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História Loba - Para Que Reze a Missa


Escrita por: AmsA

Notas do Autor


Corri feito louca só pra poder postar hoje, então espero que vocês gostem bastante do capitulo.
Boa leitura.

Capítulo 3 - Para Que Reze a Missa


  Louis Riquelme estava irritado, a maior parte de suas pesquisas havia ficado em seu castelo, seus ingredientes, suas fórmulas, pensou ter trago o necessário, mas após uma rápida avaliação notou que deixara para trás seus principais artefatos.

  Seria fácil para ele mandar que um de seus empregados viajasse até o outro castelo, porém o fidalgo mantinha suas pesquisas trancafiadas em sua torre, e ninguém entrava lá, aquela era sua ordem suprema, sendo assim, ele mesmo teria que ir, mas não faria tal tarefa sozinho, Louis conhecia os riscos de viajar só por aquelas terras, e com as obras em andamento e seus homens todos ocupados teria de esperar, mesmo que isto fizesse seu sangue ferver.

 

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  Amelia de Riquelme se juntou a Juan Henri e Padre Michael na distribuição de comida aos mais desafortunados, ela mesma havia ordenado o separo de comida a eles, e fizera questão de estar presente na entrega dos alimentos.

  A jovem senhora andava triste, as palavras de Aimé andavam martelando em sua cabeça, sempre pensava na felicidade do esposo e não na sua, fora criada assim, para se portar como uma dama e sempre obedecer a o homem da casa, mas a verdade era que seu casamento não vinha sendo como ela imaginava, antes de se casarem Louis fora um homem atencioso, sempre cortejando-a, a levando para passeios, o belo fidalgo fizera de tudo para encanta-la, tanto que Amelia poderia jurar que ele lhe tinha amor, nos anos que a cortejará Louis nem mesmo demonstrou algum interesse pela fortuna da jovem, era amor o que dizia sentir, porém após os primeiros meses de casados tudo mudou, o senhor de Volois a deixará de lado, em sua vida apenas tinha espaço para sua alquimia, Amelia então se perguntava aonde fora parar o jovem atencioso, se culpava pela mudança, pensava não ser uma boa esposa a ele, até que em uma noite após ter pertencido ao esposo, resolveu lhe cobrar um pouco de atenção, viu então pela primeira vez a verdadeira face do marido “-Entenda uma coisa Amelia, se desposei-te foi apenas por ser bela e herdeira de uma boa fortuna, de ti desejo apenas os prazeres da carne, tal como é de meu desejo que me deste um herdeiro, enquanto for bela te manterei a meu dispor, no entanto se tornar a me cobrar algo ou questionar-me, nem mesmo seus belos atributos lhe salvaram de minha ira.”

  Depois desta noite Amelia não procurou mais estar na companhia do marido, preencheu seu tempo com suas orações e caridades para o povo, mas agora as palavras de Aimé haviam se instalado em sua mente e Amelia desejava ter também sua própria felicidade, ela desejava o amor.

 

  -Parece que o tempo está esfriando. -disse Juan ao se aproximar da jovem senhora tirando o cachecol de seu pescoço e o estendendo a ela. -Pegue minha senhora, te manterá aquecida.

 

   Juan tornou a afastar se concentrando em sua tarefa de distribuir os alimentos, Amelia ficou ao observar, o administrador era um homem forte, bonito, tinha ombros largos e sempre mantinha um belo sorriso no rosto, sempre cortês e educado, não duvidava que na certa teria várias donzelas atrás de si, no entanto ele se casará com Aimé, quem parecia ser totalmente seu oposto.

  Amelia se viu então a pensar no quanto seria bom ter um homem como Juan a seu lado, alguém que se preocupava se estava bem agasalhada, querido por todos e gentil com os menos afortunados, certamente ele deveria saber como deixar uma mulher satisfeita.

  Embolada em tais pensamentos adúlteros com o administrador não notou o quanto suspirava alto, não até Juan se aproximar dela.

 

  -Virei sozinho nos próximos dias, o frio se aproxima e não desejo que minha senhora adoeça.

  -Não! -gritou ela, pigarreando a modo de controlar a voz antes de continuar. -Eu quero estar aqui, quero ajudar minha gente, Louis não me diz nada sobre as obras, aliás, não diz absolutamente nada. -completou amargurada. -Me preocupo com essa gente, vindo ao menos me intero das coisas.

  

  Juan entregou uma pequena cesta de alimentos a uma velha senhora, em seguida ofereceu seu braço para que Amelia o acompanhasse a um local isolado, onde os pobres olhos flagelados não os visem.

