História Lost Wings - Chapter 5 - The Touch.

Ariel deu um passo para trás e colocou a Adaga de volta na cintura. O susto deixou suas mãos trêmulas e ela quase se cortou com a própria arma. 
— Estão esperando você, Malik —  disse o garoto que havia flertado com Ariel poucos minutos antes.  
— Já estou indo —  respondeu ele ao vestir uma camiseta. 
Ariel queria estapear a própria face por não fechar a porta e perder a chance que tinha de se livrar do vulto naquela noite. Agora precisaria ficar a noite toda por perto para ver se tinha a sorte de ter outra oportunidade como aquela. 
—  Hey você! — o garoto se referiu à Ariel, a abraçando pelos ombros — Parece que não e livrou de mim. 
—  Pois é — disse ela, forçando uma risadinha. 
— Vocês se conhecem? — perguntou Zayn, arrumando o cabelo, os encarando pelo espelho.
— Ela me perguntou onde você estava.
— Não perguntei, não. Perguntei onde era o banheiro — respondeu Ariel entredentes ao ver Zayn lhe encarar com um olhar interrogativo —  Não é? 
O poder de persuasão dos anjos era algo infalível, algo de usavam muito em missões terrenas e algo que anjos caídos usavam e abusavam. Há quem chame a persuasão de hipnose, mas Ariel não achava que era bem assim.
— É! Isso mesmo! Você queria saber onde era o banheiro — respondeu o garoto loiro, gargalhando.
Zayn deu com os ombros, achando que o amigo estava apenas bêbado demais. 
— Como soube da festa? — perguntou Zayn.
Ele se sentia curioso em relação a garota desde o festival, achando estranha a convicção com que o chamou de Dom, mas depois que ela se afastou, Zayn parou de pensar nela. Então, horas depois ela surge em sua casa, aparecendo em seu quarto com expressão confusa e em sua opinião, frases estranhas.
— Conheci uma garota quando fui levar o restante dos documentos da matrícula da escola — explicou ela, tirando o braço do garoto de seus ombros. — Então ela comentou algo sobre a festa, achei que seria bom conhecer alguém — mentiu descaradamente e se sentiu aliviada ao ver Zayn assentindo. Claro que ele não desconfiaria que era uma mentira, mas Ariel costumava ficar apreensiva ao esperar por uma resposta da pessoal qual havia acabado de enganar. 
Depois que haviam descido novamente para o primeiro andar, Ariel perdeu Zayn de vista mas resolveu ficar na casa até o fim da festa. Os Shidows não demoravam para agir e Ariel conhecia as estratégias deles, logo Zayn começaria a correr risco de vida constantemente e ela não poderia simplesmente deixá-lo morrer. Tinha uma missão e faria o que fosse preciso para recuperar suas asas. 
Desde que recebeu a chance de um dia ter de volta aquilo que perdeu, Ariel recebia a informação de onde o vulto agiria e então o mandava diretamente para o lugar onde pertence e naqueles cento e treze anos que fazia aquilo, Ariel jamais deixou com que alguém morresse, e não ser agora que isso mudaria. Tudo que ela precisava fazer era ignorar a estranha e intensa sensação que Zayn lhe causava, e assim veria ele como uma vítima qualquer e faria seu trabalho, sem imprevisto algum. 
Ariel se levantou da banqueta que estava sentada na cozinha e foi para a sala, procurando por aquilo que estava lhe causando arrepios, certamente algo estava para acontecer. Ela procurou por Zayn em toda a sala de estar mas não o encontrou, quando estava se dirigindo ao jardim dos fundos houve uma explosão e as luzes da casa se apagaram. Desprevenida, Ariel foi empurrada pelos adolescentes que corriam desesperadamente em direção à saída da casa, emitindo gritos de pânico. Ariel quase revirou os olhos mas forçou a si mesma a se lembrar que humanos temiam a morte, algo que ela nunca sentiria. 
Uma claridade vinha da cozinha e quando se aproximou, Ariel viu que era fogo. Ela não sabia ao certo para onde ir, não estava sentindo a energia de Zayn e cogitou que ele já tivesse saído no meio da confusão. Ariel atravessou os cômodos, ignorando o cheiro da fumaça — que apesar de fazer seu nariz formigar, não a afetava — e foi para a rua, onde estavam os jovens. 
— Foi a fiação elétrica — alguém disse ao passar pela garota. Mas ela sabia que não era um simples curto-circuito. 
