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História Love, Death and Pirates - Fim de Jogo


Escrita por: moonwish e Love_SugaMon

Notas do Autor


Adivinha quem tá fazendo outra fic minsung? Eu mesma. Novidade zero.
Enfim, eu estava com essa ideia tem um tempo, queria algo diferente da realidade e do habitual clichê que eu sempre trago, então enfim tentei trazer algo dinâmico que não vai focar diretamente no romance e sim na aventura e na ação. Espero que realmente gostem.

Essa fic acontece durante os anos dourados da pirataria, então todo o misticismo e fantasias vão estar incluídas e é claro com alguns toques especiais meus neles, ou seja, nem tudo vai ser baseado 100% na história da época como por exemplo a hierarquia e vestes coreanas, o resto do mundo e afins, então conforme vocês forem lendo, vão entendendo e descobrindo mais desse universo exclusivamente meu.

EXTRA 13/09/2020: A fanfic passou por algumas alterações de papéis e foi decidido manter o OT8 devido às ocorrências da época, ainda que tenha começado como OT9.

O que eu estou fazendo aqui é uma parceria com a @sunwish e ela também vai fazer uma fic com esse tema de piratas só que do ATEEZ, que não tem ainda uma prévia pra ser lançada, mas eu serei coautora dela assim como ela será a minha.

Eu realmente espero que gostem e apreciem esse tipo de história. Um beijo e um queijo❤

Capítulo 1 - Fim de Jogo


Fanfic / Fanfiction Love, Death and Pirates - Fim de Jogo

Parte I ㅡ Serendipia

"Serendipia é uma descoberta acidental que tende a ser tudo aquilo que se precisava."


Era uma noite tempestuosa. As águas dos mares eram tão altas que poderiam derrubar qualquer barco pequeno. As ondas pareciam engolir o próprio oceano.

Se não fosse a âncora engatada na margem da praia e o grande navio com nome de “Rainha Vermelha”, todos da tripulação já estariam mortos.

A tripulação inteira estava em silêncio bem abaixo do primeiro piso. Alguns até conseguiam dormir no meio da imensa tempestade e dos mortais raios e trovoadas. Todos exceto um jovem rapaz de pelo menos quinze anos. Ele estava próximo ao mastro do navio, segurando-se firme ou aqueles fortes ventos o arrastariam pelas tábuas do navio até o jogar no mar. Apesar de um amante das águas, aquele garoto não sabia nadar ainda.

Ele era alto, mas não muito. Sua pele era num tom moreno claro, os olhos negros e o cabelo totalmente escuro se não fossem as pontas de cor louro — adorava aquela cor e havia pago muitas moedas por aquilo.

Sua visão estava em direção à ponte de madeira que ligava o navio apenas por uma velha prancha. Com toda aquela ventania, ele mal podia ver tudo que acontecia do outro lado. O garoto olhava preocupado enquanto tentava avistar qualquer sombra de uma certa pessoa: seu capitão.

De repente, um raio caiu sobre a água, este refletiu naquela ventania e em toda a poeira que levantou, fazendo com que a sombra de alguém tentando chegar na ponte fosse avistada.

— Capitão! — O garoto gritou quando avistou o homem segurando firme seu extravagante chapéu.

— Estou aqui, garoto! — O homem respondeu enquanto caminhava ao máximo que conseguia.

O garoto notou que algo estava rápido. A outra mão do capitão segurava algo em seu peito esquerdo. Foi preciso que o homem estivesse bem perto e outro raio caísse para iluminar a vista dos dois e aí foi quando viu a mão direita do capitão cobrindo o peito esquerdo dele; sangue saía de maneira descontrolada daquela região.

— Estou aqui. — O homem sorriu fraco e o garoto o olhou, perdido. Seu capitão estava sangrando bem em sua frente.

— Alguém chama o médico! — O jovem gritou, mas no meio de tanta ventania e trovoada, a tripulação não foi capaz de escutar.

— Não. — O capitão negou e seu corpo caiu fragilmente no chão, como se não fosse nada. O garoto o segurou com uma mão enquanto sentava-se no chão e a outra mão ele agarrava ao mastro.

Seu navio havia começado a balançar devido ao vento e as ondas. A água da chuva começava a cair mais forte e acertava o rosto dos dois com um pouco de força.

— É o fim, garoto. Chegou minha hora. — O homem continuava a falar enquanto o garoto acomodava a cabeça dele em sua coxa e rapidamente abraçava seu tronco.

— Não, Capitão! Aguente!

— Você pode me chamar de pai, agora, Minho. — Sem deixar de sorrir, tocou ao rosto do filho que era apenas um jovem e sentiu-se completo por alguns instantes.

— Não, pai! Por favor! Você ainda tem muito que lutar nessas águas. — Minho chorava, mas nem percebeu, pois a chuva não parava mais de cair, misturando-se junto às lágrimas salgadas.

— Não... não. — Negou. Ele parecia certo do que queria. — Chegou a sua hora. O navio é seu. Pegue minha t-tripulação... — Engasgou-se em sangue e cuspiu para fora, vendo quando se misturou à água na tábua e escorreu com o vento para o outro lado do navio.

— Calma! Não. Não diga isso!

— A tripulação... — Continuou mesmo que sua voz falhasse. — Fuja daqui antes que seja tarde. Sobreviva. Não confie em ninguém! Nem mesmo na Coroa. São todos traidores…

— Eles fizeram isso com você? — Minho trincou seus dentes em meio ao choro. Seu pai sangrava em sua frente e ele não podia fazer mais nada.

— Sim. Não confie neles, mate todos! C-cada um! — Falou o mais alto que pôde como uma última ordem do capitão.

— Sim, pai. Eu irei vingar você. — Chorou ainda mais quando viu o pai fechar os olhos e o rosto pender para o lado em resposta à fraqueza. — Pai??

