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História Longing - Erwin Smith - Second Page


Escrita por: she_roselyn

Notas do Autor


Olá pessoal!
Bem, trago aqui a continuação do capítulo anterior.

Espero que gostem e boa leitura :3

Capítulo 2 - Second Page











Um mês depois eu quis desistir.


Encarei o quadro em branco pela última vez, suspirando profundamente enquanto passava as mãos pelo cabelo. Mais uma vez nenhuma inspiração veio, ou qualquer que fosse a motivação para eu expressar em um conjunto de cores.


O inverno se aproximava, então eu praticamente era obrigada a sair de casa com algo que me aquecesse. Quando atravessei a porta, imediatamente uma corrente de ar fria passou por mim, fazendo-me estremecer levemente, mas não hesitei em me acolher com a paisagem do extenso campo verde banhado pelos raios de sol. Era o fim de mais um dia.


Eu tinha saído para fora com o objetivo de espairecer. Tenho tido a impressão de que esses últimos dias foram exaustivos e o trabalho à parte que eu realizava parecia consumir boa quantidade das minhas energias, fora que eu também não estava conseguindo fazer uma das únicas coisas em que eu realmente era boa. Em algum momento, me expressar se tornou difícil, e isso afetou todo o resto.


Observei o pôr do sol. Um sentimento estranho me abrangeu, e quando eu menos percebi, minha visão se tornou turva por conta das lágrimas. Aquela sensação angustiante tinha tomado conta do meu peito.


Eu tinha medo de talvez não ver as coisas da mesma forma que antes, minhas ideias se contrariarem e quem sabe, eu estar me iludindo este tempo todo com expectativas criadas por mim. Há a possibilidade de que essa tenha sido a maneira de confortar-me em um período de tantas mudanças.

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Passei para a próxima folha da pequena pilha que tinha em mãos. Eu estava relendo algumas das cartas que tinha recebido há poucos meses e organizando devidamente uma ou outra que se perdeu em meio às datas mais recentes.


Deslizei o papel delicadamente com o meu indicador e polegar, tirando-o de dentro do envelope. O que mais se destacava ali era uma pequena flor que tinha sido enviada juntamente com a carta, imediatamente lembrei de quando esta chegou a mim.





Talvez seja egoísmo meu não estar tão presente nesses últimos tempos e ainda tentar justificar alegando ser por minha obrigação.

Senti a necessidade de enviar-lhe outra carta para dizer que estou bem e saber sobre você também, que é quem vem em meus pensamentos sempre que desperto ou me recosto para descansar um pouco.

Ah, tenho certeza de que já viu, mas enviei uma surpresinha desta vez. Esta é uma das suas favoritas e não queria ficar sem lhe dar nada, já que é impossível nesse momento. Espero que tenha gostado. Não pude evitar de pensar que talvez aqui onde estou não haja apenas desastres.

Estou com saudades. Prometo que logo eu estarei em casa e em seus braços.

Para sempre seu, Erwin.




Acabei sorrindo levemente após terminar de ler. Meus olhos analisaram mais uma vez a caligrafia cuidadosa e suavemente meus dedos tocavam a flor ao lado do papel que eu segurava.


Erwin tinha enviado esta carta há pouco mais de um ano, depois de vir me visitar e logo retornar à base militar. Antes suas cartas eram bem mais frequentes, ainda tenho meus questionamentos sobre essa interrupção tão repentina, mas não faz tanto tempo que cheguei à conclusão sobre isso não adiantar de nada. Eu estava cansada, mas não deixaria de esperar por ele.


Um som ecoou pela sala de estar que eu estava. Alguém tinha batido na porta. Decidi ir ver quem seria àquela hora, já que estava para o sol se pôr, e mesmo que sua ação não tenha se repetido mais nenhuma vez. Talvez tenha ido embora, ou foram as crianças da vizinhança brincando por aqui novamente.


Eu estava mais do que errada.


