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Justin Bieber’s point of view.
Segurava firme no volante enquanto dirigia com cuidado pela avenida principal, tentando não fazer nenhuma merda no trânsito ainda estando um pouco chapado e definitivamente, ainda um pouco bêbado. A cidade começava a se erguer aos poucos diante dos meus olhos após eu deixar a rodovia que ligava Los Angeles à praia onde o acampamento estava acontecendo.
Merda, era totalmente injusto eles terem me proibido de ir ao acampamento. Eu mal havia dado dois socos no garoto idiota que quase atropelou a Brooke, mas aquela corja de velhos rabugentos do West High me odeiam desde que eu pisei lá quando era um pirralho.
A luz vermelha do sinal se destacava entre as luzes amareladas dos postes e eu mordi o canto do lábio tentando fixar o beijo que ela havia me dado uma hora atrás. Eu realmente queria lembrar disso quando acordasse pela manhã. Foda-se o que ela me pediu para prometer. Na verdade eu nem acho que em algum momento eu confirmei que prometia. Droga.
Brooke era boa demais para mim, eu provavelmente tinha mais consciência disso do que da maioria das coisas da minha vida. E talvez seja por isso que eu ansiava tanto por seu corpo. Desde a Semester Party eu estava perdendo o controle sobre isso.
Eu pensava que quando eu a beijasse ela se renderia. Não sei se for idiota da minha parte ter pensado que esses anos de ensino médio, que ela passou se esforçando para me ignorar, fossem apenas um teatro. Ela estava até namorando aquele otário.
Quando ela me rejeitou, e saiu daquele quarto limpando a boca na manga do casaco, eu experimentei uma sensação quase que desconhecida, eu definitivamente não estava habituado a não conseguir o que eu quero. Também não lembro de alguma garota que não tenha se entregado ao meu beijo. Claro que Brooke tinha que ser diferente.
Porque caralho ela só me queria quando era uma fedelha esquisita e desajeitada?
Acordei no dia seguinte e minha cabeça latejou assim que abri os olhos. Bufei e tateei as laterais do meu travesseiro, procurando pelo meu iPhone.
— Caralho! — Soltei quando vi o horário. Já eram quase 3 da tarde e eu ainda levaria mais de uma hora até chegar na praia.
Fui até o banheiro e a única coisa que fiz antes de engolir uma aspirina inteira foi escovar os dentes, minha cabeça estava prestes a explodir.
Entrei debaixo do chuveiro e tomei um banho rápido, tinha combinado com os caras de estar na praia ainda de tarde. Vesti qualquer bermuda e uma camiseta branca, arrumei o relógio no meu pulso e calcei um par de coturnos. Peguei meus óculos escuros e a chave do carro, e saí de casa, que como sempre, estava vazia.
Antes de sair de fato da cidade, passei num drive-through, afinal a última vez que tinha comido havia sido no começo da noite anterior, e já se passara quase um dia inteiro.
Dirigi por quase uma hora na rodovia até chegar na pequena entrada que dava acesso para a praia, e estranhei ao ver que não estava deserta, como eu pensava. Diminui a velocidade do carro e quando dei o sinal que ia entrar as duas pessoas que estavam ali ergueram a cabeça para olhar para o meu carro e eu vi quem eram.
Era Brooke, com o seu namorado, e ela estava chorando.
Quando eu a vi a noite passada veio à tona na minha mente, e meu cérebro conseguiu montar uma série de cenas em ordem cronológica.
Primeiro eu estava andando sem rumo quando vi Brooke e o geek que ela namora entrando na barraca, e eu sabia o que eles iriam fazer.
Então eu via as plantas que eu tirava da minha frente querendo chegar o mais rápido possível até onde estavam as minhas coisas e as caixas térmicas. E eu via toda a cerveja e os cigarros de maconha que eu enrolei, e que depois eu fumei.
