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História Lost - 7.


Escrita por: CoraFelix

Capítulo 8 - 7.


Fanfic / Fanfiction Lost - 7.

Ela acordou por causa da claridade que entrava por uma fresta da tenda, batendo insistentemente em seu rosto e deixando uma sensação confortável e quente na pele. Sansa abriu os olhos, estranhando onde estava.

Duas coisas eram facilmente compreendidas: havia dormido mais do que o normal, a julgar pela posição do sol e a claridade do dia, e na tenda do rei, devido à cama em que se encontrava e os objetos familiares, mas não pessoais.

Sentou-se sobre o colchão, sentindo seu corpo um pouco amolecido pelas horas dormidas em demasia. Quando sua mente começou a trabalhar de forma satisfatória, percebeu um vestido em cima da mesa, onde Loki normalmente espalhava os pergaminhos com os mapas de Westeros. Havia, também, uma bandeja repleta de pães e chá quente.

Ao lado da cama, uma bacia com água fumegante chamou a sua atenção. Ela sabia que a água permanecia quente por meio de magia, e sentiu-se mais habituada àquele tipo de prática, principalmente quando a beneficiava.

Levantou-se da cama, percebendo murmúrios ao lado de fora. Sabia que os cavaleiros começavam a levantar acampamento e em pouco tempo estariam de volta à estrada. Não imaginava se seria prudente se despir na tenda do rei e se lavar, mas a tina era um convite claro para que o fizesse.

Com relutância, decidiu entrar na tina com o vestido rasgado, retirando-o à medida que se sentia à vontade, e não via presenças próximas.

De qualquer maneira, o vestido nunca mais seria usado.

[...]

Loki andava calmamente pelo acampamento, observando seus homens desfazerem as tendas e recolherem as panelas, embalando as carnes que não foram assadas e colocando-as em um pequeno carro que seis cavalos puxavam. Normalmente, aquele tipo de carro era puxado por apenas dois, mas Loki não queria atrasos para chegar ao norte.

Olhou ao norte, vendo a pequena tenda que dera a ordem de ser desarmada por último – sua própria tenda. Imaginou a garota que estava ali dentro, possivelmente nua, lavando-se na grande tina de água quente. Sorriu de forma maliciosa ante a este pensamento, mas seus olhos observavam com atenção o caminho até a tenda, e automaticamente procurava alguém se aproximando. Mas suas ordens foram claras, não queria ninguém ali perto. Sansa teria privacidade e tempo.

— Vossa Graça? – Um homem o chamou e ele saiu de seus devaneios, voltando à realidade da viagem. Era um cavaleiro de posto alto, fez uma pequena reverência ao se aproximar do rei. Loki gesticulou para que lhe falasse o que pretendia.

— Um dos batedores voltou na noite anterior. Havia ordens para não te importunar em sua tenda, mas temos algumas notícias.

Loki percebeu a urgência no rosto do homem. Gesticulou para que ele o seguisse e começou a andar.

— Notícias ruins ou promissoras? – o rei perguntou.

— As duas. – o homem respondeu. — Temos pouco tempo de viagem, estamos chegando à fronteira do norte. Uma semana e já alcançamos a primeira vila que pertencia a Eddard Stark. – Loki assentiu para ele continuar falando. — Mas devemos chegar lá depois de dez dias. – Ao ver o rosto questionador do rei, explicou. — A liteira nos atrasa um pouco, Vossa Graça.

O cavaleiro olhou para o rei como se pedindo desculpas. Loki respirou fundo, soltando vagarosamente o ar pelo nariz, tentando controlar a sua paciência. Se não fosse a liteira de Lady Sansa, já estariam quase chegando a seu destino. Mas infelizmente a garota era feminina demais para montar em um cavalo. Lady Sif...

— Tenho notícias ruins, Vossa Graça. – O homem interrompeu os pensamentos do rei. — Um de nossos homens voltou do perímetro que Vossa Graça o mandou. Disse que mais ao norte faz muito frio, como o esperado, mas a neve deixa a estrada escorregadia e de difícil acesso.

Loki dessa vez bufou, parando de andar. Colocou a mão na ponte do nariz, apertando ali ligeiramente. Depois de um tempo voltou a olhar para o homem.

— O que você sugere?

— Sugiro que continuemos até onde os carros consigam passar, depois disso, só os deuses dirão.

