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História Love, Death and Pirates - O Acordo


Escrita por: moonwish e Love_SugaMon

Notas do Autor


Aquela adiantadazinha marota pra já começar com o fim de semana bem, hein!

Façam boa leitura❤

Capítulo 6 - O Acordo


Fanfic / Fanfiction Love, Death and Pirates - O Acordo

— Porra! — Changbin xingou num grunhido de dor quando Jisung encostou um pano de cor amarelada nos buracos de garra em seu ombro. — Filho da puta.

O Han estava no último andar do navio onde boa parte daquele lugar era composto por celas gradeadas entre as paredes de madeira com pouca visão da luz. As ondas batiam com força e o vento parecia ficar mais forte. Não faziam nem alguns minutos que haviam deixado a Bahia das Sereias e parecia que nada havia acontecido — ao menos para o Capitão Lee.

Jisung estava abaixado num canto do navio junto de Changbin, quem estava sentado com as costas desnudas na madeira ao lado de uma das celas, tinha os olhos presos no homem de trás das grades, como se estivesse hipnotizado.

— Xingar não melhora nada. — O Han comentou assim que tirou o pano da ferida e molhou no balde de água ao seu lado. Ele levou de novo até os buracos, limpando-os primeiro antes de que causasse uma infecção no executor. Era o mínimo que podia fazer mesmo odiando o homem.

— Pra mim sim. — Trincou os dentes e apertou os olhos, dando um suspiro forte. O Seo olhou novamente para homem na cela, preocupado com o rosto perdido que ele tinha, como se estivesse com medo. — Você me ouviu? Vai ficar tudo bem. — Ao dirigir suas palavras a ele, o rapaz de cabelos negros e pouco cumpridos o olhou sem remorso algum.

Jisung sentiu que aquele tritão não estava nenhum pouco contente com sua hospedagem no navio. Ele também reparou na fixação que o Seo de repente havia despertado com ele, ainda mais quando se meteu na frente do Capitão para impedir que ele matasse aquela criatura.

O ataque ao barco havia sido tão rápido que nem o próprio Han teve tempo de pensar em sua existência depois de ver todos os contos de fadas parecerem reais diante da visão de uma sereia em carne e osso. Depois de ter visto o tritão se tornar humano, era como estar dentro daquelas histórias que os mercadores do reino contavam sobre homens e mulheres peixe no mar. Era tudo real.

Mesmo tendo todas as provas da realidade bem em sua frente, Jisung estava meio estático. Vir ajudar o Seo também não havia sido só boa vontade, senão que para acabar com sua curiosidade.

Ele olhou para a criatura e o viu puxar a camisa que Changbin antes usava para então cobrir seu peitoral — este também machucado — até o colo, como se estivesse se sentindo um pecador por estar nu ainda.

— Você sabe falar? — Jisung finalmente pergunta o que tanto queria, direcionando seu olhar ao meio humano que rapidamente o olhou fixo. Ele parecia tentar entender o que se passava na cabeça dele, mas obteve apenas o silêncio como resposta. Changbin também ficou esperando, atento a tudo que o homem fazia. Até mesmo ele estava curioso… ou encantado. — Tem nome?

O Seo riu.

— Se nem falar ele sabe, imagine ter um nome.

— Eu imaginei que… — A voz do Han foi perdendo a força e ele mesmo desistiu de tentar se comunicar com a coisa quando ele apenas virou o rosto para o vazio do outro lado do barco. Certamente sua hospedagem o estava incomodando. Jisung desviou seu olhar e continuou seu trabalho no ombro do Seo, terminando de limpar o primeiro lado do corpo dele. — Não foi uma perfuração tão profunda, você vai sobreviver.

— Ótimo. — Diz com a voz de quem não estava muito afim de papo, mas o Jisung apenas ignorou. — Obrigado.

Pela primeira vez, o Seo agradeceu ao Han como um ser humano de verdade, sem xingamentos nem nada. Parecia até uma pessoa civilizada, diferente do imbecil que costumava ser.

