1. Spirit Fanfics >
  2. Long Live The Queen >
  3. Quando Éramos Livres

História Long Live The Queen - Quando Éramos Livres


Escrita por: Queen_Chase e MaryMorgenstern

Notas do Autor


Hey loves, hoje o capítulo vai ser um pouquinho diferente 💕 aproveitem esse flashback, o qual a Addy tem 13 aninhos (minha idade, a propósito) outros estão por vir 💕

Capítulo 3 - Quando Éramos Livres


Capítulo 2 – Quando éramos livres

 

A luz do sol atrapalhava meu sono de beleza.

Eram seis da manhã e, como de costume, Helena já estava abrindo a minha cortina. Não era como se uma princesa pudesse dormir até tarde, afinal. Ao me ver acordada, se aproximou e acariciou meu cabelo.

- Bom dia, minha princesinha. Hora de levantar! – Abri os olhos, irritada ao ouvir o apelido. Helena podia até não lembrar muito bem, mas eu já tinha treze anos a alguns meses.

Afastei o enorme cobertor de cima de mim, e logo me pus de pé.

- Será que hoje poso cancelar meus compromissos e dedicar meu dia inteiramente a arte de dormir?

Helena sorriu. Seu sorriso era mais ofuscante que a luz que entrava pela janela.

- Acho que não, vossa soberania – Ela brincou – A senhorita está condenada a praticar aulas de etiqueta durante todas as manhãs pelos próximos três anos, alteza.

- Seria mais fácil cumprir pena de morte. 

Arrependi-me no mesmo instante em que as palavras saíram da minha boca. Helena lançou-me um daqueles olhares que arrepiavam cada fio de cabelo meu, que só significavam uma coisa.

- Não repita essa frase, na frente de ninguém. Nunca.

Desviei o olhar e andei até o banheiro, onde meu banho já havia sido preparado.

 Ela era quase uma mãe para mim, minha única figura materna. Todos os anos após a morte da minha mãe, ela simplesmente estava ali. Tinha profundos olhos castanhos, cabelos negros e a pele mais branca que a neve. Se observando bem de perto, dava para notar algumas mechas grisalhas no meio das escuras. Helena era acima de tudo, minha amiga. A pessoa que sempre cuidaria de mim.

Entrei na banheira quente e mergulhei minha cabeça na água.

Helena escolheu um vestido próprio para a ocasião. Cor de rosa, a cor preferida de minha mãe. Era delicado, porém neutro. Minha tutora exigia que todas as damas da corte aprendessem a ser discretas. Para resumir, a aula era um tédio total.

Que ser racional precisaria de aulas de para aprender a comer?

Aparentemente, eu.

Caminhei pelos enormes corredores do palácio, até chegar ao salão principal, onde me esperavam algumas nobres garotas, filhas da elite de Ceaseris, que moravam no castelo.

Bati na porta antes de entrar. Uma criada abriu, logo fazendo uma reverencia. Eu odiava reverencias, tão desnecessárias. Apenas sorri e inclinei a cabeça, ciente de todos os olhares que tentavam encontrar falhas no meu comportamento.

- Bom dia. – Disse por fim, ainda sorrindo. As meninas se levantaram e fizeram mais reverencias.

A maioria estava ali para representar suas famílias diante de mim, e até que faziam um bom trabalho. Sorriam, acenavam, me reverenciavam, e até conversavam entre si, mas eu, sendo a princesa herdeira, era intimidante demais para ter amigos. Sentir-me sozinha era a pior parte.

- Está atrasada. Alteza. – Catharina Duval, minha tutora, falou, seca.

- Perdoe-me, Lady Duval.

Minhas outras tutoras me amavam. Todas eram sorridentes, simpáticas, sempre dispostas a me ensinar o que quer que eu peça. Eu era sempre a aluna preferida, previsivelmente. Mas Lady Duval, por mais exemplar que eu fosse, insistia em me julgar mesmo quando não necessário.

De repente, a porta abriu.

Uma pequena garotinha de oito anos, ruiva, cheia de sardas no rosto, entrou saltitando pelo salão, começando seu primeiro dia de tortura, quer dizer, aula de etiqueta.

Lady Duval observou-a, com um ar de reprovação.

         - Amma! Volte aqui! – Pelos cabelos também acobreados, supus ser a mãe da garotinha. Lady Thompson, reconheci, adentrou o salão, atrás de Amma.

