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História Lost - Não sinto culpa


Escrita por: MiMoon

Notas do Autor


Hey everybody! Como estão?! Bem? Então tá bom!
Minhas aulas voltaram hoje para a minha infelicidade e por isso estou postando esse horário. Espero que não se importem muito com isso. Bom o capitulo de hoje teremos mais algumas explicações sobre as coisas, então não irei segurá-los muito por aqui.
Vamos para o nosso capítulo de hoje!

Capítulo 4 - Não sinto culpa


-Ok, Ok, tenho certeza de que estava aqui em algum lugar. – Baekhyun falou baixinho para si mesmo enquanto andava pelos corredores daquela casa em busca do telefone que havia visto há alguns dias quando chegou ali. Estava determinado a ligar para seu pai e continuava andando pelos corredores da casa, aproveitando que durante o dia os vampiros costumavam ficar sonolentos e dormiam grande parte daquele período. Resmungou mais algumas coisas, sozinho, enquanto andava por ali, sabia que estava terminantemente proibido de sair da mansão, até por que seria impossível, já que o portão estava trancado, porém ninguém o impedia de vagar pelos corredores, sozinho. –Achei! – Exclamou assim que encontrou a mesinha onde ficava o telefone.

Foi até ele, visivelmente ansioso, enquanto o tirava do gancho para poder discar o número, já que o telefone era bem antigo, assim como toda a mobília da casa. Baekhyun estava tão distraído com os números do telefone que seu coração quase parou ao deparar-se com Sehun parado ao seu lado como uma estátua, segurando Teddy em seus braços e encarando Baekhyun como se estivesse curioso.

-Me deus! – Baekhyun exclamou colocando a mão no coração, tentando recuperar-se do susto. –Sehun... O que está fazendo aqui?

-Baekhyun... Não entende o porquê de eu estar aqui? – Indagou inexpressivo, porém sua feição refletia à Baekhyun a sensação de melancolia e certa tristeza. Baekhyun não sabia dizer ao certo.

-Não. Desculpe-me, achei que você estaria dormindo como os outros.

-Estou com sede. O Teddy também. – Sehun falou tombando a cabeça para o lado. Baekhyun o achou fofo apesar de que não pretendia deixar que ele o mordesse. –Diga Teddy, o que você pensa do Baekhyun, com ele sendo tão insensível conosco?

-Ah... – Baekhyun varreu o local com os olhos tentando buscar uma solução para aquilo, talvez fugir não fosse uma boa opção. –Sinto muito, muito mesmo. Que tal então se eu fosse preparar algo pra você beber? – Sehun tombou a cabeça para o outro lado. –Um café quentinho talvez?

-Prefiro coisas doces! Odeio coisas que são amargas, como o café! – Sehun falou fazendo uma expressão ofendida. –Porque não entende isso? – Disse irritado e Baekhyun o encarou confuso.

-Não precisa se irritar só por isso. – Disse tentando manter a calma com o outro.

-Não me responda! Você é inútil e não tem o direito! – De fato um mimado. –Teddy odeia café também.

-Desculpe Teddy. – Pediu com um sorriso, fingindo falar com o ursinho, tentando entrar no jogo de Sehun.

-Poderia, por favor, não falar com o Teddy assim? Sou o único conselheiro que ele precisa. –O repreendeu. –Não é verdade, Teddy? –Baekhyun franziu o cenho.

-Tudo bem então. Desculpe-me Sehun, é só um café, podemos esquecer isso, certo?

-Não se sente culpado, então porque está se desculpando?! – Sehun o encarou irritado e frustrado por Baekhyun não entender o que queria.

-Então... O que quer de mim? – Baekhyun arriscou.

-Quero que descubra isso sozinho... – Sehun pareceu se acalmar um pouco, baixando a cabeça e encarando o piso.

-E-Eu... Posso fazer outra coisa para você beber...

-Não, obrigado. Não estou mais interessado. –Baekhyun suspirou cansado, era difícil lidar com esses garotos. –Ei... Você me odeia?

-Não. Não é como se eu te odiasse. – Baekhyun tratou de se explicar rapidamente.

-Quer saber mais sobre mim?

-Eu gostaria de saber mais de você, mas...

-Então, por favor, faça um esforço para me entender. – Sehun virou-se de costas e saiu andando pelo corredor, deixando Baekhyun sozinho ali, sussurrando algumas coisas para Teddy. – Teddy, o telefone está quebrado já faz duas semanas, todo mundo já não sabe disso?

-Droga. – Baekhyun choramingou sozinho.

