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História Lost - São necessarias


Escrita por: MiMoon

Notas do Autor


Você percebe o nível de desespero da pessoa quando faz três dias que ela vai dormir as sete da manhã só porque ficou escrevendo a fanfic pra postar o mais rápido possível!!
Gente! Como demorei, Deus me livre.
Tô de férias e estou tentando terminar de ler todos os livros que eu andei comprando, mas eu tenho um ataque compulsivo de comprar livros, que me faz comprar livros o tempo todo. Quando eu penso que estou quase conseguindo ler todos os livros da minha estante, eu não me aguento e compro mais.... Não é possível senhor! Estou virando um ser humano sem vida de tanto ler. Por isso estou aqui, de madrugada e varando a manhã escrevendo, porque durante o dia eu só leio. Minha meta é ler todos os meus livros antes das aulas começarem!!! AI Senhor!!!
Em fim, chega de papo. Ninguém que saber da minha vida... Bora ler?
Boa leitura!

Capítulo 15 - São necessarias


Baekhyun estava sentado sobre o colo de Chanyeol enquanto este desabotoava os primeiros botões de sua camisa. O quarto se encontrava calmo, porém o coração do garoto estava cheio de inseguranças e incertezas. Sua cabeleira clara descansava sobre o ombro do vampiro enquanto seus dedos batucavam sem um ritmo distinto sobre o peito do mesmo.

-O que você tem? - Chanyeol indagou, parando de tirar os botões de suas casas e levantando o olhar para encontrar o de Baekhyun.

-Nada.

-Então porque está inquieto? - Encarou-o profundamente, fazendo Baekhyun levantar a cabeça de seu ombro e suspirar.

-Eu estou com medo. -Foi sincero, baixando seu olhar.

-Escute, se for por causa de Hwayoung, nós vamos dar um jeito. Não tem com o que se preocupar, Shinwoo está do nosso lado e vai nos ajudar, nada vai acontecer a você ou ao seu irmão, porque eu vou te proteger com a minha vida.

-Chanyeol... Obrigado. - Deixou um curto selar nos lábios a sua frente. -Mas, não é só disso que estou com medo.

-E o que é?

-Todos estão depositando sua fé em mim. Eles realmente acreditam que eu possa ajudá-los, mas eu não sei se eu posso. -Desabafou, tirando aquele peso de suas costas.

-Mas você pode. Foi você quem me salvou. -Chanyeol sussurrou de forma serena, voltando a abrir os botões de Baekhyun enquanto se aproximava de seu pescoço para distribuir alguns selares na derme quente.

-Eu sei... Só que eu não tenho ideia de como eu fiz isso. Eu não sei se consigo fazer de novo. Eu não sei o que fazer. -Queixou-se rodeando os ombros de Chanyeol com seus braços.

-Amor, escuta. - Chanyeol afastou-se novamente para poder olhar Baekhyun nos olhos, encontrando-o completamente corado por Chanyeol tê-lo chamado de"amor". -Olhe para mim. Olhe o que você fez comigo. Lembra-se de como eu era quando você chegou? Você consegue ver? Eu estou completamente apaixonado por você agora. Eu finalmente posso sentir de novo, sorrir de novo... Agora eu me lembro de como eu era antes de me transformar. Eu consigo sentir as minhas lembranças. Eu não só lembro, como me sinto da mesma forma como me senti na época em que elas aconteceram. E tudo isso é graças a você. Eu também não sei o que você fez, mas acredito que você tem um poder muito forte, capaz de ajudar a todos. Eu confio em você.

-Chanyeol... - Baekhyun sorriu, agradecido pelas palavras do maior.

-E eu não acho que você tenha me ajudado, somente. –Comentou. -É só olhar para o Tao, nunca o vi sorrir tanto quanto nos últimos meses.

-Ele sempre sorri. - Negou.

-Não da mesma forma que antes. E também, consigo reparar que ele tem nutrido grande afeto por você. Baekhyun... Vampiros não sentem afeto.

-Você acha?

-Ele pode não ter reparado, mas eu sim. - Selou a bochecha de Baekhyun, arrancando um sorriso do menor. -E também tem o Jongin. Ele não parece estar mais comunicativo ou algo parecido? Eu sei que ele é bem sério às vezes, mas você não nota de relance, de vez em quando, um brilho em seu olhar, ou alguns curtos sorrisos espontâneos?

-Quando ele olha para o Kyungsoo, sim...

-Por falar em Kyungsoo, não acha que ele anda mais calmo?