Andando pela calçada, Ariel não conseguia encontrar Zayn e sentia que estava ficando sem tempo, então resolveu voltar para dentro da casa. 
— O que você está fazendo? — alguém perguntou ao tentar impedir sua entrada.
— Minha amiga está lá dentro. 
O garoto coreano encarou Ariel como se ela fosse louca e esticou os braços, de forma que não a deixasse passar por ele. 
— Já chamaram os bombeiros, vão chegar aqui logo. 
Ariel olhou para o garoto, começando a se estressar por sua insistência mas apenas assentiu e se afastou dele. Ela andou ao redor da casa, desviando das pessoas sentadas pelo gramado e calçada que choravam de medo e tentavam ligar para provavelmente os pais e até mesmo amigos que haviam perdido ali no meio da confusão. Ariel entrou pela porta dos fundos, a porta da cozinha. O cômodo estava tomado pela fumaça, o que dificultava sua visão e o fogo já havia se alastrado até a sala.
Se queimando ao atravessar as chamas, Ariel abriu a porta da lavanderia mas o cômodo estava vazio, assim como o banheiro do primeiro andar. Ela subiu as escadas e vasculhou os quartos às pressas, temendo que Zayn realmente estivesse ali, pois ele poderia estar muito mal. 
— Pense, Ariel — sussurrou ela para si mesma. 
A anjo voltou a descer e queimou partes de seu braço ao atravessar o corredor rumo à um provável escritório, a porta estava emperrada e naquele momento Ariel soube que Zayn estava ali. Ela tentou puxar a porta de correr mas a mesma nem se moveu, então Ariel chutou até a tranca fazer um barulho e empurrou a porta para o lado. O escritório estava um breu e Ariel se ajoelhou e começou a tatear o chão, procurando por Zayn. 
— Zayn — Ariel o chamou, mas não obteve resposta. 
O fogo chegou no escritório e no momento em que tocasse o carpete, o cômodo todo seria tomado pelas chamas em pouco tempo. 
— Zayn  — Ariel o chamou mais uma vez, começando a ficar nervosa. 
Ela tentava se concentrar nele, sentir sua energia vital ou ouvir seus batimentos cardíacos mas não sentia nada. 
— Zayn — sussurrou ela ao tocar uma mão. Apesar de nunca tê-lo tocado antes, Ariel sabia que era Zayn pela forma com que sua respiração acelerou ao sentir a pele dele contra a sua. 
Ariel arrastou Zayn pelas pernas até a porta mas não poderia continuar levando-o assim até o lado de fora, ele seria consumido pelas chamas. Ela se abaixou e o jogou por cima de seus ombros, segurando suas pernas e braços com força para não deixá-lo cair. Ariel correu em direção ao jardim dos fundos com medo que a barra de sua calça pegasse fogo e tivesse que manter Zayn por mais tempo no meio daquela fumaça. 
A respiração dele era fraca, assim como sua pulsação. Os batimentos cardíacos de Zayn eram mínimos e continuaram assim até Ariel o colocar no gramado e começar a fazer massagem cardíaca. 
— Vamos lá — pediu ela. 
Zayn tinha um pequeno corte na testa e Ariel limpou o sangue cuidadosamente. Ela voltou a massagear o peito do moreno que se mexeu e tossiu um pouco, a fazendo parar. Zayn abriu os olhos e voltou a fechá-los por um breve momento, já que a luz que vinha do poste da rua de trás da casa incomodava sua visão. 
— Ariel? 
— Você está bem? — perguntou ela, levantando a cabeça dele e olhando seu rosto detalhadamente. 
— Caralho, minha mãe vai me matar — Zayn disse de forma frustrada quando viu o fogo através da janela que estava alguns metros acima da cabeça da anjo. Ariel riu de leve e negou com a cabeça. 
— Provavelmente. 
— Como me trouxe aqui? 
— Eu não te trouxe aqui, seu maluco. 
— Ah, meu Deus, seu braço! 
Ariel olhou para o próprio braço e viu as queimaduras. Partes de seu braço estavam em carne viva, mas ela não sentia dor, apenas formigava e sentia que as feridas estavam um tanto quente.
— Não tem nada — mentiu ela. 
— Mas eu lembro de... 
— Shhh — interrompeu ela. — Descanse — sussurrou Ariel ao tocar — com carinho — o topo da cabeça de Zayn, que segundos depois fechou os olhos, caindo em sono profundo.

por favorzinho, leiam as notas finais <3