— E-eu te amo. — Foi tudo o que disse antes de perder a consciência e sua vida praticamente “escorrer” por aquele buraco de pólvora no peito. O sangue havia parado de sair porque o coração do homem havia parado de bater.

Quando o menino percebeu que seu pai havia morrido em seus braços, ele gritou. Gritou em dor a tudo aquilo que estava sentindo sem poder expressar em palavras. Aquele era seu herói de muitos anos. O homem que o criou. Seu rei pessoal. Seu pai e também seu capitão. Agora, ele estava morto.

Quando a tempestade passou, os tripulantes saíram debaixo do navio animados porque toda aquela barulheira havia acabado. Mas infelizmente a felicidade durou pouco para aqueles homens quando viram o sangue do capitão escorrer por entre a madeira do navio. O filho dele ainda o tinha no colo, paralisado.

Demoraram para raciocinar a grande merda que estava acontecendo, mas os outros piratas entenderam e retiraram ao garoto dali junto do pai morto. Içaram as velas e subiram a âncora de volta para sair logo dali como último desejo do capitão.

Seu corpo foi jogado numa parte funda do mar.

“Ao mar você serviu, ao mar será entregue.”

Todos da tripulação ditaram enquanto o corpo do velho pirata afundava cada vez mais naquele imenso azul.

O garoto assistia a tudo, perto da prancha. Lágrimas escorriam por suas bochechas, mas nenhum som saía de sua boca. As últimas palavras do pai ainda refletiam em sua cabeça. Ele estava possesso em raiva.

— Marujo. — Escutou quando uma voz familiar o chamou. Aquele era o imediato do navio, alguém importante também. O homem era mais velho que ele, tendo por volta de quase trinta anos. Ele era forte, com braços de um lutador, ombros de um nadador e a inteligência de um político.

— Sim, imediato? — Respondeu e limpou qualquer vestígio de lágrima no rosto antes de se virar e encarar ao homem. Quando o viu, notou que ele segurava nas mãos o chapéu que o pai usava quando o viu pela última vez. Ainda haviam até mesmo as duas penas, de cor roxo e preto, as favoritas do pai.

— O Capitão me contou que quando ele partisse, queria que o senhor o substituísse. — Ergueu ao chapéu e Minho assentiu com a cabeça. O imediato colocou o chapéu com cuidado sobre a cabeça do rapaz e sorriu ao ver como havia ficado.

— Como estou? — Minho sorriu assim que o chapéu foi colocado em sua cabeça. Era uma honra assumir tudo que seu pai havia trabalhado para conseguir por tantos longos anos.

— Seja bem vindo, Capitão.

[…] 10 anos depois

Era Dourada da Pirataria, ano de 1700 d.C.

ıllıllı Bahia de Busan ıllıllı

Com as velas içadas e a grande e pesada âncora sendo baixada por diversos homens que giravam o cabrestante sem parar um segundo até ela descer por conta própria.

O capitão estava parado em seu convés com a luneta direcionada à pequena e pobre cidadezinha a qual acabavam de ancorar.

Um sorriso largo surgiu em seus lábios por reparar que nada ali havia mudado, exceto as pessoas parecendo mais velhas e cada vez mais miseráveis.

— Capitão. — Uma voz masculina chamou ao homem e ele abaixou sua luneta para acompanhar seu imediato subindo as escadas do convés. — Quais são as ordens?

O capitão manteve o sorriso ao homem e voltou seu olhar para aquela cidade. Ele não deixou de reparar a vista de castelo do rei e a distância que possuía dali. Estavam seguros, por enquanto. Pelo menos ele não havia avistado nenhum guarda real ou alguém que o conhecesse. Voltou novamente seu olhar ao imediato e então olhou abaixo do convés para o grande salão de madeira onde seus homens aguardavam suas ordens, ansiosos. Eles estavam exaustos. Havia sido uma longa viagem. Todos suavam naquele sol, os rostos em tons mais escuros pelo bronze e sujeira que acumularam depois de tantas semanas sem chuva. Se o esperto capitão não tivesse feito uma parada de emergência em Busan para reabastecer, em alguns dias antes de chegarem ao seu destino, todos estariam mortos.

— Descansem primeiro, marujos. — Sua voz era num tom calmo. Ele estava ciente da situação com seus subordinados. Olhou nos olhos de cada um e sentiu empatia naquele momento. Eram todos garotos de sua idade, com pelo menos vinte a trinta anos, alguns até menos. — Vocês merecem descanso depois do que passamos em Malaca. Mas lembrem-se, precisamos reabastecer também e recrutar novos homens! Procure jovens perdidos… mendigos… desde que não tenham mais de trinta anos.

— Sim, senhor! — Em uníssono, eles todos responderam firmes com as ordens do capitão.

— Sejam inteligentes e partiremos daqui amanhã bem cedo! — Sorriu com o que havia dito, satisfazendo o que seus homens queriam ouvir. — Agora, vão.

O Capitão então deixou que saíssem. Todos os jovens vestidos apenas com suas camisas brancas velhas e rasgadas, muitas por consequência de brigas ou até mesmo em meio a tiroteios. Seu imediato deixou o convés logo depois deles, sendo acompanhado ao capitão que havia acabado de puxar um mínimo recipiente de vidro em tom marrom escuro de seu bolso e aberto a tampa.

— O que é isso? — O imediato olhou confuso para o capitão quando este ingeriu ao líquido que havia dentro daquele recipiente e fez uma careta.

— Rum, meu caro amigo! Dos bons. — O Capitão sorriu logo depois e guardou o vidro de volta no bolso da calça. — Presentinho que eu achei naquele pirata de Malaca. É dos bons! — O rapaz falou já parecendo estar tonto em tão pouco tempo depois de ter ingerido o álcool.