 

 

ƸӜƷ

 

 

Ainda sem saber para onde ir, Baekhyun andou até a biblioteca, pronto para ler algum livro, já que Chanyeol parecia não querer acordar naquela tarde e não tinha ninguém mais para conversar. O ruivo era o único que costumava lhe fazer companhia e lhe explicar algumas coisas, no entanto sozinho naquela mansão Baekhyun realmente se sentia perdido. Seguiu à passos confusos até achar a biblioteca, entrando cautelosamente no cômodo para não fazer muito barulho e acordar mais um dos vampiros, porém estranhou a biblioteca estar com todas as cortinas fechadas e os lustres acesos, ao invés de aproveitar a luz do sol entrando pela janela como o resto da casa. Encostou a porta de madeira sem fazer barulho e ficou boquiaberto diante da grandeza do lugar, nunca havia visto uma biblioteca caseira tão grande, com enormes prateleiras alinhadas e livros, muitos livros, do piso ao teto. Foi caminhando deslumbrado pelas edições originais de livros organizados nas prateleiras, seguindo o caminho entre elas até o fundo da biblioteca. Deu um salto ao deparar-se com tal cena.

Ao final do cômodo, uma escrivaninha antiga se encontrava no centro, porém, sentado na larga poltrona estava Jongin e Kyungsoo entre suas pernas. Baekhyun abriu a boca sem saber o que dizer, deveria ir embora e deixa-los deixar a sós? Jongin tinha seus braços rodeando a cintura do menor enquanto mordia o pescoço do mesmo, sugando seu sangue, Kyungsoo por outro lado não parecia se importar com isso, pois sentado de costas para maior tinha seus olhos fechados, aproveitando-se da sensação de ser mordido. Baekhyun notou que ele tinha um livro aberto sobre a escrivaninha, porém parecia ter se esquecido completamente do mesmo, enquanto o outro vampiro lhe sugava.

Ainda paralisado, Baekhyun viu quando os olhos de Kyungsoo se abriram lentamente em sua direção, sentiu seu corpo gelar, porém o vampiro não pareceu se envergonhar de nada, muito menos se incomodar com sua presença ali.

-Chanyeol está dormindo? – Indagou Kyungsoo que tinha a cabeça encostada no ombro de Jongin, este que levantou o olhar até Baekhyun sem tirar os dentes do menor, logo voltando sua atenção para o que fazia.

-Ah...- Baekhyun gaguejou. Era a primeira vez que Kyungsoo falava com ele sem lhe encarar como se fosse matá-lo a qualquer momento. –S-Sim. Está. –Alternou o olhar entre Jongin e Kyungsoo. –Melhor eu ir...

-Não precisa ir embora. – Kyungsoo o interrompeu. –Se está aqui, aproveite e pegue um livro.

-Ah... Claro. – Deu um sorriso sem graça, porém não conseguia desviar o olhar das presas de Jongin.

O vampiro mordia o pescoço de Kyungsoo e o sugava com certa devoção, mas logo tirava as presas e lambia o sangue que escorria dali para mordê-lo novamente, dessa vez um pouco mais abaixo. Baekhyun notou diversas marcas de presas do outro lado do pescoço de Kyungsoo, e o lado onde Jongin lhe mordia já havia outras três marcas.

-Gostaria de perguntar alguma coisa? – Indagou, de repente, fazendo Baekhyun dar um sobressalto.

-Não... Não... – Negou e virou-se rapidamente para as estantes de livros. Suspirou.

Será que era Jongin quem havia deixado Kyungsoo mais calmo? Ele não parecia querer lhe matar agora. Olhou de canto para os dois e viu Kyungsoo de olhos fechados descansando a cabeça no ombro do outro. Resolveu tentar a sorte.

-Sabe...

-Hm? – Kyungsoo abriu seus olhos minimamente para encará-lo de volta.

-Eu tenho algumas dúvidas...

-Sobre o porquê de estar aqui, não é? – Baekhyun acenou rapidamente. Kyungsoo então indicou a cadeira do outro lado da escrivaninha para que Baekhyun se sentasse. Mais que depressa Baekhyun já estava devidamente sentado diante de Kyungsoo e Jongin, este último não dando a mínima para sua presença ali. –Você foi escolhido para estar aqui.

-Eu?- Baekhyun arregalou os olhos apontando para si mesmo. –Mas eu? Porque eu? Meu pai me disse que... Ele disse que...

-Seu pai? Quem é seu pai? – Indagou seriamente, sem perder a postura.

-Meu pai é diácono de uma igreja onde moro.

-Essa igreja... Acredito que você saiba que existe um orfanato que pertence a sua igreja, não?

-Sim, existe. A irmã Beth toma conta do orfanato.