— Você disse que ele te salvou… — Os dois se encaram e Jisung quase hesitou com medo estressar ele apenas por falar. Changbin podia estar machucado, mas o Han não duvidava de que ele ainda ousaria. — C-como?

O executor ficou em silêncio, agora virando seu rosto para olhar ao rapaz de novo, fixando-se nele de novo até começar a falar.

— Ele me puxou. No início, achei que ele estivesse me levando pro fundo, então eu enfiei minha espada nele. Quando eu nadei de volta, ele me puxou de novo e eu comecei a me debater e… — Changbin trava quando a criatura se vira para olhá-lo, quase como se pudesse controlar ele. — A voz dele… É tão bonita… — O sorriso dado pelo executor parecia mais do que apaixonado. Jisung se assustou; primeiro porque o carrasco que era Changbin estava sorrindo, segundo porque ele agia como se estivesse submisso à criatura no momento em que ambos fixaram os olhos um no outro.

— Ele cantou? — De olhos arregalados, o Han engoliu em seco, temendo que se as histórias dos mercadores de Busan fossem mesmo verdade, Changbin estava sendo usado pelo tritão.

O Seo nem sequer respondeu. Ele ficou ali naquele silêncio que parecia devorar as almas dos que estavam por perto, ou talvez fosse a impressão que o Han tinha enquanto agora terminava de limpar o outro ombro do executor.

Minho estava sentado à mesa com os pés postos sob a superfície de madeira rígida e consequentemente seu mapa. Ele agia despreocupado, tomando sua garrafa de rum como se não houvesse um amanhã, afinal todo dia era uma vitória diferente para um pirata. Seus olhos estavam perdidos no telhado, buscando algo que apenas existia em sua mente.

Por conta da bebida ou não, ele começou a lagrimar e morder os lábios para controlar o choro que insistia em descer. A mão desocupada tirou o chapéu tricórnio, deixando-o apenas com sua bandana de cor azul rodeada na cabeça para deixar aquela parte do traje em seu peito com um pesar no coração.

— Me desculpe, pai… talvez eu tenha atrasado um pouco nossos planos. — De olhos agora fechados, Minho jogou a cabeça para trás devagar enquanto parecia se esforçar para respirar. — Mas eu lhe prometo vingança, em breve. Vamos recuperar sua espada e eu vou cravá-la naquele que o matou.

Não era de hoje que o Capitão falava sozinho. Talvez fosse até normal naquelas águas já que muitos homens tendiam a enlouquecer devido a muitos motivos. Minho não sabia se estava louco ou não, mas, se estivesse, sua loucura o mantinha mais focado em sua vingança sorrateira e ele apreciava cada vez mais isso.

Ao contrário do Capitão, a tripulação tinha uma certa certeza sobre a falta de sanidade do Lee depois dos "dias de seca" que ocorreram no Rainha Vermelha. Minho lembrava-se vagamente de como estava sedento, arrastando-se entre seus homens pelas tábuas do navio. Aquela foi uma boa lição do porquê não deixar que o estoque de comida e água fique aberto para "qualquer um" já que qualquer um podia fugir com tudo. Os dias longe de qualquer civilização quase o mataram no mar. Quando Minho desmaiou, ele acordou sem sentir nada. Sua sede e fome haviam sido saciadas e ele nem sabia como. Desde aquele dia em que a morte o deixou viver, ele nunca mais foi o mesmo. Changbin era o único que sabia.

Ver seu melhor homem desafiá-lo para proteger um tritão foi como levar um tiro no peito, mas que o Lee podia aguentar se não conhecesse tão bem o Seo. Ou pelo menos achava que conhecia.

O Lee estava prestes a tomar outro gole do seu amado rum e continuar afogando suas mágoas, quando sua porta foi bruscamente aberta.

— Mas que caralhos… — Xingou sem nem mesmo encarar o rosto do atrevido que havia entrado sem permissão alguma. — Quantas vezes eu…

— Senhor… desculpe. — Jisung, quem havia entrado cheio de coragem, deixou-se abaixar a cabeça com a voz irritada de seu Capitão.