— Minho, você não pode ingerir tudo que vê. — O imediato o repreendeu enquanto saía pela prancha e ia até a ponte com seu capitão logo atrás dele. — E se fosse veneno??

— Então aí eu morria. — Deu de ombros como se não fosse nada demais e riu logo depois.

Após saírem daquela pequena ponte, o capitão parou e colocou as mãos na cintura, olhando cada detalhe daquela cidade a qual não teria voltado se não fosse extremamente necessário. Ele respirou fundo aquele ar e soltou com um pesar na consciência devido algumas lembranças nada agradáveis.

— O que vai fazer agora, senhor?

— Curtir. — Antes que o clima tensionasse ainda mais, Minho abriu um sorriso aproveitando os poucos segundos sóbrios que lhe restavam. — Tem um bar ótimo ali no canto. — Andou logo na direção onde havia indicado. Era uma casa velha e de madeira. Dava pra se ouvir a música alta sendo tocada desde a parte de fora. Não era nem noite, mas a festa naquele lugar não acabava nunca e era tudo que Minho precisava.

Ele seguiu até a porta e a empurrou com força, batendo do outro lado da parede. Com o barulho feito, muitos dos homens e mulheres que estavam ali encararam ao pirata, perguntando-se quem era ele para ter tido tanta ousadia. Ninguém conhecia seu rosto, exceto seu nome.

O Capitão Lee por muito tempo foi temido por todo lugar em que passava por deixar estragos nas cidades. Se ele queria que uma cidade afundasse junto ao reino, ele fazia sem piedade alguma. A própria tripulação acreditava que ele era abençoado pelos deuses, enquanto outros diziam estar envolvido com a magia das bruxas.

Essa era a fama do pai de Minho antes da morte.

Minho era quase diferente do pai. Ele era inteligente, tinha habilidades em combate que não se via em qualquer capitão — seu pai também havia sido um ótimo mentor . Também podia ser só mais um bêbado como qualquer outro pirata, entretanto, Minho sabia reconhecer os esforços de seus homens e o valor de pessoas inocentes. Ele tinha piedade com quem merecia ser salvo. Por tal motivo, seus marujos o respeitavam quase no nível de um deus ou uma fonte de esperança no meio de uma forte tempestade em alto mar. Minho era a quase perfeita balança da justiça.

Apesar disso, naquele momento, somente naquele, tudo que o bravo capitão queria era tomar todos os copos de rum que o servissem e apagasse a memória de seu pai morto em seus braços. Minho odiava aquele lugar, odiava aquele reino e toda a imunda realeza. O sangramento no peito do pai não o matou. A Coroa o matou. Sem piedade para eles.

Quando andava em direção ao balcão, o pirata era encarado por todos ali, incluindo alguns de seus homens que já afundavam-se em bebidas. Minho se sentou no banco e fez o pedido ao velho que o atendeu atrás do balcão. Ele olhou para trás novamente e todos continuaram o encarando.

— Tão olhando o quê? Continuem! — Falou furioso. Mudando totalmente o tom de voz que a pouco tempo tinha quando conversava com seu imediato. Apesar da ordem, as pessoas olhavam assustadas. Os cochichos começavam a rolar por todos os lados e aquilo só o irritou ainda mais. Minho sacou sua pistola da cinta e a destravou, apontando na direção dos musicistas que estavam no canto do barzinho. — Eu disse pra continuar!

Os homens, assustados, pegaram seus violinos de volta e o pianista virou-se para seu instrumento, nem demorando a tocar as primeiras notas de uma música animada para todos beberem. As outras pessoas ao redor, voltaram suas atenções nas mesas e as poucas mulheres ali presentes continuavam a seduzir alguns dos comerciantes que ali se encontravam. Então enfim, o capitão pôde guardar sua pistola e virar-se para o balcão à espera de sua bebida.

Ali mesmo no balcão, bem ao lado do capitão, outro jovem estava sentado com as mãos sobre a superfície de madeira. Quando o velho atendente serviu seu copo de vidro cheio de álcool, sem demora alguma, o rapaz segurou ao recipiente e levou até a boca. Apesar da expressão de quem não havia apreciado muito o sabor, ele bateu o copo na mesa e pediu por mais.

O pirata ficou curioso. Parecia ser alguém bem mais jovem que ele. O garoto usava trapos velhos e cobria a cabeça com panos escuros e sujos igualmente ao rosto. Para ser alguém assim, provavelmente era algum prisioneiro que havia escapado e tentava se esconder dos guardas. Minho tinha que perguntar. Poderia ser um bom recruta para sua tripulação.

— Você parece tão jovem e acabado. — Minho ousou falar assim que foi servido também, engolindo o líquido do copo pela metade, antes estava cheio.

— Você não sabe nada sobre mim, pirata imundo. — O rapaz revirou os olhos e bebeu tudo novamente. — Mais. — Falou para o velho quando deixou o copo à mesa e esperou ser servido de novo.

— Justo. — Falou referindo-se à forma como havia sido chamado e então virou o resto do rum do copo goela abaixo. — Sou o Capitão Lee Minho. — Apresentou-se esperando que o jovem falasse com ele.

— Jisung. — Falou curto e direto, ainda sem olhar o capitão.

— Jisung? Só Jisung? Sem sobrenome? Você por acaso fez o quê? Roubou um banco, foi pego e agora fugiu da prisão? — Riu quando disse aquilo. O pirata pegou ao seu copo que já havia sido servido e tomou todo o líquido dessa vez, ignorando a ardência que causou em sua garganta.

— Não é da sua conta! — O garoto se levantou parecendo pronto para brigar, curvando ao corpo e estendendo aos punhos.

Mais uma vez a música parou. Todos olharam para o lugar de onde vinha a voz alta e irritada. O capitão soltou um sorriso de lado. O álcool começava a fazer efeito em seu organismo e ele já não estava sóbrio para recusar brigar. Tudo o que mais adorava era uma boa briga de bar — apesar de achar tedioso, pois sempre acabava ganhando.

