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História Loucura Targaryen - A Ousada


Escrita por: myllenemaas

Capítulo 9 - A Ousada


Fanfic / Fanfiction Loucura Targaryen - A Ousada

Ela estava feliz ali. De uma maneira que nunca fora. Sempre que se lembrava de sua juventude e infância, ela torcia o nariz em desprezo. Se ao menos tivesse a atenção de seus pais, como sempre desejou. Mas o rei Jaehaerys e a rainha Alysanne não podiam lhe dar toda a atenção necessária a uma menina em crescimento. Por isso, ela ficava cercada por criados. E era com esses criados que ela conseguia a atenção que sempre desejou. Saera era uma natural beleza valiriana, com cabelos prateados e olhos púrpura. Sempre teve tudo o que quis. Sua mãe sempre lhe dizia que a primeira palavra que havia aprendido era "não" e que ela costumava repeti-la todos os dias e a todo momento. Ela não tolerava quando alguém lhe dizia que não poderia ter ou fazer alguma coisa, ela era uma princesa. Podia fazer o que desejasse. E ela fez. Nunca deu muita importância para seus irmãos, apesar de sempre ver Baelon e Aemon rindo quando ela brincava. Ela gostava deles. Quando descobriu os medos de sua irmã, Daella, ela viu que agora tinha uma companhia. Se lembra como foi quando colocou o gato dentro do quarto da irmã. Os gritos de Daella ecoaram por toda a Fortaleza Vermelha. Ela gargalhou sozinha em seu quarto. Mas a descobriram. Daella disse a sua mãe que havia sido ela a fazer isso. Saera, então, para se vingar da irmã, encheu seu pinico com abelhas. Claro que foi descoberta de novo, mas valeu a pena. 

_ Saera, querida, não pode fazer isso. - Jaehaerys disse sentado no trono. Ela tinha pintado as capas brancas da Guarda Real de rosa. Achou que seria engraçado ver todos aqueles guardas andando vestindo rosa.

_ Mas não fiz por mal, papai! - ela disse. E, realmente, ela não havia feito. Jaehaerys sorriu amorosamente para ela e a trouxe para seu colo. Saera gostava de se sentar no Trono de Ferro. Lhe dava sensação de poder absoluto.

_ Eu sei, meu bem! - seu pai beijou sua testa - Mas nunca mais faça isso de novo. Está bem?

_ Sim, papai! - ela disse. E nunca mais brincou com a Guarda Real. Mas apenas com a Guarda Real.

Ela era ainda criança quando Tom Turnip chegou na Corte. O bobo era infantil, talvez até um pouco retardado. Saera gostava de escutar ele conversando. Sempre pedia que ele dançasse quando ficava sozinha com ele. Tom sempre dançava alegremente e ela batia palmas. Tom era uma diversão maravilhosa para ela. Quando seus pais arranjaram um banquete para comemorar os anos de paz que estavam tendo, Saera resolveu brincar com Tom. 

_ Tom! - ela chamou baixinho. O bobo foi até ela. Ele sempre fazia o que ela falava. Saera gostava de ter poder sobre ele - Estava pensando em ir no banquete amanhã de forma descontraída. Por que você também não faz isso?

_ Mas não é um banquete importante, minha princesa? - ele quis saber. Saera balançou a cabeça. - Eu não tenho outra roupa descontraída!

_ Então vá sem! Não vai ter problema algum! - ela disse, sorrindo. - Eu estarei lá!

E assim o bobo fez. Quando ele entrou nú no salão, ela viu as expressões constrangidas dos convidados e como seus pais não conseguiam esconder seu espanto. Ela riu. Não de Tom, claro que não. Ele era sua companhia constante, ela gostava dele. Mas ela adorou ver como Westeros era facilmente envergonhada. Saera impediu que machucassem Tom, levando ele para fora e o ajudando a se vestir de forma mais formal. E até que o bobo ficou bonito daquele jeito. 

_ Dizem que o trono machuca aqueles que não são dignos de reinar! E, principalmente, aqueles que não são Targaryen!