Os deuses não olham para esse planeta – Loki pensou. Ele assentiu para o homem, num modo mais educado de dispensá-lo, mas o cavaleiro não se afastou. O rei fez um gesto com a cabeça, pedindo para que ele continuasse.

— Temo que ainda tenha mais uma notícia ruim. Acharam pegadas e rastros de um exército próximo do norte. Ainda não sabemos de onde e a quem os homens são fiéis. Mas tememos serem aliados dos Lannisters.

— E por que vocês não me falaram sobre isso ontem? – A paciência de Loki agora era nula. — Há ordens explícitas sobre isso. Caso algum exército inimigo se aproxime, devem me dizer no mesmo momento.

— Peço perdão, Vossa Graça. – o homem quase gaguejou. — Me disseram que o senhor estava ocupado ontem.

Sim, dando prazer a uma garota que será minha futura esposa. Loki voltou a pensar, mas nada disse. Dispensou o homem com um aceno de mão, que saiu rapidamente, parecendo aliviado. O rei caminhou para perto da tenda, mas não entrou. Em vez disso, deu a volta, procurando seu cavalo.

Precisava voltar à estrada urgentemente.

[...]

A liteira de Sansa sacolejava, mas ela sentia-se cansada demais para reclamar. Seu ânimo tinha elevado bastante quando um dos guardas reais lhe dissera que estavam chegando ao norte, mas já estava desanimada, nem mesmo a ideia de estar próxima de casa conseguira deixá-la melhor.

Já estava anoitecendo, e sabia, de alguma forma, que não iriam parar. Normalmente, quando o crepúsculo apontava no céu, os cavalos já estavam cansados e as tendas começando a ser armadas. Não naquele dia. O exército do rei marchava sem descanso, e ela temia aquela conduta. Qual o real incentivo? Seria porque estavam ansiando por lareiras quentes de castelos ao norte, ou por que temiam ficar mais tempo na estrada? E se temiam, qual o motivo? Sansa estremeceu com a ideia de uma emboscada, fazendo com que seu ânimo caísse ainda mais.

Via apenas um lado bom de estar na estrada pela noite: não teria aulas com o rei. Não que não quisesse realmente tentar aprender a lutar, mas sentia-se completamente envergonhada com o que fizera na noite anterior. Imagens do beijo e das carícias que trocara com o rei invadiam sua mente a cada instante. O que ele estaria pensando dela no momento? Não sabia, e na verdade, não queria saber.

De repente, uma sensação inquieta se apoderou dela. Não o vira desde quando ele saíra da tenda, antes de ela cair no sono. Estaria ocupado com a marcha? Ou preocupado com algo?

Estremeceu novamente, aquela sensação ruim a embargando. Percebeu a liteira parar e, com relutância, enfiou a cabeça pela janela, respirando o ar gelado da noite. A neblina tampava quase tudo a sua frente, conseguia contar apenas três ou quatro cavalos na fileira, ao contrário do dia, quando conseguia enxergar todos. Realmente estavam se aproximando do norte.

Esperou, permanecendo quieta dentro da liteira. Depois de algum tempo, um dos cavaleiros da guarda real se aproximou do carro, fitando-a com certa relutância.

— Lady Sansa. – Ao vê-la se aproximar da janela, continuou. — A estrada está úmida e temos previsões de chuva, temo que a liteira esteja pesada para passar pelo barro...

Ele parecia temer um ataque histérico por parte da garota. Se fosse em outro tempo, a ideia de abandonar a liteira, em uma viagem como aquela, a deixaria louca, mas Sansa mudara bastante de anos atrás, para os mais recentes. Ela apenas assentiu, não dando nenhuma palavra, deixando o homem aliviado. Voltou ao seu posto e ela fechou a pequena cortina da liteira, percebendo o carro voltar a andar, depois de certo tempo.

O que o cavaleiro lhe dissera agora era visivelmente sentido. A liteira estava pesada, os cavalos não teriam tanta força caso a estrada piorasse, as rodas estavam se afundando na terra úmida do local, dificultando tudo. Ela respirou fundo, pensando seriamente em algo que até então não passara pela sua cabeça.

Faria de tudo para terminar aquela viagem.

[...]