-Acho que não... –Negou prontamente.

-Tudo bem, talvez não seja tão evidente assim... Mas quem sabe se você tentasse se aproximar mais dele, assim como fez comigo e com o Tao, não ajudasse?

-Vou tentar. –Suspirou baixinho. Kyungsoo era uma pessoa difícil, mas faria esse esforço.

-Talvez só a sua presença seja o suficiente. Você não tem que fazer nada, somente a sua energia seja o suficiente. - Falou, tentando ajudar seu pequeno.

-Acho que você tem razão. - Baekhyun sorriu aliviado por Chanyeol ter conseguido acalmar a angústia em seu peito. -Obrigado. -Tomou os lábios avermelhados do maior em um beijo lento e demorado. Chanyeol podia ser um vampiro, um monstro ou qualquer outra coisa que as pessoas quisessem chamá-lo, contudo Baekhyun o amava como ninguém no mundo.

Afastaram-se após longos minutos, Baekhyun ainda ofegante, porém Chanyeol parecia nem sentir a falta de fôlego.

-Estou com sede. - Falou, terminando finalmente de desabotoar o pijama de Baekhyun.

-Tudo bem. - Baekhyun voltou a deitar a cabeça no ombro do vampiro, fechando os olhos em seguida enquanto sustentava um sorriso suave nos lábios.

Não demorou muito até sentir as presas lhe perfurando a pele. A dor e a sensação da mordida já havia se tornado familiar para Baekhyun, que apenas deixava-se descansar sobre o corpo que o acolhia.

 

 

ƸӜƷ

 

 

Era noite quando Xiumin passou pelos quartos da mansão, pedindo para que todos arrumassem seus pertences o quanto antes, pois não tinham tempo a perder.  Chanyeol e Kyungsoo até tentaram arrancar algumas respostas do irmão mais velho, porém foram limitados a um aceno de negação enquanto Xiumin desaparecia pelos corredores, batendo palmas e acordando quem fosse que estivesse dormindo àquele horário. No caso, Luhan, que acordou as pressas sem entender o que se passava.

-Com licença. – Luhan bateu algumas vezes na madeira da porta do quarto de Baekhyun, mesmo que a mesma já estivesse escancarada.

Baekhyun parecia atordoado, andando de um lado paro o outro enquanto procurava seus pertences, organizando-os dentro de sua mala de mão. Chanyeol também se encontrava no quarto, porém aparentava estar muito menos apressado, arrastando os pés no chão, enquanto fazia o mesmo processo que Baekhyun, guardando algumas roupas dentro de uma mala.

-Olá, Luhan! Xiumin também te acordou? – Baekhyun indagou, mirando o irmão por alguns segundos, logo voltando a sua tarefa.

-Acordou. –Coçou os olhos. –Alguém pode me explicar o que está acontecendo?

-Pelo que parece, só Xiumin sabe ao certo. – Chanyeol respondeu, largando uma muda de roupa sobre a cama e voltando-se para Luhan. –Mas desconfio que se trate da proteção de vocês dois.

-Mas ele não disse para onde estamos indo? – Questionou confuso, vendo Chanyeol negar.

-Não disse nada, Luhan. Ele só pediu para arrumarmos nossas malas e nos encontrarmos na sala em cerca de meia hora. – Baekhyun falou enquanto fechava o zíper da mala completamente cheia.

-Pediu. – Riu em deboche. –O dia que ele aprender a pedir alguma coisa, vai ser o dia que eu ganhar asas.

-De fato. – Chanyeol concordou.

-Estou indo então, vou arrumar minhas coisas o mais rápido que puder. Nos vemos na sala, então. – Deu as costas e voltou para seu quarto, deixando o casal atarefado para trás.

Quase caiu pra trás ao deparar-se com Sehun deitado em sua cama, enquanto cheirava uma de suas camisetas que havia deixado jogada pelo quarto. Luhan não sabia como o outro havia entrado ali, e nem sabia o que ele estava fazendo com uma de suas blusas nas mãos, mas conteve-se do susto e fechando a porta atrás de si, foi até o maior, arrancando-lhe a blusa das mãos.

-O que está fazendo? – Indagou colocando as mãos sobre a cintura e batendo o pé no assoalho.

-Estava sentindo seu cheiro... –Respondeu simplista, sem se levantar da cama que não lhe pertencia.

-Já arrumou suas coisas? – Questionou, como quem repreende um filho.