-Você então já sabe que veio deste orfanato, certo? – Arqueou a sobrancelha.

-Não... Eu não sou desse orfanato... Eu... eu... Sou filho do meu pai. – Sua voz foi diminuindo conforme falava e seu olhar abaixando cada vez mais.

-Você não sabia então? Que seu pai te adotou e te levou para ser criado na igreja?

-Não, claro que não. Ele nunca me falou nada disso... Quer dizer, eu encontrei o diário do meu pai, mas achei que fosse mentira. –De repente seu olhar levantou-se novamente em direção a Kyungsoo. -Afinal, como vocês tinham o diário do meu pai? Como vocês o conheciam?

-Eu não conheço seu pai. E nós não estávamos com o diário dele.

-Como não? Eu encontrei o diário naquele quarto lá em cima onde vocês trancaram. – Kyungsoo o olhou com uma cara estranha.

-Isso é impossível. Não tem como esse diário ter ido parar lá se o quarto está inutilizado há muito tempo. -Jongin levantou o olhar para prestar atenção na conversa.

-Mas estava, e tinha uma mulher lá! – Exclamou fazendo agora Jongin afastar suas presas de Kyungsoo para encara-lo.

-Uma mulher? – Kyungsoo indagou ficando mais sério que o normal.

-Sim.

-Então foi ela quem trouxe esse diário. – Constatou. –Mas não era para ela estar aqui.

-Quem é ela?

-Ela é nossa “mãe”. – Kyungsoo falou com desdém e evidente raiva. Jongin pareceu perceber que ele estava perdendo a calma e voltou com os lábios para o seu pescoço, deixando selares antes de mordê-lo novamente. Kyungsoo pareceu se acalmar um pouco.

-E o que ela tem haver com o diário? E o porquê estou aqui? Ainda não entendo. –Disse em tom desesperado, Kyungsoo rolou os olhos.

-Uma coisa de cada vez. – Disse ríspido calando o menor. –Primeiro; você não foi o único escolhido para estar aqui, no entanto, tem dois fatores que te tornam especial. Segundo, seu pai, ele não sabe de nada, provavelmente.

-Me explique. – Pediu tentando parecer tranquilo para não irritar Kyungsoo. Ele parecia ser o único que poderia lhe oferecer as informações que queria e Jongin já estava fazendo um bom trabalho em mantê-lo mais calmo.

-Nós, como deve saber, fomos transformados por essa mulher. Uns vieram antes, outros depois, no entanto, fomos todos mandados para viver no mesmo lugar, esta casa. Fomos transformados por motivos de sobrevivência, essa mulher nos encontrou a beira da morte e nos salvou.

-A beira da morte? – Pareceu intrigado.

-Provavelmente de alguma epidemia da época ou sei lá... Não me interessa nem um pouco, na verdade. Minha memória já apagou isso a, pelo menos, uns trinta anos atrás. –Baekhyun sequer cogitou perguntar qual a idade do vampiro, afinal não queria levar uma surra pela pergunta indelicada. –Considerávamos nossa transformação como nossa salvação... No entanto, após nossos primeiros anos, percebemos como isso é mais maldição do que salvação.

-Por quê? –Atreveu-se a interromper.

-Nós não estamos mortos, mas também não estamos vivos. Temos sangue circulando em nossas veias, porém ele é frio. Sentimos prazer em comer, mas não sentimos fome. – Deu uma pausa encarando os olhos atentos de Baekhyun. –Somos monstros, não temos sentimentos.

Baekhyun o olhou confuso, sem saber o que dizer. Como assim não tinham sentimentos? Isso era impossível. O que era toda aquela raiva que Chanyeol sentia às vezes? Aqueles sorrisos de canto que Tao vivia distribuindo? E aquelas risadas psicóticas de Sehun?

-Como isso é possível? O Tao... ele...

-O Tao não sente nada, Baekhyun, ele é tão vazio quanto a todos nós. –Kyungsoo o interrompeu mais uma vez. –Quando digo que não temos sentimentos, me refiro a bons sentimentos. Não temos felicidade, alegria, amor, tristeza, compaixão, bondade ou qualquer coisa do tipo. Mas somos repletos de ódio, raiva, rancor, melancolia, angustia... Percebe, o quão sombrio é tudo isso? Você gostaria, Baekhyun, de viver assim o resto de sua vida?

-Não... Meu Deus, não. – Disse sentindo pena dos vampiros pela primeira vez.

-Nós também não. Então nos revoltamos, porém, nosso tutor disse que havia um jeito, e ela prometeu que nos ajudaria.

-Tutor?

