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História Lost Stars ( TaeKook ) - Memórias de uma estrela


Escrita por: nellywords e mariyona

Capítulo 9 - Memórias de uma estrela


Fanfic / Fanfiction Lost Stars ( TaeKook ) - Memórias de uma estrela

Segunda de manhã, os amigos de Jungkook notaram que ele estava mais calado que o normal.

- Ele se concentra demais em algo quando não quer pensar em outra coisa. - Hoseok cochichou para Jin, na mesa ao lado da sua.

- Pois é. Ele fica com essa aura de “me deixem sozinho”, mas ao mesmo tempo nos deixa curiosos.

- Será que brigou com o crush?

- Será que molhou o travesseiro de tanto chorar por causa dele?

- Eu estou ouvindo tudo! - o outro suspirou, no fim do escritório - E não, não foi nada disso.

- Mas você não está legal. - Hoseok disse - Tem a ver com ele, né?

Os dois olham para o rapaz, e Namjoon mira de sua folha de papel cheia de cálculos para o Jeon.

- ...que interrogatório é esse?

- Só queremos te entender e te ajudar, Kookie. - Jin afirma, pondo a mão em seu ombro - Quando veio pra cá depois dos problemas com a mãe da Hyuna, você demorou tanto pra se abrir, e ficamos tristes de não poder te ajudar como gostaríamos.

- Pois é. Mesmo sem te conhecer muito bem, a gente faria alguma coisa. - completa Hoseok.

- Eu só… Não queria incomodar vocês.

- Não se preocupe com isso. Apenas saiba que pode contar com a gente.

- Obrigado. - sorriu sincero.

No momento, porém, não queria demonstrar fragilidade tocando naquele assunto.

Antes de tudo, precisava conversar com Taehyung, mas… Qual seria a melhor hora para isso?

E, ainda que em níveis e contextos diferentes, sentia um déja-vù sobre o que passou com a mãe da Hyuna, que o deixara de repente, abalando seu emocional.

Foi algo difícil de superar. O buraco em seu coração só remendou totalmente depois de um ano, mais ou menos. Somente então permitiu-se sair com gente nova, dar novas chances… Descobriu ser bissexual... Mas não conseguia ir além dos beijos e carícias mais ousadas com ninguém. Havia uma barreira entre ele e as pessoas. Um tipo de trauma, por assim dizer.

E Taehyung foi o único a conseguir quebrar essa barreira.

O único que o fez ter vontade de se apaixonar de novo.

Porém, era um amor que jamais havia sentido antes.

Parecia aquele amor que você só é capaz de sentir uma vez na vida, e por uma única pessoa.

Mesmo se as circunstâncias os separem, mesmo se você conhecer outro alguém… Nada seria como aquele sentimento tão profundo e sublime.

E sabia que com Taehyung as coisas poderiam ser diferentes desde a primeira vez que se viram.

A primeira conversa.

A primeira risada.

A primeira confidência.

O primeiro beijo.

O primeiro contato sexual.

O primeiro passeio com Hyuna.

Até a primeira briga, que nem durou tanto tempo assim.

Tudo, tudo era diferente.

Taehyung tinha uma aura acolhedora e um coração tão puro que parecia impossível existir alguém tão encantador.

O jeito que sorria até formar um quadrado nos lábios, os olhares que poderiam ser tão inocentes num momento e tão impuros no outro, os abraços inesperados e desconcertantes, a expressão engraçada sempre que perdia alguma partida de videogame, seu carinho e paciência com Hyuna…

Quando deu por si, seu coração acelerava e o frio percorria sua barriga apenas por entrar em casa e deparar-se com a figura do rapaz ali, brincando alegremente com sua filha, ou contando alguma piada aos seus pais na cozinha, ou seduzindo-o com suas palavras e frases dúbias quando estavam sozinhos.

Simplesmente apaixonou-se.

E, por amá-lo, sabia que deveria deixá-lo ir.

---

À noite, Taehyung dirigiu-se à porta de casa quando viu que Jungkook havia chegado do trabalho. Este mal o viu e já correu para abraçá-lo apertado.

- Papai! - a garotinha exclamou, aproximando-se dos dois - O tio Tae voltou!

- Voltou mesmo! - ele estava radiante, e Taehyung sorriu ternamente para si.

- Vamos continuar brincando com seu avião novo? - o mais velho sugeriu.

- Sim! Papai, você vem também! Quero dois vulcões!

- Pode deixar, meu amor. - tirou o paletó, deixou sobre a cadeira e sentou no tapete da sala com os outros dois.

O cheiro de peixe frito saindo da cozinha já corria pela casa.

