História Long Imagine - Baekhyun - Metamorfose

Estamos em constante mudança. 

Eu não sou o mesmo desde que nasci, não sou o mesmo Baekhyun do ano passado, nem tão pouco o de ontem. 

Essa mudança é inevitável, e a cada instante damos um passo à frente em uma via de duas mãos, o certo e o errado, cabendo a nós apenas escolher por onde iremos seguir. 

Mas nem sempre minhas escolhas foram corretas. Hoje vejo que em boa parte da minha vida eu regredi, baseado no egoísmo e no fracasso encobertos por um desejo ilusório de glória. 

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Aquilo sempre me trouxe medo; sua imagem onipotente repousada atrás de uma mesa emanava superioridade por todos os cantos daquele escritório luxuoso a qual nunca pertenceria a mim. 

— Deixe me adivinhar... Fracassou novamente e agora veio pedir piedade? — Sorriu sarcástico fortificando sua estatura inabalável. 

Se fosse como antigamente, eu estaria me tremendo diante dele, temendo algum de seus castigos, porém tudo havia mudado. Sentia que aquela distância que existia inicialmente entre nós havia sido reduzida, e agora olhávamos um para o outro na mesma altura, nenhum centímetro a mais ou a menos. 

Sabia que meu pai continuava a pensar que as coisas ainda eram como antes, e por isso eu estava ali, disposto a lhe mostrar seu equívoco. 

Retirei calmamente uma quantia de dinheiro estimulada em trezentos mil wons que havia conseguido arrecadar em um mês trabalhando no café, sem contar com os outros bicos que apareceram. Aquele dinheiro representava meus esforços, a minha mudança, e principalmente, a minha primeira vitória. 

— Não. — Foi tudo que consegui pronunciar vendo sua surpresa e posteriormente sua indignação. Ele não era um homem que aceitava a derrota tão facilmente e eu sabia disso. 

— Foi tudo que conseguiu? — Disse com desprezo. — Sabe que isso não é o suficiente... Aquela casa vale muito. 

— Quanto? 

— Seis milhões, acha que consegue? — Estreitou os olhos astuto esperando minha reação. 

Aquilo com certeza era um teste, ele queria que eu voltasse atrás e desistisse de tudo pelo fato de que a quantia era bastante alta e demoraria muito tempo para conseguir arrecada-la no ritmo em que eu estava. 

Suspirei profundamente olhando dentro de seus olhos, os olhos a qual antes me causavam pavor, e agora uma obstinação. 

Eu já tinha minha decisão, e nada iria mudar. 

— Não me trate como uma criança, pois eu não sou mais uma. Quero que veja isso e compreenda que não é uma brincadeira para mim. Eu me tornei um homem, não um qualquer, tenho autonomia e irei consegui essa quantia, quem sabe mais... Nada que o senhor me impor irá mudar isso. E caso ainda possua dúvidas sobre o que eu falo, apenas me diga o que terei que fazer, pois eu não vou medir meus esforços para convencê-lo. 

~~~ 

As coisas agora tomavam seus lugares normalmente, sentia que o pensamento do meu pai mudou pelo mesmo um pouco em relação a mim depois de nossa última conversa. Também havia convidado Chanyeol para morar comigo e assim o dinheiro que ganhávamos servia para nossa subsistência e o pagamento da casa. Estimulávamos que em menos de dois anos conseguiríamos aquilo. 

Porém, mesmo com todas aquelas vitórias, eu me sentia sozinho. 

O frio havia ido embora, mas as sequelas deixadas por ele me atormentavam cada vez mais.  

Em nenhum momento ela saia da minha cabeça. Queria vê-la novamente, sentir seu corpo e seu cheiro. A cada dia tudo era intensificado. 

Eu já não aguentava mais. 

Não a via a mais de um mês, e as notícias que Minseok me trazia se tornavam cada vez mais escarças. 

Sentia medo de que nunca mais a encontraria, e conforme os dias iam se passando, minhas incertezas sobre sua vinda cresciam de uma forma inimaginável. 

 
~~~ 

As aulas já haviam começado e nada dela... 

(s/n) realmente não iria mais volta, e meu coração estava inconsolável. Eu já não conseguia mais pensar direito. 

Me vi novamente desesperado ao ponto de ir atrás de Jihee que parecia estar tão triste quanto eu. 