Saera ouviu os criados falando isso enquanto tentava bordar. Ficou curiosa a respeito disso. Então, chamando Tom para mais uma brincadeira, ela pediu que ele escalasse o Trono de Ferro. Ele estava indo bem. Até que ela viu ele gritar e uma das lâminas ficarem sujas em vermelho. Saera arregalou os olhos e seu riso morreu. Ela gritou por ajuda. A Guarda Real apareceu de imediato e eles resgataram o bobo. Saera estava com a visão embaçada de tanto chorar quando viu os guardas carregando Tom para fora. Ela ficou preocupada, mas de acordo com Grande Meistre Elysar, o bobo ficaria bem. Enquanto Tom se recuperava, ela teve de brincar sozinha. Foi aos onze anos que ela começou a roubar bebidas da cozinha. Sua mãe descobriu sobre isso quando ela estava com doze e havia chegado bêbada no Septo. Baelon e Aemon riam e até beberam com ela, apenas para poderem contar piadas para a irmã mais nova. Saera adorava seus irmãos mais velhos. Assim que soube que Tom estava um pouco melhor, ela foi até ele.

_ Princesa! Eu consegui escalar o trono! A senhora viu? - ele disse, sorridente.

_ Eu vi! Você foi incrível, Tom! - ela respondeu. O bobo riu e começou a assobiar. Saera se sentou na cama e pegou a mão dele. Estava toda cortada - Desculpe! Não queria que se machucasse!

_ Está tudo bem! - Tom estava sendo infantil e gentil, como sempre foi com ela - Faço tudo o que minha amável princesa pedir!

Saera sorriu. Ela ainda tinha a lealdade de Tom, mesmo depois de tudo o que houve. Não podia deixar de ficar emocionada. Talvez Tom foi o amigo mais leal que ela teve. Queria poder ter trago ele consigo. Assim que soube que seu pai estava pensando em casa-la com seu irmão, Vaegon, Saera tentou imaginar a união deles. Mas nada veio.

_ Vaegon é um inútil! - ela reclamou com Tom certa noite - Acho que não serve para absolutamente nada!

_ Se minha princesa diz isso, então é a verdade! Por que não conversa com seu pai? - o bobo disse.

Saera sorriu. Que belíssima idéia. Ela foi até o pai, perguntou a ele o que estava o afligindo. Mesmo que Jaehaerys negasse, ela conseguia ver que algo estava o incomodando. Foi depois que muito insistir que ela ficou sabendo que Dorne estava em guerra com eles. Também soube que o Lorde Stark havia reclamado sobre um Rei-Para-Lá-Da-Muralha. Saera tentou pensar em algo para ajudar seu adorável pai. E conseguiu pensar em um. 

_ Eu poderia me casar com um deles. O que mais oferece risco. - ela disse.

_ O mais perigoso de fato é príncipe Maron Martell. Mas não quero ter de colocar minha querida filha mas mãos desses dorneses - ele disse.

_ Eu sou uma Targaryen! - ela respondeu - Dorne não me ferirá! - ela sorriu timidamente - E eu sempre quis ser uma rainha. Como a mamãe!

Jaehaerys sorriu. Beijou a testa dela e prometeu pensar em alguma coisa. Saera sabia que ele não a casaria com os inimigos, mas ela sabia que podia confiar sua vontade a seu pai. Ela continuou conversando com Tom até que sua mãe pediu que ela escolhesse damas de companhia e deixasse o Tom. Ela odiou aquilo. Mas fez como a mãe lhe pediu. Escolheu Perianne Moore e Alys Tumberry. As duas faziam tudo o que ela mandava. Mas ela sentia falta de Tom. Quando ficou um pouco mais madura, Saera foi até Tom. Conseguiu escapar de suas aias e damas e levou o bobo para um quarto. Tom cantou e dançou e contou todas as piadas que se lembrava. Saera ria. Não, ela gargalhava. E foi naquela noite que, ao invés dela ensinar algo ao bobo, foi ele que a ensinou uma coisa. Saera teve sua virgindade tomada por Tom. Ficou curiosa quando ele disse o que fazia com as mulheres e quis que ele fizesse com ela.

_ Faço tudo o que princesa pedir! - disse Tom, tirando as roupas. Saera também ficou nua e, por mais que pensasse que o bobo era muito infantil, ela não conseguiu ver uma criança nele naquela noite. Depois daquilo, ela tentou convencer a mãe de deixá-la ter Tom de volta, mas Alysanne apenas a ignorou. 