A noite havia dado espaço para o dia, contudo a marcha continuou de forma lenta, mas segura. Os cavalos pareciam cansados, e os cavaleiros que os cavalgavam também. Entretanto, nenhum ousava dizer nada, Sansa percebia certo medo pairar entre o exército e perguntou-se de onde ele vinha. Do rei? De um possível ataque? Aquela ideia de que estavam sendo seguidos não deixava sua mente. O norte se aproximava e ela sabia que ao fazê-lo, o encontro com desertores e ladrões era quase inevitável. Mas quem seria louco de enfrentar um exército real sob o comando de Loki?

Sem conseguir achar uma resposta, espreguiçou-se dentro da liteira, sentindo seu estômago roncar. Havia uma pequena cesta com pães ali, mas sentia necessidade de algo mais quente, como um caldo ou um mingau. Talvez uma taça de vinho? De repente, a liteira pareceu desconfortável, queria sair dali, respirar o ar livre da tarde, mas sabia que isso atrasaria a todos, e não ousava pedir algo assim. Respirou fundo, sabendo que teria que esperar. O balanço do carro a deixou mais calma, e ela começou a entrar em um estado de semiconsciência. O sono a embargou rapidamente.

[...]

Sansa acordou com o solavanco da liteira e abriu os olhos, assustando-se. Duas coisas eram facilmente percebidas: a primeira era que estava de noite, a liteira estava escura e ao abrir a pequena cortina, percebeu a luz da lua banhar as árvores perto da estrada. A segunda era que estavam, finalmente, parando.

A garota saiu da liteira assim que ela parou completamente, sentindo suas pernas agradecerem ao fato de estar novamente em pé. Respirou o ar profundamente, sentindo o cheiro característico de árvores com galhos úmidos, bem como o cheiro da neve, indicando que ela estava quase em casa. O frio a engolfou, o vento gelado passando por todo o seu corpo. Sansa se abraçou, perguntando-se o motivo de não estar com nenhuma capa para proteção, sendo que todos os cavaleiros ali possuíam uma.

Ela se afastou do grupo, sentando-se em uma pedra e esperando os cavaleiros saírem dos cavalos. O mesmo ritual de sempre: levar os animais para descansar, dar de comer e beber e os amarrarem em árvores, para impedi-los de se afastarem demais do grupo, mesmo que fossem treinados a não fazer isso. Depois, os ajudantes começariam a armar as tendas, que eram poucas, já que muitos deles dormiam sob as estrelas, sem se importar com um lugar mais confortável. Outros descarregavam o único carro que estava ali, que continha as caçadas de semanas anteriores e alimentos. Logo as tendas estavam armadas, o cheiro de carne assada corria pelo acampamento, as fogueiras eram acesas, uma luz alaranjada e um calor bem-vindo se instalavam ali.

Sansa havia acabado de tomar o seu banho, com a água fria dessa vez, e estava desesperada, colocando o vestido de lã quente, rezando a todos os deuses que conhecia para que seu corpo se aquecesse rapidamente. Sabia que era a única ali louca o suficiente para se banhar no frio da noite, mas sentia uma necessidade absurda de se lavar depois de dois dias de viagem ininterrupta.

Ela passou a toalha de algodão pelo cabelo, sentindo os fios menos úmidos à medida que o fogo aquecia o seu corpo. Estava sentada em frente à lareira quando percebeu um vento gelado encontrar o seu corpo. Olhou para trás, perguntando-se se existia privacidade naquele local. E se ainda estivesse na tina?

O homem que enfiara a cabeça para dentro da tenda parecia procurá-la, e quando a avistou, pigarreou.

— Lady Sansa. O rei a espera em sua tenda.

Ouvir aquilo a fez se arrepiar por inteiro, mas Sansa não deixou isso transparecer, apenas assentiu, levantando-se rapidamente e pegando, dessa vez, uma capa grossa de lã clara, jogando-a no corpo e saindo da tenda ao lado do homem. O frio ali estava quase cortante, mas aquilo não a deixava incomodada, muito menos de mau humor – sentimentos que não eram partilhados pelos homens do acampamento. Eles pareciam estar tendo dificuldade para esquentar o jantar e dormir debaixo do sereno.

Ao avistar a tenda, Sansa sentiu um formigamento no rosto. Abaixou a cabeça e percebeu que o cavaleiro havia parado, deixando-a cobrir os poucos metros que a separavam da tenda sozinha. Ela o agradeceu, andando em direção ao local onde o rei estava.