— Você por acaso sabe quem eu sou? — O capitão se levantou também, tomando mais um gole do seu precioso rum e atirando seu copo no chão, próximo ao pé, ouvindo o som estridente do vidro ser partido. As pessoas ao redor se assustado, mas o tal Jisung não moveu um músculo.

— E você, pirata? Sabe quem eu sou? — Jisung largou o punho direito na direção do rosto do capitão com uma velocidade quase difícil de se acompanhar aos olhos dos demais expectadores, mas, ainda mais rápido, o capitão desviou para a esquerda.

Sem mais nenhuma palavra, o capitão usou ao punho direito e acertou em cheio ao rosto do garoto. Jisung cambaleou para trás um pouco tonto, apoiando-se em algum estranho que o empurrou de volta para o círculo que se formava ao redor dos dois. Com raiva, o garoto atirou mais uma vez seu punho na direção daquele pirata, mas sem nenhuma surpresa ele desviou e acertou outro soco de volta. Minho era rápido, mais do que Jisung esperava para um pirata bêbado.

Mais uma vez ele foi jogado para trás e empurrado de volta para dentro da meia roda. Jisung sentiu seu lábio inferior arder e presumiu que havia aberto aquele local.

Droga!, ele pensou quando veio em mente a encrenca que se colocaria depois que voltasse para sua casa.

Minho sorriu quando viu o sangue no lábio dele começar a sair lentamente. O rosto daquele garoto se tornava mais vermelho com tão poucos socos dados.

"Entediante… mais uma vez." Minho concluiu quando percebeu que o garoto ia desistir.

Jisung deu um passo para trás, cansado daquilo. Ele estava prestes a se virar de costas quando o capitão disse algo que o deixou ainda mais irritado:

— Tão fraquinho.

Suas palavras tão poucas foram, mas foram suficientes para atrair a risada de cada pessoa presente ali. Jisung se virou bruscamente na direção do capitão em sem nem pensar duas vezes, levantou o punho e acertou em cheio o rosto do capitão, juntando sua força e raiva naquele soco.

Dessa vez, o capitão foi quem cambaleou para trás e bateu em estranhos. Incomodado com os toques, Minho se levantou e moveu o corpo na tentativa de tirar todas aquelas mãos indesejadas que estavam prestes a empurrar ele de volta para cima de Jisung. De repente, uma única linha fina de sangue começou a escorrer do nariz do capitão. Ele levou seu dedo acima do lábio superior e limpou ao líquido. Quando olhou para aquilo, Minho sorriu também.

— Fazia tempo que não me faziam sangrar assim. — Falou com a voz baixa e encarou Jisung. Ele demonstrava estar com medo do que o capitão faria a seguir, mas estava em posição de ataque: os punhos ainda levantados e os joelhos flexionados, as pernas meio trêmulas e os pés não sabiam bem se ficavam ou fugiam dali. — Changbin.

O capitão falou de repente, chamando a alguém no meio da plateia. Jisung olhou confuso quando um homem um pouco mais baixo que ele, cabelos escuros, tranjando uma camisa branca e de mangas longas junto à calça meio apertada e de cor marrom. O tal Changbin segurava em sua arma na cinta e estava pronto para atirar caso aquela fosse a ordem de seu capitão.

— Changbin, dê uma espada ao garoto. Quero ver se sabe lutar de verdade. — Minho ordenou e o mencionado suspirou em decepção por não ter a honra de matar mais alguém.

— Sim, Capitão. — O mais baixo tirou sua mão da pistola e pegou a espada que estava na cinta, segurando-a pelo cabo e jogando na direção de um confuso Jisung.

Com agilidade, Jisung pegou a espada como se não fosse nada demais e a girou entre os dedos, impressionando até mesmo o capitão.

— Hum. Para um ladrãozinho e alcoólatra prematuro, você é ótimo com uma espada. Quero ver se é capaz de me derrotar. — O capitão sorriu confiante, deixando os dentes à mostra na tentativa de provocar ao seu adversário.

— Não sou um ladrão! — Jisung protestou e levantou a espada na direção do capitão. A espada teria acertado a cabeça de Minho e partido ao meio facilmente se ele não fosse rápido e bloqueado a lâmina com sua própria espada, travando a si mesmo também.

— Bela tentativa. — Minho elogiou e recebeu um sorriso debochado do garoto.

Aquilo fez com que o Lee usasse as pernas e chutasse Jisung no abdômen, empurrando o rapaz para trás e o jogando no chão enquanto livrava sua espada da dele e voltava à posição de ataque.

A plateia foi aos gritos quando o capitão fez aquilo, demonstrando ser o melhor entre os dois.

— Capitão! Capitão! Capitão! — O homem baixo, antes mencionado como Changbin, gritou e fez com que todos repetissem, vangloriando ao pirata.

Jisung se levantou novamente e se colocou em posição de ataque, pronto para enfrentar ao pirata Minho outra vez.

— Você não desiste. — O capitão falou e dessa vez ele avançou, movendo sua espada pelo ar em diagonal na direção do garoto.

Jisung também foi rápido o suficiente e segurou o golpe dado com sua espada. Minho avançou contra Jisung e o fez recuar sem parar de se defender com aquela arma. Toda vez que o capitão apontava a espada para seu corpo, ele desviava, e quando os movimento eram diagonais, Jisung travava-os.

Aquele garoto, para o capitão, parecia ter sido treinado por ótimos espadachins na Coréia. Minho estava impressionado com tanta habilidade de seu concorrente. Até mesmo piratas treinados não tinham aquela força para travar uma espada que viesse do capitão.

Minho também havia sido treinado. O pai era um ótimo espadachim e ensinou cada técnica para ele. O velho Capitão Lee sempre quis que, quando seu filho o sucedesse, se tornasse melhor que ele.