-Já. Está tudo ali. – Esticou o braço apontando para o canto do quarto, onde Luhan sequer havia notado as malas do vampiro.

-Então, já que arrumou suas coisas, porque não me ajuda com as minhas?

-Você está tentando se aproveitar da minha boa vontade?

-Estou. – Sorriu. –Você quer minha ajuda e o meu sangue, então porque não?

Sehun o encarou seriamente por alguns segundos, mas como a expressão no rosto de Luhan continuava confiante, o vampiro resolveu levantar e ajudar ao outro, ganhando um abraço apertado e um beijo na bochecha, por parte de Luhan.

-Isso mesmo, você está aprendendo a ser complacente. –Deu alguns tapinhas no ombro do maior e o deixou encarregado de tirar as roupas do armário, indo, por sua vez, até a cômoda, tirar seus pertences da gaveta.

 

ƸӜƷ

 

-Finalmente, achei que não chegariam nunca! – Xiumin bradou, num claro sinal de impaciência, vendo Luhan e Sehun descerem a escada até o hall, sendo seguidos por Kyungsoo e Jongin, que também traziam suas malas, sem muitas dificuldades. Diferente de Luhan, que parecia lutar contra o peso de sua mala de mão e sua mala de rodas.

Sehun sem esperar para ver até onde Luhan conseguiria descer sem cair da escada, tirou a mala do garoto, e desceu sem vacilar nem um instante pelo peso de estar carregando suas malas, mais a de Luhan. O garoto por outro lado, sorriu satisfeito pela ajuda e o seguiu sem mais delongas.

-Foi você quem nos pediu que ficássemos todos prontos em meia hora, sem nem mesmo dar uma explicação sequer.  –Kyungsoo rebateu, igualmente irritado por aquela intimação surpresa no meio da noite.

-Sequer irei perguntar qual o motivo da sua demora e a de Jongin. – Xiumin encarou-os significativo, claramente provocando o irmão.

-Nada que seja da sua conta, se quer saber. – Kyungsoo vociferou, fazendo com que Chanyeol rolasse os olhos, sem saco para aguentar mais uma discussão.

-Nossa casa é sempre tão agitada, não acha, Bitch-chan?! – Tao sorriu divertido, de braços dados com Baekhyun, enquanto apreciava a irritação de seus irmãos.

-Olha, qual era a razão de ter nos chamado assim tão de repente, mesmo? – Jongin interferiu na discussão que parecia querer surgir, reduzindo-a a pó, com seu jeito único de acalmar as coisas.

-Ah, sim. –Xiumin pareceu lembrar-se do motivo inicial. Voltando a sua postura anterior, calma e séria. –Falei com Shinwoo ontem, sobre a nossa situação e ele disse que daria um jeito de nos ajudar. E hoje mesmo, há uma hora atrás, ele ligou de volta, pedindo para que o esperássemos com as malas prontas.

-Para quê? –Indagou Luhan.

-Como, para quê? – Falou óbvio. –A única maneira que temos de protegê-los, é nos escondendo em outro lugar. Essa mansão deixou de ser segura há muito tempo.

-Se é que um dia foi. – Tao balbuciou em seu canto.

-E para onde estamos indo? – Kyungsoo indagou, sentado ao lado de Jongin no sofá próximo a parede, aparentemente mais calmo.

-Disso eu não sei. Só posso dizer que Shinwoo me garantiu que tinha a ajuda de um amigo. – Concluiu.

Ficaram em silêncio em seguida, olhando uns para os outros enquanto esperavam a chegada de Shinwoo. Os vampiros pareciam confortáveis com o silêncio, porém Baekhyun e Luhan se entreolhavam agoniados com tamanha tensão naquela espera silenciosa. Apesar de o tempo arrastar-se para os dois garotos, logo escutaram batidas na porta, que fez com que todos se levantassem quase ao mesmo tempo. Xiumin não demorou em atendê-la, dando-se com Shinwoo e um homem desconhecido parado ao seu lado. Por sua fisionomia, presumia que aquele não era um vampiro.

-Estão prontos? –Foram essas as primeiras palavras de Shinwoo que olhava por sobre os ombros de Xiumin, garantindo-se de que estavam todos ali. Xiumin respondeu num curto aceno, voltando seu olhar para o homem alto, ao lado de seu tio, que segurava algo que Xiumin considerava ser uma bengala, porém era demasiado parecido com um cajado. –Ah, sim, este é o amigo que lhe falei mais cedo. Ele é advogado, porém o conheço da igreja que sou responsável. Ele é alguém que nos será muito importante.