Enfiou-se na tenda e percebeu que ali dentro estava muito mais confortável que lá fora, até mesmo mais confortável do que sua própria tenda. Uma lareira de ferro estava instalada ao lado da cama onde Sansa dormira pela última vez, e outra posta ao lado da mesa, onde ele estava sentado e escrevendo em pergaminhos de aspecto antigo.

Ao vê-la, parou o que estava fazendo e deu um meio sorriso, que parecia jogar na cara de Sansa tudo o que havia feito com ela naquele lugar, dois dias atrás.

— Sansa... – chamou-a informalmente. — Boa noite.

— Boa noite. – ela respondeu, fitando-o com curiosidade.

Loki enrolou os pergaminhos escritos e enfiou-os em um pequeno baú ali dentro, trancando-o por meio de magia. Ela sabia que era magia, pois uma luz esverdeada cobriu o cadeado logo quando ele se afastou. Ele a fitou com interesse, seus olhos azuis correndo por toda a extensão do corpo dela, analisando até o último detalhe.

— Sabe por que a chamei até aqui? – ele perguntou.

— Provavelmente porque quer continuar nossas aulas de defesa?

Ele negou com a cabeça, dando a volta pela mesa e parando ao lado dela. Seus dedos longos passaram pelo cabelo ruivo ainda úmido, deslizando as mechas para trás do ombro, para que conseguisse fitar melhor o decote do vestido, um pouco tampado pela capa de lã.

Sansa percebeu suas intenções e fechou a capa, engolindo em seco com o gesto. Os olhos azuis de Loki deixaram o decote e a fitaram rapidamente.

— Acho que devemos deixar suas aulas de luta para quando estivermos em Winterfell. Ali terei toda a estrutura para ensiná-la a manusear o arco e flecha, e quem sabe, até a espada.

Sansa sorriu com isso. Não sabia se era alívio por ter sido dispensada das aulas noturnas com o rei ou se era expectativa por aprender algo que nunca pensara em aprender, mas que agora a deixava entusiasmada. Sempre achou lindo o modo como os arqueiros lutavam.

— Preciso conversar com você. – Ele interrompeu os pensamentos dela. — Sobre nossa chegada ao norte.

Ela assentiu, andando vagarosamente pela tenda na tentativa frustrada de se afastar dele, mas Loki parecia um imã para seu corpo, e antes que ela percebesse, já andava em torno dele, cada vez se aproximando mais. Loki percebeu isso e se conteve, sentia um desejo fora de hora de tocar aquela garota, mas precisava colocá-la a par do que realmente estava acontecendo.

— Sente-se. – ele pediu, mas não indicou a cadeira, como sempre fazia. Seu braço estava estendido em direção à cama.

Sansa via aquele lugar como um lugar proibido, mas diante do olhar sério do rei, não objetou, sentando-se no colchão fofo de penas, um pouco desconfiada. Ele pegou um banco de madeira ali perto e colocou-o em frente a ela, sentando-se perigosamente perto.

— Estamos chegando ao norte, como você pode perceber. – Ele apontou para as duas lareiras ali na tenda. — Mesmo que eu tenha mandado meus homens para abrir caminho nas estradas, agora estão posicionados em Winterfell, e até chegarmos ao seu castelo, haverá aldeias de todos os tamanhos ao redor. – Ela assentiu. — Sabe o que deve fazer?

— Devo falar em nome da casa Stark, esclarecendo minha volta e dando o meu apoio a você, rei de Westeros e agora rei do norte.

Loki sorriu, aquela garota aprendia rapidamente. E não fazia muitas perguntas. Perfeita.

— De fato, você sabe realmente o que deve fazer. Mas, acho que está faltando algo em seu discurso.

Sansa franziu o cenho, procurando o que tecnicamente passara em suas palavras. Contudo, nada achou. O rosto do rei era divertido, e achou que ele estava a testando. Novamente.

— Você deve dizer que se tornou minha noiva, que irá se casar comigo em breve e ocupará o lugar que é do seu direito. Ao meu lado, como rainha do norte.

O rosto dela pegou fogo. O modo como ele falava aquilo... Havia uma convicção nas palavras, como se ele realmente soubesse que, apesar de Sansa estar demorando a aceitar o pedido, ela um dia seria sua esposa e ocuparia o trono de Winterfell, como rainha. Ela desviou os olhos, fitando as mãos dele, que estavam perto dos joelhos dela.