 

  -Se tu se importa tanto com essas pessoas, faça algo por elas, Louis mantém a maior parte da mão de obra trabalhando em seu castelo, o inverno se aproxima e se nada for feito a grande maioria desse povo morrerá.

  -Mas... a maioria são velhos e crianças.

 

  Amelia estava indignada, seus olhos marejaram ao imaginar o que poderia acontecer.

 

  -São os mais fracos, serão os primeiros a morrer.

 

  Tomada por um impulso Amelia se jogou naqueles braços fortes em busca de consolo, em sua cabeça a imagem da devastação que aquele inverno traria se formava, pequenas lágrimas lhe tomaram.

  Juan correspondeu ternamente ao abraço, entendia os sentimentos dela, ele mesmo se sentia impotente ao pensar no número de mortes que teriam, voltando a razão o administrador vasculhou por sobre os ombros dela para ter certeza que ninguém os veria, tornou a consolá-la, mas ter aquele corpo quente contra o seu fez aflorar algo que a muito não sentia, desde que se casará com Aimé não tivera nenhum prazer daquele tipo, suas práticas solitárias era tudo que tinha para se aliviar, ao se dar conta do que pensava, e de que logo não conseguiria conter tal perturbação se afastou.

 

  -Deve se recompor minha senhora, não pode se deixar desanimar, tiraria a fé do povo em uma melhora. -Juan lhe estendeu um pequeno lenço. -Se quer mesmo ajudar, mude as ordens de seu esposo para que o empreiteiro priorize as vilas.

 

  Amelia chegou a tremer, só de pensar em pensar tal possibilidade.

 

  -Não posso fazer isso, minha palavra de nada vale, Louis não tem por mim o menor apreço, a ele o mundo é sua alquimia, se fizer isto estarei tripudiando minha própria vida.

 

  O ódio refletido nos olhos de Juan chegou a ser palpável naquele momento, tanto que Amelia não pode deixar de perguntar.

  -Você o odeia não? -o administrador tentou negar, mas era tão nítido seu desagrado que apenas concordou. -Eu também o odeio. -admitiu a jovem num sussurro quase inaudível. -Vamos voltar para junto do povo.

  -Senhora. -chamou ele quando se puseram a andar. -Caso eu pense em algo que possa ajudar toda essa gente, tu ajudaria a entreter nosso senhor? Claro que de um modo que não lhe ofereça risco algum.

 

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  Louis Riquelme estava concentrado em sua leitura, a alguns dias receberá de Paris uma pequena encomenda com os livros mais atuais sobre o avanço na alquimia, ele então aproveitou a calmaria dos dias que se seguiram a tempestade junto a sua falta de equipamentos para se atualizar, estava fascinado com o novo volume de ” T.D. Mont Hale” , certamente o autor era alguém muito entendido nos conhecimentos sobre a equivalência e cura, aquele alquimista poderia ser a chave que Louis tanto procurava, sua própria pesquisa poderia se moldar a dele e talvez ambas pudessem se complementar, vasculhou então o livro atrás de algum contato, sorriu por dentro ao ver que o autor deixará marcado locais de festividades por onde passaria naquele ano, para sua sorte um deles aconteceria não tão longe de suas terras, escreveria uma carta lhe fazendo um convite, mandaria um de seus homens entregar em mãos, procurou por uma pena em seguida a mergulhou no tinteiro, estava compenetrado nas palavras que usaria quando a porta de seu escritório improvisado foi aberta com estrondo.

 

  -Eu estou gravida.

 

  Amelia já se preparava para a explosão do marido, mas esta não veio, Louis mirava a folha ainda concentrado, ela aguardou, mas ao que parecia ele não lhe escutará, respirou fundo reunindo toda a coragem que tinha, puxou a cadeira frente a ele  organizando seus pensamentos novamente antes de sentar.

 

  -Eu falei contigo, meu marido! disse que estou a esperar um filho teu.

  -Eu ouvi da primeira vez, se era só isto, boa noite. -ele encerrou a conversa sem ao menos tirar seus olhos do papel.

 

  Amelia respirou fundo, seria possível que nem mesmo um herdeiro lhe despertaria a atenção.

 

  -Não quero perder esta criança.

  -Não a perca então.

 

  Louis tentava se manter concentrado, mas Amelia parecia disposta a despertar sua ira, a jovem notou que o marido escrevia algo, certamente deveria ser importante, mas pouco ligou, devia aproveitar seu surto de coragem e ir até o fim.