-Nosso tutor, é o irmão dessa mulher. Inclusive, ele é um dos responsáveis pelo orfanato de onde você veio.

-O que? – Baekhyun sentiu um nó se formando em sua mente.

-“Existe uma lenda...” Ela nos disse. O único jeito de nos fazer sentir novamente seria realizando um sacrifício. – Baekhyun abriu a boca em choque. –Precisaríamos somente de uma garota, pura e virgem. Era um ritual simples, em uma noite de lua cheia deveríamos beber do sangue da garota e depois matá-la com uma facada de prata no coração.

-Isso é horrível!

-Não me julgue, eu não posso sentir compaixão. – Baekhyun sentiu seu estomago embrulhar. –Essa seria a nossa noiva do sacrifício. Mas onde poderíamos encontrar uma garota para realizar isso? Bem, nosso tutor é um dos responsáveis pelo orfanato, e não teria lugar melhor para arranjar alguém sem qualquer grau de parentesco para desconfiar do sumiço. Além de que, não tem como ser mais pura e virgem do que criada por freiras, certo?

-Santo Deus! – Baekhyun levou uma de suas mãos para segurar a cruz pendurada em seu pescoço.

-O ritual foi feito seguindo todas as regras, contudo, nada aconteceu depois... Continuamos os mesmos, não sentindo remorso algum pela garota que matamos. Nossa mãe nos garantiu que nos mandaria outra garota na próxima lua cheia, mas não funcionou... de novo. Continuamos com isso, mais e mais vezes, acreditando que um dia a garota certa apareceria para nós, mas isso nunca aconteceu. E eu já não acredito que vá acontecer.

-Por Deus, há quanto tempo vocês vêm fazendo isso?

-Há muitas e muitas luas.

-Isso não é possível. Por que continuam fazendo isso? É terrível. Vocês mesmos já viram que não funciona.

-Na realidade é bem raro, porém existem casos em que vampiros voltaram a sentir, mas como disse, isso é muito raro e não se sabe direito como ocorre. Eu já perdi as esperanças há muito tempo, e por mim, não estaríamos mais fazendo isso, porém... Alguns de nós ainda têm esperança.

-Mas... Onde exatamente eu entro nessa história?

-Nós também não entendemos direito, por isso Xiumin foi encontrar nosso tutor atrás de explicações. O que na realidade ele não deu. Só sabemos que dessa vez aquela mulher escolheu você por alguma razão para ser a nossa noiva, e pelo que entendi, seu pai conhece nosso tutor, que o convenceu em te enviar para cá dizendo que essa era a casa dele e de seus sobrinhos, no caso, nós.

-Então meu pai não sabe de nada?

-Aparentemente não.- Concordou e viu Baekhyun soltar o ar mais aliviado. –Mas o mais estranho de tudo isso é... Se você é mesmo a noiva, mesmo sendo um garoto, porque não podemos te matar?

-O quê? – Baekhyun gritou.

-Não seja barulhento. – Reclamou com um olhar mortal e Baekhyun engoliu em seco. –Recebemos um telefonema antes de você chegar, dizendo que alguém viria da igreja, que deveríamos tratá-lo bem e não poderíamos matá-lo. Existe sentido nisso?

-Muito! – Exclamou. -Eu não sou a noiva certa.

-Provavelmente não. Jongin e Chanyeol já lhe morderam e nada aconteceu, e sou da ideia de que não precisamos matá-lo para saber que você é só mais um engano...

-Está certíssimo! –Concordou.

-Só não sei até quando teremos que te manter por aqui, então você terá que conviver conosco sem reclamar. E é claro, já que está sobre nossos cuidados, terá que se submeter a ser nossa presa. Ou pelo menos, a presa de Chanyeol, aquele idiota possessivo desordeiro.

-Tudo bem. Já fico mais aliviado em saber que meu pai não sabe de nada disso. – Falou baixo. -Mas tenho certeza de que deve existir outra forma de ajuda-los. Sem precisar matar ninguém.

-Se realmente existe, já desisti de encontrar. – Disse por fim. – Agora que já sabe tudo o que quer, se realmente não deseja ler livro algum, sugiro que nos deixe a sós.- Baekhyun concordou prontamente, se colocando de pé e curvando-se diante dos dois, em forma de agradecimento.

-Obrigado. Irei deixa-los sozinhos agora.

 

 

ƸӜƷ

 

 

Baekhyun entrou em seu quarto um tanto pensativo, estava tentando digerir tudo o que ouviu de Kyungsoo e tentando não surtar com tudo aquilo. Fechou a porta atrás de si completamente avoado, porém levou um susto ao deparar-se com Chanyeol dormindo em sua cama. Deu um salto pelo susto colocando a mão no coração. Por que é que desde que chegara naquela casa, só levava sustos?

