História Live A Dream - Convocação.

Dois meses depois...

"A Seleção Brasileira Feminina está convocada para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Nesta terça-feira (12), o técnico Davão divulgou a lista com as 19 atletas qUé irão em busca da inédita medalha de ouro para o Brasil. O técnico também anunciou as quatro suplentes que poderão substituir as escolhidas em caso de lesão.

A estréia do Brasil na Rio 2016 será no dia 3 de agosto contra a China, às 16h, no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. O segundo confronto é contra a Suécia, dia 6, às 22h, no mesmo local. A última partida da fase de grupos será contra a África do Sul, no dia 9, na Arena da Amazônia, em Manaus (AM). 

Confira a lista completa: 

Goleiras

Bárbara - Seleção permanente. 

Aline - Seleção permanente.

Zagueiras

Mônica - Orlando Pride (EUA) 

Rafaelle - Changchun Club (China)

Bruna Benites - Seleção permanente

Érika - Paris Saint-Germain (França)

Laterais

Fabiana - Dalian Quanjian (China) 

Poliana - Houston Dash (EUA) 

Tamires - Fortuna Hjørring (Dinamarca)

Meio-campo

Formiga - Seleção permanente 

Thaisa - Seleção permanente

Andressinha - Houston Dash (EUA)

Marta - FC Rosengärd (Suécia) 

Atacantes

Debinha - Dalian Quanjian (China)

Cristiane - Paris Saint-Germain (França)

Andressa Alves - Barcelona (Espanha)

Bia Zaneratto - Steel Red Angela (Coréia do Sul) 

Raquel - Changchun Club (China)

Clarissa Goulart - Santos Futebol Clube (Brasil)"

Eu estava em choque. Li e reli aquela lista dos convocados para a Rio 2016 novamente. Meu nome realmente estava ali. Minhas mãos tremiam e suavam, meus olhos estavam lacrimejados. Era realmente inacreditável. Eu iria jogar, iria representar o meu país nas Olimpíadas do Rio, já mês que vem. Deixei as lágrimas descerem enquanto um sorriso ainda estava em meu rosto. Escutei meu celular tocando. Coloquei o notebook em cima do sofá e fui até o balcão da cozinha pegar o celular. Era Julian. Ele estava em Bragança essa semana.

— Você foi convocada, garota. Vai pra Rio 2016 — Ele praticamente gritou.

— Não é incrível?! — Eu disse e funguei.

— Como se sente? — Ele perguntou.

— Em choque — Nós rimos — É inacreditável. Eu acabei de ler também e não consigo parar de chorar, Julian. Tem noção de como isso é um sonho?!

— Cla, você merece isso e muito mais. Você é talentosa e foca no quer. E conseguiu, você vai representar o Brasil nas Olimpíadas em casa — Ele disse.

— Meu Deus — Eu ri passando a mão na testa — Eu ainda não acredito.

— Quando você vai pro Rio? — Ele perguntou.

— Eu não sei. Não sei nem aonde vai ser a concentração. Devo receber a ligação com informações ainda hoje — Eu funguei — E minha mãe?

— Está feliz, assim como seu pai e toda a família — Ele disse e essa parte me surpreendeu — Eles estão no trabalho, mas disseram que assim que saírem vão te ligar.

— Ok — Eu sorri.

— Eu tô muito orgulhoso de você, Clarissa. Parabéns! — Ele disse.

— Obrigada. Eu vou dar tudo de mim nessas Olimpíadas, vou me dedicar ao máximo pra ajudar a trazer o ouro — Eu disse e fechei os olhos sorrindo, sentindo outras lágrimas caírem.

— Eu tenho certeza que sim — Ele disse — Eu preciso voltar a trabalhar, amor. Mais tarde te ligo de novo. Se cuida, viu?

— Pode deixar. Obrigada por ligar, Julian — Eu disse.

— De nada, Cla. Tchau — Ele disse e em seguida desligou.

Deixei o celular em cima do balcão, respirando fundo e me acalmando. Eu estava explodindo de felicidade e orgulho. Estava nervosa, óbvio. Eu sei da tamanha cobrança e responsabilidade. Sei que tenho que dar o máximo de mim, fazer o possível e o impossível pra conseguir esse ouro. Sendo titular ou reserva, eu vou me doar por inteira em campo. É um sonho e eu vou fazê-lo virar realidade. Eu não conseguia controlar a ansiedade para estar logo lá.