-Prazer. – Xiumin saldou com grande polidez, sendo retribuído por um aceno igualmente educado.

-Shinwoo, devemos nos apressar. – O homem comunicou, lançando um olhar ao céu.

Certo, vamos dar uma breve apresentação de tão misterioso homem, aos leitores.

O advogado, era um homem de fisionomia austera, jamais iluminada por um sorriso. Falava de maneira seca, desajeitada e sucinta. Era tímido quanto aos sentimentos; magro, alto e melancólico – mas, ainda assim, de certo modo cativante. Em raras ocasiões, quando algo era de seu agrado, algo de eminentemente humano brilhava em seus olhos; algo que de fato nunca transparecia em sua fala e que se evidenciava não apenas na silenciosa simbologia do rosto, mas com alguma frequência e de maneira mais visível nas ações de sua vida. Era austero para consigo mesmo; bebia vinho quando estava sozinho, para mortificar-se, e, embora apreciasse o teatro, não entrava num faziam anos. Tinha, porém, uma reconhecida tolerância aos outros, às vezes espantado, e inclinado, fossem quais fossem as circunstancias, a ajudá-los mais do que a reprová-los. “Sou favorável à heresia de Caim”, costumava dizer. “Deixo que meu irmão vá para o inferno à sua maneira.”

Não havia dúvidas de que esse feito era simples para o advogado, pois ele era, na melhor das hipóteses, retraído, e até mesmo o sentimento da amizade parecia estar nele erigido sobre uma bondade igualmente universal. Um dos traços do homem modesto é aceitar das mãos da oportunidade seu círculo de amizades já pronto, e assim fazia o advogado. Seus amigos eram seus próprios familiares, ou pessoas que conhecia havia muito tempo; seus afetos cresciam com o passar do tempo, e não pressupunham nenhuma adequação do objeto. Daí, sem dúvida, os laços que o uniam a Shinwoo, homem bastante conhecido na cidade. Era um enigma, para muitos, o que aqueles dois podiam ver um no outro, ou que interesse podiam ter em comum. Os que os encontravam numa de suas caminhadas dominicais contavam que nada diziam e que pareciam singularmente desanimados. Não obstante, os dois homens tinham essas excursões em grande apreço, considerando-as o ponto alto da semana, e não apenas deixavam de lado programas mais prazerosos, como se desligavam até mesmo dos negócios, para que delas pudessem desfrutar sem ser interrompidos.

-Tem razão. – Shinwoo concordou instantaneamente, fazendo um sinal com a cabeça, como costumava fazer para chamar seus sobrinhos.

Xiumin apressou-se a pegar suas malas e arrastá-las para fora, sendo seguido por seus irmãos que imitavam seus passos sem questionar, apenas observando curiosos os passos daqueles dois homens. Contudo, algo de realmente estranho chamou a atenção de Baekhyun, Luhan, Chanyeol, Kyungsoo e Jongin, já que eram os mais observadores do grupo. O modo como o advogado paralisou seu olhar sobre Tao, quando este se colocou para fora da casa, ainda de braços dados a Baekhyun. Seu olhar sobre o vampiro era tão penetrante que Tao não pôde deixar de encará-lo de volta e como se aquilo fosse possível, empalideceu no mesmo instante. Entretanto, Shinwoo que estava alheio ao que se passava com seu amigo, apenas solicitou sua atenção, pois precisavam partir de pressa.

-Iremos a pé? – Xiumin indagou.

-Sim, foi assim que combinamos. – O homem respondeu, após voltar a parecer tão sério quanto havia chegado.

-Combinaram com quem? – Kyungsoo também entrou na conversa, começando a caminhar entre Xiumin e Jongin.

-Logo saberão. –Shinwoo respondeu, prolongando aquele mistério.

Baekhyun, por outro lado, não conseguia deixar de notar o quanto Tao parecia em outro mundo, e percebia os olhares do vampiro, sobre aquele homem. Luhan também percebia tudo aquilo, e não deixava de trocar olhares com Baekhyun numa conversa muda. Chanyeol que caminhava logo trás de Baekhyun, com Sehun ao seu lado, como um guarda costas, somente estudava as ações do irmão que tinha o braço entrelaçado ao de Baekhyun.

