KyuHyun avistou Rafaela ao longe e se aproximou, empurrando-a.
- Ei! Quer morrer, é? – respondeu ela, brincando.
- E você? Quer ficar doente?
- Hã? – ela franziu o cenho sem entender.
- Você sempre treina sem roupa assim? – comentou em tom insolente.
Rafaela olhou para baixo, avaliando seu traje de muay thai:
- Desculpe. – começou a explicar-se. – É que treinar com mais roupa faz minha pressão cair.
- Calma, eu só estava brincando. – ele se apressou em dizer ao vê-la sem graça.
- Não, mas acho que algumas pessoas aqui devem pensar isso mesmo. Principalmente as mulheres... poucas conversam comigo.
- Acho que isso deve ser mais pelo fato de você viver rodeada de SuJus! – comentou, gabando-se.
- Hm... é verdade! – ela sorriu e estreitou os olhos. – Elas devem morrer de ciúme do SiWon, né? – riu.
- Ei!! – ele reclamou franzindo o cenho. – E quanto a mim?
- Ah, é... tem você também. – disse sarcástica, começando a andar.
KyuHyun cruzou o braços, irritado, e seguiu-a até a sala de treino.
Kangin estava passeando no corredor da academia quando viu KyuHyun e Rafaela conversando em frente ao boneco de treinos. “Esses dois...!”
- Rafa-ssi! – chamou-a.
- Kangin-ah!
Ele se aproximou, sorrindo:
- Você é tão teimosa quanto este daqui. – empurrou-a de brincadeira. – Já disse para me chamar de oppa!
Os três riram.
- Não fique ensinando golpes para nosso maknae! Ele já é bem evil sem saber usar de violência! – continuou.
- Comece a me tratar melhor, hyung! – brincou o mais novo, em posição de ataque.
Continuaram conversando por um tempo quando o celular, do qual Kangin nunca mais se separava desde o alistamento de LeeTeuk, tocou.
Os dois observaram-no se afastar.
- Kangin está emagrecendo demais... – observou ela. – É de modo natural?
- Sim. Ele está se esforçando bastante. – KyuHyun confirmou. – Dieta e malhação.
- O estranho é que prefiro ele mais... fofinho! – comentou rindo, fazendo o maknae revirar os olhos.
- Já terminou?
- O que?
- Seu treino! – ele adorava usar seu tom displicente com ela. – Estou de carro e posso te dar uma carona se quiser.
- Seria bom. Vou só tomar banho, ok?
- Eu te espero na entrada.
Cerca de 30 minutos depois, KyuHyun se levanta ao avistar Rafaela.
- É, mais um ponto em que você é mulher.
- Como assim?
- Você demora muito no banho! – reclamou, abrindo a porta para sair.
- Aish!! – praguejou ela.
- De quem é esse carro?
- Meu! – mentiu ele, achando a pergunta um absurdo.
- Mentira. – ela sorriu, maliciosa. – Esse chaveiro é do DongHae...
- Se sabe que é do DongHae, por que pergunta? – “E para você ele deveria ser DongHae-ssi!”
- Para ver sua resposta... – riu ela.
- Hyung deixou o carro comigo pois estes dias terei muitos compromissos.
- Hm...
- Que foi? – irritou-se. – Eu poderia ter um carro também! – respondeu, girando a chave e soltando o freio de mão. – Não tenho porque não quero...
Começou a dar ré, só então vendo o carro atrás. Freou com tudo e o carro começou a dar solavancos.
- Ops! – sorriu, sem graça.
Rafaela riu alto.
KyuHyun entrou no dormitório e dirigiu-se ao quarto. Pegou uma toalha e algumas roupas confortáveis já que concluíra seus compromissos do dia e planejava passar o resto da noite jogando.
Demorou-se no banho, sentindo-se feliz sem qualquer explicação específica. Saiu e foi cantarolando para o quarto, porém franziu o cenho ao girar a maçaneta. “Trancada? Eu tenho certeza que deixei aberta...”, estranhou.
- Hyung? Você está aí dentro? – bateu.
Levantou as sobrancelhas quando a figura de SiWon abriu-lhe a porta:
- Cara, para quê trancar?
- Por nada. – o amigo respondeu, deitando-se na cama e pegando alguns papéis. – Só não queria ser incomodado.
O mais novo fechou a porta e começou a secar o cabelo com a toalha, quando observou com mais atenção SiWon. O amigo estava deitado e apoiava uma prancheta na perna flexionada, segurando uma foto com uma das mãos.