Ninguém nos sete mares tinha tantas habilidades de combate assim como aquele rapaz. O tal Jisung tinha seu valor e Minho o queria na tripulação a todo custo. De alguma maneira, precisava convencê-lo.

Jisung por mais que desse bruscas recuadas dos golpes do capitão com a espada, ele não se rendia em momento algum. Era um garoto astuto e sabia muito bem como vencer aquela luta.

Quando estava quase sendo pressionado contra a parede, Jisung se abaixou e desviou de um golpe da espada de Minho que veio na horizontal, pronto para cortar sua cintura e rasgar seus intestinos, se o capitão quisesse. Mas aquele desvio fez Jisung ganhar uma vantagem. Ele usou a mão esquerda livre e cerrou o punho, acertando o abdômen desprotegido do capitão e fazendo o homem recuar imediatamente.

Apesar de surpreso, Minho não teve muito como reagir quando sem pestanejar, Jisung avançou com sua espada para cima do capitão e dessa vez o pirata foi quem teve que recuar os passos.

A plateia já estava louca e ansiosa. Aquela luta demorava mais do que o esperado vindo de um simples cidadão com trapos velhos de um bar e um pirata altamente treinado.

Minho também já estava farto. Ele não podia demonstrar aos seus homens que podia ser derrotado. Jisung era bom, mas Minho era melhor e ele sabia disso.

Mesmo recuando, o Lee usou a espada com velocidade ao acertar a espada de Jisung. O golpe e a força na qual foi atingida fez com que a mão de Jisung fraquejasse e fosse tudo que Minho precisava para fazer círculos com sua espada, “enrolando” a mesma na espada do outro e a jogasse no chão.

Antes que Jisung pudesse se abaixar, Minho apontou a lâmina afiada e brilhante na direção do pescoço dele e sorriu.

— Fim de jogo.

Aquelas foram as palavras do capitão quando sua espada afiada estava apontada para o jovem conhecido como Jisung. Os olhos daqueles que assistiam brilhavam e suas vozes altas e bêbadas, gritavam em nome do capitão, incluindo sua tripulação ali presente.

— Você ganhou. — Jisung levantou as mãos para cima e admitiu sua derrota, mas o capitão pode notar uma pitada de sarcasmo em sua voz, o que não era nada de novo já que, além de bêbado, o rapaz parecia do tipo que não gostava de desaforo.

— Não é nenhuma novidade. — Minho abaixou sua espada e a pôs de volta em sua cinta, terminando aquela luta naquele mesmo instante. Aos poucos, a atenção da plateia se voltou para suas mesas e os copos de cerveja ou seja lá o que fosse que estivesse ali. Jisung foi dando meia volta e cobriu a cabeça com o pano que estava e foi andando em passos lentos em direção à porta. — Espera.

Minho caminhou logo atrás dele. O capitão não podia negar que estava interessado no rapaz em relação à suas habilidades de combate. O garoto, apesar de ter escutado o capitão, continuou seu rumo, saindo daquele barzinho com Minho logo atrás dele. Ele pisou naquela estrada de terra e lama, sujando novamente as botas velhas e negras que calçava.

— Ei, você! — Minho insistiu e só então por perceber que ele não pararia de o seguir, Jisung se virou e voltou até o capitão.

— O que você quer, pirata? — Falou com escárnio na voz, sem nenhum tipo de empatia com o moreno à sua frente.

— Capitão Lee Minho, por gentileza, mas enfim, onde aprendeu a lutar assim? Você parece do tipo que rasteja no chão igual aquele homem. — Apontou para um velho em frente ao bar que se apoiava na parede do lugar para se manter de pé de tão bêbado que estava.

— Não é da sua conta, eu já disse isso. Já acabou?

— Uff! Que mal humorado. Geralmente eu sou taxado de rabugento. — Gargalhou pela forma na qual o moleque falava consigo, mas prosseguiu suas palavras. — Precisamos de homens na minha tripulação. Você tem as habilidades necessárias para o que preciso.

— Não quero. — Sem nem pensar mais de uma vez, Jisung recusou enquanto olhava para os lados parecendo preocupado, como se fosse um risco que alguém notasse ele e um pirata ali. Minho não deixou de notar aquilo e talvez fosse sua última chance de conhecê-lo.

— Está com medo de ser visto? Tenho quase certeza de que é um ladrão. Ah, qual é! Se junte a mim. — Insistiu novamente e ouviu um suspiro do garoto. — Nenhum dos meus homens luta como você e ninguém em todos esses sete mares além de mim tem esses reflexos. Imagine o quanto de riquezas podemos conquistar juntos! Tesouros, comida, prazer... — Olhou nos olhos de Jisung e sorriu com suas próprias palavras quando percebeu que Jisung demonstrou interesse ao parar de olhar os lados e focar no capitão.

Jisung considerou por alguns segundos aquela proposta. Mas nunca, jamais em toda sua vida, se juntaria a um pirata. Ele cresceu num mundo onde aquele tipo de gente devia ser excluída da face da terra. Sua resposta era a mesma de antes.

— Não. E não insista ou eu mesmo dou um jeito de matá-lo. — Sua voz foi clara e séria, convencendo até mesmo Minho de que ele não viria com ele.

— Você quem sabe. — Minho disse por último e foi dando passos para trás. Era um grande desperdício deixar aquele garoto com tantas habilidades assim e simplesmente seguir rumo, mas ele não podia forçá-lo. Seja lá quem fosse aquele ladrão, não faria parte de sua frota de navios. — Partiremos amanhã depois do nascer do sol, caso mude de ideia…

Jisung esperou que o pirata entrasse novamente naquele bar e então puxou um pano do bolso onde cobriu seu rosto com ele e seguiu seu rumo pela estrada. Seu objetivo era não ser visto por ninguém até que estivesse seguro. Os passos eram apressados o suficiente para ser rápido, mas lentos o suficiente para não desconfiar a ninguém.