-Chanyeol? – Indagou ainda confuso com a presença do outro.

Quando saíra do quarto mais cedo, o maior não estava ali.

-Hm? – Murmurou abrindo os olhos um pouco sonolento.

-O que está fazendo aqui? – Questionou sentando-se na cadeira da penteadeira. Não se sentaria na cama onde Chanyeol estava deitado, não era estupido, sabia que se fizesse isso, havia grandes probabilidades do maior o puxar para beber seu sangue. Mesmo com sono Chanyeol era insaciável.

-Dormindo. – Disse o óbvio de forma simplista.

-E por que aqui? Achei que estaria em seu quarto. – Baekhyun sempre fazia muitas perguntas, e Chanyeol já não estranhava mais este fato.

-Eu estava, mas sua cama é mais confortável para dormir, seu cheiro está espalhado nela e me deixa mais relaxado. – Disse afundando o rosto no travesseiro e aspirando o cheiro de Baekhyun ali.

Para vampiros os cheiros dos humanos eram extremamente mais fortes. Para Chanyeol, em especial o cheiro de Baekhyun.

-Chanyeol, quantos anos você tem? – Questionou curioso, como estava com medo de fazer esta pergunta para Kyungsoo, resolveu fazê-la para Chanyeol. Sabia que o maior responderia. Ele sempre respondia suas perguntas.

-Parei de contar depois dos cinquenta e três anos... Percebi que já que somos imortais, não faz diferença contar os nossos anos de vida. – Fechou os olhos devagar. Ficaram em silêncio.

Baekhyun ficou observando Chanyeol descansando em sua cama. O vampiro tinha os olhos fechados e respirava calmamente contra seu travesseiro, parecia até mesmo um humano normal quando não estava bebendo seu sangue ou com um sorriso assustador no rosto. Será mesmo possível que vampiros não pudessem sentir? Para Baekhyun aquilo parecia surreal demais. Chegava a ser impossível para alguém que possuía sentimentos e os sentia com tanta intensidade, conseguir se colocar no lugar dos vampiros. Como seria não sentir nada? Não conseguia imaginar. Fechou os olhos com força e tentou pensar como seria sentir somente raiva, descaso, ou melancolia. Não obteve sucesso. Parecia tudo tão triste, em sua visão. Se isso fosse realmente verdade, Baekhyun sentia verdadeira pena daqueles garotos. Queria ajudar, mas não sabia como, não tinha como.

-Hey, Chanyeol... – Chamou, fazendo o vampiro abrir minimamente suas pálpebras para encará-lo. –Qual a relação entre Jongin e Kyungsoo? – Questionou curioso.

-Nenhuma. – Respondeu com pouco caso, sem realmente entender a pergunta do outro.

-Nenhuma? Certeza? Eles não... Se gostam?

-Se gostam? – Questionou confuso. –Eles sentem prazer juntos.

-Prazer?! – Abriu seus olhos um pouco assustado, ficando vermelho.

-Sim. Não tem nada além disso. Esse é o máximo que eles conseguem. –Murmurou voltando a fechar os olhos.

-Não conseguem... amar?

-Não. Você já viu um monstro amar alguma vez?

-Existem vários filmes onde monstros se apaixonam. – Tentou convencer o maior, porém ele soltou um riso divertido e não o respondeu. –Você também não sente?

-Não. – Disse simplório.

-Mas... – Ainda estava confuso. Tentava entender, mas era complicado. –O que você está sentindo agora?

-Nada.

-Nada? Como? Como é sentir nada? – Dizia frustrado.

-É simplesmente nada. Não existe explicação. Ou você sente ou não. Da mesma forma que você não consegue entender como é sentir nada, eu não consigo entender como é sentir. – Deu de ombros encarando Baekhyun.

-Mas você já sentiu, não é? Alguma vez. – indagou esperançoso.

-Quando eu era um mortal, provavelmente, mas como disse antes, parei de contar minha idade no cinquenta e três, quem é que sabe quantos anos fazem que deixei de sentir. Não tenho memória alguma desse tempo. É como se nunca tivesse sentido antes. – Ouviu Baekhyun suspirar. –O que foi?

-Você não tem vontade de voltar a sentir? – Perguntou timidamente.

-Querer não é poder. – Disse sério.

-Eu gostaria de poder ajudar. – Falou baixinho.

-Não tem que se preocupar com isso. Aparentemente não há nada que você possa fazer. A não ser que você saiba como realizar milagres, esqueça isso. – Virou-se para o outro lado. –Deixe-me dormir, estou com sono.