Voltei pra sala e desliguei o notebook. A lista de convocação já girava por todas as mídias sociais. Eu só conseguia sorrir. Deixei isso um pouco de lado e vi as horas, marcavam quase uma tarde. Eu já havia treinado hoje bem cedo, então teria o dia todo pra fazer o que quisesse. Mas, só esperaria Gabriel chegar. Ele chegaria hoje, em algumas horas, dos Estados Unidos, depois de uma Copa América frustrante. Ele provavelmente estava mal e eu estaria aqui com ele. Além do mais, a convocação da seleção brasileira olímpica seria amanhã e a expectativa da convocação do Gabriel era grande. Bem, ele obviamente estaria nessa lista, mesmo assim ficávamos apreensivos.

(...)

Acordei com uma mão em meu rosto, distribuindo carinhos leves por ali. Isso me despertou, eu tinha dormido no sofá. Abri os olhos lentamente e vi Gabriel. Era fácil pra ele entrar aqui, já que tinha a chave. Minha cabeça estava deitado em seu colo, ele continuava os carinhos enquanto prestava atenção em algo na TV. Já era noite e provavelmente meio tarde.

Fiquei alguns minutos, enquanto despertava, reparando no Gabriel. Ele estava tão lindo. E fazia apenas três semanas que ele foi para os Estados Unidos com a seleção para desputar a Copa América com o Dunga. Seu cabelo e barba pareciam estar maiores. Seu rosto tinha uma expressão calma e suave, não parecia abatido nem nada pelo o que aconteceu com a seleção. Mas obviamente estava chateado. Eu poderia ficar olhando pra ele e continuar o admirando, mas acabei pensando em como ele conseguiu por minha cabeça ali sem me acordar. Eu sempre tenho sonos tão leves. Me remexi e isso fez ele olhar pra mim, então sorriu.

— Acordou a Bela Adormecida — Ele disse divertido e isso me fez soltar uma risada fraca.

Levantei e me sentei no sofá, logo em sua frente. Eu deveria estar dormindo a quase uma hora apenas. Só lembro que estava assistindo um jogo do campeonato português, mas estava tão chato, que dormi. E antes disso, estava falando no telefone com meus pais, eles estavam realmente felizes e orgulhosos. Recebi ligações durante todo o dia, foi tudo muito agitado hoje. Andressinha também me ligou muito animada por que vamos nos ver e jogar juntas as Olimpíadas. Isso me deixou mais ansiosa.

— Você está bem? — Eu perguntei.

— Tô — Ele sorriu fraco, mas visivelmente estava chateado — E eu tô orgulhoso. Minha menina vai para as Olimpíadas. Parabéns meu amor.

— Obrigada — Eu disse sorrindo largo — Eu tô muito feliz. É um sonho tão grande.

— Eu sei, e você merece demais essa convocação — Ele disse sorrindo.

— Amanhã é a sua vez.

— Se Deus quiser — Ele disse.

— Você sabe que vai ser convocado, Gabriel — Eu disse e rimos.

— Eu estava morrendo de saudades — Se aproximou me puxando para um abraço.

— Eu também — Suspirei aliviada em seu peito.

Três semanas, três semanas e parecia que eu não o via a meses, quem sabe até anos. Gabriel era minha droga, eu necessitava dele o tempo todo e tê-lo longe de mim é algo horrível. Eu sinto a falta dele de uma forma absurda. Ele desfez o abraço e selou nossos lábios em um beijo calmo e carinhoso. Levei minhas mãos a sua nuca e ele apertava forte minha cintura. O ar se fez necessário, então encerramos o beijo.

— Eu amo você — Ele me abraçou forte novamente.