Aquela situação estranha, porém, foi deixada de lado, quando os vampiros pareceram finalmente perceber que estavam entrando no bosque que cercava a região. Xiumin sofria leves arrepios ao lembrar-se de anos atrás quando fora arrastado até ali, e arremessado no lago das almas. Contudo, não tomaram a direção do lago, e continuaram a embrenharem-se cada vez mais entre as árvores, no coração da floresta escura. Baekhyun tremendo um pouco agarrou o braço do irmão que caminhava ao seu lado, e segurou com ainda mais força o do vampiro, que não deixou de rir ao notar seu evidente medo.

Por todo lugar havia uma confusa massa de árvores, e à proporção que andavam, podiam ver a relva esverdeada sob as árvores, coroada com pétalas caídas. O caminho que seguiam, era irregular, mas ainda assim, pareciam deslizar por ele numa pressa febril. Baekhyun não conseguia compreender até então o que essa afobação significava, mas era evidente que aqueles dois homens estavam empenhados em não perder tempo. Enquanto percorriam aquele caminho sem fim, o sol mergulhava cada vez mais na escuridão, as sombras do anoitecer começaram a rastejar à volta. À medida que escurecia, começou a ficar cada vez mais frio, e o crepúsculo crescente parecia mergulhar para dentro de uma névoa as melancólicas árvores, carvalhos faias e pinheiros. Às vezes, como a estrada fosse aberta por entre a floresta de pinheiros que pareciam se fechar sobre eles na escuridão, grandes massas acinzentadas, que aqui e ali se espalhavam por entre as árvores, produziam um efeito particularmente estranho e solene, perpetuando pensamentos e fantasias macabras na mente dos dois irmãos. A única parada que fizeram, foi uma pausa momentânea para acenderem os lampiões.

De repente, a estrada tornou-se mais plana, e as árvores começaram a diminuir à medida que continuava a andar. Ambos os lados, com seu aspecto sombrio. Era evidente que algo muito emocionante estava para acontecer, ou era esperado, mas embora Kyungsoo fizesse perguntas a cada um dos dois homens que os guiavam, nenhum deles dava a menor explicação.

-Luhan. – Baekhyun chamou baixinho, sem chamar a atenção dos demais. –Você também está se perguntando para onde estamos sendo levados?

-Tenho uma opinião bem definida quanto a fazer perguntas. –Sussurrou de volta, olhando Baekhyun nos olhos. -Essa é uma regra que sigo: quanto mais sinais de problemas vejo, menos perguntas faço.

-É sem dúvida uma boa regra.

Esse estado de agitação manteve-se por algum tempo. E, finalmente, avistaram uma clareira, e imitando seus guias, pararam de andar. Havia nuvens densas e escuras logo acima, e no ar a sensação pesada e opressiva dos trovões. Estavam esperando agora quem quer que fosse que os levariam para algum lugar seguro. Esperavam ver, a qualquer momento, o clarão de lampiões através da escuridão, mas só havia negrume. A única luz eram os raios vacilantes de seus próprios lampiões. Conseguiam ver agora a grama verde estendida a frente, mas não havia nenhum sinal de qualquer pessoa que fosse.

-É, sem dúvida, não dá para piorar, certo? –Baekhyun murmurou, somente para que Luhan o escutasse.

Luhan já estava pensando numa resposta para dar, quando o homem desconhecido, olhando para a lua, disse algo a Shinwoo, algo que os outros mal puderam ouvir, e que foi dito com tanta calma e num tom tão baixo, que Baekhyun acreditou ser “Exatamente na hora marcada”.

Logo em seguida um cão começou a uivar em algum lugar, um choro agoniado, como se estivesse tomado de medo. O som foi ecoado por outro cão, e depois por outro, e outro, até que, trazido pelo vento que agora suspirava suavemente através da clareira, começou um uivo selvagem, que parecia vir de toda região, tanto quanto a imaginação podia distingui-lo através da escuridão da noite.

-Aqui está mais uma lição: não dizer coisa alguma. – Luhan repreendeu baixinho o irmão, que agora se encolhia de medo.