Seus pais se mostraram muito contentes quando viram Saera ser cortejada por vários bons pretendentes e não mostrar nenhuma timidez. Saera os escutava e conversava com eles. Ela estava conversando animadamente com o protetor de sua mãe, Jonquil Darke, quando aqueles três vieram até ela. Jonah Mootoon, Roy Connington e Braxton Beesburry. Ela gostou deles. Decidiu ter os três por perto. Suas damas eram inocentes demais e eles poderiam lhe ajudar a fazer as duas crescerem um pouco. Claro, ela se deitou com os três, mas Braxton era o melhor. Ela também convenceu suas damas a se deitarem com eles. Já estava na hora delas serem mulheres. Ela estava passeando com Tom pelos jardins quando Alys se aproximou.

_ Princesa! - ela disse. Saera a encarou. - Tenho que contar uma coisa.

_ Então conte! - Saera disse. Tom riu baixinho por ela usar seu tom de voz firme. 

_ Estou grávida! - Alys disse, começando a chorar. Saera apenas esperou. 

_ Pare de chorar. - ela disse - Gravidez acontece! É natural! Não é mesmo, Tom?

_ Sim, minha princesa! - ele disse.

_ Mas, como terei um bom casamento agora? - ela disse. - E acha mesmo que eu confio na palavra de um bobo?

_ Alys! - Saera falou um pouco mais alto. - Tom é mais confiável do que qualquer outra pessoa. E eu cuido do casamento para você! 

_ Eu sinto falta de sair - disse Tom depois que a garota a agradeceu e saiu. Saera o encarou.

_ Eu dou um jeito nisso, Tom! - ela disse, sorrindo. 

E deu. Estava em seu quarto quando Braxton, Roy e Jonah saíram com Tom. Foram para o Pérola Azul. Um famoso bordel da cidade. Saera estava certa de que isso faria o bobo feliz. Quando foi chamada pelos pais ao Salão do Trono, Saera foi sem muita preocupação. Septão Barth e Grande Meistre Elysar estavam ali. Ela suspirou. Seus pais perguntaram sobre o bordel e o bobo, ela explicou do jeito que quis. Ficou extremamente aborrecida quando soube que os três pretendentes que ela favoritou haviam feito graça com Tom. Eles iriam pagar. Ah, iam!

_ E quanto a gravidez de Alys? - Alysanne perguntou. Saera arregalou os olhos e fingiu total surpresa. - E seus encontros íntimos com esses homens?

_ Do que está falando, mãe? - Saera perguntou.

_ Chega de mentiras! - Jaehaerys gritou. Saera olhou para o pai e viu ele totalmente frio e distante - Você se deitou com eles? Entregou sua virtude a eles?

_ Não! - ela disse e sorriu, desafiante - Eles não poderiam ter minha virtude porque eu já não a possuía!

Alysanne gritou em choque.

_ Pensamos em casar você com um deles, sabia? - Jaehaerys disse.

_ E eu não saberia com qual deles casar! - ela respondeu - Os três eram muito bons. Talvez eu me casaria com os três! - ela continuou - Como Aegon se casou com as duas irmãs! E como Maegor se casou com as três mulheres que queria!

Seu pai perdeu toda a calma. Ele se levantou. Mesmo com Alysanne tentando o segurar, nada o impediu de berrar.

_ PRENDAM ELA NO QUARTO! ELA NÃO SAI! 

_ Enlouqueceu? Eu sou sua filha! Não pode me prender! - ela disse. - Pai!

_ LEVEM ELA! AGORA! - ele gritou.

A Guarda Real a segurou e Saera berrou em ódio. Tentou se soltar e gritava em uma completa histeria. Assim que a prenderam no quarto, Saera começou a andar de um lado para o outro. Não podia ficar ali. Não era culpa dela se a imbecil da Alys tinha engravidado. Não era culpa dela se aqueles três tontos tinham se embebedado e se envergonhado. Não era culpa dela se Perianne chorava como uma criança mimada. Saera estava em fúria. Ela era uma princesa. Uma Targaryen. Não podia ficar presa. Ela era um dragão. Ela parou de andar. Dragão!

Trocando de roupa com uma criada, como forma de brincadeira com a mulher, Saera conseguiu sair do quarto. Ela foi até o Fosso dos Dragões. Talvez conseguiria domar um dragão e fugir daquele inferno. Podia até mesmo levar Tom. Mas ela foi pega. Assim que foi posta diante de seu pai, ela viu Alysanne começar a chorar. Jaehaerys apenas a olhou ainda mais furioso.

