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História Loser - Bubbline - Eu escuto.


Escrita por: fertalli

Notas do Autor


Meu irmão está na faculdade e eu escrevi um capítulo doido pra vocês. Espero que gostem! Sempre que conseguir, vou tentar! Prometi, não prometi?

Capítulo 9 - Eu escuto.


Fanfic / Fanfiction Loser - Bubbline - Eu escuto.

  De um tempo pra cá eu andei conversando com ela. Sim, eu conversava com ela, porque aos poucos, ela já não conversava mais comigo. Deixei de lado a minha idéia criada antes de que ela era um ser sem sentimentos, frio e calculista. Percebi, com mais facilidade do que desejaria, que simplesmente não prendia a atenção dela.

  Eu não sou interessante, é isso que quero dizer. Posso ser uma pessoa que faz piadinhas, irrita e sorri pra você. Mas existem várias pessoas assim, e muito melhores do que eu. E cá entre nós, é difícil encontrar um ser humano que não goste da Bonnie logo de cara.

  Então é uma questão de... realismo, certo? Digamos que você instale um jogo que já conhecia só para lembrar como se joga. Então, enjoa de novo, mesmo sem perceber. Se você pode instalar um jogo novo ou que você gosta mais, por que não? Mesmo você se sentindo culpado por descartar aquele joguinho que há tempos te divertia, aos poucos você o faz. E joga outros mais legais.

   Eu mesma sou assim, então não posso reclamar. Se eu acho alguém chato, eu paro de falar com essa pessoa. Trato com educação e nada mais que isso. Eu realmente queria ser uma amiga de verdade pra ela, mas... ela já tem amigos de verdade. Amigos que ela conhece faz bem mais tempo, que ela sabe que pode confiar, sabe que eles não vão surtar como eu.

  Fiquei um tempo sem anotar coisas do meu dia-a-dia, mas foi basicamente eu voltando a ser uma colega de classe pra Bonnie. Na verdade, algo pode ser destacado: estávamos na sala, e eu me inclinei para a cadeira de Bonnibel, que fica à direita da minha fileira, logo na frente da garota que fica do meu lado. Ela chegou perto para escutar o que eu queria.

  -Eu e a Fionna inventamos uma brincadeira. O nome é Ativo ou Passivo. Você escolhe duas pessoas do mesmo sexo dessa sala e eu tenho que dizer quem acho que seria o ativo e quem seria o passivo.

  Ela parecia meio confusa, e já previ a pergunta antes mesmo que ela me direcionasse:

  -Mas o que é ativo e passivo?

  -Bom, num relacionamento homossexual, o ativo é o que cumpre o papel “masculino” e passivo o “feminino”. Também tem o versátil, mas tirei pra ficar mais interessante e difícil.

  -Aah, entendi. Nossa, você já imaginou como eles... fazem essas coisas? Tipo... – ela cochichou – sexo e tal... eu acho meio estranho. Mas não tenho preconceito, sabe? Só acho... sei lá.

  -Bom, eu acho bem normal. Você não sabia desse tipo de coisa né?

  -Eu não me interesso por isso. – essa resposta foi desnecessariamente rápida.

  -Sei. Bom, vamos começar. Hm... Sr. Cremoso e... Jake!

  Ela começou a rir meio envergonhada, provavelmente imaginando a cena.

  -Não sei, é... sei lá. O que você acha? – ela estava claramente evitando a resposta.

  -Eu perguntei pra você... – disse, rindo.

  -Ah... acho que o Sr. Cremoso seria o... – ela chegou mais perto tapando metade da boca – o passivo... – então gargalhou baixo e timidamente.

  Não pude evitar de rir também. Continuamos brincando, até que chegou professor na sala e tivemos que parar para... fazer lição. Ah, verdade, a gente estava em uma escola, deve ser por isso. Que pena, já estava imaginando uma happy hour em um festival de Food Truck.

  Tinham alguns momentos em que a separação era inevitável. Na escola, eu digo, porque na hora de sair é meio óbvio. E eu não sigo ela até em casa pra compensar essas horas. E isso se divide em: intervalo e fim de aula.

  Intervalo porque tem umas meninas com quem ela anda junto, e não pode simplesmente deixar elas só pra falar comigo. Na verdade pode, mas não quer e seria sei lá... falta de educação. Vai ver é só uma desculpa pra não falar comigo mesmo. Ou eu estou delirando de novo.

  Eu e minha amiga Phoebe entramos no grupo da Bonnibel para o trabalho de Geografia, e tivemos que ir na casa de uma amiga dela pra fazer. Claro que tinha mais gente. Enfim, tinha uma tal Cake. Ela adorava gatos e ficou o tempo todo agarrando um que tinha na casa da Isabel. Isabel é a garota que nos recebeu. Bom, eu pra ir tive que pegar uma autorização levar pra carimbar na secretaria e entregar pro motorista do ônibus escolar. Então pude ficar com a Isabel e descer no ponto dela.