Ao primeiro uivo, os vampiros começaram a se agitar, mas Shinwoo lhes falou calmamente e eles se acalmaram, mas olhavam ao redor como se estivessem fugindo depois de um súbito ataque de medo. Luhan e Baekhyun, que estranharam aquela ação, afligiram-se ainda mais com isso. Então, à distância, vindo das árvores que os cercavam, começou um uivo maior e mais alto, um uivo de lobos, que afetou, tanto os vampiros, quanto os irmãos, da mesma maneira. Baekhyun e Luhan já estavam decididos a dar as costas e correr, enquanto a agitação retornava com tudo sobre os vampiros que respiravam furiosamente, tanto que Shinwoo teve que usar toda sua enorme autoridade para mantê-los sobre controle. O latido dos lobos parecia cada vez mais próximo, como se estivessem se fechando ao redor, por todos os lados. Baekhyun ficou terrivelmente assustado, e Luhan compartilhava de seu medo. Os dois homens, no entanto, não ficaram sequer perturbados.  Continuavam virando a cabeça para esquerda e para a direita, mas não conseguiam ver nada naquela escuridão.

Por fim, houve um momento em que o uivo dos lobos cessara por completo, mas naquele momento a lua, atravessando as nuvens negras, surgiu por trás das árvores, e à sua luz, viram em torno, uma matilha de lobos, com dentes brancos e línguas vermelhas estendidas para fora da boca, com longos membros musculosos e pelos espetados. Eram cem vezes mais terríveis naquele silêncio sombrio que mantinham do que quando uivavam. Quanto a Baekhyun e Luhan, estavam paralisados de medo.

Não sei dizer como, mas a voz do homem misterioso levantou-se num tom de comando imperioso, e olhando na direção de um escuro vazio, agitou os longos braços, como se saudassem alguém com grande respeito. Os olhos de Tao acompanhavam todos os seus movimentos com demasiada atenção.

Surgiu então nas sombras da noite, diante deles, outro homem, alto, corpulento, forte e de grande presença. Respondeu ao cumprimento que lhe foi oferecido e voltando-se a Shinwoo de forma desconfiada, ofereceu o mesmo cumprimento. Shinwoo respondeu da melhor maneira que pôde.

-Chegaram na hora em ponto. – Comentou.

-Assim como combinamos. –Voltou-se para o amigo. -Shinwoo, este é Jonghyun, ele é o líder da matilha de Kwangamri, e é aqui onde vocês ficarão abrigados durante algum tempo.

-É uma pequena vila, mas acredito que se sentirão em casa. –Jonghyun anunciou, num claro sinal de amizade.

-Agradecemos muito por sua ajuda.

-Acredito que estamos do mesmo lado agora. – Jonghyun o olhou com severidade.

-Sim, nós estamos. –Concordou.

-Pois, bem. Vamos então. – O advogado decretou. Jonghyun concordou, e com um sinal de cabeça pediu para que os lobos o seguissem. Shinwoo fez o mesmo para seus sobrinhos.

-Não entendo, estamos do mesmo lado agora? – Xiumin ousou perguntar discretamente ao vampiro mais velho.

-Sim, precisamos de aliados.

-Mas por que os lobos? –Foi à vez de Kyungsoo indagar, tomando cuidado para não ser ouvido pelos lobos que os guiavam para clareira adentro.

-Em primeiro lugar, não há mais vampiros por essas regiões, e seria inútil tentar achar aliados de nossa espécie quando nossos interesses pessoais são completamente desprezados pelos outros. E em segundo, lobos e vampiros são rivais há séculos, mas estamos nos aliando para lutar contra outros vampiros, portanto é uma aliança válida. Sem dizer que nossos interesses são muito bem apoiados pelos lobos. –Shinwoo segredou de volta.

-Vamos lutar? –Baekhyun indagou em espanto.

-E qual o motivo que os leva a se interessarem pelo nosso caso? – Sehun também se intrometeu na conversa, observando que Jonghyun parecia distraído demais conversando com o outro homem, para dar ouvidos aos seus murmúrios.

-Os lobos são aliados da justiça, vocês sabem. São encarregados de protegerem os humanos dos ataques de outros seres. É, portanto, bem óbvio que a ideia de vampiros sentindo empatia por outras espécies seja do agrado deles.

-Isso não é grande coisa, somos somente sete. – Chanyeol retrucou.

-Entretanto, somos o único núcleo de vampiros que vive nessa região.

-Podemos confiar neles? – Xiumin e Kyungsoo indagaram quase no mesmo instante.

-Vocês devem.

-Me conte sobre o seu amigo... Qual o nome dele? – Pediu Jongin, a quem nada escapava aos olhos atentos.

-Wu? – Sorriu de canto. –Pensei que havia ensinado tudo a vocês, mas vejo que ainda têm muito o quê aprenderem.