Eu lembrei de ver meus amigos se divertindo naquela porra daquele lual que eu não podia participar e eu lembrei das pequenas ondas quebrando nos meus pés, na beira do mar.
Lembrei de sentar em uma pedra de frente pro horizonte e ficar pensando que eu queria ter sido menos cuzão. Com as pessoas da escola que eu zoava. Com os meus amigos. Com as garotas que eu ficava e depois descartava. Com a Brooke.
E então ela surgiu do meu lado naquela pedra. Nós conversamos. Ela me beijou. E ela não queria que eu lembrasse disso.
Parei o carro ao lado dos dois e abaixei o vidro.
— O que aconteceu? — Perguntei, curioso pelo motivo do choro da Brooke.
— O que você tá fazendo aqui, Bieber? — O cdf se pronunciou.
— Eu só queria saber se eu posso ajudar, relaxa, Stanley. — Respondi na defensiva.
— Você foi proibido de vir ao acampamento, deveria dar meia volta e sair daqui! Nós já chamamos um táxi de volta para a cidade. — Eu estava cansando desse idiota me respondendo nesse tom de voz enquanto Brooke continuava a chorar do seu lado e eu não sabia o porquê.
— Voltar pra cidade por quê?!
— Não é da sua conta, Bieber, mas que porra. — Ele respondeu se virando e abraçando ela.
— Olha, eu posso ajudar, eu posso dirigir até a cidade mais rápido do que se o Dominic Toretto viesse buscar vocês de táxi, mas eu gostaria muito de uma explicação, caralho! — Eu não queria ser um babaca com a Brooke naquele estado, mas esse cara estava passando dos limites.
— Ele tá certo, Dean, ele poderia nos ajudar. — Brooke disse com a voz embargada.
— Nós já chamamos o táxi, meu bem. — Ele usou um tom bem mais calmo com ela. Filho da puta.
— Dá pra ligar e cancelar. — Cortei-o. — Entrem logo e no caminho vocês contam o que foi que aconteceu, antes que eu desista.
Eles se entreolharam por um instante e eu revirei os olhos. Mas que porra mesmo, eu estava querendo ajudar, cacete.
Brooke olhou pra mim e esboçou uma tentativa de sorriso, mas seja lá o que tivesse acontecido ela estava bastante abalada. Dean hesitou um pouco mas acabou concordando.
— Tudo bem Bieber, mas é bom você dirigir rápido, e não nos matar. — Ele disse e eu não podia ligar menos, mas mordi a língua antes de manda-lo se foder.
Finalmente os dois entraram no carro e eu dei a volta para pegar a rodovia novamente.
O silêncio foi dominante nos primeiros minutos mas eu não me aguentei por muito tempo.
— Agora vocês podem me explicar qual é o problema? — Perguntei, realmente curioso. Ouvi Dean bufar no banco de trás, onde estava abraçado com Brooke, e encarei-o sério pelo retrovisor. Por mim ele tinha ficado no meio daquele mato e eu tinha dado carona só para ela, mas ela não teria vindo comigo desse jeito.
— É a minha avó. — Brooke respondeu baixinho, ela não estava mais chorando, mas ainda estava completamente acanhada.
— O que houve com ela?
— Eu não sei ainda, apenas me ligaram do hospital dizendo que ela havia sido internada com urgência. — Ela disse olhando pela janela. — Eu já havia notado que ela não estava bem, com crises de tosse e andava sempre cansada, mas nem ao menos pedi para ela fazer uma consulta ao médico. — Eu não tinha certeza se ela estava falando comigo ou com Dean, ou então apenas com ela mesma, então apenas fiquei em silêncio.
Percebi que ele a juntou ainda mais de seu corpo e sussurrou algo que tinha a ver com isso não ser culpa dela, mas eu não entendi muito bem. O fato de ter que presenciar a garota que eu desejo com um otário no banco de trás do meu carro estava me deixando irritado então eu apenas foquei na estrada pela meia hora seguinte que demoramos até chegar ao hospital.
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