Assim que abri a porta, imediatamente meus olhos reconheceram a figura ali parada. Ouso dizer que ele parecia tão surpreso quanto eu. Minhas mãos tremeram levemente e aquela onda de nervosismo passou pelo meu corpo, sumindo tão rápido quanto.


– Por que demorou tanto?

Minha voz falhou um pouco. Respirei fundo, por alguns instantes até havia me esquecido de fazê-lo.




– Você sabe como é a estação de trem a essa hora.

Fiz um sinal de negação com a cabeça e vagarosamente me aproximei dele. Meus braços envolveram seu pescoço e ele não hesitou em retribuir. Demorei um pouco mais do que o necessário para soltá-lo, mas Erwin não reclamou em momento algum.

Ele tinha voltado.

Fiquei olhando-o por um tempo, isso também foi feito por parte dele. Seu cabelo tinha crescido um pouco, assim como a barba. Alguns traços em seu rosto mudaram, mas nada que o tornasse muito diferente de antes.




– ...O que aconteceu com o seu braço?

Perguntei sobre o local enfaixado e tentei ser o mais delicada possível ao aproximar minha mão.

Aquele silêncio não me atingiu como pensei que poderia.

Ele ergueu as sobrancelhas enquanto desviava o olhar, institivamente inclinei minha cabeça para encará-lo. Cruzei os braços, esperando por sua resposta.




– É uma longa história...

Acabamos rindo um pouco. Sinalizei para que ele entrasse e fechei a porta antes de adentrarmos ainda mais a residência.

Eu já tinha me acostumado a nos encontrarmos assim depois de algum tempo. Sentia falta dele e me preocupava muito, mas quase sempre não tínhamos muito o que falar assim de imediato, acho que estávamos cansados demais para isso.

Nem sempre conversávamos sobre o que acontecia quando Erwin ficava no quartel nesses intervalos de tempo, no entanto os acontecimentos comentados pelos moradores locais pareceram não ser exagero devido às suas gravidades.

Era reconfortante vê-lo ali. Seus olhos analisavam o cômodo. Erwin mostrava-se exausto e mesmo assim um pequeno sorriso era presente em seus lábios.

Tinha tanta coisa que eu queria ter dito a ele há meses, inúmeras perguntas sobre não ter mais me retornado as mensagens. No entanto, eu não consegui me lembrar disso agora.

– Está tudo exatamente como antes.

Antes da sua partida.

Senti-me uma boba por ter temido tanto que ele também mudasse. Um sentimento de tranquilidade preencheu meu peito enquanto eu o observava vagar pelo local, onde logo sua atenção foi para os papéis que eu lia.

– Você realmente guardou... tudo.

Erwin se inclinou para pegar uma das cartas na mesa.

Eu estava feliz, certo? Uma parte de mim queria realmente acreditar ele estava ali, na minha frente.




– Quando você vai... partir novamente?

Aquele olhar caiu sobre mim mais uma vez. Minha voz preencheu o local e logo trouxe consigo o silêncio anterior.

Erwin sorriu. Compreensível. Os olhos demonstravam sutileza e seu tom de voz soou tão suave quanto, sem deixar de ser autêntico.

Ele disse...

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Sentei rapidamente na cama, imediatamente sentindo a visão turva.


Era outro sonho me perseguindo em período noturno. Eu quis crer que logo isso acabaria e eu poderia descansar com tranquilidade.


Quase que no instante seguinte, senti o outro lado do colchão movimentar.


– Por que está acordada? Aconteceu... alguma coisa?

Sua voz estava tão baixa que se não fosse pelo silêncio da madrugada eu não seria capaz de ouvi-lo. Permaneci de costas para ele.




– ...É só um sonho ruim.

Murmurei. Meus olhos se adequaram à baixa iluminação que atravessava as finas cortinas do quarto. Embora a tranquilidade predominasse toda a residência naquele horário, eu só conseguia pensar no sonho confuso que tive há poucos minutos.

– Você deveria descansar, está muito tarde.

Ele ignorou minha fala e simplesmente levantou para dar a volta na cama e se sentar ao meu lado.

Procurei seu olhar em meio àquela escuridão, não consegui enxergar muito, mas um leve sorriso de sua parte não passou despercebido.