-Wu? – Tao indagou impaciente, esperando por uma continuação. Todos os olhos vermelhos se voltaram para ele desconfiados, assim como Baekhyun e Luhan que também haviam notado um certo ar de desespero em sua voz. –Por que é que todos podem perguntar e quando chega a minha vez, todos me olham com essa cara? – Ralhou, dispersando os olhas de cima de si.

-Pois bem... – Shinwoo retomou. -Como humano, Wu é advogado. Como ser mágico, Wu é o ministro do gabinete de Segurança Humana. – Revelou, fazendo com que os vampiros o encarassem com grande respeito no olhar.

-E o que seria isso? –Luhan indagou por impulso.

-É um conjunto dos dirigentes executivos do Estado, ou ministros, constituído por seres mágicos de todas as espécies, que é um órgão responsável pela assistência direta e imediata aos humanos no caso de ataques, ou mortes em massa, causados por seres nãos humanos.

-Uau, vocês têm até isso. – Exclamou surpreso. –E eu até hoje vivendo no meu mundinho pacato.

-O conheci despretensiosamente num dia qualquer, ele frequenta a mesma igreja pela qual sou responsável pelo orfanato e acabamos nos tornando amigos, depois vim a saber que ele era um tão respeitado ministro. Mas é claro que essa amizade veio a calhar numa hora como esta. Se precisávamos de ajuda, agora a temos, e ajuda do governo. Portanto, Wu irá se hospedar conosco até que tudo seja resolvido. – Tao pareceu agitar-se.

-Desculpe, mas... O que ele é? – Jongin perguntou com curiosidade. –Não consigo distingui-lo, por mais que olhe.

-Ah, sim. Sua espécie é bem rara, é normal que muitas pessoas não os conheçam.  Ele é um Lich.

-Impossível! – Luhan exclamou, alto o suficiente, para fazer alguns lobos da matilha o encararem. –Desculpe... –Pediu, diminuindo o som de sua voz. -Mas eu conheço muitos seres místicos e Lich é um deles. Os Lichins são mortos vivos cujo corpo e a alma foram separados mediante um ritual de magia negra. A aparência de um ser desses é horrenda, seu corpo já foi deteriorado pelo tempo e só lhe resta os ossos, portanto, eu reconheceria um só de olhar, mas Wu definitivamente não é um Lich.

-Seus conhecimentos sobre esses seres são de fato muito bons, mas tenho que discordar desse detalhe, pois, como um ser mágico, digo-lhe com muita certeza, que Lichins não são esqueletos ambulantes. –Shinwoo afirmou.

-Já disse para não compararem lendas humanas à realidade dos seres mágicos. Existem muitas baboseiras nos livros que vocês têm em suas bibliotecas. –Xiumin falou seriamente.

-Os corpos dos Lichins, após separados da alma, também ganham capacidades regenerativas, portanto, é comum que conservem a juventude na aparência. –Shinwoo explicou calmamente.

-Estou ainda mais encantado, é raro encontrar Lichins vagando por aí. – Chanyeol comentou.

-Essa com certeza é a razão de terem o chamado para o cargo de ministro. Ele é realmente algo poderoso.

-Com licença, mas eu sou o único leigo nesse assunto. –Baekhyun falou baixinho. –Não entendo porque os Lichins são tão raros... E o porquê deles separarem a alma do corpo?

-Eu explico. –Tao ofereceu, logo voltando a olhar para o garoto ao seu lado. -Mesmo os bruxos e feiticeiros mais poderosos, são seres humanos. Também, elfos e alguns outros seres mágicos, não podem escapar da passagem do tempo e da morte. Os seus corpos mortais e suas necessidades biológicas são um fardo que os impede de alcançar a plenitude de seu poder. Contudo, alguns dos mais sábios conseguiram resolver este problema, transformando-se em mortos-vivos. Desse modo, nem fome, nem doenças, nem o tempo, são capazes de matar um Lich. Lichins são muito raros, pois para se transformar é preciso ser muito poderoso e ter grandes conhecimentos de magia. Poucos são os que conseguem chegar a esse nível tão alto para poder fazer a transformação. Geralmente foram, em vida, magos poderosos.

-Mas o que eles fazem com suas almas? – Baekhyun questionava, interessando-se cada vez mais por aquele assunto, e vezes ou outras, dava umas olhadelas na direção de Wu, que ainda conversava com o líder da matilha.