 

 

ƸӜƷ

 

 

Já era noite quando Baekhyun subiu até o terraço. Havia explorado a casa inteira, porém ainda não tinha ido até lá e tinha certeza de que conseguiria ter uma bela visão do céu noturno dali, ainda mais quando era época de lua cheia. Subiu todos os lances de escadas para chegar até o terraço, aproveitando que não tinha nenhum vampiro no seu encalço. Cruzou a porta direta para o terraço, notando que realmente não estava errado, a visão da lua ali, era linda.

O terraço era cercado por grades de proteção, como portões altos e compridos, porém o local era enorme, e mesmo que muito bem seguro, ainda dava a impressão de se estar livre. Baekhyun estava andando distraidamente enquanto olhava para o céu, quando levou um susto ao ouvir a voz de Tao falando sozinho. Parou no mesmo instante, olhando para os lados e localizando o vampiro parado de costas a alguns metros de distancia, enquanto conversava aparentemente com a lua.

-Eu te amo. Para sempre, sempre e sempre. – Baekhyun o olhou confuso, vendo que ele tinha um olhar distante. –Você querendo ou não, nunca me esqueci de você, nem mesmo por um instante. Lembro-me de sua voz, de seu cheiro... Tudo de você. – Aspirou o ar gélido da noite, porém parou, como se sentisse a presença de alguém. –Ei, quem está aí? –Indagou ficando sério de repente e virou o rosto, encontrando Baekhyun, parado ali como uma estátua.

-Ah... – Falou perdendo a voz por um momento. Tao sorriu divertido ao vê-lo ali.

-Bitch-chan, é feio ficar escutando escondido. –Disse se aproximando do menor.

-Desculpe, não tive a intenção. – Pediu vendo Tao parar diante de si.

-Mas você escutou um pouco, não escutou?

-Bem... Um pouco sim. – Disse tentando sorrir para o outro.

-E agora? O que devemos fazer? – Cruzou os braços e pendeu a cabeça para o lado com um sorriso de canto.

-B-Bem... Não se preocupe com isso. Não tenho costume de sair falando coisas que não são da minha conta. 

-Certeza? Eu acho que você deveria pelo menos me dar algo em troca... Nós, seres da noite, ficamos especialmente mais sedentos em noites como essa. – Sorriu ao ver a cara de pânico de Baekhyun.

-Desculpe... Mas eu não posso. Chanyeol não irá gostar nem um pouco disso se descobrir que mais alguém andou me mordendo. – Ameaçou o outro, sabendo que ele não iria querer arrumar uma confusão com Chanyeol.

-Esse Chanyeol. Sempre estraga a diversão. – Fez um bico frustrado. Baekhyun suspirou aliviado.

O vampiro pareceu perder o interesse em si, rapidamente, olhando para o céu e ficando assim por alguns segundos.

-Tao... – Chamou fazendo com que o outro lhe encarasse de volta. –Posso fazer uma pergunta?

-O que é Bitch-chan? Está curioso sobre mim? – Sorriu.

-Quem é sua mãe? – indagou curioso, vendo que a expressão do outro tornou-se séria, algo incomum para ele.

-Hwayoung. É uma mulher misteriosa, não sei muito sobre sua vida, mas foi ela quem nos transformou e nos abrigou aqui. Embora para mim, ela é meramente o objeto de meu ódio.

-Hwayoung. – Falou para si mesmo. –Como a conheceu?

-Não a conhecia, ela simplesmente apareceu num momento em que estava à beira da morte e me transformou.

-Você se lembra? – Indagou espantado com a memória de Tao. -Todos os outros com quem conversei, não se lembram de nada sobre suas vidas de antes. – O olhou esperançoso.

-Lembro-me de poucas coisas, mas isto é porque fui o penúltimo a chegar aqui. Os outros são mais velhos, provavelmente não se lembram de mais nada. Ainda mais Xiumin e Chanyeol que foram os primeiros a serem transformados. –Explicou.

-Quem foi o último?

-Sehun é o mais novo entre nós.

-Ele deve se lembrar de mais coisas então. – Constatou.

-Não diria que ele se lembra de muito mais do que eu.

-Você o conhece bem? – Questionou com evidente curiosidade.

-Mas é claro. Estamos a tantos anos juntos. – Falou divertido com a intromissão do menor na vida alheia.

-Então, poderia me explicar sobre o Teddy? Pelo que posso notar, Sehun foi transformado quando já era um jovem, então por que ele tem aquele urso? –Perguntou e viu que Tao pareceu gostar de sua pergunta. O vampiro se aproximou consideravelmente, como se fosse lhe contar um segredo.

