História Long Fic Jungkook - Paper Hearts - Paranóia

Os dias daquele fim de semana passaram rápido, e logo já era segunda feira novamente, e meu primeiro dia de volta na faculdade. Quando acordei naquela manhã, estava sozinha, olhei o relógio para conferir as horas e fiquei espantada ao descobrir que já eram quase oito horas. Eu tinha dormido mais do que deveria.

Jungkook havia preparado no café da manhã para mim, havia uma rosa branca na bandeja e ele deixará um bilhete pra mim apoiado no copo com suco de laranja.

"Noona...
Você estava dormindo tão bem e eu sai tão cedo que não quis acordá-la. Infelizmente não poderei te levar a faculdade hoje, mas boa sorte no seu primeiro dia. E boa sorte com o emprego! Ligue pra mim quando sair e irei te buscar.
Amor, JK. ❤"

Abri um sorriso e apesar de ter que correr para chegar na faculdade na hora, tomei meu café com calma.

Após sair do apartamento, analisei minhas opções e o tempo que me restava até o início da aula e optei por ir caminhando para a faculdade, que não era tão distante dali. Mas durante o curto percurso me sentia estranha, como se alguém estivesse me seguindo, me observando de longe.

Assim que atravessei os portões da universidade aquela sensação passou. Porém outra chegou aos meus sentidos.

Meus olhos pousaram sob um grupo de garotas que cochichavam e riam em tom de deboche, claramente querendo chamar minha atenção e me lançando olhares de desprezo, que eu apenas ignorava, mesmo que isso me deixasse irritada, eu evitava ficar com cara de emburrada, tentaria não me deixar afetar demais, estava sendo assim em todos os lugares que eu ia.

Eu não conseguia entender... Digo, por que todo aquele ódio gratuito? Eu não fazia nada além de viver minha vida de forma pacífica, sem incomodar ninguém. Não entendia o porque de todos me perseguirem com os olhos por todo lugar, nem os cochichos que soltavam quando me viam entrar. Mas acho que o mundo é assim... Desde sempre o ser humano se vê compelido a ignorar ou desprezar aquilo que é diferente ou que não aceita.

Durante as aulas naquela manhã eu não havia prestado muita atenção nas palavras dos professores. Agora estava sentada próxima à janela, deitei sob minha carteira os braços usados como apoio para a cabeça. Assim que fechei os olhos a sensação de estar sendo observada voltou, quando ia me levantar para olhar pela janela, ela sumiu de repente.

-Acho que está ficando paranóica Valéria...

Disse para mim mesma, nesse instante o sinal que encerrava a aula tocou, e me levantei, precisa ir pra casa e me trocar, Hoseok como prometido havia me indicado um trabalho e hoje eu iria até lá, precisava estar apresentável.

[...]

Respirei fundo em frente ao espelho. Minha maquiagem estava leve, meu cabelo estava liso e solto, minha franja estava presa de lado por um grampo, minha roupa estava do jeito que deveria estar para um primeiro dia de trabalho num consultório: calça jeans preta, uma blusinha de gola alta na cor branca, em minha cama meu casaco cor creme me esperava, eu usava um scarpin preto, a única jóia que eu usava era o colar que Jungkook havia me dado, usava também um óculos de armação levemente retangular. Respirei fundo novamente e tentei me lembrar de que a vaga já era minha e que eu me daria bem. 

- Tudo dará certo. – murmurei para mim e sai do banheiro, peguei o casaco e a bolsa e sai do quarto. 

Sai para o tempo frio daquela tarde em Seul e comecei a caminhar, próximo ao apartamento havia uma cafeteria com cafés e chocolate quente ótimos. Entrei na mesma e aguardei um momento na fila com apenas cinco pessoas. 

- Um Café Mocca para viagem. – pedi e a atendente me encarrou com os olhos semi cerrados por uns intantes, um brilho de reconhecimento passou por seus olhos e então ela sorriu para mim. Um sorriso que eu podia jurar era de orgulho.

Paguei, peguei meu copo e sai novamente para as ruas frias. Observei os dois lados da rua e vi um táxi se aproximando, fiz sinal. 

- Bom dia. – o motorista disse e eu respondi, dando-lhe o endereço logo depois. 