E como esperado ela brigou comigo, disse o que eu já sabia, que a culpa de tudo aquilo era minha, e o quão me odiava desde o começo. 

Eu realmente era um idiota. 

Mas o que me surpreendeu foram suas lágrimas que vieram juntamente com aquelas palavras... 

“Eu não entendo porque ela ainda te ama”. 

~~~ 

Lá estava ela novamente com o sorriso a qual eu havia me apaixonado. 

Tão diferente, era como se fosse a primeira vez que a via, e eu parecia um idiota espantado com sua beleza e superioridade. 

O leão estava em minha frente e agora eu era o ratinho. 

Quando enfim seus olhos se encontraram com os meus percebi que ela já não era mais a mesma pessoa, não como a que eu conhecia há tempos atrás, (s/n) me parecia mais forte como nunca esteve antes. 

O que eu estava sentindo? 

Era algo inexplicável, meu coração doía em meu peito, que era esmagado pela velocidade em que o outro batia. 

Eu queria ir até ela, beija-la e prendê-la a mim para que nunca mais se distanciasse, queria chorar por vê-la novamente, escutar sua voz e sentir sua respiração quente em minha pele, as caricias de seus dedos em meu peito... 

Eu queria ama-la como nunca amei antes, mostrar-lhe que o quão importante ela era para mim, e que eu havia mudado. 

Assim como ela. 

Mas eu não fiz aquilo, meu corpo estava imóvel e nenhum dedo si quer ousava se mover, pois a fera continuava a me olhar, com os seus olhos penetrantes que chegavam a minha alma em um milésimo de segundos. 

~~~ 

— O que você irá fazer? — Chanyeol me olhava sério enquanto preparava o pedido dos clientes a qual atendia. 

Eu ainda me encontrava extasiado com o que vi pela manhã.  (s/n) estava de volta e isso não saia de minha cabeça. 

— Eu não sei, só quero vê-la e dizer tudo o que eu sinto. — Disse debruçado sobre o balcão imerso em pensamentos. 

Não adiantava, para qualquer canto que eu olhava minha atenção era tomada, e novamente minha mente me levava a sua imagem. 

— Vá atrás dela. — Me surpreendi quando a voz grave e melodiosa do senhor Kwon chegou aos meus ouvidos, rapidamente me endireitei enquanto Chanyeol sorria de minhas ações. 

— M-mas. — Tentei contraria-lo, afinal estava no meu expediente de trabalho e não podia simplesmente abandonar tudo. 

— Ora criança! Não espere que a felicidade venha até você, vá atrás dela e faça a sua amada feliz. — Foi uma surpresa escutar aquilo, e logo minha atenção foi tomada por Chanyeol. 

— Vá logo! Eu posso cuidar de tudo por aqui. — Deu de ombros sorrindo. 

Naquele momento eu quis chorar, por ainda ter pessoas que me apoiassem, mesmo sabendo de tudo que eu já fiz. 

Não esperei nenhum momento si quer. Me dirigi até a porta, e ao sair daquele lugar, corri como nunca havia corrido antes. 

A cada rua, meu folego diminuía, mas eu continuava indo em direção a sua casa. 

O vento frio da noite tocava a minha pele, mas meu corpo continuava quente, pestes a queimar juntamente ao misto de emoções que invadia a minha mente. 

Mas tudo aquilo foi embora rapidamente quando senti algo bater contra meu corpo me tirando o raciocínio. 

Minha visão estava turva enquanto um gosto metálico atingia meu paladar. Estava deitado com o rosto sobre o asfalto enquanto uma freada brusca seguida de um zumbido agonizante atingia meus ouvidos. Estiquei minha mão para frente tentando seguir meu caminho. 

Eu precisava chegar à casa dela, mas não conseguiria. 

Meus olhos se enchiam de lágrimas, mas eu não conseguia senti-las escorrer pela minha pele. 

Lá estava eu, sozinho, agonizando entre a vida e a morte. 

Minhas forças acabaram e já com os olhos fechados em meio a escuridão, eu pude vê-la. 

Ela estava linda. 

Perfeitamente linda, assim como um anjo. 

Ela sorria e dizia o quanto me amava. 

E aquele foi o meu fim, algo digno de alguém tão falho.