Ele então passou pelo pequeno vilarejo que ficava em seu caminho. As pessoas ali trajavam as mesmas cores de roupas, num marrom e branco. O lugar era monocromático e monótono. Havia miséria e tristeza estampada no rosto de qualquer um que olhasse nos olhos daquele rapaz assustado quando passava por entre eles e esbarravam-se.

— Me desculpe. — Era o que Jisung dizia quando bateu em uma moça que carregava uma cesta de frutas. Por muito pouco ela não deixou a cesta cair, mas não evitou em xingar o rapaz em diversos nomes.

O caminho se seguiu até Jisung esbarrar em alguém novamente, mas dessa vez não conseguia passar pela pessoa. Ele olhou para quem havia batido e seu coração quase pulou do peito. As roupas eram perfeitos trajes desenhados exatamente para aquela classe. Os olhos sérios e a cara demonstrava insatisfação. Haviam mais outros três homens atrás daquele e todos eram iguais ao primeiro.

— Han Jisung. — O primeiro homem falou.

— Guarda Kang. — Jisung não teve escolha a não ser descobrir seu rosto ao ter sido reconhecido pelos guardas do Castelo.

— Seu pai, o Rei Han deseja vê-lo imediatamente. É uma ordem. — O guarda falou e então abriu caminho para que Jisung passasse.

ıllıllı Bahia de Busan ıllıllı

Castelo da Família Real Han

— Incompetente! Desleixado! Uma desonra! É isso que você é para sua família, garoto! — A voz alta do Rei ecoava por todo aquele grande salão do castelo. Era um cômodo enorme desde suas paredes até o comprimento e largura do chão em tons de branco que davam um ar de “novo” ao castelo. Um tapete vermelho e longo feito dos mais finos tecidos vinha desde a entrada do salão até as pequenas escadas que davam ao trono do Rei, este centralizado num canto do lugar. Haviam outros dois tronos, um sendo da rainha e o outro era o trono pertencente ao príncipe. — Irresponsável!

— Já acabou? — Com sarcasmo, e um pequeno sorriso de lado, Jisung proferiu aquelas palavras enquanto limpava o rosto sujo de lama com um pequeno pano de cor escura.

Ele ainda trajava suas vestimentas para aparentar ser apenas um camponês qualquer. Seu pai, o Rei, usava um manto enorme em tom roxo, cobrindo suas outras roupas que estavam abaixo. A feição do mais velho era irritada. Seus olhos já tinham pés de galinha e as rugas marcavam sua própria pele. O cabelo tinha leves tons de branco, como se estivesse num intermédio entre o negro. O Rei Han odiava quando seu filho agia rebelde daquela forma, era um comportamento inadequado para seu único herdeiro.

— Como você pode ser assim??? Como quer governar e ser um líder para este povo? Que diabos você tem na cabeça, Jisung? O que há de errado com você?! Ah, céus! Onde foi que eu errei… — Um suspiro forte foi solto pelo rei cansado. Ele jogou a cabeça para trás e praguejou ao seu deus por sentir que estava pagando por algum maldito pecado.

— Não tem nada de errado comigo. — Jisung disse para si mesmo em um tom mais triste. Seu pai sempre era assim consigo mesmo e ele odiava cada segundo que tinha que ouvir coisas como aquelas.

O Castelo, o reino, o trono e ser o herdeiro, pensavam mais que qualquer coisa em sua vida.

— Amanhã, a Princesa Min e o irmão dela estarão aqui. Exijo sua presença! — Já um pouco mais tranquilizado, o Rei indagou e atraiu a atenção de Jisung. O mais novo o encarou e tentou adivinhar por trás daqueles olhos o que seu pai tramava para si. Uma princesa logo próximo à coroação dele como novo herdeiro…

— Espera… Casamento? Está me arranjando casamento?!! — Jisung praticamente gritou ao perguntar, deixando óbvio que não queria aquilo. Seu pai assentiu com a cabeça e Jisung fez que não várias vezes. — Nem pensar! Nem fodendo!

— Olhe a boca, garoto! Não se esqueça que ainda sou seu rei! — Repreendeu ao filho teimoso, mas de nada adiantou.

— Não pode me obrigar a ser você! Eu não quero nada disso! Que se dane toda essa merda! — Jogou o pano que se limpava no chão e saiu dali por uma porta no canto esquerdo do salão, passando direto pelo trono do rei.

— VOCÊ NÃO PODE SE LIVRAR DISSO, JISUNG! É O SEU DEVER. — O Rei gritou para que Jisung pudesse ouvir bem de onde quer que estivesse.

Jisung correu o máximo que pôde pelas escadas até que chegasse em seu próprio quarto. Ele evitou conversar com qualquer pessoa que estivesse em seu caminho para não vissem os olhos encharcados de lágrimas que só desceram quando ele já havia se jogado na própria cama. As mãos cobriam os olhos e ele chorava baixinho, sem a intenção de ser escutado. Se sua mãe estivesse ali, provavelmente ela saberia o que dizer a ele. Mas a rainha não estava. Jisung estava sozinho novamente e não tinha escolha alguma.

A não ser que…

Jisung levantou seu rosto quando aquela ideia veio em mente. Era arriscada, era suicídio e era burrice.

Mas era só o que ele tinha.

A coroa não era o que Jisung queria desde o início. Sempre acompanhou as horríveis decisões que o pai tomava e só o via se afundar nas escolhas ruins que fazia. A própria mãe foi vítima disso e aquilo só aumentou mais seu ódio pelo Rei Han. Um homem cheio de ambição e sem coração nenhum.