         A garotinha veio em correndo em minha direção.

         - Ela é uma princesa de verdade, tia?

         Lady Thompson fez uma breve reverencia ao chegar, ao mesmo tempo, Amma tentou imitar o gesto, sem muito sucesso.

         - Sim, querida, já falamos sobre isso.

         - E por que também não posso ser uma? – Amma perguntou, sem tirar os olhos de minha tiara.

         - Já falamos sobre isso também. Agora se sente, está nos envergonhando.

         As outras meninas observavam a garotinha com um ar misto de reprovação e admiração. Seus olhares entregavam as conclusões sobre Amma. Mal conheciam a criança e já julgavam seu comportamento.

         - Posso ficar com sua tiara?

         Sem saber o que fazer, apenas sorri e assenti, eu tinha muitas tiaras, uma não faria falta. Além disso, não seria educado da minha parte recusar. Mas antes que eu pudesse entregar minha tiara á ela, sua mãe arrastou-a para o outro lado do salão.

         Lady Duval pigarreou.

         - Bom, acho que estamos todas prontas para começar, não é mesmo?

         O resto da aula custou para passar. Era impressionante como as garotas se interessavam pela aula, elas eram aplicadas, possuíam postura impecável e os movimentos discretos e calculados.

Para mim, aprender a se sentar era tão entediante quanto se parecia.

         - Hm, alteza, não se cruza as pernas dessa forma. – Arilla Motahnge comentou. Descruzei as pernas, rapidamente.

         - Ah, obrigada.

         Eu não estava com a mínima vontade de prestar atenção ás explicações de Lady Duval. Era impressionante como o tempo demorava a passar quando você mais queria que ele passasse. Meu desejo era que aquela aula acabasse e que eu pudesse enfim tomar meu café da manhã.

         Não deixei de notar que Ara não estava ali. Ela sempre arrumava desculpas para não ir á aula de etiqueta, estava até curiosa para saber o que ela havia dito a sua mãe, para convencer Lady Ciarelli era quase tão difícil quanto suportar três horas de aula de etiqueta. Lady Duval a odiava quase tanto quanto a mim. Apesar de que, diferentemente de mim, o sentimento entre Aramina e Lady Duval era mútuo. Eu só não via o porquê de odiar alguém que não havia feito nada de mal para mim. Na verdade, sem as entediantes aulas de boas maneiras de Catarina Duval eu estaria totalmente perdida. Eu era péssima nisso.

         - Você concorda com essa atitude, alteza? – Lady Duval perguntou.

         Não tinha a mínima ideia do que responder ou com o que eu deveria concordar ou não, por isso simplesmente assenti. Por sorte, a resposta era correta. Lady Duval apenas assentiu

         - Bom, creio que nossa aula esteja chegando ao fim. Esta foi uma adorável manhã, garotas. Até semana que vem.

         Ela levantou, com um sorriso ensaiado, e retirou-se da sala.

         Levantei-me logo em seguida e, sem me preocupar com as outras garotas, que estavam conversando calmamente, saí discretamente.

         Entrei em uma porta que dava para a cozinha. Minha intenção era passar despercebida, mas assaltar a geladeira com uma coroa na cabeça era um pouco difícil.

         - Aqui estão seus morangos, alteza. – Margarida, uma das criadas da cozinha, me entregou a cesta cheia de morangos que eu havia pedido á Helena mais cedo. Eles eram bem vermelhos, frescos, e exalavam um cheiro maravilhoso.

         - Obrigada, margarida.

         Ela fez uma pequena reverência e se retirou. Céus, como isso me irritava, nem uma pessoa se quer se despedia de mim sem antes se curvar.

         Resolvi fugir para o meu lugar favorito no castelo.

         Já estava atrasada, então corri o mais rápido que consegui com aquele vestido enorme e o peso do meu espartilho. Aramina me esperava no terraço, sentada em cima de uma toalha, lendo seu livro favorito pela terceira vez.

         Eu adorava aquele lugar, desde criança. Tinham flores por toda parte, como um jardim no andar de cima. Ara e eu frequentemente fugíamos para lá, durante os intervalos entre as aulas.

         - Até que enfim! Meus morangos chegaram! – Ela disse, com o mesmo sorriso irônico de sempre.