-Xiumin diz que ele pertencia ao irmão, de sangue, mais novo de Sehun que morreu no mesmo desastre que ele. Mas nossa mãe salvou Sehun e ele ficou com o urso. – Baekhyun ficou chocado com aquilo.

-Meu Deus! – Exclamou. –Ele sente falta do irmão...

-Quem disse que ele sente algo? – Falou sombrio para assustar ao menor, porém Baekhyun estava perdido em seus devaneios.

-Você... – Falou por fim, fazendo Tao arquear uma sobrancelha. –Você também não pode sentir, não é?

-Nenhum de nós pode, é algo inevitável.

-Então porque sorri? Tem certeza de que não consegue sentir? – Indagou duvidoso, no entanto, Tao sorriu presunçoso novamente.

-Porque pessoas que sorriem são mais bonitas. Por que acha que Kyungsoo é feio? – Disse óbvio acabando por arrancar uma risada de Baekhyun. Tao o olhou surpreso pela reação. Há tempos não via alguém gargalhar. Não sabia qual a sensação, mas aquilo parecia bom, contudo, era impossível retribuir.

-Você é engraçado. – Disse contendo o riso. Fora impossível não gargalhar com aquilo. –Mas Kyungsoo é bonito.

-Eu sou mais, tenho certeza. – Disse sério.

-Como pode ser tão confiante? – O olhou divertido. Jamais imaginou achar um vampiro tão divertido, mesmo que Tao gostasse de lhe assustar de vez enquando.

-Uma pessoa uma vez me disse, que fico bonito quando sorrio. Então tenho certeza que sou mais bonito que qualquer um deles, pois sou o único que sabe sorrir. – Disse convencido.

-Esta pessoa está certa. Continue sorrindo. – Disse voltando há rir um pouco.

Tao o ignorou e volto a olhar para a lua, sentando-se no chão do terraço para podê-la admirar melhor.

 

 

ƸӜƷ

 

 

-Querido Deus, essa é outra provação que você fez para o meu bem? O meu pai está vivo e bem? – Baekhyun rezava baixinho, ajoelhado sobre sua cama, de olhos fechados e mãos entrelaçadas.

-Eu não incomodaria Deus fazendo perguntas das quais você já têm as respostas. – Chanyeol falou de repente, fazendo Baekhyun abrir os olhos e lhe encarar.

-Sabe algo sobre o meu pai? –Questionou vendo o maior se aproximar de sua cama.

-Não deveria se importar com isso. Seu pai não é o nosso alvo e ele provavelmente está bem. Não desperdice seu tempo rezando. Deus não é nada além de uma tolice criada pelo homem. – Chanyeol colocou-se de joelhos sobre a cama, assim como o menor, ficando de frente para este. Baekhyun fechou sua expressão.

-Isso não é verdade.

-Tá bom, né?! Você realmente acredita nele? Acha que ele vai te ajudar se você acreditar? Você é idiota ou ingênuo? Se Deus realmente existisse, teria ajudado a mim e meus irmãos. Teria visto o sofrimento de Jongin e Kyungsoo. Teria nos libertado. – Baekhyun o encarou compadecido diante daquilo.

-Às vezes... Deus usa de situações difíceis para um propósito.  – Chanyeol soltou um riso de deboche.

-Acho sua inocência atraente, Baekhyun. – Levou sua mão para o rosto do menor. –Entretanto, não há nada em que acreditar e você precisa fazer mais do que rezar para conseguir algo.

-Eu ainda vou rezar e ainda vou acreditar! – Disse furioso, fechando os punhos. Não tolerava esse tipo de pensamento, muito menos quando tentavam fazê-lo perder sua fé.

-Faça o que quiser. – Disse sem importar-se. Empurrando Baekhyun pelos ombros, o fazendo deitar sobre a cama e ficando sobre ele. –Agora me diga, quer que eu comece de cima, ou de baixo?

-Não quero. – Disse com raiva. Chanyeol havia o irritado. –Deixe-me em paz.

-Está bravo? –Sorriu. Vendo o brilho no olhar de Baekhyun. –Seus olhos são fascinantes. –Admirou-os por alguns segundos. –Tão lindos. Pode ficar mais bravo se quiser. Pode me xingar. Mas não importa o quão duro você tente, você não é páreo para mim. Para um não-humano como eu. –Abriu devagar alguns dos botões do pijama de Baekhyun, expondo seu tronco. –Verei lugares que você esteve muito envergonhado para mostrar para alguém, mas não se preocupe, no final, você será meu. Não precisa se envergonhar de mim. – Deixou um selar no peito desnudo de Baekhyun que fechou os olhos diante disso, tentado se acalmar. Não valia a pena perder a paciência com Chanyeol, ele era só um vampiro. Ele jamais entenderia a fé de Baekhyun. Afrouxou o aperto em seus punhos e deixou seu rosto tingir-se de vermelho com as palavras do outro. Chanyeol ergueu-se um pouco para olha-lo e sorriu de lado ao vê-lo rubro. –Ah... Não consigo aguentar. Gosto disso.

