História Lost Time - Boa viagem Delphine

Cosima não acreditava nas palavras que havia pronunciado, elas haviam saído naturalmente de sua boca, pois eram verdadeiras ela realmente sentia aquilo, ela estava completamente apaixonada por sua esposa, mas era estranho, pois aquele sentimento não havia sido gerado com gestos de carinho, com flores, doces, jantares e canções, aquele sentimento havia surgido durante todas as noites que havia compartilhado a cama com Delphine. Contudo naquele momento não podia ignorar os olhos de Delphine a mirando com um brilho diferente ela tinha uma expressão de tranquilidade e felicidade que Cosima nunca havia visto antes.

Ambas apenas se olhavam sorrindo, pois não se fazia necessária as palavras naquele momento, temiam ousar pronunciar algo e arruinar toda aquela magia que estava presente no ambiente.

Cosima apenas observou Delphine lentamente se mover na cama se virando de lado, com o olhar voltado a ela e pousando seu braço sobre o seu corpo e levando seu rosto de encontro a seu pescoço, Cosima sentiu um arrepiou ao sentir a respiração dela em seu pescoço, instintivamente levou sua mão sobre braço dela e encostou a lateral de sua cabeça na testa de Delphine. Podia sentir seu coração acelerado, queria poder guardar Delphine dentro de si, para que ela nunca mais fosse embora, desejava viver naquele momento para sempre, onde sentia uma felicidade imensa dentro de si e queria pular, cantar, gritar e dançar, nunca havia se imaginado sentindo algo tão intenso e profundo, muito menos por Delphine, pois creia a odiar por toda a sua vida e muitas vezes até havia desejado sua morte para que pudesse se ver livre dela, mas naquele momento sentia totalmente o contrário.

Contudo o som da campainha as tirou daquela magia e as trouxe novamente a realidade, mesmo ambas não querendo.

– Está esperando alguém? - indagou Delphine, fitando Cosima

– Não – respondeu Cosima com uma expressão de espanto - Melhor eu atender - disse se levantando, enquanto a campainha tocava insistentemente, mas uma mão a impediu e a jogou novamente na cama - Delphine! - disse em um tom de reprovação ao ato de sua esposa

– Fica quietinha que vão embora - sussurrou Delphine com um sorriso nos lábios - Agora vem - continuou ela a puxando contra si e colando em seu corpo

– Delphine! - disse Cosima em tom de reprovação em meio a um riso

– Cosima duvido que você vá querer receber alguém assim - disse Delphine caminhando seu olhar pelo corpo desnudo de sua esposa - E você levaria um bom tempo para ficar apresentável para receber quem quer que fosse ou estou enganada?

– Você tem razão - respondeu Cosima prestando atenção no barulho - Parou - disse ela percebendo que a campainha não tocava mais e relaxando seu corpo e abraçando o braço de sua esposa que a rodeava

– Não disse que desistiriam e ... - antes que Delphine pudesse terminar sua frase foi interrompida por seu celular que soava no criado mudo ao seu lado - Aff - disse ela soltando seu braço que estava sobre Cosima e o movendo até seu celular o sacando - Aynsley - disse ela mirando o visor do celular

– O que? - disse Cosima espantada – A Aynsley te ligando? O que ela quer? - indagou Cosima com uma expressão de desgosto e fitando Delphine

– Não sei, mas não vou atender - disse Delphine e em seguida o celular parou de sonar - Desistiu - suspirou aliviada, mas em seguida o ouvindo soar novamente - Uma mensagem dela

– O que ela quer? – indagou Cosima com uma expressão de desgosto daquela insistência

– Querida Delph, aonde vocês estão? Passei pela casa de vocês e ninguém atendeu, queria que passássemos o dia juntas - disse Delphine lendo a mensagem em um tom calmo e pousando novamente o celular no móvel ao seu lado.

– Não vai responde-la? – perguntou Cosima com uma expressão de curiosidade e espanto

– A menos que você queira dividir a cama com mais uma pessoa - sugeriu Delphine em um tom sério e provocativo - Porque eu pretendo passar o dia aqui com você - afirmou ela esboçando um sorriso malicioso nos lábios

– Você não cansa? - indagou Cosima a olhando com uma expressão de curiosidade

– De você? - indagou Delphine formando uma expressão pensativa em seu rosto - Jamais - concluiu ela, levando seu braço sobre o corpo de Cosima.

Cosima sentiu o braço de sua esposa a cercar e percebeu sua cabeça se aproximar da dela, podia sentir sua respiração quente, deu um sorriso suave e entre abriu seus lábios, na espera que ela os tocasse, pode sentir os lábios de ambas se tocarem, mas o celular de Delphine voltou a soar, fazendo ambas pararem e se olharem.

– Melhor você atender querida - sugeriu Cosima levando sua mão até o ombro dela e dando um toque de leve.

Delphine suspirou e jogou seu corpo para trás caindo na cama, novamente levou seu braço até o celular e o sacou, mirando o visor em seguida e rapidamente mudando sua expressão a tornando mais séria.

