amo, e pra sempre vou amar. Feliz aniversário, meu amor! ❤ @clagoulart ".

Putz. Maldade do Gabriel. Sorri largo sentindo meus olhos marejados. Suspirei, não podia chorar agora. Curti a foto e comentei.

Gabriel é tão fofo. Meu aniversário estava sendo incrível e eu realmente não preciso pedir mais nada além do que já tenho. Sou uma garota de sorte com as pessoas que tenho ao meu redor.

— O que aconteceu? — Gabriel perguntou entrando na sala, bem na hora que uma lágrima descia em meu rosto.

Eu sorri me levantando e fui até ele, lhe abraçando forte.

— Eu te amo — Falei.

— Eu também te amo — Ele disse e selou nossos lábios.

E como sempre, parecia que era a primeira vez que nos beijavamos. Sempre era a mesma sensação. Os mesmo sintomas que sempre indicam o quão sou apaixonada por esse menino. Ele se separou de mim em mais alguns segundos com selinhos longos. Eu fui para o quarto dele, aonde minhas coisas estavam, e coloquei meu biquíni. Em seguida coloquei só o short por cima e desci novamente.

— Não quero os caras te olhando — Gabriel diz ao me encontrar na escada. Eu ri.

— Você sabe que eles me respeitam, Bi. Olhando ou não, não vão falar nada — Sorri. Ele riu fraco.

— Tudo bem — Falou e me deu um selinho. Laçou nossas mãos e nós saímos de casa.

O sol estava forte e o tempo bem abafado. A água da piscina estava gelada e refrescava bem. Taina e Liv, junto com Bueno e Julian já estavam na piscina jogando vôlei. Eu e Gabriel então entramos pra jogar com eles. Passamos boa parte da tarde ali, jogando e nos divertindo. Estava sendo um dia maravilhoso.