---

Na hora do jantar, Taehyung contou a novidade aos senhores Jeon, que ficaram muito felizes por ele. Também explicou sobre o prazo de mudança e disse que, apesar do nervosismo, estava muito animado.

- Você vai embora, tio Tae? - Hyuna perguntou de repente, com o olhar triste - Pra sempre?

- Não, princesa. - sorri docemente - Ainda vou visitar vocês.

- Vai mesmo? - indagou, desconfiada - A mamãe... Nunca vem me ver.

O clima de tensão pairou sobre a mesa.

- O tio Tae não é sua mãe, Hyuna. - Jungkook respondeu, com toda a calma possível - Ele é diferente.

- Se é diferente… Por que vai embora?

O Jeon comprime os lábios, fitando o mais velho.

- Hyuna… - Taehyung chama.

- Hm?

- Como você ficou quando ganhou seu avião?

- Feliz.

- Porque você queria muito ele, certo? - ela assente com a cabeça - Então: eu consegui uma coisa que também queria muito. E, pra ficar perto dessa coisa, tenho que ir pra outro lugar.

- Hm… - ela o encara, hesitante.

- Você vai poder falar comigo por vídeo. Não vai deixar de me ver. E eu prometo visitar vocês, assim como espero que me visitem. Já sei onde ficam os parquinhos mais legais pra te levar!

- Parquinhos?

- É. Maiores, e com mais brinquedos. - piscou para ela, sorrindo.

- Papai, você vai me levar? - seus olhinhos brilharam.

- Vou. - ele sorri dela para Taehyung, agradecendo mentalmente pelo rapaz conseguir contornar a situação.

- Temos que ver você tocando. - disse o sr. Jeon, também aliviado.

- Com certeza! - concordou a sra. Jeon - Vou filmar tudinho.

O loiro ri e agradece, encabulado.

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Mais tarde, quando todos já estão dormindo no andar de cima, Taehyung e Jungkook sentam lado a lado no sofá da sala de estar.

Entre eles, ainda haviam assuntos pendentes.

- Jungkook…

- Sim?

- Aquilo que a Hyuna falou… - vira o rosto devagar na direção do Jeon - Você… Já pensou algo parecido?

- Como assim?

- Você acha que… Estarei te abandonando?

Jungkook engoliu em seco.

Era difícil explicar o que sentia naquela situação.

- É óbvio que eu vou sentir sua falta, mas… No caso da Ji-eun, foi diferente.

- Ji-eun?

- É o... Nome dela.

- Ah, sim. - ficou mais cuidadoso ao falar - Você… Nunca me contou muito sobre ela.

- Não é lá um assunto tão interessante. - ri baixo, sarcástico.

- Mas… É sua vida, Jungkook. - Taehyung põe a mão em seu rosto, reencontrando as orbes negras - E sua vida me interessa.

- Tae…

- Assim como te falei de mim, eu… Quero saber mais sobre você. Como você se sente. Assim, podemos evitar mal-entendidos, não acha?

É possível ver o acúmulo de água surgindo nos olhos do Jeon.

Realmente era um assunto delicado, mas Taehyung precisava entender o que se passava na cabeça dele.

- Tae… - começa, sentindo a mão alheia deixar seu rosto e as orbes amendoadas ainda sobre si - Ela… Foi alguém que eu… Cheguei a amar… Por um tempo. Ou nem a teria namorado. Fazíamos a maioria das aulas juntos, e… Nos aproximamos. O resto, você já sabe.

- E… Quando ela foi embora… Como você se sentiu?

- Ah… Eu fiquei arrasado. Achava que seríamos uma família feliz e unida com a Hyuna. Mas, quando ela começou a dar os primeiros sinais da depressão pós-parto… - abaixa a cabeça, fechando os olhos por um tempo antes de recomeçar - Ela nem olhava pra nossa filha.

- Jungkook… - Taehyung o encara, compadecido.

- Hyuna precisava do leite materno, mas a mãe nem conseguia pegá-la no colo. Tive que gastar o que tinha e o que não tinha naqueles leites especiais pra recém-nascidos.

- Vocês moravam juntos?

- Mais ou menos. Eu praticamente vivia na casa dela. Saía do trabalho e ia pra lá. Durante o dia, sua mãe, já aposentada, ficava com as duas. E meus pais sempre visitavam. Até que… Todos nós começamos a perceber que havia algo errado. Ela falou com alguns médicos, fez terapia, e… Logo veio o diagnóstico.