“Ele está copiando uma foto...”, compreendeu. “Mas essa é... a Rafaela?”
Parou, seus olhos agitados, o som de um sino em sua mente.
- Hyung, você está desenhando a Rafaela?
- Hm. – assentiu o outro.
KyuHyun deu alguns passos e pegou um envelope sobre a escrivaninha do amigo.
- Kyu-yah! – gritou o amigo ao perceber que ele abrira o envelope.
O maknae se encolheu, protegendo-se. Fotos e mais fotos de Rafaela, em poses diversas.
- O que é tudo isso? – virou-se para perguntar, porém SiWon já estava atrás dele, esticando-se para recuperar as fotografias.
- Me devolva, KyuHyun-ah! – disse, tomando-as e guardando-as novamente no envelope.
KyuHyun encostou-se à escrivaninha, confuso. Sentia uma dor imensa no peito:
- Eu não acredito! Você é um mentiroso, louco! – a decepção doía em si. – Só amigos!? E agora fica aí, todo apaixonado, desenhando-a?
SiWon olhou-o gravemente antes de responder:
- Na época, eu não sabia que era este o caso, ok? – mantinha a expressão séria. – Agora abaixa o tom, não quero que toda Seoul ouça!
- Não acredito! Você não apenas mentiu, mas principalmente: você mentiu para mim!!
Os dois ficaram em silêncio sem olhar-se.
- Lembra quando pedi que prometesse se afastar? Esqueça essa, apenas prometa não contar nada a ninguém.
KyuHyun tinha a expressão confusa e balançava a cabeça em negativo.
- Você não disse que não queria se afastar dela? – lançou SiWon, de repente. – Pronto, fique a vontade.
- Esta troca que você me pede não tem cabimento!
- Você pode ser amigo dela, se quiser, embora eu continue achando melhor se você se afastasse... Mas, ok, faça como quiser. Só me prometa que não vai dizer a ela nem a ninguém... sobre o que eu sinto.
- Como se precisasse falar! – KyuHyun indicou a prancheta e as fotos sobre a escrivaninha. – É só olhar para estas fotos, desenhos...
- Ela nunca vai entrar aqui. – o outro menosprezou a preocupação do amigo.
- E você? Você promete que nunca vai se declarar para ela?
- Essa parte, eu decido quando eu quiser.
- Então nada feito! – e ao dizer isso, o maknae saiu batendo a porta.
KyuHyun começou a andar, sem prestar atenção onde ia, lembrando-se da festa de despedida de LeeTeuk.
Ele estava conversando com os amigos ChangMin (DBSK) e MinHo (SHINee) a uma mesa. Conversavam sobre assuntos bobos, rindo de ‘piadas internas’, quando viu Rafaela chegar. Observou SungMin grudar nela no mesmo instante e os dois se abraçarem como grandes amigos. Segurando a mão dela, ele a levou em algumas mesas, provavelmente apresentando-a.
KyuHyun permaneceu atento a eles, apenas ouvindo por alto o que seus amigos continuavam a dizer. Ela entregou alguns potes para SungMin e ele saiu em direção a cozinha. Rafaela olhou ao redor e KyuHyun desviou o olhar ao vê-la sorrir em sua direção.
- Annyŏnghaseyo! – ela se curvou, parando próximo à mesa.
- Annyŏnghaseyo! – cumprimentaram os três, quase juntos.
- Rafa-ssi! – continuou KyuHyun em tom reprendedor. – Você está atrasada!
- Me desculpe! – ela se curvou rapidamente. – Hoje tive aula de coreano e fiquei terminando os docinhos que trouxe para a festa.
- Doces? – perguntaram KyuHyun e ChangMin, juntos.
- Sim. – ela riu da atitude deles. – SungMin-oppa foi pedir para distribuírem mas eu tenho alguns aqui... – ela retirou a tampa do pote em sua mão e estendeu-lhes. – Gostariam de provar?
Os três olharam o pote com interesse.
- Eu quero sim... – disse ChangMin, sorrindo-lhe. – ... mas antes tenho que pelo menos saber o seu nome, já que este tonto aqui não nos apresentou! – continuou, batendo com uma garrafa vazia na cabeça de KyuHyun.
Os quatro riram.
- Calma, eu só esqueci. – ele se levantou e ficou ao lado de Rafaela. – Esta é Rafaela-ssi. Estes são ChangMin e Choi MinHo.
- Muito prazer. – ela se curvou, sorridente.
- O prazer é todo nosso. – se curvou ChangMin.