— Farei o que você pedir, Vossa Graça.

Aquilo era como música para os ouvidos de Loki. Ele sorriu, dessa vez de forma maldosa. Sansa percebeu o sorriso e estremeceu quando as mãos fortes pousaram em seus joelhos.

— Tudo bem, Lady Sansa?

— Bom... Você é o rei... E... – ela gaguejava. – Ao que tudo indica, meu futuro marido...

— Isso é um sim ao meu pedido? – ele perguntou.

— Ainda não, Vossa Graça...

Tudo pode acontecer – Ela acrescentou mentalmente, mas ele parecia ler até mesmo os seus pensamentos. Fitou-a intensamente, como se fosse falar algo importante, mas pareceu desistir. Em vez disso, tocou-a gentilmente nos joelhos, as mãos subindo de forma até mesmo elegante por suas pernas, parando nas coxas magras.

— Que tal eu tentar convencê-la novamente? – ele sugeriu. — Me parece que você está tensa...

— Isso é inapropriado, Vossa Graça. – Ela temeu a sugestão dele. — Eu... O que fizemos aquele dia...

— Foi o que estávamos desejando fazer, Sansa. – ele a cortou. — Por favor, se você se tornar minha esposa um dia, quero que seja sincera com seu próprio corpo e nunca negue um desejo assim...

— Mas... Eu preciso me casar virgem! – Ela estava quase desesperada. — O que as pessoas vão pensar de uma noiva que não é mais donzela?

— Não irão pensar nada, se isso não sair de nossas bocas... De qualquer maneira, você deve se casar virgem... E não intocada.

Ele a empurrou para a cama, fazendo-a se deitar. Suas mãos grandes foram em direção à cintura e ele a levantou calmamente, puxando-a com gentileza para o meio do colchão. Sansa abriu a boca para dizer algo, sentindo seus lábios estremecerem, mas nada saiu, nem mesmo um som. Os olhos azuis estavam fixos nos dela, ele parecia um felino naquele momento, prestes a atacar uma presa frágil.

As mãos foram em direção à capa, abrindo-a e jogando o tecido para o lado do corpo dela, os dedos ágeis subiram o vestido, deslizando a lã pelas pernas torneadas, deixando-as à mostra. Sansa sentiu uma leve queimação entre as pernas, seu coração bateu fortemente, e quando ele tocou-a novamente no ponto em que a tocara naquela noite, abriu a boca, dessa vez deixando um gemido escapar.

Deuses! Ia começar tudo novamente.

Ele a tocava calmamente, sentindo-a ficar úmida, à medida que os dedos massageavam-na de leve. Ela permanecia de olhos fechados, mas quando sentiu sua roupa íntima descer pelas pernas, abriu-os em alerta, olhando para Loki, que parecia completamente concentrado em não avançar um passo com aquilo tudo.

— O que está fazendo? – perguntou, sem conseguir conter-se.

— Livrando-me do que está me atrapalhando. – ele respondeu, jogando o tecido para o lado e levantando ainda mais o vestido da garota.

Seus dedos voltaram a massageá-la, tocando-a como uma reverência, dessa vez sem a barreira do algodão. Senti-lo assim... Tão intimamente, deixou-a com um desejo enorme de abraçá-lo, beijá-lo e descobrir o corpo por baixo daquela roupa de lã negra que ele usava. Lembrou-se do conselho dele, não negar os desejos do seu corpo, mas não o colocou em prática.

Ficou surpresa quando os lábios tocaram levemente a sua barriga, distribuindo beijos por toda a pele daquele lugar, mordiscando de leve. Ela respirou fundo, sentindo seu corpo gelado ante a vergonha, expectativa e nervosismo. Loki percebeu isso também, e olhou-a com incrível calma.

— Feche os olhos, Lady Sansa.

Ela fez o que lhe foi pedido, sentindo os lábios dele descerem vagarosamente por seu corpo, até tocarem levemente no interior de sua coxa, onde ele depositou um beijo mais demorado, antes de mergulhar a língua diretamente no sexo úmido dela. Sansa arfou, tentando fechar as pernas, mas ele as mantinha abertas com os braços fortes. A língua passeou pelo sexo dela, os lábios sugando um ponto em específico que a deixou à beira da loucura. Aquilo era tão... Bom. Perfeito. Sansa nunca havia sentido tanto prazer na vida.