O prédio não era alto, ou grande, ao que parecia, ali cada andar era para uma empresa diferente. A empresa onde eu trabalharia ficava no terceiro andar, peguei o elevador e desci no andar devido. 

- Bom dia. – uma garota de cabelos loiros bem penteados sorriu para mim atrás do balcão polido. – Em que posso ajudá-la? 

- Tenho uma reunião com... – olhei o papel que carregava na mão. – Sr. Sung? 

- Ah, sim. – ela continuou sorrindo, pegou um telefone ao seu lado. – Só um minuto. Sr. Sung? Sim, há alguém esperando pelo senhor. O nome dela? Senhora... 

- Senhorita Valéria Oliveira. – eu disse e ela sorriu. 

- Srta. Oliveira. – ela disse pronunciando meu sobrenome com cautela. – Sim, senhor. – ela desligou e me olhou. – Me acompanhe, por favor. 

Ela me guiou por um longo corredor, suas paredes eram claras e o chão era revestido de azulejos azuis, alguns quadros, fotos e prateleiras com diplomas revestiam a parede. Ao final do corredor havia uma porta de aparência cara – eu não sou boa em reconhecer esse tipo de coisa – e uma plaquinha mostrava que aquela era a sala do meu, provável, futuro chefe. A mulher deu duas batidas na porta e depois a abriu me, dando passagem. 

- Srta. Oliveira. – uma voz rouca disse assim que pisei na sala. Eu olhei para a sua origem, atrás de uma mesa comprida estava um homem alto, magro e que não aparentava ter mais que trinta anos. 

- Apenas Valéria, por favor. – eu disse e sorri, ele sorriu em resposta e levantou-se para me estender a mão. – É um prazer conhecê-lo. 

- Igualmente. – ele respondeu e apontou a cadeira atrás de mim, ele esperou que eu me sentasse para sentar também. – Hoseok não me disse que você era tão bonita. 

- Obrigada. – respondi e olhei o escritório ao redor. Era moderno, mas simples. 

- Sem toda aquela conversa de entrevista de emprego, afinal, já está contratada. – ele disse e eu fiz menção de falar. – Não me entenda mal, Valéria, mas eu conheço Hoseok a anos e confio no julgamento de Hoseok e se ele diz que você é boa, realmente deve ser. 

- Fico agradecida pelo voto de confiança. – eu respondi. 

- Na verdade agradeço que você veio, esse consultório está um caos, preciso mesmo de uma boa assistente, a última só me deu dor de cabeça.

Ele balançou a cabeça em negativo, depois sorriu novamente. Nós dois iamos discutindo sobre as burocracias do consultório e as funções que eu deveria cumprir já que seria assistentpróxima, que era o Psicólogo responsável dali.

- Bom Valéria, é isso, qualquer duvida venha falar comigo.

- Pode deixar, senhor. – eu disse. Ele pegou o telefone na escrivaninha e esperou um momento. 

- Sra. Bong Hee, acompanhe Valéria até a sala dela. – ele disse ao telefone. 

A tal Bong Hee apareceu na porta e sorriu para mim, eu me levantei, apertei novamente a mão do Sr Sung e sai da sala, acompanhando-a por outro corredor no mesmo estilo do primeiro.

- É essa aqui. - Ela parou em frente à terceira porta do corredor, onde uma plaquinha já possuía meu nome. A encarei surpresa. - Pode entrar.

- Obrigada. – eu disse e abri a porta de minha nova sala. 

Entrei na sala e dei uma volta sem sair do lugar, olhando por todo o ambiente de tamanho médio. Ainda não estava totalmente decorado, possuía algumas coisas simples, apenas. A escrivaninha era igual a do Sr. Sung, na cor marrom e num tamanho menor, um computador da última geração ocupava seu lugar próximo à janela, havia uma estante e um armário daqueles do tipo arquivo também. A janela era grande com persianas, mas essas estavam erguidas e deixavam que a sala fosse iluminada apenas pela luz do dia. 

- Gostou? – Sra. Bong perguntou. 

- Gostei, obrigada. Nem esperava ter minha própria sala. - Ri baixo, ela fez o mesmo.

