História Love Again - Boom Boom Boom - II

A manhã seguinte chegou rapidamente.

Rafaela abriu os olhos ao ver a claridade e sentou. Reparou que a cama a seu lado continuava intacta, dando-se conta de que JiWon não retornara.

Com a cabeça zonza, anda até a cômoda onde sua necessaire está e pega uma aspirina.

Senta-se novamente na cama e as cenas da noite anterior a invadem aos montes.

- É.. eu beijei mesmo o SiWon... – dá-se conta.

Consultou o relógio. 11h10. Olha pela janela e suspira. Eles só voltariam a Seoul na manhã seguinte, de modo que teria que encarar SiWon antes disso. Mordeu o lábio e decidiu pedir o desjejum para tomar ali mesmo e não precisar sair do quarto tão cedo.

Era por volta de 12h30 quando saiu do banho e se arrumava em frente ao espelho quando a porta se abriu.

JiWon sorriu sem graça ao entrar.

- Nem vou perguntar se isso são horas, porque até para isso você estaria atrasada.. – brincou, penteando os cabelos.

Sorrindo, JiWon andou até a amiga e a abraçou, beijando-lhe a bochecha. E antes que pudesse dizer qualquer coisa, a coreana se dirigiu para o banheiro.

- É.. a noite de alguém foi muito boa. – comentou, rindo.

“A minha também..”, não pôde deixar de pensar. Sentiu o coração acelerar-se. “E agora? Como vai ser?”, passou a mão no rosto, massageando as têmporas.

- É só colocar a culpa na bebida. – disse a si mesma, resoluta.

“E se ele quiser mais..?”, pensou, aflita.

- Não... nada disso! – repreendeu-o, em pensamento. – Hoje ninguém esta bêbado, certo? Então, não.

Com tudo resolvido dentro de si, levantou-se e rumou ao quarto de SiWon. Com sorte, KyuHyun não estaria lá, pensava.

- Rafa... – SiWon abre a porta, com a voz rouca, e lhe dá passagem.

Rafaela pisca algumas vezes ao entrar no quarto escuro. Encaminha-se para janela e abre um pouco a cortina.

- Fecha isso... – reclama KyuHyun, se virando na cama.

Quando olha para SiWon, percebe que ele esta de óculos escuros. Franze o cenho:

- Eu só vim ver.. como você esta.. – ela começa, colocando as mãos nos bolsos de trás da calça. – Por que os óculos? – sorri, incerta.

SiWon molha os lábios, sem graça.

- Dá para fechar isso? – reclama novamente KyuHyun.

- SiWon..? – sente o coração acelerar-se ao se aproximar dele.

- Eu estou ok. Esta tudo horrível, mas.. – e ao dizer isso leva a mão aos óculos.

- O que há? – ela estranha. – Por que os óculos?

Relutante, ele tira os óculos e ela vê que ele tem uma mancha roxa ao redor de um dos olhos, que inclusive está inchado.

- O que aconteceu? – e ao perguntar isso, toma o rosto dele entre as mãos, parecendo aflita ao avaliar. – O que você fez? – dirige-se a KyuHyun, com raiva.

- Nada. – responde o mais novo em tom insolente, levantando-se e fechando a cortina com força. – Apesar da vontade imensa que eu tive de dar uma porrada nele por não me deixar dormir, este olho roxo ele conseguiu sozinho. – e jogou-se na cama, cobrindo-se.

Rafaela fitou SiWon, esperando uma explicação.

- Eu... – ele começou mas parou, sentindo a cabeça latejar apenas pelos movimentos de suas cordas vocais.

- Foi numa das vezes em que ele foi vomitar. Tacou a cara na torneira da pia! – explicou KyuHyun, num tom misto de desaprovação e divertimento.

- É verdade? – ela perguntou.

SiWon apenas confirmou mexendo a cabeça o mínimo possível.

- Claro que é verdade! Para que eu iria mentir? – resmungou o outro.

Só então ela se deu conta de que ainda mantinha as mãos no rosto de SiWon. Soltou-o sem graça.

- É, talvez pessoas lerdas não devessem beber. – declara ela, disfarçando.

KyuHyun riu.

- Puxa, obrigado... – SiWon chateou-se.

- Então você deveria pensar melhor antes de embebedar uma pessoa lerda, Rafaela-ssi. – declarou KyuHyun.

- Não fui eu! – ela se defendeu. – Quando vi ele já estava tudo, menos são!

- Rápida em fugir da responsabilidade! – o mais novo exclamou, descobrindo-se.

- E a noite você por acaso cuidou dele como disse que faria? – ela se exaltou.

- Vamos falar de outra coisa? – irritou-se SiWon. – Aliás, não vamos falar nada! Minha cabeça está prestes a explodir! – jogou-se na cama.