– Você também.

Deixei que minha cabeça encostasse sobre o seu ombro e suspirei. Seu braço me acolheu, e apenas isso foi o suficiente para que tivesse um pouco de conforto.

Eu estava com saudades. Do seu calor, sua voz suave e a daquela calma contagiante que trazia consigo.

– Parece tão cansada quanto eu.




– Não exagere...




– Eu nunca faria isso.

Inconscientemente fiz sinal de negação com a cabeça. Aconcheguei-me um pouco mais no seu abraço.

Aquele silêncio que prevaleceu não era o mesmo que me fazia companhia nas outras noites angustiantes. Era bem-vindo, singelo, e talvez isso fosse influência da minha companhia.

– Faz muito tempo que... tem esses sonhos?

Assenti suavemente. Sua mão acariciava o meu braço vagarosamente. Senti meus olhos pesarem e não hesitei em fechá-los quando um bocejo escapou antes que eu fosse capaz de reprimi-lo.

– Ficarei acordado até que durma de novo.

Virei meu rosto para contestá-lo, mas parecia mais difícil abrir os olhos pela sensação de sonolência que surgia gradativamente.

Tive a sensação imediata de estar deitada, sentindo a coberta envolver meus ombros, mas sua presença não se afastou em momento algum.

– ...Eu não irei embora.

Ele repetiu a mesma fala do dia anterior.

Quando fui capaz de vislumbrar pelo menos um pouco, nossas mãos unidas eram visíveis para mim. O cansaço veio novamente e me remexi um pouco, arrumando uma posição confortável.

Eu não sabia se foram suas palavras ou seu toque, mas naquela noite quando adormeci pude descansar com sossego. Era como se aquela angústia nunca tivesse estado lá.

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A luz revigorante da manhã preenchia o quarto. O calor agradável dos raios de sol atingia suavemente minha pele enquanto eu arrumava as roupas na cômoda, que ficava ao lado da janela.


Virei-me quando ouvi um barulho do outro lado do quarto. Erwin já tinha acordado. Ri levemente quando notei o quão bagunçado estavam seus fios de cabelo loiro.


– Bom dia.

Observei-o sentar na cama e me aproximei, levava em mãos uma de suas blusas que peguei na gaveta.




– Bom dia, querida.

Erwin fechou os olhos por alguns instantes após sussurrar uma resposta.

Um sentimento distinto preencheu meu peito. Havia valido a pena esperar para estar com ele, ter sua presença em nossa casa novamente era um alívio.

Minha mão alcançou seu rosto, ele inclinou levemente a cabeça para apoiá-la em minha palma enquanto eu acariciava suavemente sua bochecha.




– Se sente muito cansado?

Não pude ignorar os vestígios de olheiras que surgiam logo abaixo dos seus olhos.

Ajudei-o que vestisse a blusa e comecei a abotoá-la. Ele pareceu pensar já que seu olhar era vago em algum outro ponto do cômodo.




– Eu não... consigo dormir.

Seu tom possuía considerável incerteza, receio. Assenti com a cabeça para demonstrar que tinha atenção nas suas próximas palavras que me impediram de questioná-lo.

– Eu não consigo esquecer...

A única brecha que tive para lhe perguntar foi quando sua fala se tornou incompleta, como se ele considerasse o que diria em seguida.




– Está tudo bem, você pode me dizer.

Minha mão alcançou seu ombro. A preocupação surgiu subitamente quando sua voz falhou ao responder.




– ...Eu cometi um erro.

A respiração dele se desregulou levemente e ele pareceu se encolher para mais perto de mim, sua cabeça encostou no meu colo.

– E isso custou... uma vida.

O peso daquelas palavras me atingiu abruptamente.

Quanto fardo ele carregava?

Era verdade que Erwin nunca falava detalhadamente o que acontecia na linha de frente em campo de guerra, mas não achei que ele já estivesse exausto a tal ponto.




– Todos nós erramos.

Tentei afastar-me para encará-lo devidamente, mas ele evitou me olhar.