— Ah. É só você. — Ajeitou-se na mesa e deixou a garrafa ali para limpar as lágrimas ainda marcadas em seu rosto. — O que você quer?

— Tá tudo bem? — O Han entra e fecha a porta atrás dele.

— Isso importa? — Confuso e ignorante, Jisung enxergava aquele cara assim.

Ele apenas ignorou tudo o que o Capitão havia dito e respondeu a primeira pergunta dele.

— Changbin está estranho.

— E por que acha isso? — Minho ergue uma sobrancelha com um sorriso sacana no rosto assim que ajeita sua postura. Ele adorava ver aqueles dois se implicando, por mais que às vezes o deixasse de cabeça cheia.

— Ele me disse obrigado. — Jisung dá de ombros, mas ao mesmo tempo esperava que aquelas palavras fizessem o Capitão enxergar o problema.

E foi o que ele fez. Ou achou que tinha feito

— Disse obrigado? Pra você? Duvido muito. Changbin não é de agradecer idiotas. — Riu debochado, por mais que ele tivesse uma leve preocupação em relação ao seu executor.

— Não me achou idiota quando começou a gemer na sua cama comigo. — Jisung provoca, acabando com a cara de deboche do Capitão para alguém que estava incrédulo com as palavras do homem à sua frente.

— Quer ir ao barco, Jisung? Porque eu não me importaria em perder mais um homem. Seria uma-

— Uma pena, eu sei. Você já disse. Mas não acho que esteja disposto a perder mais gente da sua tripulação. — Encarou tentando parecer esperto. Mas Minho era o experiente ali. Jisung podia jogar bem, mas Minho jogava cem passos à frente dele.

— Já naveguei nessas águas sozinho milhões de vezes quando perdi um esquadrão da minha tripulação. Já passei fome e sede e inclusive naufraguei por dias até ser achado quase morto nas ilhas ao sul. Ficar sozinho de novo parece ser um problema, mas não um obstáculo que eu não possa enfrentar. — O Lee quase se levantou para acertar seu novo executor com suas palavras, quase cuspidas na cara dele, deixando Jisung sem fala e Minho com um novo sorriso vencedor. — Você não pode chegar aqui e achar que me conhece. Eu posso te fazer implorar por piedade quando estiver entre a vida e a morte nas minhas mãos. Então acho melhor daqui por diante começar a me respeitar devidamente como seu Capitão.

Já de pé, o Lee se levantou se colocou diante da mesa, bem de frente para Jisung, quem o encarava assustado. Minho amava aqueles olhos. Botar terror nas pessoas era seu maior passatempo, porém ver alguém tão ousado se curvar diante dele era ainda melhor.

— Eu não sabia. — O Han engoliu em seco.

Jisung começava a pensar que era melhor parar de agir como se fosse um atrevido. Ele não era mais um príncipe e não tinha mais todos aos seus pés, rindo ou brigando com ele depois de suas desobediências. Já fazia quase uma semana longe de sua terra e ele percebia aos poucos a grande diferença entre ser o príncipe e parte de uma tripulação cujo Capitão não tolera desrespeito.

Minho era de fato incompreensível e Jisung não sabia bem no que estava se metendo. Ainda mais quando deixou o Lee se aproximar dele com segundas intenções de novo, deixando-o em dúvida sobre o que excitava ao homem: aterrorizar os outros ou admirá-los.

Minho deu seus primeiros passos para agarrar Jisung sem que ele pudesse reagir muito ou negar os toques do Capitão. Quando ele menos esperava, já estava atiçado pelo jeito que Minho o olhava depois de um grande sermão enquanto retirava a camisa com mangas largas de cor meio amarelada. Os lábios macios dele fixaram-se no pescoço de Jisung, provocando-o com a língua que delineava toda sua curvatura, molhando ao local sem nenhuma vergonha.

A porta foi aberta de novo.