  -Vou pedir a Aimé que leve minhas coisas para outro aposento.

 

  O senhor de Volois deixou a pena cair borrando o que já havia sido escrito, a pequena irritação agora ganhava grandes proporções.

 

  -Como disse?

  -Falei hoje com Catarina, a parteira de nossas terras, ela me aconselhou a não ter qualquer tipo de relação, ela acredita que isto poderia acarretar em um aborto por ser nosso primeiro filho, e como lhe disse meu marido, não quero perde-lo. -Amelia disse tudo em um único fôlego, rezando para ter soado firme e convincente como nos ensaios que fizera a pouco.

  -E se eu sentir vontades?

 

  O coração de Amelia batia tão alto que julgou que logo Louis seria capaz de escutá-lo mesmo tento uma mesa entre eles, “Enfrente-o, pense na sua felicidade” uma voz ecoava firme dentro de sua cabeça.

 

  -Vais ter que esperar meu marido, ao menos até que a criança nasça. -a fúria que saia daqueles olhos frios a fazia tremer,  já não havia mais volta tentou então apelar para o lado racional do esposo. -Sempre me curvei a teus desejos meu marido, seus humores, nunca fui contra ti, sempre procurei ser a melhor das esposas, hoje enquanto entregava os alimentos me deparei com crianças enfermas, algumas com deformidades até, não desejo que nosso filho corra o risco de sofrer de algum mal, tu mesmo me disses que devia dar-lhe um herdeiro, e acredito que o bem estar dele seja de vosso interesse.

 

  Louis estava furioso, mas não via o que podia ser feito, um filho fora um dos motivos que o levara a desposá-la, correr o risco de que a criança não seja perfeita era irracional, precisava de um herdeiro.

 

  -Então que seja feita a sua vontade, minha esposa. -sentenciou por fim. -Até porque daqui a um tempo estarás indesejável, e não gostaria de me estressar com seus rompantes de grávida, eu mesmo não lhe mandaria sair de vosso próprio leito, mas, já que partiu de ti não vejo motivos para recusá-la. No entanto, é lógico que tu serás substituída por uma de vossas damas de companhia.

  -Me conformarei com isto meu esposo, tudo para que seu herdeiro esteja bem.

 

  A mulher finalmente deixou o aposento lhe deixando voltar a sua carta.

 

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  Amelia observava a criada trocar os lençóis daquela que seria sua nova cama, a senhora escolherá o quarto mais distante daquele ocupado pelo marido, quase junto ao dos criados, a proximidade aos serviçais seria uma desculpa consistente a Louis, caso lhe pedisse explicações sobre a distância, diria que procurava estar perto de suas serviçais caso necessitasse de algum cuidado, não o aborrecendo assim com as possíveis indisposições de gestante.

  Aliviada por não ter que suportar a presença de seu marido, Amelia mantinha no rosto um leve sorriso de satisfação, sorriso este que não passou despercebido por Aimé, esta terminava de sacudir os lençóis imaginando o que ocorrido para tal alegria, não que realmente quisesse saber, mas caso envolvesse o senhor feudal tal informação poderia ter alguma relevância para si.

 

  -Vejo que minha senhora está feliz. -procurou manter um tom ameno sem demonstrar real interesse.

  -Estou a esperar um filho, não vejo porque não mostrar meu contentamento.

 

  Se o motivo era apenas a gestação Aimé não via motivos para prosseguir com aquela conversa, tratou de se apressar na arrumação.

  Amelia estava curiosa sobre a criada, nunca antes havia prestado devida atenção a outra, notara a beleza singular, assim como os bons modos, mas de fato nunca realmente a vira, Aimé tinha um aspecto selvagem, mesmo diante sua boa postura, as mãos pareciam ser firmes pelo trabalho duro e o olhar frio, rijo, se viu a imaginar como ficariam quando banhados pela paixão, se pegou fantasiando em como Aimé se portaria na cama, a mulher lhe parecia ser imponente demais para se submeter às vontades de outro, mesmo Juan sendo um homem imponente duvidava que ela se dobraria a ele, Amelia desejava um dia ter aquilo que Aimé transbordava em si, ser dominadora tanto quando ela aparentava ser, a senhora sentiu que seu rosto ganhava cor a medida que imaginava como os dois serviçais faziam na cama, no quarto ao lado do seu.

 

  -Terminei, minha senhora.