Chanyeol desceu um pouco sobre o corpo de Baekhyun, alcançando sua perna nua, devido ao shorts do pijama. Deixou um selar em sua coxa o vendo ficar ainda mais vermelho e sem reação. Foi subindo uma trilha de beijos por ali até cravar suas presas naquela região macia e quente. Baekhyun abriu a boca em um grito mudo, tombando sua cabeça para trás. Aquilo doía.

-Isso machuca? – Indagou, voltando a olhá-lo nos olhos. Baekhyun estava com uma expressão de dor. Chanyeol lambeu o local que havia mordido, fazendo um carinho no menor e deixando um beijo em seguida. Baekhyun suspirou com a dor se dissipando aos poucos. Sentiu a mão de Chanyeol acariciando aquela região dolorida de sua coxa, seu olhar trazia algo parecido com preocupação enquanto encarava Baekhyun, esperando que seu semblante de dor se suavizasse.

-O-Obrigado. –Sussurrou um tanto confuso e agradecido. Não esperava que o maior pararia de mordê-lo, por tê-lo feito sentir dor. No entanto, achou aquilo adorável.

–Vou contar um segredo a você. – Disse de repente, olhando de forma séria para Baekhyun, sem parar de acariciar sua coxa. – Você foi oferecido a nós como um sacrifício, pela própria igreja que você tem tanta fé.

-Está mentindo. – Disse ficando sério, diante daquela acusação.

-Muito bem, então  conte-me quem foi que entregou você para nós?

-Seu tutor. – Respondeu sentindo seu lábio levemente trêmulo.

-Sim, meu tutor. – Concordou, voltando a subir em Baekhyun, ficando com os rostos próximos. –Meu tutor que trabalha em sua igreja, junto com alguns padres e freiras que acreditam na palavra dele. Que oferecem uma virgem em toda lua cheia como sacrifício em troca de bênçãos para a igreja. – Disse convicto. –Ou você acha que ninguém notaria o sumiço das garotas do orfanato? -Baekhyun ficou pasmo.

-Meu pai não faria isso. – Negou com os olhos marejados.

-Seu pai não está no meio disso. Ele não corre perigo. –Com o olhar petrificado e um pouco embaçado pelas lágrimas acumuladas, encarou diretamente o olhar do ruivo sobre si.–Ninguém nunca foi salvo por causa de sua crença. Não existem milagres ou bênçãos.  – Falou por fim. Um tom de amargura em sua voz enquanto permanecia com sua expressão inabalável. O coração de Baekhyun pareceu doer com aquelas palavras. Mordeu seu lábio inferior, levando suas mãos até o rosto gélido do vampiro a sua frente.

-E-Eu não sei como... Mas irei ajudar vocês. – Chanyeol sorriu de lado, debochando de Baekhyun.

-Não há nada que você possa fazer. – Disse, porém Baekhyun o encarou irredutível.

-Eu estou falando sério. Não sei o que posso fazer... Mas ajudarei. –Viu o maior aproximando-se de seu rosto, enquanto encarava sua boca. –Irei provar que milagres existem. – Sussurrou devido à aproximação. Chanyeol roçou seus lábios no do menor.

–Somente esqueça isso e me siga para o inferno... Ou me tire dele. –Colou seus lábios aos do menor em um beijo lento. Baekhyun fechou os olhos e o retribuiu. Sabia o que viria em seguida e não fugiria. Seria sugado por Chanyeol.

 

 


Notas Finais


Ohhhhhhhhhhh Que horrível, não?
Baekhyun tem sorte de ser um garoto!
Mas então... Qual será a razão de Baekhyun estar ali? Será que ele poderá ajudar a todos? Como? E porquê? Essas e muitas outras dúvidas, nos próximos capítulos de Lost! kkkkkkkkk Okay parei!
Chega, gente, definitivamente não levo jeito pra suspense. Me demito!
Espero que tenham gostado deste capítulo! Nos vemos no próximo então!
Chu~*3* no coração de todos!

Trailer da fanfic: http://www.dailymotion.com/video/x4l1ogv_trailer-fanfic-lost_music


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