— Eu te amo, Gabriel — Eu disse — E não importa o que aconteça, eu sempre vou estar contigo. Não se sinta mal pelo o que dizem. A culpa não foi sua, foi do burro do Dunga. Você sabe. Vocês todos sabem. E o Peru passou de uma forma injusta. Não vão chegar longe assim. Levanta a cabeça e olha pra frente, amanhã tem a convocação do Micale e eu tenho certeza que seu nome vai estar lá. Você vai se sentir renovado e ir com tudo pra trazer a medalha pro nosso país — Eu disse. Mesmo que ele não tenha dito, sabia que precisava ouvir aquilo.

— Quando é que você vai deixar de ser meu ponto de paz? Quando vai parar de me passar tanta tranquilidade? É tão bom chegar em casa e ter você aqui, me apoiando sempre. É tão bom te ter me consolando. Eu quero isso pra sempre — Ele desfaz o abraço e me olha sorrindo, enquanto acaricia meu rosto.

— Eu sempre vou estar aqui, Gabriel. Sempre — Eu disse sorrindo.

— Obrigado por isso, Clarissa. Não sei o que seria de mim sem você — Ele disse e riu fraco.

— O mesmo que eu sem você. Nada?! — Eu disse e ri. Ele assentiu sorrindo.

Segurei seu rosto e lhe dei um selinho longo. A saudade era grande.

— Você chegou tem muito tempo? — Perguntei me levantando.

— Tem alguns minutos. Não queria ir pra casa escutar as cobranças do meu pai e do Wagner — Ele disse.

— Eu acho que eles não te cobrariam nada, amor. Mas fiquei feliz que veio. Eu estava com saudades — Eu disse sorrindo. Ele sorriu de volta.

— Eu também, minha princesa. Eu também — Ele disse me abraçando forte — Ah, eu trouxe uma coisa pra você.

— O que? — Eu perguntei curiosa.

Ele sorriu pra mim e foi até o quarto. Em segundos, voltou com duas camisas amarelas nas mãos.

— Eu fiquei na duvida em qual trazer, então trouxe as duas — Ele diz e ri fraco — Pra você.

Ele esticou as duas camisas e eu prontamente as peguei. Deixei uma em meu ombro – que tinha um cheiro muito bom – e a outra em minha mão eu a abri.

— Mentira?! — Eu arregalei os olhos sorrindo.

— Foi a camisa que ele usou no jogo contra o Haiti — Gabriel disse sorrindo.

— Tem o suor do Renato Augusto aqui? — Perguntei apontando pra camisa, com o nome e número do jogador atrás.

— Tem! — Gabriel comentou e riu alto — Que nojo, amor.

— Nojo nada. Eu não vou lavar não — Eu disse e mais uma vez ele riu.

Joguei a do Renato Augusto em meu ombro e estiquei a outra, soltando um gritinho abafado.

— Então a camisa com o cheiro maravilhoso é do Philippe Coutinho. Não acredito — Eu disse sorrindo largo.

— Foi contra o Haiti também — Gabriel disse e riu fraco.

— Tem o perfume dele — Eu disse e cheirei a camisa. Gabriel revirou os olhos — Desculpa, amor. Mas o cheiro é muito bom.

— Vou comprar um perfume desse então, ai eu quero ver — Ele disse me fazendo rir.

— Eu prefiro o seu — Mandei um beijo no ar pra ele — Muito obrigada, Bi. Eu amei muito.

— Eu sabia que você iria gostar — Ele disse sorrindo.

— Você é o melhor namorado do mundo — Fui até ele e lhe dei alguns sslinhos.

— Eu sei — Ele disse sorrindo e eu ri negando com a cabeça.

Guardei na minha gaveta no quarto e logo depois voltei pra sala. Eu estava feliz. Gabriel estava sentado no sofá e assistia um programa esportivo, que falava sobre a eliminação da seleção brasileira da Copa América Centenário. Suspirei e me aproximei.

— Amor, o que acha se a gente encomendasse uma pizza e assistisse um filme? — Perguntei me aproximando e sentando em seu colo.

— O que acha se a gente encomendasse um filho?! — Ele diz e beija minha nuca. Eu gargalhei.

— Além de pervertido é maluco — Eu disse e ele fez cara de ofendido.

— Tudo bem então. Eu peço a pizza — Ele disse selando nossos lábios rapidamente.

— Tá. Eu escolho um filme então — Eu disse e ele assentiu, nisso, me levantei.