Sabia que muitas mulheres mais abertas se tocavam para saber o motivo de homens fazerem loucuras por causa do sexo, mas achava que essa prática se limitava às mulheres dos bordéis de Mindinho, então nunca ousou se tocar.

Agora sabia o motivo das pessoas serem viciadas naquilo. As ondas de prazer a embargavam à medida que Loki a tocava com os lábios, língua, e de vez em quando dedos, deslizando-os pela entrada úmida dela, não ousando ir mais longe do que isso. E, finalmente, depois de longos minutos com ele ali, desconfortavelmente entre as pernas dela e a experimentando de uma forma que nem sabia existir, sentiu seu corpo arquear-se, o prazer completo a atingindo de uma forma intensa e surpreendente. 

Um sorriso malicioso percorreu o rosto fino do rei, e ele se afastou, deitando-se ao lado dela, completamente vestido, observando-a com atenção. Estava de olhos fechados, os lábios entreabertos, convidando-o...

Sansa sentiu os lábios sobre os seus, e não se lembrou de que segundos antes, ele os tinha em um lugar íntimo de seu corpo. Seu único pensamento foi corresponder ao beijo com a mesma intensidade como ele a beijava, sentindo a língua dele passear por dentro de sua boca, tocando a sua de forma possessiva. Afastaram depois de um tempo longo, ela completamente sem ar, ele completamente calmo. Como conseguia aquela façanha?

Loki colocou o vestido dela no lugar, olhando-a com visível divertimento. Depois de algum tempo, ela reuniu a coragem necessária para fitá-lo nos olhos. Seu rosto queimou ao vê-lo passar a língua nos lábios.

— Tem um gosto excelente, Lady Sansa.

Ela colocou as mãos no rosto.

— Oh, deuses. O que estamos fazendo? O que estou fazendo? Devo sair e...

Ela fez menção de se levantar, mas ele a impediu com a mão, pousando-a na barriga dela. Puxou-a em direção ao corpo dele, abraçando-a.

— Não fique envergonhada. – ele pediu. — Um dia a deixarei completamente nua e a tomarei da forma que realmente quero...

— Você precisa falar isso? – ela retorquiu, fazendo-o rir. — Pare de rir!

— Desculpe, mas sua inocência é encantadora.

O rosto dele ficou sério de repente e ela começou a relaxar ali, pousando seu rosto no peito largo. Examinou-o quase automaticamente, sabia que Loki estava excitado, e admirou-o por isso, pois mesmo querendo avançar o limite, deteve-se e a respeitou. Achar isso em um homem que tinha poder para fazer o que quisesse sem gerar muitas consequências, era praticamente impossível.

— Preciso lhe dizer algo. – ele interrompeu os pensamentos dela.

Ela o fitou, sentindo que a notícia que ele ia dar não seria tão reconfortante quanto o abraço que estava lhe dando no momento.

— Um homem meu disse que há pegadas de exército próximo à estrada. Provavelmente enfrentaremos uma emboscada em breve. – falou diretamente, sem medir palavras. Por isso, ela o agradeceu, mas sentou-se, tentando digerir aquela informação.

— Mas... O que faremos? – ela perguntou assustada.

— Fique tranquila, Sansa. Meus homens estão preparados para qualquer eventual ataque... – Ao ver que ela ainda estava sentada, puxou-a para perto de si novamente. — Não deixarei que nada aconteça a você... Mas preciso que me ajude nisso.

— Como?

Ele respirou fundo. Pensara nisso por diversas horas durante a viagem, e decidiu colocar o seu plano em prática.

— Você é a herdeira do norte. A única viva ou que não esteja desaparecida. Se há ladrões, caçadores de recompensas ou inimigos na estrada, visarão você como vítima. Principalmente você.

— Mas você é o rei!

— Sou. E modéstia a parte, um rei difícil de ser morto. Você não, é uma mulher assustada em meio a vários homens. E mesmo que os meus estejam preparados, não poderão olhar por você sempre, se ocorrer uma batalha.

— O que você sugere? – Ela estremeceu. — Não sei usar a espada.

Ele sorriu de lado, fitando-a com intensidade.

— Abandone a liteira, deixe-a na estrada e cavalgue ao lado dos meus homens. Antes de sairmos da Fortaleza Vermelha, mandei preparar para você uma roupa, para que use a sela sem desconforto.