Minho se afasta rapidamente de Jisung e ele começa e se ajeitar, dando a volta em sua mesa para esconder a ereção que insistia em crescer. Já o Han tratava de botar sua camisa de volta enquanto seu rosto ruborizava cada vez mais quando percebeu que Changmin estava ali de boca aberta por ver os dois.

— Wow. — Tudo o que o Ji tinha para dizer deixa Jisung ainda mais sem jeito quando recua um pouco para que ele entrasse mais.

— O que quer? — Minho pergunta e limpa a garganta para tentar fazer o de cabelos alaranjados esquecer o que havia visto.

— Temos um problema, senhor. — Rapidamente Changmin muda de expressão, agora mais sério ao olhar para seu Capitão.

— Qual seria? — Como quem não ligava, Minho recolhe sua garrafa da mesa e leva um último gole à boca.

— O Ceifador.

Lee Minho trava, quase se engasgando com o líquido forte na garganta e quase cuspindo em seu próprio mapa de viagem ao ouvir o que Ji Changmin havia dito.

Jisung olha confuso para o homem ao perceber que ele parecia preocupado.

— O que é o Ceifador? — Perguntou inocentemente e ele trocou olhar com o Capitão por alguns segundos, sentindo em sua alma o arrependimento por ter perguntado.

[…]

— Ele é a morte em pessoa. O diabo dos mares. Um caçador sem dó nem piedade dos vivos. As pessoas dizem que ele vendeu a alma dele e se tornou um assassino de aluguel do mar.

— Ele mata tudo. Pirata, pescador, mendigo… Mas isso depende de quem paga mais.

— Pensei que antes fosse uma mulher.

— Era… mas ao que parece ela passou a herança pra alguém.

— As pessoas falam que ele tá morto.

— Eu tinha um tio que disse que viu o capitão dele ser esfolado vivo pela tripulação dele.

— Que tripulação? O barco tá quase vazio.

— São fantasmas. Todos eles.

— Você tá mentindo.

— Acredita em sereias e não acredita em fantasmas?

— Uma coisa é certa: Se ele estiver te caçando, não espere que vai sair vivo.

Jisung e todo o resto da tripulação — exceto Changbin, quem parecia ter se esquecido da própria existência — se encontravam no canto do navio com os olhos arregalados para o monstro de madeira que estava na direção deles, à bombordo. O navio com madeiras velhas estava ancorado a alguns poucos metros do Rainha Vermelha, em silêncio, como se quase não houvesse ninguém nele.

Depois que viu Minho sair com medo da cabine, ele acabou alarmando a todos, principalmente quando avistaram de longe o letreiro do Ceifador estampado nas madeiras do barco. Se não fossem os cochichos dos poucos homens que restavam na tripulação, provável que Jisung não tivesse nem ideia do que estava acontecendo e por que Minho estava tão apavorado.

— Eu pensei que ele fosse o homem mais temido dos sete mares. Que nem o pai dele. — O Han cochichou para seu amigo, Changmin.

— Pensei que fosse demorar pra perceber. — O Ji solta uma risada baixa e deixa o outro confuso.

— Como assim?

— O pai dele era o mais temido. Mas o Capitão Lee “Minho” — Enfatiza ao falar o nome do homem — É só alguém muito narcisista. Claro, ele é muito bom, mas ser “o mais temido” de todos os sete mares é bobagem. Existem mais cruéis e insanos do que ele.

Jisung estava em choque. Minho o assustava de diversos jeitos que ele não entendia, sendo até mesmo cruel com a própria tripulação. Saber que na verdade a fama do Lee era tudo mais um conto de fadas parecia até engraçado se tudo fosse falso, quando era apenas meia verdade e ainda existiam piores do que ele.

— Ei, pega leve. — Younghoon, quem Jisung nem tinha visto que estava ali, diz ao de cabelos alaranjados.

— Tá defendendo o Capitão por quê, Hoon? Por acaso tá transando com ele também? — Changmin pergunta parecendo enciumado, arrancando até uma risada de Jisung.

— Por que você tem que presumir isso sempre que alguém defende o nosso Capitão? Afinal, todo mundo tem medo do Capitão Bang. Até os mais cruéis.

