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História Lost Wings - Cuidado com a água


Escrita por: notyourmother

Capítulo 6 - Cuidado com a água


   Alicia acordou ouvindo os pássaros da floresta cantando. Olhou em direção a fogueira e viu Fabrício ainda dormindo; ela ainda não conseguia entender como ele havia aceitado tudo isso, afinal a sua avó devia estar preocupada. Ele estava dormindo no chão e sua última refeição foi um tanto fora dos padrões. Depois de um momento pensando em como ele ainda não havia reclamado daquela situação, Alicia percebeu que Alecsander não estava na caverna, foi para fora e olhou em volta. Será que ele foi embora? Ou foi capturado? Não devia ter confiado tanto, pensou Alicia.

   — O que você está fazendo aí?

   Alecsander falou da entrada da caverna fazendo Alicia virar em sua direção; ele estava segurando uma cesta improvisada cheia de frutas. Você pode estar se perguntando como uma coisinha pequena podia segurar tanto peso... É só pensar nas formigas.

   — Ah eu... Nada, só tomando um ar... O que você tem aí?

   Alicia disse tentando mudar de assunto.

   — Frutas, seu amigo grandão não vai segurar a fome por mais tempo que você e eu.

   Alecsander falou entrando na caverna.

   Entraram novamente na caverna e comeram todas as frutas antes de começar outra caminhada, não sabiam quando iam ter a chance de comer de novo, afinal estavam chegando mais perto. Alecsander não andava muito por aquele lado da floresta há muito tempo, por isso resolveu passar por onde as náiades viviam, elas com certeza sabiam por onde eles deveriam ir e Alicia havia concordado.

   Durante a caminhada eles chegaram a um clarão no meio da floresta, havia flores em tons de azul e era tudo muito agradável, também tinha um poço que parecia ser muito antigo. Havia uma garota sentada ao lado do poço brincando com uma boneca de pano, ela com certeza não era um monstro assustador e aparentava ter uns oito anos ou menos.

   — Isso é uma náiade? Vamos pedir informação a uma garotinha?

   Alicia perguntou meio que surpresa.

   — Não, ela não é... Acho que é humana...

   Alecsander falou sem tirar os olhos da garotinha, ele estava em dúvida e se perguntava o que uma criança estava fazendo naquela região.

   — Ótimo, então eu vou!

   Fabrício falou colocando Alicia no chão.

   — Ei espera, eu acho que isso não é humano, volta pra cá Fabrício.

   Alecsander falou e Fabrício se virou para ele.

   — Besteira. É só uma garotinha.

   Fabrício disse e se virou novamente para a criança.

   — Oi pequena! Você... Ué, onde ela foi?

   A garota havia desaparecido.

   — Esquece, vamos continuar.

   Alecsander falou e encarou Fabrício, que colocou Alicia no ombro mais uma vez.

   — Temos que tomar cuidado. Eu não sei o que é que tem nessa região da floresta.

   — Pensei que você conhecesse a floresta toda.

   Disse Alicia.

   — E eu conheço, mas não ando por aqui faz muito tempo.

   Alecsander respondeu e continuaram andando.

   — Espera, se não era humana, o que era?

   Fabrício perguntou curioso.

   — Eu não sei, talvez... Tem uma lenda que contavam quando eu era um pouco menor, sobre um espírito da floresta. Diziam que ele podia se transformar em qualquer coisa e que ele sabe de tudo da floresta... Ah, e que ele pode realizar desejos se você o ver, mas é praticamente impossível, eu não conheci ninguém até agora que viu. Então acho isso uma bobagem.

   Alecsander contou.

   — Legal...

   Fabrício falou admirado.

   Começaram a surgir cipós em algumas árvores no caminho e pequenas poças de água também, o que significava que eles estavam perto do braço do rio.

   As náiades aparentam ser donzelas, mas em contato com a água criam escamas. Já se ouviram histórias em que náiades ajudaram humanos, o que na realidade é raro já que a maioria desses seres são traiçoeiros. Isso me lembra uma história...

 

   Havia três náiades irmãs em um rio que cortava uma floresta. Lasa, Lavin e Bela. Naquela época existia uma vila nos pés da montanha que ficava atrás da floresta, alguns humanos costumavam se aventurar em caminhar por lá, mas assim que alguns começaram a sumir os outros começaram a ter medo e duvidas sobre o lugar. Certo dia uma camponesa chamada Murin resolveu caminhar pela floresta, colher ervas, frutas ou flores se achasse algo que o agradasse pelo caminho.

   Assim como os homens que haviam sumido, ela arriscou ir em direção ao braço do rio; era um lugar agradável e claro, onde alguns peixes que não se encontravam na correnteza viviam.

   Murin se ajoelhou na beira do rio para olhar a água e os peixes a encantaram tanto que nem percebeu Lavin a observando de longe, ela estava encantada com a humana, que logo se foi. No dia seguinte Lavin estava entre as pedras do fim do rio observando a floresta e avistou Murin, mas desta vez ela foi em sua direção e fez com que a moça se assustasse.

   — Quem é você?

   Murin disse assustada.

   — Não tenha medo, não vou te machucar, eu prometo.

   Anunciou Lavin.

   — Ainda sim não respondeu minha pergunta.

   Murin disse ainda sem confiança no que ela havia dito.

   Lavin explicou o que era, contou coisas sobre a floresta e o que fazia, bem... Apenas as coisas boas. Murin foi embora mais uma vez a salvo, tudo isso porque irmãs da náiade haviam ido para outra parte do rio para ver se conseguiam achar outro local em que os humanos fossem com mais frequência; para o azar de Lavin suas irmãs voltaram naquele mesmo dia. Ela gostava de Murin, queria vê-la novamente, mas se ela voltasse suas irmãs iriam devorar até os ossos de seu corpo. No dia seguinte, Murin voltou e começou a chamar Lavin na beira do rio.

   — Vá embora, você precisa ir.

   Lavin falou baixo olhando em volta.

   — Por quê? O que eu fiz?

   Murin perguntou tentando entender.

   — Você não fez nada, apenas vá.

   Lavin quase implorou.

   — Lavin? O que você está fazendo?

   Bela perguntou se aproximando.

   — Quem é ela?

   Murin perguntou.

   — É melhor você ir rápido.

   Lavin cochichou.

   — Por quê? Nós gostamos de convidados.

   Lasa apareceu de repente ao lado de Lavin.

   — Lasa, não...

   — Fique quieta, Lavin, tenho certeza de que nossa convidada adoraria ouvir uma canção.

   Bela e Lasa começaram a cantar. Bom, não era bem cantar e sim hipnotizar, as náiades cantarolavam uma coisa que fazia com que os humanos sonhassem acordados, era como se eles achassem que estavam em um lugar adorável quando na verdade estavam sendo afogados para logo depois serem devorados.

   Lavin se enfureceu e pulou em cima de Lasa, as duas foram para o fundo do rio. Bela, vendo que Murin acordou do sonho, a puxou rapidamente para o fundo do rio enquanto Lavin e Lasa brigavam na água. Bela afogava Murin, que tentava se soltar, porém depois de um tempo os movimentos diminuíram e ela estava morta.

   Lavin finalmente viu o que havia acontecido e Lasa aproveitou seu momento de fragilidade para jogá-la contra uma pedra, fazendo com que ela desmaiasse. Lasa e Bela a devoraram assim como fizeram com os humanos que ousaram chegar perto do rio. Lavin não perdoou as irmãs.

 

Até hoje ninguém sabe o que aconteceu depois, exceto eu, é claro, mas isso é algo que não importa muito agora.



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