— Calças? – Ela estava achando até mesmo graça. — Ficarei igual a um homem?

Ele sorriu, mas logo seu sorriso morreu. Sentou-se, obrigando-a a fazer o mesmo. Seus olhos azuis a olhavam intensamente. Ele correu as mãos pelos cabelos dela.

— Nunca poderei tirar sua beleza, nem se eu a colocasse em uma armadura de ferro velho. Mas espero que pelo menos consiga cavalgar, e use capuz para ocultar seus cabelos... Chamam muita atenção. – Ao ver o cansaço nos olhos da garota, adicionou. — Durma agora, Lady Sansa. Descanse, precisará de suas forças para enfrentar o resto da viagem.

Ele voltou a se deitar e a puxou. Sansa aconchegou-se a ele. Não pensava se aquilo era certo ou errado, pois caiu na inconsciência antes que isso acontecesse.

[...]

Eles cavalgavam em silêncio, o sol batendo nos rostos cansados. Sol bem-vindo, que aquecia o exército depois de uma longa noite gelada. A estrada ainda estava úmida, uma nuvem negra ao longe trazia a promessa de chuva. Sansa estava sentada na sela do cavalo que havia escolhido entre todos que puxaram sua liteira, os demais haviam sido adicionados à fileira, para puxar o único carro necessário para guardar mantimentos e comida. Ela sentia o interior de suas coxas levemente dolorido, mas o fato de estar de calças a ajudava a montar. Nunca havia usado aquele tipo de roupa, e não era ruim. De fato, a única peça masculina do seu traje eram as calças. Usava um corpete bordado com fios prateados e uma blusa de mangas longas e bufantes por baixo. Sua capa era branca, pois assim poderia embrenhar-se por entre a guarda real. O capuz tampava seus cabelos, ela fizera uma trança e os jogara para o ombro, deixando-os mais discretos.

De repente um homem a frente levantou a mão e todos os cavalos pararam. Um silêncio estranho se instalou, as conversas pararam e até mesmo os mais animados cessaram as piadas masculinas de mau gosto, e as cantorias obscenas.

Tudo ocorreu tão rápido, que Sansa não teve tempo de reagir. Homens montados e a pé saíram de árvores como formigas saindo de um formigueiro em chamas, atacando os primeiros da fileira, que já puxavam as espadas para se defender. A confusão foi total, ela não conseguia distinguir quais pertenciam ao exército e quais faziam parte do lado inimigo. Tentou conter seu cavalo, mas o animal assustara-se com a confusão repentina e empinou, jogando-a no chão. Sansa sentiu um corte em seu braço, bem como seu pé se torcer no momento em que tentou apoiar-se para sair dali. Seus olhos azuis correram por todos os lados, procurando por Loki, mas não havia sinal dele, apenas homens se atracando com espadas. Sangue, gritos e o cheiro de suor por todo o lugar.

Ela saiu correndo, se escondendo em uma árvore ali perto. Estava segura, os inimigos caíam um por um, o exército real tivera pouquíssimas perdas. Eram bons na arte de lutar, se defender e matar. Sansa estremeceu, seu corpo começando a relaxar à medida que os homens morriam e o controle era recuperado. Alguém tocou o seu ombro e ela virou-se, assustada.

Era um homem, estava imundo e boa parte do seu corpo estava coberta por sangue úmido. Ele sorriu de forma maldosa e Sansa contou quatro dentes faltando. Aquilo a enojou, de certa forma. Ele começou a se aproximar, seus olhos fitando os cabelos ruivos, algumas mechas haviam se desprendido da trança, o capuz já não tampava sua cabeça, deixando sua identidade aberta a todos.

Quando percebeu a aproximação do homem, respirou fundo. Ao vê-lo próximo o suficiente para seu plano, Sansa não pensou duas vezes e fechou a mão em punho, socando o rosto dele com a maior força que reunira. Não devia ter doído, mas o susto que o homem levou pelo gesto repentino da garota foi o suficiente para que ela saísse correndo. Ele gemeu em revolta, correndo em sua direção. Sansa sentia os galhos finos das árvores batendo em seu rosto, machucando-a. Não ousava olhar para trás, só pensava em embrenhar-se na mata e se salvar. Uma mão fechou-se sobre seu tornozelo, fazendo-a tombar na grama úmida. Sentiu seu rosto bater em uma pedra, e uma tonteira apoderou-se dela.