Por que resistia tanto? Eu ansiava em ajudá-lo da forma que fosse possível, enquanto eu ainda podia, quando ele estava aqui comigo.




– Eu acho que já errei muito...




– Não comigo.

Foi o que eu disse imediatamente. Minhas mãos o entornaram e seu braço fez o mesmo com minha cintura.




– Eu te deixei aqui sozinha por dois anos, acredita mesmo que não errei?

Franzi levemente o cenho após sua fala.

Eu sabia que não foi fácil simplesmente vê-lo ir embora várias vezes e retornar tão poucas que eu poderia contar nos dedos.

No entanto... isso já passou, certo? Eu não poderia ficar me lembrando daquela dor insistente que preenchia meu peito com o completo silêncio pela casa e a falta da sua presença. Foi quando estive sozinha de verdade que a tranquilidade do campo me pareceu tortuosa.




– Acredito, você não está aqui comigo?

Meus dedos afundaram lentamente por entre fios de seu cabelo, causando um pouco de cócegas ali.

– Não estou mais sozinha. Você está em casa, Erwin.

Inclinei o corpo para frente e encostei o queixo sobre sua cabeça, tentando de alguma forma tornar aquilo um abraço.

– Não podemos ficar pensando apenas nos nossos erros, não conseguiremos seguir em frente se fizermos isso.

Afinal, o que poderíamos fazer para mudar algo passado? Creio que se remoermos por isso não seremos capazes de perceber o que está à nossa volta e enxergar o dia de amanhã.

É mais uma oportunidade de mudarmos.

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Já era noite.


Eu seguia silenciosamente o caminho pela sala após descer as escadas, meus pés tinham contato com chão frio da casa até que eu chegasse à porta de entrada. Erwin estava na varanda, tinha um cigarro em mãos e tragou por alguns instantes. A fumaça passou suavemente por entre seus lábios.


Fui recebida pela friagem da noite e me encolhi levemente.


Erwin me contou sobre o porquê de ter se residido tão longe por esses anos, o deslocamento repentino de unidades distintas para uma única região, sobre o que aconteceu com Levi e também o bombardeio. Foi inimaginável o que ele sentia naqueles momentos precisos, como se tudo desse errado bem diante dos seus olhos. A culpa lhe parecia proporcionar um receio tão grande quanto.




– ...Perdeu o sono?

Seu olhar finalmente me alcançou e ele apagou o cigarro em um pequeno cinzeiro ao seu lado.

Erwin não fumava há anos e não costumava fazê-lo também. Eu vi isso como um mau sinal, já que ele apenas procurava acender seu isqueiro de bolso quando estava de fato muito abalado.




– Desculpa se te acordei.

Coloquei-me ao seu lado, arrepiei-me novamente com a brisa gélida que passou por nós, meus braços alcançaram o apoio da varanda. Percebi então, seu olhar distante encarava novamente o horizonte banhado na negritude.

Já tínhamos conversado, não vi necessidade de falar alguma coisa. Erwin também parecia cansado, mas suas complicações com o sono se dispersavam com o passar dos dias.

Senti um calor se apossar da minha mão e retribuí seu gesto, entrelacei nossos dedos. Minha cabeça encostou suavemente sobre o seu ombro. Deixei que escapasse um suspiro discreto.

Estava tranquilo, permite-me aproveitar daquele momento. Erwin pareceu querer fazer o mesmo.

A exaustão acumulada nos últimos anos sumiu aos poucos. A incerteza não faria mais parte da minha rotina.

Há quanto tempo eu não sentia uma calmaria incomparável como essa?

Eu não sabia responder. É quando somos abordados por esses sentimentos momentâneos que de fato aprendemos a valorizá-los.












Notas Finais


Erwin... vou te colocar em um potinho.

Ainda não acabou não, viu? Já estou preparando o último capítulo para vocês!

Realmente espero que tenham gostado desta atualização. Peço desculpas por qualquer erro ortográfico.

Tenham uma boa noite :)

Até o próximo capítulo!


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