  Descemos numa rua de terra, então descemos mais ainda a rua acidentada rumo à casa da Isabel. Confesso que nem gosto tanto dessa Isabel. Na verdade é complicado, podemos estar conversando e rindo num segundo e no outro discutindo. Enfim chegamos e a casa não era coisa de rico como o porte da garota parecia indicar. Era algo que relacionei a classe média, no máximo.

  Carro legal, dois gatos, computador razoável, TV legal... mas a casa em si era bem simples. Nós chegamos e fomos almoçar. A mãe da Isabel nos indicou a sopa que estava no fogão, e logo nos servimos. Encheram meu copo de refrigerante. Eu e Laura estávamos semcelular. As outras duas (Isabel e Bonnibel) ficaram usando enquanto comiam. Mesmo assim, Laura conseguiu se enturmar. Minha cadeira era um pouco afastada do resto das outras, então decidi me concentrar em terminar a sopa.

  -Não aguenta mais? – Laura me pergunta, apontando o copo que eu segurava, ainda com bastante refri.

  -Na verdade não... o que eu faço, Isabel? – pergunto meio envergonhada.

  -Pode deixar lá na pia. – ela responde, sem tirar os olhos do celular.

  Me levanto e carrego meu prato assim como o grande copo para a pia e coloco água nos dois para que a sujeira não grude. Eu queria lavar, mas tinha outras coisas sujas e imaginei que seria um pouco vergonhoso eu tentar pagar de super educada na frente das outras. Elas poderiam pensar que eu estava tentando me exibir ou sei lá. Decidi só voltar.

  Isabel pegou um pouco de cookie e trouxe para a mesa. Me ofereceu um, mas recusei. Depois trouxe umas balinhas de gelatina. Recusei de novo. Elas estavam cochichando algo entre si. Encarei o trio com tédio e raiva. Fui interagir com o gato, que na verdade era a gata. Ele deve ser mais legal que essas bobocas.

  Eu estava certa. A felina era dócil e carinhosa, se esfregava em mim e parecia tão carente de atenção quanto eu. Sorri e acariciei seus pelos sedosos enquanto sentei no chão da cozinha perto da mesa onde a pequena comissão de fofoqueiras de encontrava; a fêmea se aninhou em minhas pernas enquanto ronronava e raspava suas unhas no tecido da minha calça de leve.

  Ela era muito fofa. Nós fomos lá fazer o trabalho, e eu não sabia o porquê de elas estarem enrolando. Descobri depois que estavam esperando o resto do grupo. É, tinha mais gente. Phoebe, por exemplo, e Finn, não tinham chegado ainda. Fiquei ali trocando idéias com a gata super simpática e receptiva da Isabel, até que elas foram pro quarto, e claro, eu segui elas.

  O local era pequeno, seria difícil um grupo de tipo seis pessoas caber ali, mas foi só distribuir umas almofadas pelo chão e duas cadeiras perto do computador que serviu para mais tarde. Então, Phoebe e Biscoito chegaram. Biscoito era o apelido da garota. Se acomodaram no canto do quarto. Phoebe ficou vidrada no telefone, enquanto Biscoito fazia brincadeiras e participava mais.

  Antes dessas duas chegarem, ficamos só eu, a Isabel e a Bonnie no quarto. Engraçado que eu comecei a trocar farpas com ela. Não sei quando, mas começou e do nada isso vinha à tona em algumas conversas.

  Por exemplo, quando eu estava fazendo carinho na gata e viajando, enquanto ela perguntou em voz alta:

  -Essa imagem está boa pra vocês? – enquanto colocava em uma parte do trabalho.

  As outras responderam que sim. Mas eu continuei viajando, então ela virou e perguntou:

  -Marceline? O que você acha?

  Dei de ombros e respondi:

  -Pode ser.

  -Como assim... pode ser? – perguntou, se fazendo de sonsa. Ela faz isso sempre, como se tivesse 5 anos de idade.

  -Pode ser, ué. Coloca aí. – expliquei, impaciente.

  -Mas eu quero saber sua opinião. – ela insistia, já fazendo uma expressão de como se o que estivesse falando fosse a coisa mais óbvia do planeta.

  -E eu já disse: pode ser essa imagem.

  -Mas você gostou ou não? – ela questionava já com uma cara de impaciente. ELA.

  -Bonnibel, só coloca essa merda aí logo! – respondi quase perdendo minha paciência.

  -Não precisa ser grossa. Era só responder e pronto, Marceline. Às vezes você é muito...

  -Muito O QUÊ, Bonnibel?

  -Ah... infantil.

  Soltei uma risada sarcástica e tentei focar minha atenção no gato antes que agarrasse alguém pela gola e lhe estapeasse o rosto.

  -Pode rir, ninguém liga pra essas coisas.

  Laura ficava na torcida pra tudo que a Bonnibel falava, soltando aquele “ooh” sempre que ela rebatia minhas respostas que nem uma prostituta no cio, e eu não pude evitar:

  -Laura, dá pra você ficar em silêncio? Ou só para de mugir. Que criancisse.

  Eu sabia que dizer isso também era criancisse, mas pelo menos serviu pra parar a dela por um tempo. Acho que ela não sabe o que é mugir, e agradeci por isso.