- Com certeza. – concordou MinHo.
- Uau! Vocês são realmente bonitos! – ela se deixou dizer. – Eu já vi vídeos e fotos de vocês, mas vê-los pessoalmente... Uau!
ChangMin e MinHo sorriram com o elogio.
- E aí? Vai dar os doces ou não? – perguntou KyuHyun, rabugento.
- Oh! Claro! – ela pareceu se recordar e estendeu para os dois novos amigos.
- E eu? – reclamou o maknae do Super Junior.
- Calma, tem mais! – ela repreendeu-o, fazendo os outros rirem.
- Não quer se sentar conosco, Rafaela-ssi? – ofereceu ChangMin.
- Oh, sim... eu adoraria! – ela sorriu, encantada com o charme e educação daquele homem.
MinHo se afastou um pouco e indicou a cadeira a seu lado. A moça se sentou e os quatro começaram a conversar.
Alguns minutos depois, no entanto, KyuHyun reparou que Rafaela olhava e sorria em direção à porta. Olhou para a mesma direção e viu que SiWon estava retirando o casaco, acenando para ela, também sorridente.
- Com licença, rapazes. Eu volto daqui a pouco. – disse ela, saindo com o pote.
Observou-a. Os dois se cumprimentaram, sorrindo muito, e SiWon a abraçou.
KyuHyun arregalou os olhos com aquilo e sua respiração falhou. Viu-os continuar a conversar e desviou os olhos para o copo a sua frente.
- O que foi, hyung? – perguntou MinHo, em tom jocoso.
- O que? – ele negou com a cabeça. – Nada.
- Você estava concentrado na entrada... – continuou o amigo do DBSK, displicente. – Está com ciúmes de Rafaela-ssi ou de SiWon-hyung?
- Cala a boca, vai Max... – retrucou KyuHyun. – Enche a boca de docinho e me poupe das suas besteiras, ok? – riu e os amigos o acompanharam.
KyuHyun parou e viu que estava em frente ao condomínio.
Rafaela correu para a porta:
- Olá KyuHyun-ssi! – ela deu passagem para que ele entrasse. – Fiquei feliz quando vi sua mensagem. – sorriu.
- Espero não estar te atrapalhando. – ele tentou sorrir, porém sentia o coração pesado.
- Imagina! Por favor, entre.
Seguiram até o sofá e ela abaixou o volume da televisão.
Ficaram olhando-se por um instante. Rafaela sorriu ao vê-lo remexer as mãos, esticando os dedos. Ela tinha a mesma mania e sempre o fazia quando sentia-se confusa demais, ou embaraçada. Pensar aquilo a sobressaltou. “O que há KyuHyun-ssi?”
“Ah... e agora?”, pensou ele, perguntando-se porque sentira aquele ímpeto de vê-la de repente. Sabia que era ele quem deveria começar mas, confuso, admitiu que não sabia como.
- Já começou o episódio de hoje?
- Hã? – ela sentiu-se confusa por um momento. – Ah, ainda não. Será só às nove. – sorriu.
- Ontem parou num momento crucial... como será que vai continuar hoje? – ele sorria, simpático.
- Hm... pela minha experiência não vai dar em nada. Duvido que ela tenha coragem de admitir que está apaixonada por ele. Mas seria legal se ela o fizesse.
- Você admitiria? – lançou ele, sentindo-se nervoso sem explicação.
- Acho que não. Na verdade, eu nunca me apaixonaria por um cara como aquele. Ele a trata feito lixo! – riu, balançando a cabeça, divertindo-se.
- Mas é sempre assim, não é? – KyuHyun se encostou, mais a vontade. – O cara nunca merece o amor da menina...
- Pois é. Dramas coreanos! – riu, concluindo. “Mas você veio aqui só para gente falar do drama?”, mordeu a língua para não perguntar.
Rafaela estava a todo vapor digitando seu projeto quando ouviu o celular tocar, indicando a chegada de uma mensagem.
“Rafa-ssi, estou próximo à sua casa. Posso ir até aí?”, leu. Estreitou os olhos, surpresa. “Kyu...? Pedindo para vir aqui?”
Respondeu no mesmo instante. Seu coração encheu-se de expectativas, imaginando milhares de motivos pelos quais ele quisera vê-la. Tentou acalmar-se e terminar o parágrafo mas tudo o que conseguiria digitar seria o nome dele seguido de uma porção de pontos de interrogação.
As sobrancelhas levantadas de KyuHyun a trouxeram de volta a realidade.
