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História Louco amor (Camren) - Capítulo 24


Escrita por: pantera-chan

Capítulo 27 - Capítulo 24


  Os flocos de neve caíam em frente aos faróis da picape, como uma fina cortina branca na noite escura.

  Lauren cerrou os dentes, tentando igonar as rpupas molhadas. Em vez disso, concentrou-se em manter a picape firme, contra o vento forte, grato pelos refletores que iluminavam a cerca, dos dois lados da estrada.

  Ainda assim, gostaria de ter dez minutos a sós com o irresponsável que perdera o controle do carro, destruindo parte da cerca do Bar M, e fugindo, sem avisar ninguém. Felizmente, o rancho ficava distante da cidade, e a maioria das pessoas não saíra de casa numa noite como aquela. Uma das pessoas que saíra na noite gelada era o capataz do rancho, Mitch, que, ao voltar da cidade, encontrara algumas cabeças de gado bem no meio da estrada.

  Já que estava agradecendo as bênçãos, lembrou-se de que os animais já estavam no curral, e a cerca fora consertada, temporariamente. Só imaginava se conseguiria chegae em casa antes de congelar.

  Casa. Só de pensar nisso, ficava ansiosa. Tentando afastar o sentimento, suspirou. Não adiantava se enganar. Pela primeira vez na vida, tinha alguém. Na verdade, duas pessoas esperando por ela. E por mais que tentasse negar, ao lembra-se disso, sentia-se estranhamente feliz.

  O fato é que o sentimento a acompanhara o dia todo, e não apenas por terem feito amor, depois de tirar Camila da escada. Descobrira que também confiava nela para cuidar de Lissy e da casa, durante a tempestade de neve, deixando-a livre para concentrar-se no rancho.

  Era um sentimento muito bom, embora um tanto estranho. Nunca tivera ninguém em quem confiar. E havia muitas coisas no relacionamento com Camila que eram novas para ela. Andava pensando nela nas ocasiões mais inesperadas, desejando que estivesse ao lado dela para conversar, imaginando o que diria sobre isso ou aquilo. Quase podia dizer que começava a depender dela.

  Era um pensamento perturbador, e afastou-o depressa, enquanto tentava enxegar pelo pára-brisa da picape. Infelizmente, o que conseguia ver parecia um país desconhecido, graças à neve. O instinto lhe disse que devia estar perto do caminho que levava à casa, mas teria errado se não visse o círculo de luz bem à frente. Franzindo a testa, diminuiu a velocidade e virou para a esquerda. Os faróis iluminaram uma figura esguia, encolhida sob o vento gelado, segurando uma lanterna.

  Camila! Ela praguejou, ao passar por Camila, virando no pátio e entrando na garagem às escuras. Vê-la ali fora, num tempo tão ruim, deixou-a furiosa, tanto quanto vê-la sobre a escada naquela manhã. Com expressão zangada, desceu da picape, enquanto ela se aproximava, caminhando com dificuldade sob a tempestade de neve.

  - Olá - saudou Camila, igorando a raiva dela e abraçando-a rapidamente.

  - Posso saber o que está fazendo aqui fora? - ela falou muito alto, para poder ser ouvido acima do ruído do vento.

  - A luz acabou - explicou Camila, recuando um passo. - Estava com medo que você não encontrasse a casa.

  Lauren a olhou, como se fosse difícil acreditar no que ouvia.

  - Então pretendia ficar aqui fora até eu aparecer?

  - É claro que não, Mitch ligou e disse que você estava a caminho. Lissy e eu ficamos esperando os faróis aparecerem. - Ela a olhou, tranquila, apesar dos flocos de neve presos aos cílios. - Estava ficando tarde, e fiquei preocupada com você.

  A confissão dissolveu toda a raiva de Lauren. Desconcertada, cimeçou a andar depressa para a varanda.

  - Posso cuidar de mim - disse, carrancuda.

  - Sei que pode. Mas... - Camila parou, enquanto subiam as escadas e ela abriu a porta - ... não muda o que eu sinto. - As últimas palavras foram ditas quando elas tiravam a neve das botas e casacos e entravam depressa.

  Lauren resmugou, sem saber o dizer, quando uma figura esguia surgiu da sem-escuridão, atirando-se contra ela.

  - Está tudo bem, mamãe?

  Lissy estava agarrada à jaqueta dela, olhando-a com ansiedade. Pelo jeito, as duas mulheres de sua vida não acreditavam em sua habilidade de cuidar de si mesma.

  - Estou bem, querida.

  - Ela só precisa se aquecer - disse Camila, apoiando a lanterna no balcão e tirando luvas, chapéu e casaco. Colocando a mão no braço de Lauren, exclamou: - Você está encharcada!

  - Eu sei.

  - O que aconteceu?

  - Caí no fosso, enquanto consertava a cerca. - Embora a casa estivesse quente, ela estremeceu.

  - Lauren, graças a Deus não teve hipotermia. Lissy, por que não pega uma xícara de chocolate quente para a sua mãe, enquanto ela tira essas roupas?

  - Vou buscar!

  A menina saiu correndo, antes que ela pudesse protestar, e então virou-se para Camila, pouco à vontade com tantas atenções.

  - Não preciso de chocolate quente. E se quiser, posso pegar sozinha.

  - É claro que pode. Mas Lissy quer fazer alguma coisa. Estava muito preocupada com você.

