Rob on
08h25 - Alexandria
O Teddy é um moleza. Já estou rouco de manda-lo me ajudar a carregar e puxar a Poppy pelo quarteirão. Aliás, Poppy é o nome que dei à cadela que acabamos de encontrar perto da comunidade, seria mais fácil se ele fizesse o mínimo de força pra me ajudar.
Teddy: Você vai levar bronca.
- Só eu não, você tá me ajudando.
Teddy: Isso ajuda, obrigado. - em um tom irônico. Faz seis dias que pegamos um cachorro na última busca.
O Max é um cão peludinho e grande, eu o salvei, e dei o lugar do Carl da cama pra ele, qual é? ele também merece.
A cadela estava deitada sobre um pano que eu carregava uma ponta e ele a outra. Faço um sinal pra abrirem os portões quando chegamos em frente à comunidade, o olhar dos vigias era de espanto mas nada de novo, todas as vezes que eu e Ted saímos voltamos com algo "novo".
- Pare de resmungar, ela nao consegue andar, ia deixa-la lá?
Teddy: As patinhas estão ótimas, ela que não precisa fazer isso já que tem nós dois de transporte. - faz um bico e abaixa as sobrancelhas.
Entramos de fininho aos redores dos muros indo em direção a minha casa, felizmente o pessoal não está do lado de fora agora.
- Você poderia cuidar dela, sabe... como eu já estou com um.
Teddy: Você me obriga a pegar um cão e agora tenho que cuidar também?
- O que você tem contra cães?
Teddy: Eu amo cães, o Doni tem alergia.
- Ele mal está ficando aqui mais, voltou pra Higger.
Teddy continua com a cara fechada, ainda não tinha certeza da relação deles.
...- Estão bem?
Teddy: Sim, só estou ajudando o Wes com tudo ultimamente, e se ele não entende esse gesto, dou o espaço que quer.
- Você tá se tornando um médico mesmo, um medico pessoal pelo visto, pois só atende o Wes.
Teddy: Não enche...
Rio e ignoro o assunto em seguida, muitas coisas andam acontecendo com todo mundo que fica difícil acompanhar.
- Ta legal, abre a porta que eu carrego a Poppy.
Ela murmurava baixo, parecia tremer de vez em quando, não sabia se estava bem pois além de não ter andado, estava com a barriga meio inchada.
Ted destranca e entramos pela porta, fechamos e fomos até a cozinha, a deitando e pegando agua e um pouco da comida de Max, bufando por ela nao querer comer.
Teddy: Cadê o Carl?
- Boa pergunta... - olho aos redores. Puxa, que bagunça... ele não vai ficar muito contente de saber que eu peguei uma outra pra cá, o Max arrastou tudo...
Teddy: Estou falando isso a meia hora.
- Ta legal, vamos enviar a Poppy pra Higger pela tarde quando a van sair pra lá, justo, fica um aqui e um lá.
Ouço uma conversa atrás da porta da cozinha, e o barulho da chave destrancando. Nos deparamos com Carl e Wes de olhos arregalados vendo a Poppy, enquanto Max abanava o rabo, ele vem em minha direção mas desvia, ficando ao lado da cadelinha que gemia mais alto, parecendo ser de dor.
Carl: O que é isso? - me encarou meio confuso, me mostrando toda a bagunça da casa como se fosse óbvio que um já era demais.
- É... eu falei pro Teddy que não era boa ideia mas ele insistiu... mas tudo bem, eu disse pra levar pra Higger.
Teddy: ROBERT
Wes: Você que lute, irmão. - bate no ombro de Carl.
Carl ignorou a conversa e foi pro meu lado, de olho nos cães.
Teddy: Ela está doente?
Carl: Não, está dando a luz.
Coloco uma mão na boca e Wes achava graça das nossas reações. Ela está dando a luz???
Wes: Esse lugar vai ficar interessante...
- Calado. Nao temos uma ex veterinária aqui? Teddy, chama ela!
Ele saiu assustado e irritado com as risadas de Wes, puxando o moreno junto dele pra fora da casa.
Carl: Amor, não sei o que fazer. - se abaixou pra ver direito a situação.
- Olha só pra eles, acha que Max é o pai? Eles estavam perdidos, abanaram o rabo quando se viram, estão colados...
Carl: Eles crescem tão rápido...
Dei um soquinho nele e corri pra pegar toalha limpa enquanto Carl pegava água.
- Nós nos tornamos pais e avós em uma semana...
Carl: Isso é bizarro.
Toco na barriga de Poppy mas Max rosna pra "protege-la", querendo que a gente fique longe dela.
Carl: Max! Vamos ajuda-la!
- Ele não entende a gente, Carl...
Ele torce o pano e se aproxima, ela parecia estar dando a luz, mas Max rosna novamente latindo e fazendo força na patinha como se fosse avançar na gente.
Abrimos a boca pra gritar e corremos dali subindo no sofá enquanto eu ia pra trás dele.
Carl: Tá se protegendo mas me deixando na frente né??
- Meu deus, o mundo acabou cheio de zumbis e a gente com medo de um gold retriever. -dizia ofegante.
Carl: Culpa do casamento...
Ele pisa por engano na pilha de almofadas bagunçadas e me puxa, fazendo nós dois cairmos de lado.
- Isso que é um bom jeito de começar o dia... Eu amo você, medroso.
Carl: Eu não sou gay, em.
Ele se levanta e ri, me puxando pra ajudar. Carl passa a ponta da língua em meu rosto e eu o empurro, seguindo de novo até a cozinha onde os cães ainda estão, e dessa vez com metade dos filhotes já nascidos.
- Meu deus...
Carl: Meu pai vai nos matar... ele falou de usar proteção.
- Já chega de piadas, né?
Os meninos voltam com a Helen, a ex veterinária.
Wes: Uau, foi rápido. A Alisson diz ter quase morrido pra dar a luz.
Teddy: Você não está comparando ela com uma cadela não, né?
Wes: Finjam que nunca escutaram.
Dei uma risadinha, ainda mais vendo que tudo parecia bem e estável, Max até se aproximou querendo carinho. Bipolar...
Helen: Tudo está bem, com eles... sabem que estão enrrascados né?
Os rapazes me olham com cara fechada e eu forço um sorriso.
- Quem vai querer um?
No fim do dia toda a comunidade veio pra ver de perto, a maioria deles não via esses bichinhos desde o começo do apocalipse, de certa forma é bom, lembra e trás de volta a sensação de normalidade, que as coisas parecem bem.
Carl estabeleceu regras: no nosso quarto só dorme nós dois, eu devo treinar Max antes dele dormir dentro de casa e que eu não posso trazer mais nada vivo - ou quase - pra cá, e meio que eu e Teddy estamos suspensos de sairmos sozinhos de novo.
No final das contas não há nada novo, mais um dia em nossa pseudo vida feliz.
- Robbie
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