  Então a poeira foi baixando quando o resto do grupo chegou, e os ânimos se acalmaram. Eu e Bonnie já conversávamos tranquilamente. Estava calor. Tirei minha camisa (sim, a xadrez) e joguei na beliche do quarto.

  -Marceline, você está com calor? – Bonnie perguntou.

  -Sim, um pouco.

  Não entendi o motivo da pergunta, mas acho que era uma desculpa para ligar o ar condicionado. Ela provavelmente estava com tanto calor quanto eu. Então fechamos a janela e ligamos o aparelho.

  Logo tive uma idéia brilhante quando entreguei um elástico de cabelo para Laura prender seus longos fios: por que não pedir para Bonnibel prender seu cabelo? Eu nunca tinha visto ela de cabelo preso, e deve ficar muito legal. Também, no pulso esquerdo eu tinha outro elástico preto.

  -Vai, prende!

  -Não, fica estranho... – ela dizia.

  -Ah... só pra eu ver... por favoooooor!

  É fácil convencer a Bonnie. Qualquer um pode, já percebi. É só pedir por favor e na maioria das vezes ela vai ceder. Então eu ofereci o elástico, mas ela recusou.

  -Eu prendo sem o elástico, ele marca.

  Assenti e observei Bonnibel levantando da cadeira e se dirigindo para a frente do espelho junto com Laura. As duas prendiam seu cabelo agora. Parecia que elas iam enrolar mais do que o esperado, então voltei a fazer o trabalho, sempre espiando de canto de olho para checar se Bonnie já havia terminado.

  E rapaz, valeu a pena. Ela ficou... sabe... cinco vezes mais fofa e linda. Ela já era com o cabelo solto, mas se superou demais. Enquanto ela caminhava de volta com suas mechas frouxas meio presas e seus óculos, percebi que essa menina tinha tantas surpresas e qualidades que chegava a ser viciante como um doce.

  Dei espaço para ela passar, e a mesma se sentou atrás de mim em uma almofada com sua amiga Isabel enquanto as duas mexiam no celular. Continuei pesquisando os tópicos do trabalho quando percebi que Phoebe não tinha ajudado em nada ainda. Então chamei Isabel para ocupar meu ofício enquanto eu conversava com minha amiga. Chamei ela com um gesto lá para fora.

  -Phoebe, você não sai do celular! – fui direto ao ponto.

  -É que eu não sei mexer naquelas coisas lá de computador. – ela respondeu.

  -Phoebe, mas você tem que tentar, pelo menos. Sei que você pode ter dificuldade, mas pelo menos vai poder dizer que tentou e participou. Eu gosto de você, sou sua amiga e não quero te ver prejudicada nem ninguém falando de você depois.

  Ela assentiu meio envergonhada, e eu ri.

  -Bate aqui, idiota.

  Levantei meu punho no ar e o mesmo se chocou contra o dela, que também riu depois. Voltamos para o quarto com o resto do grupo e percebi um olhar de Finn sobre mim. Eles devem ter escutado a conversa. Que merda. Enfim.

  A Biscoito já estava com fome há um tempo, reclamando também. A mãe da Isabel chamou todos pro lanche da tarde que ela preparou. Laura ficou no quarto sozinha apressando o trabalho, então levei um lanche pra ela com refrigerante. Ela agradeceu.

  O resto dos acontecimentos foram só trabalho, enrolação e trabalho. Quando o último foi embora, ficamos só eu, a Bonnie e a Isabel. O pai da Bonnie me levaria pra casa. Bonnie levou suas coisas pra sala, e fiz o mesmo. Me joguei no sofá perto de Bonnibel enquanto elas assistiam um vídeo antigo rindo de como as crianças mudaram, alguns eram da nossa sala atual.

  Elas riram de alguns, que eram realmente engraçados quando menores. Eu também, e falei sobre como eles eram diferentes. Alguns pareciam castores. Então, Isabel disse rindo:

  -Nossa, a Marceline gosta de criticar as pessoas né? – com um ar de piada.

  Eu ri baixinho, e me calei. Eu sou rancorosa. Levantei um pouco e quando voltei Isabel tinha tomado meu lugar. Ainda quieta, sentei no cantinho que sobrou do sofá, pedindo um pouco de espaço. Elas pareciam muito envolvidas num papo de signo e nem me ouviram.

  -Ui, olha a Bonnibel... Leão e Virgem, casal perfeito...

  Então eu escutei o que não queria.

  -Você ainda gosta né... dele... sabe de quem eu tô falando... – ela disse rindo e disfarçando para que eu não escutasse, talvez. Mas eu escutei, infelizmente.

  -Deixa, ele tá com outra pessoa.

  Estava com vontade de cair de cara no chão e virar areia de gato, perder minhas memórias e sentimentos, tudo em um só segundo. Mas não. Tive que ficar aguentando brincadeirinhas da Isabel sobre um garoto que a Bonnie gosta do meu lado, já sabendo que era verdade.

  Depois tudo pareceu passar bem rápido. O pai dela chegou, eu fui pra casa, me joguei na cama e dormi. Era sexta-feira.

 

 


Notas Finais


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