  Não havia o que discutir, e Lauren começou a desabotoar o casaco, percebendo que os dedos gelados não conseguiam mover-se normalmente.

  - Deixe-me ajudá-la. - Camila afastou as mãos dela, desabotoando rapidamente o casaco.

  Lauren podia estar cansada e semi-congelada, mas o toque dela teve o mesmo efeito de sempre. O desejo a dominou, e só o pensamento de que Lissy voltaria a qualquer momento deu-lhe forças para afastar as mãos de Camila.

  - Pode deixar que eu mesma faço isso.

  O olhar dela fixou-se no rosto de Lauren, e, com um meio sorriso, reclamou:

  - Estraga-prazeres.

  Lauren tentou ficar séria, mas um sorriso espontâneo surgiu-lhe nos lábios.

  - Você é perigosa.

  Lissy voltou, carregando uma caneca enorme nas mãozinhas delicadas.

  - Tome, mamãe.

  Ela já ia dizer que não gostava de chocolate, mas ficou em silêncio diante da expectativa no rosto da menina. Com um suspiro, levou a xícara ao lábios. Surpresa, percebeu que a bebida quente era agradável, e a aquecia. Sem perceber, bebeu tudo depressa. 

  - Obrigado. Estava ótimo.

  Lissy sorriu, feliz.

  - Agora, por que vocês duas não me deixam trocar de roupa?

  Camila tirou as botas, colocando-as de lado.

  - Deixei as roupas para você trocar em cima da secadora.

  As duas saíram, e ela pegou a malha de lã que Camila deixara, dizendo a si mesma que estava contente apenas por estar em casa, e não pela recepção calorosa de Lissy e Camila. Ainda assim, viu-se trocando de roupa de pressa, convencida de que queria ir logo para perto da lareira.

  Assim que terminou, pegou a lanterna e passou pela cozinha, na direção da sala. Camila e Lissy tinham pegado os sacos de dormir, acolchoados e travesseiros, e colocado tudo em frente á lareira. As enormes janelas mostravam a neve caindo do lado de fora, e a sala parecia íntima e aconchegante. 

  - Venha, mamãe. - Já deitada no saco de dormir, com Camila sentada a sua esquerda, Lissy apontou o lugar a direita. - Posso ficar no meio. Camz disse.

  - Disse mesmo? - O olhar dela encontrou o de Camila, que suspirou, dando de ombros.

  Apesar de não ser a maneira ideal de dormir, Lauren não hesitou. Na verdade, estava gelado, e tanto o fogo quanto a companhia eram mais do que poderia resistir. Logo atravessava a sala, sentando-se, como Camila, com as costas apoiadas no sofá, em cima do saco de dormir.

  Lissy bocejou, chegando mais perto dela.

  - Mamãe? - perguntou, apoiando a cabeça no peito dela. - Acha que poderemos ir lá fora amanhã?

  - Não sei. Por quê?

  - Quero fazer um boneco de neve.

  - Quer mesmo? - Ela cheirava a xampu, talco e flanela limpa. E parecia incrivelmente pequena e vulnerável, apoiada contra Lauren. Sem pensar, passou um braço á volta dela.

  - Sim. Nunca fez um?

  - Nunca. - Ela bocejou de novo. - A vovó disse que o frio faz os ossos dela doerem, e por isso eu precisava ficar dentro de casa.

  - Não terá que ficar amanhã.

  - Mesmo?

  - Eu prometo.

  - Eu te amo, mamãe.

  As palavras pegaram-na de surpresa. E ouviu alguém com uma voz igual á sua dizer:

  - Eu também te amo, Lissy.

  - Eu sei. - E com um suspiro de felicidade, aconchegou-se ainda mais e adormeceu.

  Olhando o rotinho delicado, mal podia acreditar no que aconteceu. Por um instante, pensou ter imaginado tudo, mas logo sentiu a mão de Camila em seu braço. Fitando-a, percebeu que era real. 

  - Você está bem? - perguntou, baixinho.

  - Sim.

  - Que bom.

  Ela afastou o olhar, fitando Lissy novamente.

  - Acha que ela vai acordar, se eu me mexer?

  - Acho que não.

  Virando-se de lado, Lauren pegou delicadamente o corpo frágil nos braços, acomodando Lissy no saco de dormir. Ela virou-se de lado, apoiou a cabeça no travesseiro e caiu num sono profundo.

  Já ia voltar ao seu lugar, quando sentiu a mão de Camila tocando-lhe os cabelos.

  - Estou contente que esteja em casa.

  Segurando a mão dela, apertou-a contra o rosto.

  - Eu também.

  As duas inclinaram-se, cuidadosamente, para não acordar Lissy, e beijaram-se demoradamente.

  O desejo dominou Lauren novamente, mas naquela noite havia algo mais. Segurando o rosto de Camila entre as mãos, beijo-a no queixo, nas bochechas, nos cabelos, embriagado-se com o perfume suave.

  Com um suspiro, afastou-se. Nenhuma delas falou. Não precisavam de palavras. Entrelaçando os dedos, deitou-se, acomodando-se no saco de dormir.

  O calor do fogo a aquecia como um cobertor, e logo fechava os olhos, experimentando uma paz que nunca conhecera antes.

  O último pensamento dela foi que aquilo era fazer parte de uma família.

Continua...



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