- Hã? Desculpa, você me perguntou algo?
Ele sorriu e balançou a cabeça:
- Sempre distraída.
- Sempre. – ela sorriu e baixou os olhos.
Ele olhou-a com atenção e sua expressão se tornou séria. “Rafaela... o que...?”, seus pensamentos foram interrompidos pelo toque de um celular. Piscou ao vê-la levantar-se.
Rafaela abriu o celular. “Sentindo sua falta... quer fazer algo amanhã?”, leu a mensagem de DongHae. Sorriu e começou a responder.
KyuHyun viu-a sorrir docemente enquanto respondia a mensagem de alguém. Aquilo alarmou-o por alguma razão.
- Me desculpe. – ela sorriu, voltando a sentar-se ao lado dele.
- Quem era? – deixou-se perguntar antes que pudesse parar para pensar.
- DongHae. – “Por que tanto interesse?”, o ponto de interrogação surgiu dolorido em sua mente. – Eu mandei uma mensagem hoje a tarde mas acho que só agora ele pôde responder.
- Ah. – ele assentiu, desviando os olhos, sem graça. – Rafa-ssi, você... gosta de alguém?
“O QUE É ISSOOOO?!!?”, ela gritou em sua mente.
- Hm... de várias pessoas. – resolveu desconversar.
- Não... você, entende... é apaixonada por alguém?
Rafaela congelou, a boca entreaberta, sobrancelhas arqueadas, o coração a mil. “Ok, ele perguntou! Ele perguntou! .... ele perguntou? E agora?!”, seus pensamentos giravam.
Sem perceber, desviou os olhos e balançou a cabeça em afirmativo.
- Eu o conheço? – ele tenta averiguar.
Pensou ficar surda devido às batidas de seu coração em seu ouvido.
- Não. – sentiu sua garganta seca ao mentir. – Ele é da faculdade... em Boston! – forçou a voz.
KyuHyun baixou os olhos, aliviado por algum motivo. Depois viu a expressão dela e se apressou em dizer:
- Desculpe, eu sei que a gente não tem intimidade para falar dessas coisas...
- Ah, perguntar não ofende, KyuHyun-ssi! – ela bateu na própria perna e sorriu, menosprezando.
Ao vê-la sorrir ele se sente confuso. Seus pensamentos se perdem nas promessas que fizera.
“...que se dane! Não preciso cumprir nem descumprir nenhuma delas!”
- ... o que achou!
- Hã? – percebe que ela comenta algo. – O seu jogo?
- Sim. Você não me disse o que achou.
- Ah... – pisca várias vezes, tentando recuperar o raciocínio. – É um jogo incrível! Eu comecei e não conseguia parar... – comentou, sincero. – Só joguei uma partida de Starcraft para manter o vício e já voltei para ele. – sorriu, fazendo a garota rir. – Aliás, tenho que te devolver!
- Ah... – ela sorriu, forçando o tom para parecer natural. – Na verdade, pode ficar, ele é seu.
- Mas...
- Aqui eu não tenho videogame, KyuHyun-ssi. Comprei para jogar com você mesmo. E já que o Natal foi há pouco tempo e você gostou tanto assim, fica como presente, ok?
- Oh... ok! – ele sorriu, surpreso. – Mas não sinto isso justo, é um jogo que você ia adorar!
- Então para de enrolar e vamos marcar um dia para jogarmos!
- Hm... amanhã e depois eu não posso... – ele avaliava, pensando alto. – Pode ser no sábado?
- Sábado está perfeito!
Ele sorriu, sentindo-se completamente feliz.
- Mudando de assunto... – começou, carinhoso.
Rafaela olhou-o:
- Sim?
- Eu estou com fome.
- E kiko?
- Hã? – ele franziu o cenho, sem entender a expressão.
- Nada. – ela riu. – Ok, mas você lava a louça!
- Só se estiver bom!
Riram e foram para a cozinha.
KyuHyun entrou e trocou-se rapidamente, fingindo não reparar que SiWon o olhava atentamente.
Deitou e fechou os olhos, quando ouviu:
- KyuHyun-ah...
Engoliu seco, ponderando.
- KyuHyun-ah, eu...
- Olha, hyung. – o cortou, de olhos fechados, levemente ríspido. – Não quero mais falar sobre a Rafaela com você, ok? Nunca mais! Este assunto não existe entre nós, ok?
No escuro SiWon focalizou o rosto de KyuHyun. Não sabia por que ele decidira aquilo mas provavelmente era o melhor a ser feito.
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