Para Jisung, ele não era seu pai, era apenas o homem que havia lhe dado a luz mas que nunca fez nada além de chamá-lo de herdeiro e criá-lo preso dentro de um castelo.

Jisung queria a vida lá fora. Queria saber como era a noite, sentir o vento bater no rosto e se aventurar fora daquelas muralhas e de toda aquela mordomia desnecessária. Além do mais, seu pai queria que ele casasse com alguém ainda tão jovem e que nem sequer nutria algum sentimento pela moça. Jisung cresceu ouvindo sua mãe falar sobre amor verdadeiro e queria ao menos ter a chance de experimentá-lo quem sabe um dia.

Foi então que ele se levantou de sua cama e se abaixou perto dela. Na parte debaixo do móvel havia uma bolsa de viagem pequena que havia deixado em casos de emergência — ou como chamava em sua cabeça: fuga de emergência. Jisung puxou aquela bolsa dali e colocou na parte de cima da cama. Ele correu para o armário bem à frente e tirou as roupas que escondia no fundo. Eram todas roupas simples e era com elas que podia sempre sair disfarçado de plebeu. Era quando ia ao bares e provava das cervejas, ou quando saía pelos campos à cavalo sem ninguém à vista para incomodar o príncipe. Sua vida era quase perfeita até então seu pai anunciar que arranjaria um casamento a ele.

— Não vou casar nem morto, idiota. — Riu baixo enquanto enfiava o máximo de roupas que conseguia ali dentro.

Jisung não sabia no que estava se metendo. Ele não conhecia as regras do mar ou as de um pirata, mas em sua cabeça, devia ser bem melhor do que ficar preso com seu pai naquele castelo.

Jisung esperou a madrugada chegar para sair silenciosamente do castelo, como quase sempre fazia. Seu pai havia colocado mais guardas vigiando as saídas desde que descobriu as fugas do príncipe, mas Jisung sempre arranjava uma nova saída.

Dessa vez, ele esperou a troca de turnos de um dos guardas e então foi para um canto na ponta da grande muralha que rodeava o enorme castelo. Logo abaixo na terra, Jisung havia puxado apenas mais um pouco de terra e conseguido abrir um buraco do seu tamanho para passar entre as pedras. Ele precisou ser rápido ou o novo guarda apareceria e descobriria sua fuga antes de ele estar no navio há quilômetros de distância de qualquer um em Busan.

Por sorte, conseguiu atravessar tranquilamente. As unhas estavam sujas de terra e aquilo era perfeito para entrar ainda mais em seu personagem. A partir de agora, para qualquer outro, Jisung era um ladrão fugitivo embarcando numa jornada pirata. Ele só precisava chegar do outro lado do vilarejo, até o porto.

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Porto de Busan

— Oito, nove, dez! — O imediato foi contando cada vez que mais homens adentravam o navio através da ponte e a prancha até o convés na parte que ficava embaixo do primeiro piso.

Naquele andar, haviam apenas dois homens. Este era o imediato e seu capitão. Bom… o capitão não estava exatamente ali.

Minho encostou-se num dos mastros e abraçou ao achar algo sólido para se segurar. Sua cabeça girava e girava sem parar desde que havia saído do bar a pouco tempo. Se não fosse pelo imediato, ele estaria jogado no chão sujo daquele lugar imundo. E o pirata não ia reclamar caso desmaiasse de tão bêbado num bar. Era como se fosse ao Paraíso dos piratas alcoólatras felizes.

— Capitão! Recomponha-se! — O imediato pediu rabugento quando viu seu capitão abraçado ao mastro, sorrindo para as estrelas no céu.

— É bonito, não é? As estrelas! São engraçadas. — Deslizou os braços pelo mastro até se sentar sobre o chão, onde encostou a cabeça na madeira e apoiou o corpo também. — Elas brilham, brilham e brilham toda noite! Não cansam? — Uma gargalhada foi dada por Minho.

— Você bebeu mais do que de costume hoje, senhor. — Informou o imediato ao capitão enquanto o mais velho conferia se não havia mais ninguém chegando antes que eles dessem partida no navio. Não faltava muito para que os primeiros raios de sol surgissem no horizonte. Quando o imediato teve sua confirmação, ele caminhou na direção do capitão e se sentou ao lado dele.

Minho deu um longo suspiro até seu rosto mudar a feição de engraçado para triste. Seus olhos encheram-se de lágrimas ao olhar o chão do navio. As tábuas ainda tinham partes claras e escuras manchadas de sangue. Não importava o quão forte esfregassem, sempre continuavam ali.

— Meu pai morreu bem aqui. — O rosto era triste, mas na tentativa de disfarçar sua dor, Minho riu. — E aqueles filhos da puta estão lá dentro agora! — No mesmo instante, sua voz se tornou raivosa e seu dedo e olhos estavam direcionados para o castelo no horizonte depois do vilarejo. — Mataram ele, Jackson... Era… tudo era… Vou matar todos… todos eles… — Sua voz agora era totalmente chorosa. Sua cabeça pendeu para o lado e os olhos fecharam por alguns segundos. Seu imediato notou que ele estava prestes a dormir e então fez o de sempre.

O mencionado antes como Jackson, carregou ao seu capitão em direção à cabine dele, onde ali no canto próximo à parte da broa, um pouco abaixo das janelas, havia uma cama feita especialmente para o capitão. Ele colocou Minho ali e saiu no mesmo instante em que o fez. Provavelmente dormiria até a tarde seguinte e acordaria com uma puta dor de cabeça.

O imediato voltou para próximo à prancha, contando mais alguns homens que faziam fila para entrar no navio. Ele olhou para o horizonte mais uma vez e conferiu o sol antes de zarpar.