Sansa abriu os olhos, o homem estava sobre seu corpo, mas ela o chutou, fazendo-o recuar e dizer grosserias em formas que pareciam rugidos indistintos.

— Fique quieta, garota. Preciso de você viva. Infelizmente, você parece dar menos trabalho quando está desacordada.

Ele pegou um pedaço de madeira que estava ali perto, levantando-o para golpear a cabeça da garota, mas antes que seu braço pudesse abaixar para desferir o golpe, Sansa viu uma mão passar rapidamente pelo pescoço dele, o brilho de uma lâmina acompanhando o movimento. O sangue jorrou por toda parte e o homem caiu morto em sua frente. Ela olhou para cima, horrorizada, vendo Loki limpar uma de suas adagas calmamente, com um pedaço de pano negro.

— Estou impressionado com o soco que você deu nesse aqui. – ele disse de forma debochada. — Mas correr para dentro da floresta?

Ela ignorou completamente as ironias, não acreditando que todo aquele tempo Loki sabia onde ela estava e não havia a socorrido antes. Aquilo fora maldade. Queria xingá-lo, dizer-lhe injúrias, mas sua cabeça ainda pulsava e ela se sentia tonta. Desmaiou antes de conseguir dizer algo.

[...]

Seu corpo mexia levemente, ela acordou com o sacolejar do que parecia um cavalo andando calmamente. Abriu os olhos, sentindo sua cabeça doer. Não estava no seu próprio cavalo, este era maior, a pelagem era negra e havia um corpo quente a embalando. Sansa estava na mesma sela que o rei, sentada de lado, com o rosto pousado no peito largo. Ela sentia seu cheiro característico, Loki não cheirava a suor e fumo, como quase todos os homens, o cheiro era diferente, um aroma bom de sentir... E havia o cheiro do couro de sua roupa.

— Vejo que está acordada. – ele disse, retirando uma mão da rédea e tocando o rosto dela delicadamente. — Sente dor?

— Minha cabeça dói um pouco. Onde estamos? O que aconteceu?

— Você desmaiou, mas não pude parar a viagem por causa disso. Porém, queria-a perto de mim. Quero você perto de mim sempre, para que não ocorra o que ocorreu antes. Mais tarde irei te contar o que houve.

— Mas... – ela não conseguia formar palavras. — Onde estamos?

— Chegando... No que você chama de casa.

Ela virou o rosto e sua expressão se iluminou ao ver os primeiros sinais de uma aldeia. Loki voltou a pegar nas rédeas, os braços a protegendo com esse gesto. Ela sorriu, pousando o rosto no peito dele, aspirando o perfume do rei. De alguma forma, sentia-se protegida ali, mesmo que vários exércitos os atacassem, saberia que ninguém iria a atingir. Porque Loki estava ao lado dela.

Quero você perto de mim sempre.

As palavras voltaram à mente dela e Sansa respirou fundo, decidindo que sentia o mesmo que ele. Afastou-se brevemente, olhando-o com atenção. Não havia nenhum arranhão no rosto fino, como se ele nem tivesse feito parte da batalha. Usava aquele elmo estranho com chifres e a capa verde circulava os dois, tampando-a do vento gelado da manhã. Não parecia cansado, os olhos azuis estavam atentos à estrada, mas a fitaram quando perceberam a atenção que a garota estava lhe dando.

— O que foi, Lady Sansa? – perguntou visivelmente curioso.

— Eu aceito. – Ao ver a confusão nos olhos dele, acrescentou. — Eu aceito me casar com você.

O sorriso que ele dera fora aberto e espontâneo, mas Sansa sempre conseguia ver a maldade por trás do gesto. Contudo, não se importou com isso. Foi aquela maldade que a protegera desde que ele tomara o Trono de Ferro para si, e queria aquela maldade em volta dela, como uma muralha de pedras bastante alta, que impedisse as pessoas ruins de atingirem-na.

— Grande avanço, Lady Sansa – Ele beijou o topo da cabeça dela, nos cabelos. — Farei com que seja a mulher mais feliz do mundo.

Com isso, voltou a sua atenção para a estrada, deixando-a com a sensação de estar leve. E segura.

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Fim do 1º Ciclo

 

 



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