         Comer morangos na manhã segunda-feira era uma antiga tradição que tínhamos, assim como as blueberries sexta-feira anoite, quando eu fugia do meu quarto para olhar as estrelas.

         - Bom saber que sentiu minha falta durante minha pequena visitinha ao inferno.

         Nós duas rimos.

         Eu nunca falaria algo como aquilo em público, brincar com coisas sérias assim sempre acabava mal. Referir-me à aula de Etiqueta com uma palavra dessas poderia até ser considerada pagã. Mas estávamos ali, sozinhas, e eu me dava o luxo de não me preocupar com o que quer que saia da minha boca.

         - A propósito, você não estava lá. O que você inventou desta vez?

         Ara deitou no chão e olhou para as nuvens acima das nossas cabeças.

         - Nada. Mamãe acha que eu fui á aula, e quando descobrir a verdade vai ficar, bem, furiosa.

         - Você sabe que se ela perguntar para mim não vou poder mentir, né?

         - Obvio, a santa Minerva, princesinha de Ceaseris, não tem o direito de mentir.  Não se preocupe, já dei um jeito de enrolá-la por um tempo.

         - Então você não pretende frequentar a aula de etiqueta?

         Ela pensou um pouco.

         - Não. Não mesmo. Eu sei sentar, comer e andar, obrigada.

         - Então quantos tipos de colheres existem em uma mesa de jantar? – Perguntei. Tinha certeza de que ela não saberia responder.

         Ela revirou os olhos.

         Deitei-me ao lado dela, tomando cuidado para não desmanchar minha trança.

         - Queria poder ficar aqui o dia inteiro.

         Ara levantou repentinamente.

         - Então fique.

         Suspirei.

         - Como se fosse tão fácil. Eu tenho deveres a cumprir.

         - Você só tem 13 anos! É muita responsabilidade para assumir, eu sei, você é a herdeira. Mas você também tem uma vida, não é mesmo. É humana e tem direito a um dia de folga.

         Peguei meu quinto morango da cesta.

         - Não no meio da semana.

         Era verdade, mas nem aos finais de semana era possível eu passar um tempo fazendo nada. Sempre tinham malditas festas, convidados, visitas não programadas, e alguns problemas para resolver. Aramina tinha muita sorte. Sua mãe cobrava mais de mim do que dela.

         Olhei em meu pequeno relógio de bolso.

         - Já está na hora de irmos.

         - Não está não. – Ela retrucou, mordendo um morango.

         - Mas a aula de corte e costura deve começar daqui uns quinze minutos. E você também precisa ir, a propósito.

         Ela apenas deitou-se novamente.

         - Ara, não posso faltar em meus compromissos.

         - Pode sim. Já disse que pode, você só não quer acreditar em mim. Tenho experiência no ramo de faltar às aulas escondida, garanto que um dia não fará a mínima diferença. Na verdade, todas essas aulas são total perda de tempo. Para que você vai precisar saber costurar governando o país? Aprendo muito mais com os meus livros.

         Pensei um pouco. Talvez não fizesse muita diferença, afinal era só um dia.

         - Okay, eu fico. – Eu disse, me arrependendo logo em seguida, enquanto Ara dava pulinhos de alegria. – Mas só para deixar claro, sem essas aulas você nem saberia ler.

         - Ótimo, prometo que amanhã não vou faltar em nenhuma dessas aulas desnecessárias e sem graça, não se preocupe. Além do mais, amanhã temos aulas de história e filosofia, as únicas que valem o esforço de levantar da cama.

         - Se um milagre cair sobre nós, você talvez vá.

         Mordisquei mais um morango.

         Aramina se levantou e me puxou.

         - Venha, vou te levar a lugares da sua própria casa que você nem imagina existir. – Ela falou, com um sorriso malicioso.

         - Mas e os morangos?

         - Pode levar eles também.

         Pequei a cesta e corri atrás de Aramina. Por um instante, senti o gosto do que poderia ser chamado de liberdade. Ou talvez fosse só o sabor do morango.


Notas Finais


Eaí? Gostaram? Querem continuação?
Comente aq oq achou sz
(como a fanfic está apenas começando, a audiência está consideravelmente baixa 💔 caso semana que vem não haja cap novo, esse será o provável motivo)
Kisses, queen C.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...