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Em algum lugar no fim do vilarejo

Jisung andava escondido por cada canto em que passava. Poucas vezes sua bota ecoava quando pisava na lama e os animais de fazenda faziam barulhos assustados pela presença de um estranho. Quando olhou em direção ao céu, viu os primeiros raios de sol no horizonte. Mais uma vez, olhou para frente na direção do mar. Lá estava o grande navio que o levaria até sua mais nova jornada.

Alguns poucos homens ainda entravam e passavam pela ponte do porto e se deparavam com um outro homem um pouco mais velho do que os demais. Jisung correu o mais rápido que pôde para entrar no navio e parou próximo à prancha, esperando sua vez para entrar. Ele olhou para trás uma última vez, mas precisamente seu castelo, e sorriu por não estar mais ali.

— Próximo. — A voz grave do homem o assustou e o fez caminhar de volta para frente. Jisung passou pela prancha e deu os primeiros passos no navio, encarando ao homem. — Nome.

— Jisung. Só Jisung. — Informou ao homem logo atrás dele surgiu mais um. Ele era um pouco mais jovem e mais baixo, devia ter uns vinte e dois anos mais ou menos. Jisung antes havia ouvido o capitão chamá-lo como Changbin. O pirata mais novo carregava um esfregão em um balde em mãos e assim que viu o príncipe, se direcionou a ele imediatamente.

— Jackson. Deixa esse aí comigo. — Changbin falou ao imediato e o homem assentiu. — Por aqui, Jisung. — Chamou e foi andando na direção da proa do navio, onde alguns homens começavam a limpar o chão. Jisung sentiu uma pitada de ironia na forma que Changbin falava, mas não se deu conta até este estar de frente para ele. — Isso é seu. — Entregou o esfregão e o balde. — Limpe.

Jisung pegou aos dois objetos, mas encarou ao menor enquanto estava confuso. Não era isso que o tal “Capitão Lee Minho” havia lhe dito que ia fazer. Não foi para isso que Jisung havia vindo.

— Espera. Deve ser um erro. — Jisung andou na direção de Changbin, mas numa velocidade que nem Jisung esperava, o homem puxou a espada da cinta com aquele barulho estridente e apontou na direção do pescoço do príncipe.

— Eu não cometo erros, marujo. Ou você trabalha ou eu corto sua garganta. — Cuspiu praticamente suas palavras. O olhar sério do baixinho assustou até mesmo Jisung. A forma na qual ele falou, não deixou sombra de dúvidas de que ele o mataria num piscar de olhos.

Jisung então se rendeu, abaixando lentamente e colocando o balde e o esfregão no chão antes de realmente começar o seu trabalho.

— Ótimo. Bom garoto. — Guardou a espada na cinta novamente e sorriu como se nada tivesse acontecido. Changbin saiu dali e se perdeu entre os outros tripulantes do barco.

O príncipe então soltou todo o ar que havia prendido e nem sabia que estava segurando. Ele olhou para o lado e encarou a um garoto com um cabelo num tom alaranjado. Perguntou-se por alguns segundos o que havia de errado com o cabelo daquele garoto até lembrar que muitos piratas pagavam por “exuberância”, principalmente com o cabelo. Aquilo era novidade para Jisung, mas não para qualquer outro pirata que conseguisse fazer aquilo com a cabeleira.

Esse mesmo garoto notou quando Jisung o encarou e sorriu. O rosto dele era sujo de lama e as próprias roupas, brancas e marrons, estavam sujas com a terra. Ele limpava o chão com uma esponja velha e a mergulhava de volta no balde com sabão e água.

— Seja bem-vindo ao Rainha Vermelha. Meu nome é Changmin. — O garoto se apresentou, mas, por alguns segundos, Jisung ficou estático ao ouvir o nome do barco.

“Rainha Vermelha.”

Jisung já havia escutado história sobre o tal navio mesmo quando era apenas uma criança. Era um navio cujo capitão era conhecido por não ser nem um pouco misericordioso com todos os povos que saqueava, distruindo civilização atrás de outra. Também lembrava de quando seu pai chegou em casa uma noite e se vangloriou por ter destruído toda a ameaça dos mares. Jisung não havia entendido até aquele momento do que se tratava. Seu pai o rei havia executado um pirata aquela noite e que faltava apenas o filho. “Capitão Lee” como o homem gostava de ser chamado e seu herdeiro… “Capitão Lee Minho.”

— Todos à bordo! — Um homem, provavelmente era o navegador, gritava próximo ao timão enquanto o imediato subia às escadas para ficar ao lado dele.

— Levantar âncora! Içar as velas! Andem seus insetos! Ao trabalho! — Gritava para muitos dos homens que ainda não faziam nada e todos corriam desesperados para o mastro e alguns para o cabrestante.

Jisung estava perplexo com todos aqueles pensamentos em sua mente. Ele não tinha mais como fugir e muito menos queria voltar para casa. Ninguém daquele navio podia saber que ele era um príncipe ou estaria morto.

Em que diabos havia se metido?! Era o que se perguntava enquanto via sua cidade se tornar apenas uma distante paisagem à medida que se afastavam do porto.

Jisung havia acabado em embarcar numa jornada dentro do navio mais temido do mundo com o herdeiro de um pirata cruel que o próprio pai havia matado. Provavelmente o Capitão Minho tinha o coração coberto de ódio por seu pai, e mataria se soubesse que Jisung é filho dele.


Notas Finais


Perdoem qualquer erro, eu já li e reli várias vezes mas sempre deixo algo passar.
Pra finalizar, eu realmente gosto do plot e espero que tudo dê certo, mas isso vai depender de vocês. Se me pedirem pra continuar, irei continuar escrevendo.
Sei que ainda não acabei minhas fanfics atuais, mas acontece, às vezes bate criatividade mais de um lado que de outro e esse é o caso.

Enfim, vejo vocês em breve? Talvez eu ainda atualize esse fim de semana mas a ideia é ser um por vez, okay? Obrigada e até mais.


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