_ Prenda-a nas torres! - ele disse. - Jonquil! Vigie Saera!

Ela cuspiu no chão.

_ Eu odeio vocês! - ela disse antes de se virar e sair. 

Ela ficou naquela maldita torre por alguns dias. Soube que todos os seus "amigos" haviam sido julgados e mandados embora. Saera viu quando seu pai matou Braxton. Ela riu. Não apenas por Beesburry estar pagando por caçoar de Tom, mas também porque viu que acordou uma violência tremenda em seu pai. Saera estava com Jonquil. A noite, Darke lhe disse que ela iria para Vilavelha, se tornar uma septã. Saera cuspiu no chão de novo. Seu pai lhe contou que Maegelle cuidaria dela e que seria uma Irmã Silenciosa. Saera apenas virou o rosto e se foi. Odiava aquela gente. 

_ Ao menos você está aqui! Não foi exilada ou coisa pior! - disse Maegelle quando ela reclamou - Sei que não quer isso, mas tente ao menos.

E ela tentou. Pela irmã apenas. Mas não conseguiu. Assim que viu que a guarda havia baixado, ela vestiu uma capa pobre e saiu. Passou por todos, de rosto baixo e andando mancando para simular uma pessoa miserável. Conseguiu embarcar no primeiro navio que viu. Rezou para ser um que zarparia para Essos. E suas preces foram atendidas. Ela ainda estava vestida de noviça quando atingiu Lys. 

_ O que a sacerdotisa faz por aqui perdida? - disse um mercador.

Saera viu que esse mercador era bastante rico. Então se aproveitou. Sorriu para ele.

_ Poderia me ajudar? - ela disse, pousando a mão sobre o membro dele. - Preciso de uma casa!

O mercador sorriu. Conseguiu ficar em um bordel famoso de Lys. Ganhou muita fortuna ali. E também ganhou sua própria família. Seus três filhos nasceram enquanto ela ainda estava em Lys. Todos eram como ela. Aventureiros e ousados. Ela pegou toda fortuna que conseguira em Lys e foi para Volantis, abrindo sua própria casa de prazer. Seus filhos, claro, ficavam com ela no andar superior, sendo crianças. Ela gostava de vê-los brincar. Apenas deixou que eles vissem o que acontecia no bordel quando já estavam crescidos. Pensou que eles a deixariam, mas não. Eles ficaram e começaram a ajudá-la na administração. Recebia cartas de sua mãe.

_ Queimem! - ela dizia. - Se ela me amasse mesmo, ela não teria permitido que eu fosse levada para aquela amaldiçoada Oldtown.

Quando soube da morte das irmãs, Viserra e Gael, ela fez suas próprias preces. Soube que Viserra era meio parecida com ela. Por isso, sentiu pela morte dela. Seus filhos também lhe contaram sobre a crise de sucessão de Westeros. Ela não sentiu felicidade alguma. Mesmo que seu pai estava sendo desgraçado com aquilo, seus irmãos não deveriam pagar pelos erros de Jaehaerys. 

_ Você poderia reclamar o trono! - disse seu filho mais velho, Tom.

_ Não! - ela disse. - Não quero Westeros! Não preciso de Westeros! Já tenho meu próprio reino aqui! - ela gesticulou para o bordel. Então, se virou para seus filhos. Os mais novos, Aegon e Ayrmindon, estavam atrás de Tom - Mas, se quiserem tentar reclamar o trono, podem ir!

Agora estava ali, olhando para o mar. Seus filhos haviam ido para Westeros e tinham avisado que estavam retornando, pois não gostaram do que viram lá. Saera estava sorrindo. Tinha uma boa vida em Volantis. E, assim como seus ancestrais, ela criou seu próprio reinado. Não precisava de seus pais. Nunca precisou. Estava feliz, sentada na cadeira, olhando para a paisagem. Seu único arrependimento era ter deixado Tom para trás. Podia tê-lo trago, mas não conseguia imaginar onde poderia encontrá-lo. Com um suspiro, ela se perguntou onde seu único verdadeiro amigo poderia estar, rezando apenas para ele estar bem.



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