História Love and Pain 2 - Segunda Temporada - Não se trata de Anjos

Hinata on

Me vi em um lugar espaçoso e claro. Nuvens parecidas com algodão-doce me rodeavam. Eu não fazia ideia de onde estava, mas logo enxerguei uma luz forte e ofuscante, a minha frente. Eu mal conseguia olhar para a luz, mas logo minha visão se ajustou e consegui observar.

Era mamãe. Ela estava flutuando a minha frente, vestida com uma roupa comprida e branca. Seu cabelo permanecia solto.

 - Mamãe?

Ela sorria, apenas sorria. Com seu rosto sereno e mágico.

 - Mamãe, quanta saudade! - gritei, correndo para ela com a intenção de abraçá-la, mas ela sumiu. Reapareceu atrás de mim.

 - Não, você não pode me abraçar. Não sou real, agora sou mais um, de infinitos anjos desse céu.

 - Por que só agora eu te vejo, depois de sua partida, mamãe? - perguntei, aflita

Não havia respostas. Elas não queriam ser alcançadas. E não deveriam, naquele momento.

Eu não conseguia dizer nada, paralisada com o choque de ter visto minha mãe, depois de muito tempo. Foi quando ela começou a falar.

 - Você precisa de tranquilidade agora, minha menina. Não é o fim, é só o começo de uma vida feliz para você, querida. Ouça bem o que eu tenho a dizer: Você nunca deixará de ser minha menina, estarei sempre com você, e seu colar é prova disso. Nunca mude seu jeito de ser, de conviver com as pessoas. Procure ser feliz, e não se prenda no seu interior. Com isso você aprenderá a superar esse momento, Hinata.

 - Mamãe, tudo... Isso... Parece ser tão... Real... Você... Você parece estar aqui mesmo... Eu não posso acreditar... - eu parecia delirar ao estar vendo-a ali, a minha frente

 - Entenda o que quero dizer. Te vi clamar por Ele, o mesmo que está observando este nosso encontro, Hinata. - e então ela sorriu - Seja feliz. E alcance sua paz.

Ela ia se afastando aos poucos, mas eu não queria perdê-la de vista. Ainda estava paralisada.

"Você não precisa de respostas, pois elas não estão longe de você. Você já as possui. Pode sentir-me falando com seu consciente, Hinata? Sei que pode." - sussurros entravam solenemente pelos meus ouvidos - "Não precisa mais ter consciência de nada. Você já sabe do propósito de eu ter te visitado, pequena."

Eu não precisava mesmo questionar nada. Ela desaparecia sorrindo, e eu sorria também. 

Eu a tinha visto, havia visto um anjo. Um anjo que estaria comigo para sempre, dentro do meu coração.

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Acordei, sonolenta e ainda confusa. Lembrei de meus últimos acontecimentos e no meu íntimo, me senti feliz, por ter sonhado com mamãe. Apertei o casaco de Naruto ainda comigo, sobre meu peito, desejando que ele estivesse comigo.

Sabemos muito bem que ainda há tempo

Então, é errado dançar esse verso?

Se o seu coração estivesse cheio de amor

Você conseguiria desistir?

Uma vez terminada minha higiene matinal, desci para tomar o café-da-manhã, depois de ter me arrumado, e o vi sentado sozinho à mesa, acabei por sorrir. Ele viu. Em seguida baixou o olhar.

"Não faça isso comigo, Naruto. Fique do meu lado."

Sentei-me em sua frente e falei:

 - Bom dia.

Ele não respondeu.

 - Já pensou sobre nós?

 - ... Preciso de alguns dias.

Não falei mais nada depois disso e em seguida, entreguei a ele, seu casaco.

 - Desculpe...

 Ele ergueu um pouco seus olhos e me viu sorrindo, sem mostrar os dentes. Pegou seu casaco e voltou ao seu olhar baixo. Me sentia mais forte nesse momento. Tudo iria passar. Não era o fim. Fora o que minha mãe disse. Mas ainda sofria ao vê-lo naquela situação.

Pois quanto aos, quanto aos anjos

Eles vêm e vão e nos fazem especiais

Não desista de mim

Não desista de mim

Na segunda-feira seria feriado.

Peguei meu lanche e o levei até a sala. Me sentia incomodada ao seu lado, e talvez meu ato de sair do seu lado, doesse para o mesmo.

Enquanto comia, na sala quieta, só ouvia o som dos passarinhos, uma lágrima correu e caiu em minha blusa.

A nossa sorte é tão injusta

Encontramos algo tão verdadeiro que está fora de alcance

Mas se você procurasse no mundo inteiro

Você se atreveria a deixá-lo ir?

Hanabi e os pais dele haviam ido ao mercado.

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Dias se passaram, eu não sonhei mais com mamãe, mas a saudade de Naruto ainda me consumia aos poucos. Ele virava as costas para mim, isso doía muito. Mas aí eu respirava fundo e continuava me reerguendo.

Era segunda-feira, e o dia amanheceu chuvoso.

Acordei e fiz minha higiene. Depois de me arrumar e tomar o café-da-manhã, fui ao jardim, regar as flores. Depois disso, continuei lendo meu livro Primavera de Cores. Era realmente o que eu gostaria de estar vivendo naquele momento, uma primavera de cores.

Eu ainda estava sentada ao jardim lendo, quando percebo Naruto sentar-se ao meu lado.

 - Hinata...

Segurei uma lágrima. Não a deixaria fugir dessa vez.

 - Sim, Naruto-kun?...

 - Nosso relacionamento... Não estava mais dando certo ultimamente... Lembra?...

 - Eu ainda te amo.

 - Quero terminar com você.

Pois quanto aos, quanto aos anjos

Eles vêm e vão e nos fazem especiais

Apenas ri, ele não estava falando a verdade.

 - Eu disse, estou terminando tudo agora. Não consigo viver assim, entenda isso.

 - Você... Não me ama mais? - perguntei, já chorando

Ele não respondeu e entrou para dentro de casa. Começou a chover. Eu ainda estava sentada. Não, não tinha mais chances de nada. Aquilo havia terminado, finalmente. Ele acabou comigo.

Agarrei meu livro junto de mim e o enfiei dentro do casaco. Fiquei na chuva, desejando que a tempestade me levasse. Era isso mesmo. Eu queria ficar na chuva. Eu queria morrer no lugar de minha mãe!

Comecei a ficar com frio, mas ele não viria me salvar.

Mesmo assim, não saí do lugar. A chuva ácida queimava minha pele. As lágrimas não cessavam e se misturavam com a tempestade. Árvores balançavam e chacoalhavam, mas eu queria estar ali. Raios caíam perto da rua, mas eu queria ficar ali. Foi quando Kushina chegou por trás de mim.

 - Querida... Não fique aí na chuva, lhe imploro. Você pegará um resfriado. Volte comigo para dentro, lhe farei um chá. Eu já castiguei o meu filho.

Eu sabia que ela não queria me ver sofrer ainda mais, tendo que ouvir o nome daquele loiro de olhos azuis, que me abandonou naquela tarde vazia.

Acabei me levantando e entrei para dentro com ela, envolta por uma toalha. Fui direto para o banho, e não conseguia parar de chorar dolorosamente. Era como se tivessem me cortado ao meio. Me separaram de quem me completava.

Bem, se ele não me queria mais, eu deveria arrumar minhas coisas logo, e sair dali. Moraria com meu tio e primo, os que deveriam me acolher desde sempre. Desde que um anjo chamado "mamãe" se foi da minha vida.

Não se trata, não se trata de anjos

Anjos

Hinata off