– Necessito atender - anunciou ela a Cosima, levantando-se em seguida, sacando seu roupão que estava próximo e dirigindo-se porta a fora do quarto.

Cosima ao ver aquela cena sentiu um aperto em seu peito seguido de uma angustia que a fazia ter vontade de chorar, não sabia o porquê mas sentia como se não fosse ver Delphine novamente ou não daquele jeito que estava a pouco, lhe acometeu uma tristeza como se tivesse no passado, onde a queria, mas não a tinha, temia que sua história voltasse a se repetir.

Cosima respirou fundo na tentativa de afastar aqueles pensamentos de sua cabeça e se dirigiu ao banheiro, ligou o chuveiro deixando aquela agua morna tomar conta de seu corpo, não se demorou muito em seu banho e logo já vestia um vestido leve, retornou ao banheiro onde iniciou a tarefa de secar seus dreads. Contudo engoliu seco e sentiu seu coração acelerar ao perceber pelo espelho que sua esposa se aproximava e logo pousou uma mão em sua cintura enquanto a fitava pelo espelho.

– Vou ter que viajar - anunciou Delphine em um tom calmo a fitando

– Vai para onde? - indagou Cosima retribuindo seu olhar, pousando seu pente sobre o balcão de mármore em sua frente e apoiando suas mãos nele.

– Hungria - disse calmamente - Vou tomar banho - terminou ela se afastando e se dirigindo ao box

Cosima sentiu seu corpo gelar com aquela resposta, havia ficado estática, pois sabia que Delphine voltaria para Krystal, fechou os olhos na tentativa de segurar as lágrimas que teimavam em sair, respirou aliviada ao ter êxito, pressionou seus dedos sobre o mármore que estava em baixo de sua mão, sentia um misto de raiva, fúria, magoa e impotência, queria agarrar Delphine e não permitir que ela saísse dali, que não partisse novamente, infelizmente sentiu exatamente o que havia sentido na noite de núpcias, quando apenas a viu atravessar a porta sem muitas explicações.

Cosima sem muita vontade se maquiou e em poucos segundos viu pelo espelho Delphine passar por trás de si e se dirigir até o quarto, aquele ato de se maquiar para Cosima era rápido, mas naquele momento fez questão de se demorar, pois não queria encarar Delphine, pois sentia um desespero inexplicável dentro de si, com certa dificuldade engoliu a saliva e se dirigiu até o quarto, parando na porta do banheiro, com os braços cruzados apenas observou Delphine fechar sua mala, que estava posta sobre a cama. Logo pode encontrar seu olhar que a mirava, com um sorriso suave nos lábios e apenas observou ela se aproximar.

Cosima sentiu as mãos de sua esposa pousarem em sua cintura e os olhos dela mergulharem nos seus, como se estivesse tentando ver seu interior, percebeu ela mover sua cabeça e encostar na sua, sentiu a mão de Delphine pousar em seu rosto e acariciar sua bochecha com o polegar, ao sentir aquele toque instintivamente Cosima fechou os olhos e levou suas mãos até os ombros dela

– O que te atormenta minha Cosima? - indagou Delphine a fazendo abrir os olhos rapidamente

Cosima queria gritar que era a sua ausência que a atormentava, que não queria que ela passasse por aquela porta e a deixasse sola novamente e que não queria perdê-la novamente, não naquele momento quando o que mais necessitava era dela, de seu carinho de seu apoio, mas não podia faze-lo, pois tinha consciência da importância de seus negócios para ela, então decidiu fazer a única coisa que podia.

– Sabe quanto tempo ficara fora? – perguntou Cosima a olhando com um sorriso suave

– Tentarei ser o mais breve possível - disse Delphine com um sorriso nos lábios - Sentira minha falta? - indagou ela com uma expressão suave

– Farei o possível para senti-la querida - respondeu Cosima com um sorriso malicioso nos lábios podendo perceber a expressão de desgosto de sua esposa com sua brincadeira.

Cosima logo pode sentir os lábios de sua esposa tocarem nos seus e sua língua invadir sua boca, iniciando um beijo calmo, aquele gesto acalmava Cosima, podia sentir o quanto Delphine a queria ou a menos a desejava, após algum tempo aproveitando aquele gesto sentiu os lábios dela se afastarem e seus olhares se encontrarem.

– Tenho que ir- anunciou Delphine a olhando com uma expressão de pena

– Boa viagem Delphine - disse Cosima a olhando nos olhos e esboçando um sorriso suave nos lábios

Ela pode sentir Delphine afastar suas mãos de seu corpo e ver sua esposa se dirigir até sua mala, a sacou e a olhou com um sorriso nos lábios

–  Je t'adore ma Cosima - pronunciou Delphine com um olhar calmo e passando pela porta, deixando Cosima sozinha no quarto.

– Je t'adore aussi ma chérie – murmurou Cosima em um tom baixo e triste, para si mesma.