Rafaela sentou-se ao lado dele. Engolindo seco, recesosa, pousou a mão em seu ombro:

- Você comeu? – perguntou, a voz suave.

- Não consigo nem pensar em comer. – ele franziu o cenho e engoliu.

Ela expirou profundamente e se levantou.

- Onde você vai? – perguntou KyuHyun.

- Tomar responsabilidade por isso.

Se dirigiu ao restaurante do hotel. Suas longas mesas expunham os mais diversos alimentos e, cuidadosa, Rafaela começou a selecioná-los.

- Brócolis, ovo, presunto e sal...? – SiWon estranhou ao avaliar o que ela lhe levara.

- Sim. E também banana, suco de laranja e melão. – continuou ela. – São todas as vitaminas e minerais que você perdeu e que o seu corpo esta trabalhando como um louco para tentar suprir neste momento.

- Expert em ressaca! – ironizou KyuHyun, sentando-se na cama para observa-los.

Rafaela apenas ignorou-o, pegando duas garrafas de água.

- Você também tem que se hidratar. Boa parte da dor que esta sentindo é devido a água que perdeu. Seu cérebro sente isso. Então, você deve beber água. Mesmo que... eventualmente... você jogue tudo para fora de novo. Tem que se hidratar. E descansar.

- Ok.. – ele assentiu, suavemente.

- Ah, e seu olho esta realmente feio. Vem cá. – e ela pegou um pouco de pomada. – Essa pomada é para área dos olhos, vai ajudar a desinchar um pouco. – aplicou-lhe um pouco nas pálpebras.

- É gelado..! – ele sorriu brevemente.

- É assim que ele age. – ela sorriu em retorno.

A visão de cumplicidade entre os dois, o fato de ela estar cuidando dele com tanto carinho... tudo aquilo fez o estômago de KyuHyun revirar. Jogando as cobertas no chão, calçou os chinelos pegou o agasalho e saiu do quarto.

Massageando a testa, segue para o final do corredor onde um terraço grande permitiu-lhe sentir o sol brilhante, embora sem muito calor, de meio-dia. Tentava acalmar-se, sem se compreender.

No quarto, Rafaela termina de aplicar a pomada e permanece estática olhando o rosto de SiWon.

- Obrigado. – ele agradece, um tanto envergonhado.

Ela vira o rosto, fazendo toda a força do mundo para controlar a imensa vontade que sentia de beijá-lo.

- Rafa... – ele franze o cenho, avaliando-a. – Você parece nervosa... está tudo bem?

- Tá, tá sim... – ela afirmou várias vezes, mexendo a cabeça rapidamente e depois calou-se mirando as próprias mãos.

SiWon molha os lábios e sua cabeça lateja.

- Olha... Rafa, eu... eu não me lembro muito bem de nada que aconteceu depois que a gente voltou ensopado para a pista de dança. Se eu disse ou fiz algo que te incomodou, por favor me perdoe.

Rafaela estava atônita ao cravar os olhos nos dele e ver que ele estava sendo sincero. “Como você pode não se lembrar...? ... Eu deveria erguer as mãos para o céu e agradecer, mas... por que me sinto tão decepcionada?”

- O que você poderia ter feito? – menosprezou, sibilando. – Não é nada eu só... estou de ressaca. – mentiu.

- É tão horrível, não é? – ele franziu todo o rosto. – Esse cheiro horrível que fica na gente, o gosto na boca...

Ela riu:

- Seu primeiro porre... – deixou-se dizer.

SiWon riu devagar, com uma sensação estranha de nova maturidade adquirida.

- Obrigado por cuidar de mim. – disse, pegando em sua mão com carinho, quando a viu estancar, fitando-o. – O que foi?

Ela mirava-o ainda avaliando se o esquecimento era bom ou ruim.

- Rafa...?

Rafaela piscou algumas vezes, voltando a si:

- Tome bastante água, ok? Mesmo se for ruim, apenas... – engoliu seco, sentindo uma aceleração estranha no coração. – ... apenas tome muita água. – e deixando as coisas sobre a cama, saiu.

- Rafa...? – SiWon fez menção de se levantar para chamá-la mas sua cabeça latejou de tal forma que preferiu deixar para depois.

Rafaela se dirigiu para o fim do corredor, rumo à área externa. Precisava de ar, precisava respirar... respirar e colocar as idéias no lugar.

KyuHyun ainda se xingava quando avistou Rafaela na área externa. A moça estava próxima ao parapeito e levava uma das mãos ao colo, massageando-o, como se passasse mal. Pensou em se aproximar quando a viu fechar os olhos e os lábios movimentarem como se falasse sozinha.

Não precisou saber ler lábios para compreender que tudo aquilo era por causa de SiWon.