  -O que… digo, obrigada Aimé. -Amelia deve medo que a outra pudesse ouvir seus pensamentos pervertidos, nunca fora dada a esse tipo de pensamento, por um breve momento se recriminou tendo vergonha de si, mas ao se deparar com o olhar da serviçal se viu perguntando uma de suas curiosidades, antes mesmo de tomar consciência do ato. -Aimé, és amada?

  -Sim, minha senhora.

 

  Amelia se aproximou perto o bastante para que ninguém que passasse por ali ao acaso pudesse as ouvir, viu o olhar confuso da outra sobre tal aproximação nunca feita antes, tratou de prosseguir antes que a coragem se esvaísse.

 

  -Me responda, você é feliz quando se entrega a vosso esposo?

 

  Não havia o que dizer, sua face corava diante o atrevimento de tal pergunta, Aimé nunca se submeteu a tal coisa com o marido, porém não sentia necessidade de a responder, se não fosse sua senhora na certa nada diria, mas a mulher de Louis poderia dizer que lhe faltara com respeito, a mulher então se aproximou inconscientemente deixando suas faces próximas, fitou aqueles olhos de forma tão profunda a procura do que despertara aquela curiosidade, sorrindo por fim antes de responder.

 

  -Juan me faz feliz de muitas formas. -Amelia corou ao se dar conta de toda a proximidade se afastando com um leve olhar de entendimento sobre o que lhe foi dito.

  -Começo a entender o que tu falaste sobre propria felicidade.

 

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Aimé encontrou a porta de seu quarto entreaberta, Juan a esperava sentado à cama, o aposento antes frio, agora era preenchido por um calor aconchegante, que pairava sobre o clima junto ao crepitar da lareira.

  Juan esticou-lhe a mão em um pedido mudo para que se senta-se com ele, pedido este que foi logo atendido, Aimé recostou a cabeça sobre os ombros dele como de costume, permaneceram assim durante um bom tempo, ambos desfrutando da calmaria do momento, o administrador se sentia feliz em ocasiões como aquela, desejará muito a companhia da esposa, era quase palpável a cumplicidade de ambos, chegou a se sentir culpado pelo carinho trocado mais cedo com Amelia, culpado por o desejo momentâneo pela senhora, aquela leve atração em nada se comparava a afeição e cumplicidade que dividia com Aimé, cumplicidade está que o segredo da mulher tornava ainda mais especial.

 

  -Aimé, eu amo você. -Juan não esperava por uma resposta da esposa, nunca esperava, mas em momentos como aquele, que as emoções transbordavam dentro de si o homem não conseguia se conter, mesmo que o silêncio fosse sua única resposta as confissões de amor.

 

  Aimé gostaria de o responder, mas seus sentimentos ficavam tão bem guardados dentro de si por tanto tempo que já não sabia como o retribuir, por isto ao invés de confessar seus sentimentos preferiu mudar de assunto.

 

  -Juan preciso que me ajude com algo.

 

  O homem a olhou preocupado, em todos esses anos Aimé nunca lhe pedira nada, dizia que ele já havia feito muito por ela, mas se chegara ao ponto de precisar de si algo deveria estar errado, no entanto não pode conter a felicidade por ser útil a ela.

 

  -Farei o que você quiser.

 

  Ela lhe sorriu ternamente, a primeira vez em anos, pego pelo ato inesperado a notícia que se seguiu abalou Juan de tal forma que demorou muito até sua consciência a processar.

 

  -Melisa morreu…

 

  O penar era evidente na voz da mulher, Juan não soube o que dizer, em quinze anos nunca chegara a ver Melisa de fato, apenas uma vez a varios anos  quando se juntou aos guardas em uma caçadas esportiva, chegou a ver uma criança brincando próxima ao riacho, feliz junto aos lobos que lhe faziam guarda, ao longe viu também uma silhueta coberta por um manto, julgou ser Melisa, a criança lembrava muito a ela, mas certeza nunca teve, com os guardas por perto tratou logo de se afastar e sugerir que pegassem outra trilha, para o caso de ser mesmo a cunhada Juan os manteria longe. Depois desse dia tornou a voltar ao rio algumas vezes, porém nunca mais as viu. Alguns anos atrás Aimé lhe contara da morte da avó, já muito maltratada pelo tempo, mas Melisa era jovem para morrer com a idade, mais jovem que ele mesmo, não entendia como pudera morrer estando afastada, segura em um lugar como aquele.

  Se entristeceu pela morte, tanto quanto ficou triste por saber as condições as quais ela sobreviveu.

 

  -Quando isto aconteceu?