- Bom... Qualquer coisa que precisar, os telefones da recepção e de todos os ramais estão na agenda ao lado do telefone. Com licença. – ela disse e se retirou. 

Sentei em frente ao computador e olhei novamente minha nova sala, era muito bom tudo aquilo.

[...]

Eu acabava de terminava de escrever no prontuário de um paciente quando o telefone na minha mesa tocou e levei um susto por não estar habituada a isso.

- Valéria?

- Sim?

- Tem um rapaz aqui na recepção que diz que precisa falar com você!

Anunciou a moça loira dos cabelos bem penteados, que eu havia descoberto se chamar Ji Soo. A voz dela estava tremula e havia uma emoção que eu não sabia descrever. Mas quem poderia ser?

- Está bem Ji Soo. Irei descer. Obrigado!

Assim que vi aqueles cabelos negros despenteados, aquele enorme sorriso e seus olhos negros tão profundos, abri um enorme sorriso e caminhando rapidamente em direção ao visitante abri os braços, ambos se abraçaram muito forte. Agora eu entendia a voz trêmula e emocionada da moça.

Jungkook rodopiou-me algumas vezes no ar e me pousou no chão, embora fizesse apenas algumas horas que não nos víamos, nos olhavamos como se fizesse anos.

- Oi amor! - os olhos do moreno brilhavam enquanto ele analisava meu rosto por longos momentos.

- O que veio fazer aqui?

Nós caminhamos até minha sala, encontramos a Sra Bong no caminho e ela prontamente se ofereceu para nos trazer um café.

- Como você sabia que eu estava aqui?

Eu estava encostada na mesa de maneira descontraída, Jungkook soprando seu café que Sra Bong havia acabado de nos trazer olhava para mim com um sorriso lateral, o desejo cintilava em seu olhar. Ele usava um jeans preto, uma camisa e uma jaqueta também preta e All Star. Bonito como sempre.

- Hoseok me disse o endereço. Na verdade eu pretendia esperar ate você chegar em casa pra perguntar como foi, mas aí eu não aguentei esperar e perguntei onde você estava e vim correndo. Mas agora...

Jungkook disse de forma pausada, enquanto largava o café inacabado e se levantava lentamente. Veio até mim caminhando como um predador e sorrindo de forma deliberadamente sexy. Segurou minha cintura e me fez sentar sob a madeira da mesa, se colocando perigosamente entre minhas pernas. O encarei surpresa. Os olhos dele estavam sombrios e intensos.

- Desde quando você usa óculos noona!? - perguntou.

- Eu não preciso deles realmente, são apenas lentes falsas. Uso apenas pois gosto de como ficam no meu rosto. - Respondi em voz baixa.

- Isso será um problema...

Ele disse sério, senti minha respiração alterar apenas diante da intensidade de seu olhar. Jungkook inclinou a cabeça e passou a dar beijos suaves ao longo do meu pescoço, começou logo abaixo da orelha e foi descendo os beijos ao longo da minha clavícula.

- Por quê? - Praticamente ofeguei.

- Você tem ideia do quão sexy fica de óculos!? - sussurrou ele em meu ouvido, a voz dele estava rouca e sua respiração tambem estava acelerada, me fazendo estremecer. Soltei um gemido baixo, e Jungkook riu rouco contra o meu ouvido. - Pena que esse é seu local de trabalho, esse é seu primeiro dia, então melhor se comportar...

Senti minhas pernas amolecerem, Jungkook me desceu da mesa, deu um beijo inocente no meu rosto e se afastou sorrindo, enquanto eu estava trêmula e tentava me recompor.

- Que horas você sai? - ele perguntou, havia certo divertimento em sua voz ao me ver tentar recuperar o fôlego.

- Cinco e meia. - Minha voz estava falha devido a suas provocações.

- Eu venho te buscar então. - Ele aproximou-se novamente e beijou meus lábios brevemente, e depois saiu pela porta como se nada houvesse acontecido.

- Essa provocação vai ter volta... - Eu disse pra mim mesma enquanto sorria maliciosa e colocava as mãos dentro dos bolsos da calça, tentando sem sucesso manter meu pensamento fixo na triagem que precisaria fazer.