- Cacete…

- Um dia, aos prantos, disse que “não aguentava mais” e tinha que viver a vida dela. Esquecer tudo o que passou, sem olhar pra trás. Então, perguntei se, mesmo se ela fosse se isolar em algum canto da cidade, poderia visitá-la com a Hyuna, pois me responsabilizaria pela criança. - faz uma pausa, respirando fundo - Então... Ela me olhou de um jeito tão vazio que nem consigo descrever, dizendo: “não quero saber nada sobre vocês, apenas finjam que eu não existo”.

- Que horror… - Taehyung arregalou os olhos, observando as lágrimas que Jungkook não conseguiu mais segurar.

- Eu me senti um merda. Tudo o que eu sonhava pra um futuro feliz, apesar dos imprevistos, se ruiu. Porém… Não demorou muito pra eu tomar minha próxima decisão. Peguei Hyuna no colo, juntei tudo dela que pude numa mala e saí daquela casa na mesma hora. No dia seguinte, os pais da Ji-run ligaram para contar que passariam a viver no interior até a filha melhorar, pedindo mil desculpas em seu nome. Só agradeci pelo tempo em que me ajudaram, mas, agora, era cada um por si.

- Eu sinto muito. - Taehyung, também chorando, abraça Jungkook, fazendo-o recostar a cabeça em seu peito.

- Desde então, sou eu e meus pais acompanhando o crescimento da Hyuna. Os primeiros passos… O primeiro dentinho… A primeira palavra… - sorri fracamente - O tempo passa rápido, e daqui a pouco ela já faz quatro anos. Merece uma festinha bem legal.

- Merece sim… É uma menina muito preciosa. - beija o topo da cabeça de Jungkook - Igual ao pai.

- Hm… - o mais novo nada responde, apenas o abraça pelas costas.

- Jungkook-ah… - os dedos longos acariciam os fios negros - Eu sempre vou pensar em vocês, mesmo que não dê pra nos vermos sempre.

- Eu sei.

- É como estar perto mesmo estando longe.

- Virou filósofo agora? - brincou.

- Se seu fetiche for esse… Posso ser um mesmo. - revidou.

- Pelo menos é melhor do que o seu “homem de negócios”.

- Ei… - sussurra - Não julgue o meu tesão só por te ver de terno e gravata, ok?

Jungkook solta uma risada baixa.

- Só você pra me fazer rir numa hora dessas…

- Seu rosto combina mais com sorrisos do que com lágrimas.

- O seu também.

Então, por alguns minutos, permaneceram assim, abraçados, até que Jungkook ergueu a cabeça e seu nariz praticamente encostou no de Taehyung.

O mais velho, então, enxuga o rosto molhado antes de capturar os lábios alheios, beijando-o suavemente.

- TaeTae… - murmura perto da boca volumosa.

- Hm?

- Se vamos… Continuar juntos… Mesmo à distância… Então… Nós...?

Os lábios de Taehyung encurvaram no mais terno dos sorrisos.

- Quer namorar comigo, Jungkook?

O moreno arregala os olhos, tentando processar aquelas palavras inesperadas.

- ...o que disse?

- Isso mesmo que você ouviu. - Taehyung ruboriza, soltando uma risada envergonhada enquanto seu coração disparava.

Nunca havia feito pedidos de namoro antes.

E aquele, talvez, fosse o contexto mais esquisito para isso.

Mas desde quando Kim Taehyung era convencional?

Lágrimas, dessa vez de alegria, começam a brotar nos olhos do Jeon.

- Claro que eu quero, seu idiota!

Jungkook se jogou sobre o rapaz, rindo ainda maravilhado, quase derrubando-o no sofá ao iniciar mais um beijo.

“O primeiro beijo após ser pedido em namoro”, registrou em sua mente, acrescentando à listinha.


☆☆☆☆☆

Don't you dare let our best memories bring you sorrow

Não se atreva a deixar nossas melhores memórias lhe trazerem tristeza

Yesterday, I saw a lion kiss a deer

Ontem, eu vi um leão beijar um cervo

☆☆☆☆☆


Notas Finais


Nesse trecho da música, a frase do leão beijando um cervo pode ter várias interpretações, mas, pra mim, é uma metáfora sobre dois opostos que deixam as diferenças de lado para se entregarem ao amor.

É basicamente o que aconteceu entre o Tae e o JK aqui: além das diferenças de personalidade, um tinha medo de amar, enquanto o outro ainda acreditava no amor apesar de tudo.

Foi todo um processo até chegarem no ponto de oficializar a relação, o que remete ao primeiro trecho que usei na fanfic: "os melhores planos, às vezes, são só casos de uma noite", pois eles nem faziam ideia do que viria pela frente quando se conheceram no bar.

Me empolguei hahahahaha, mas é isso. Espero que tenham gostado! S2


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