  -Já faz alguns dias, logo após chegarmos a este castelo…

  -Na noite de lua… você não…

 

  A mulher o calou com um de seus olhares frios o fazendo descartar aquela ideia e respirar aliviado pela confirmação.

 

  -Nunca, shancar o alfa da matilha quem me trouxe a notícia quando estava na forma de loba… esperei o amanhecer para me juntar a Desire, juntas a enterramos ao lado de nossa avó. Foi estranho toda a situação, quis ir imediatamente, mas como prometi a Melisa não deixei que sua filha visse quem eu era naquela forma, passei a noite a seu lado como loba, e só pela manhã quando voltei a ser eu é que fui a ajudar.

  -Eu poderia ter ajudado, porque não me disse nada?

  -Queria pensar no que fazer, além de preferir lhe dar espaço, ainda mais quando a pouco eu estava… daquela forma…

 

  Mesmo que Juan nunca falasse Aimé sabia que muito o incomodava o monstro que carregava dentro de si.

 

  -Aimé eu te amo como es, a muito compreendi a mulher sobe o lobo, gostaria muito que acreditasse em meu amor, assim como eu acredito que tu não és apenas o monstro.  

 

  Juan lhe parecia sempre tão sincero, mas como poderia ele a amar, como não ver apenas o monstro, como ele conseguiria se ela mesma não via isto em si, odiava quem era, odiava suas transformações, odiava a parte animal dentro de si.

 

  -Juan eu não…

  -Vamos esquecer isso. -pediu compreensivo, o administrador tratou de abraça-la, desejava que o conforto de seus braços a acalentasse. -Me diga como foi que Melisa…

  -Ela caiu em uma buraco, as árvores que cairam durante a tempestade deixaram um caminho traiçoeiro até a caverna, Melisa não percebeu até a terra ceder, Desire me falou que ela sofreu por dias até partir…

 

  Novamente não tinha o que dizer, Melisa fora apenas mais uma que morrera durante os dias de chuva.

 

  -E com o que posso ajuda-la?

  -Quando Melisa foi dada como morta, nem ao menos teve direito a uma missa, Melisa iria gostar, Padre Michael sabe sobre ela e concordou em rezar para que sua alma enfim tenha paz, acredito que isto conforte também Desire.

  -Meu deus Aimé, e esta menina, como ficará agora? Devemos trazê-la para morar conosco!

  -Não! - Juan parecia não tê-la entendido, pensou no que diria para que ele compreendesse a real situação. -Juan, Desire não é mais uma criança. Já é uma moça, tem quinze anos e em muito se parece com Melisa, Louis Riquelme na certa a reconheceria, mas além da semelhança Desire não é como os outros, foi criada com os lobos, embora tenha sido educada, a alma dela é tão lupinia quanto a minha em uma lua cheia, ela é um deles, seria morta por Louis ou queimada como bruxa se a trouxéssemos.

  -Não entendo, o que deseja então Aimé?

  -Quero dar a Melisa o direito a uma missa, um descanso a sua alma, mas com o senhor de Volois neste castelo não vejo como conseguiria levar Padre Michael até lá em levantar suspeitas.

  -Então desejas que eu tire nosso senhor daqui, é isto?

  -Sim, por poucos dias, sei que os trabalhadores aproveitaram a ausência dele para trabalhar nas vilas e poderei usar as passagens pelas masmorras sem oferecer perigo ao padre.

  -Mas com qual pretexto o tirarei daqui?

 

  Juan a dias pensava em algo que afastasse Louis, sua intenção era mesmo a restauração das vilas, sabia agora que Amelia o ajudaria caso precisasse, mas até aquele momento não pensara em nada, e receber aquele pedido de Aimé aumentava em muito sua necessidade de um plano.

 

  -Penso em algo meu esposo. -o administrador não pode esconder a admiração pela perspicácia e rapidez da própria mulher. -O inverno logo está ai, Louis as vezes participa de seus treinos com armas, porque não lhe sugere uma caçada para aumentar nossos estoques de comida antes que a neve tome conta de tudo?

  -Uma caçada Aimé… mas isso poderia demorar dias até acontecer… -o plano era bom, mas Juan pensava nos aldeões que não teriam tanto tempo até que se prepare tudo.

  -Mas as armas ficaram no outro castelo, buscá-las seria uma boa desculpa para que Louis Riquelme o acompanhe...   

 


Notas Finais


Gente espero que estejam gostando, não deixem de comentar para que eu saiba a opinião de vocês, criticas construtivas e elogios são sempre bem vindos.

Feliz dia das bruxas.
AMS


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