-Uma vez que está disposto a dar o passo de se tornar um morto-vivo, o mago tem que preparar sua própria morte através de uma poção de veneno, mas primeiro você deve criar um objeto de fetiche para depositar sua alma quando começar o ritual. Isto irá separar o corpo da alma. O corpo será animado pela energia do ritual que também permitem que o Lich recém-criado mantenha a inteligência e habilidades que ele tinha na vida. O corpo de Lich pode receber ataques mortais, mas não morrerá, à medida que a sua "essência" está no objeto usado no ritual. Sua alma, agora armazenada no objeto de fetiche, é a fonte de sua energia e poder, de modo que este objeto deve ser mantido perfeitamente em segurança. Isto é muito importante, uma vez que apenas destruindo este objeto pode se matar o Lich.

-Meu Deus. – Exclamou encantado com tudo. –Mas qual o objeto?

-Ora, não sabemos. –Falou dando um sorriso, achando graça da curiosidade adorável que o menor esboçava. -O fetiche tem uma função realmente maravilhosa e especial, e pode ser projetado, para esta finalidade, qualquer objeto que o mago considere importante. A coisa mais sensata a se fazer é escolher um objeto que possa passar despercebido.

Baekhyun ficou boquiaberto com aquilo, e voltou a encarar Wu, com grande admiração.

-Vê aquele cajado? –Luhan inclinou-se em direção ao irmão. - É muito comum que os seus poderes venham deste cajado, criando enormes bolas de fogo ou cones de gelo para atacar seus inimigos. O cajado também permite paralisar suas vítimas com um único toque.

-Isso é porque os magos são fisicamente fracos, mas muito fortes em sua magia. Por isso, normalmente são melhores em ataques a distancia. –Chanyeol completou.

Andaram por mais alguns metros, chegando a uma pequena vila, onde uma fogueira iluminava o centro.

-Aqui está, esta é a minha casa. Sintam-se a vontade. – Jonghyun anunciou, aproximando-se da porta, e entrando na casa em seguida, sendo seguido por Shinwoo. Baekhyun e Luhan deram as mãos e entraram juntos, sendo seguidos por Chanyeol, Sehun, Xiumin, Kyungsoo e Jongin, e vindo logo atrás, Tao. Contudo, este último, fora barrado pelo braço de Wu, que o estendeu à sua frente.

O vampiro foi obrigado a parar à soleira da porta e voltar seu rosto para encarar o homem ao seu lado, que tinha um olhar iluminado sobre si. Ele nada disse, mas Tao adivinhou suas palavras e o interrompeu antes que o fizesse.

-Agora não é uma boa hora. –Foi o seu único aviso. A expressão fria em seu rosto, fez com que Wu recolhesse seu braço e abrisse espaço para vampiro, que sem pestanejar, traçou seu caminho para dentro da casa, atrás dos dois irmãos.

 

 

ƸӜƷ

 

 

Ao se reunirem todos na aconchegante, e, nada luxuosa, sala, acomodaram-se como puderam, arrumando assentos ou até mesmo sentando-se ao chão, perto da lareira, como foi o caso de Baekhyun e Luhan, que como consequência, acabaram por levar seus fiéis seguidores junto; Chanyeol, Sehun e Tao. Chanyeol ocupou o lugar ao lado de Baekhyun, enquanto Sehun fez o mesmo ao lado de Luhan. Tao por sua vez, sentou-se entre os dois garotos e ali se acomodaram. Shinwoo, Xiumin, Kyungsoo e Jongin ocuparam um sofá inteiro, enquanto Wu que chegava por último, acolheu-se numa poltrona vazia. Jonghyun, dono da casa, arrastou uma cadeira e também tomou seu lugar naquela roda. Inconscientemente, formaram uma espécie de diretoria ou comitê.

-Creio que posso supor estamos todos informados sobre os fatos relatados por Shinwoo. – Wu disse. Todos concordaram. –Então acho que seria bom que Shinwoo nos contasse mais sobre o tipo de inimigo com que vamos lidar. –Shinwoo deu um aceno positivo com a cabeça e todos se voltaram a ele.

-Eu darei a conhecer a vocês algo da história desta mulher. Assim poderemos discutir como vamos agir, e então tomamos as medidas necessárias de acordo com isso.

 


Notas Finais


Então!!! É isso por hoje! Mas não se preocupem, já vou começar a escrever o próximo! Não gosto de demorar tanto assim pra postar, só que no caso já estou ficando com dor de cabeça de sono, então estou indo dormir gente!!!
Nos vemos no próximo! Espero que tenham gostado do capitulo e façam suas apostas!!! O que acharam de tudo isso que rolou??
Chu~*3* na pontinha do nariz de cada um!!!


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