— Capitão Bang? — Indagou Jisung. — Quem é esse?

— O verdadeiro Ceifador.

Ao falar daquele jeito, os ventos pareciam até estar ao favor de toda a dramatização quando se tornaram frios e fortes, soprando seus rostos e cabelos, causando-lhes calafrios.

Minho estava sem o que fazer. Ele olhava para o navio em sua frente e se perguntava se já havia chego sua hora de partir sem ele ao menos ter a chance de cumprir sua missão de vida. Talvez ele até pudesse pagar ao homem dono do navio pela sua cabeça, mas, sem o dinheiro que conseguiria com a troca com os mercadores da ilha de Sakata pelo tritão vivo, ele estava indefeso.

Changbin estava encantado. Ele havia acabado de fazer algo que nunca havia feito em sua vida antes: abrir a cela de um prisioneiro para deitar com ele, logo depois trancar-se ali dentro com a criatura.

Ao lado do jovem, que nem ao menos parecia ter seus vinte anos, ele sentia algo em seu coração, queimando em euforia só de olhar nos olhos do tritão. Era incontrolável. Desde que o ouviu cantar, sentia que podia dar sua vida pela dele antes de qualquer coisa.

— Por que me salvou? — Perguntava mesmo que estivesse recebendo silêncio dele. — Você cantou pra mim na água. Sua voz é tão bonita. Quero proteger você.

De frente para Changbin, a criatura pousou ambas as mãos no rosto dele e o trouxe lentamente para mais perto. O Seo nem sequer hesitou quando seus lábios e os do tritão se tocaram e um beijo intenso se formou. Ele nem percebeu, mas seu contato fez com que a ferida no peito da criatura lentamente se fechasse. O buraco feito pela espada de Changbin nem parecia ter feito um estrago grande, mas doía para o meio peixe, quem nem podia reclamar. Quando a ferida se fechou, o tritão soltou as mãos de Changbin e o afastou de si, olhando para o outro lado, como se estivesse enojado do que havia acabado de fazer, mas também como se tivesse sido necessário.

— Está com medo de mim. — Afirmou triste pelo desprezo da criatura.

Mais uma vez, sem resposta. Changbin virou o rosto também, mordendo ao lábio enquanto tentava concentrar seus próprios pensamentos, que agora estavam bagunçados. Desde que saiu da água com aquele tritão junto de si, ele não conseguia tirá-lo da cabeça. Tudo o que conseguia pensar era de que tinha que mantê-lo vivo e bem. Outros pensamentos dificilmente passavam e quando passavam, se perdiam.

— H-… — Um grunhido vindo da criatura chamou a atenção do Seo, quem o olhou surpreso e com esperança de que ele dissesse alguma coisa. — Hyunjin.

Quando terminou de falar, Changbin sorriu.

— Então você tem um nome.

Minho se sentia ainda mais ansioso quando avistou a silhueta musculosa e firme de Chan se formar em quase noite. O sol das cinco costumava ser bonito quando começava a se pôr. Entretanto, em meio ao caos, o Lee nem prestava muita atenção em seu astro.

Alguns anos atrás talvez até fosse divertido avistar o Capitão Bang de longe, quando suas únicas intenções era tentar seduzir a morte e conquistá-la ao seu favor, logo acabar sendo submisso no fim das contas. Com certeza ambos teriam adorado jogar sua pequena rivalidade e tensão na cama, como de costume. Mas desde a última vez que se viram, parecia impossível.

— Por que ele tá tão assustado? — Jisung olhava a preocupação do Capitão de longe, tentando compreender aquela situação impossível.

— Há alguns anos atrás o Capitão roubou algo do Ceifador. — Younghoon é quem responde, este olhando fixamente para a movimentação no navio alheio.

— O que ele roubou?

— Ninguém sabe. Exceto que é algo sobre vingança.

Jisung estremeceu. Parecia até mesmo uma rixa, se é que aquilo não era.

— Estão saindo. — Younghoon diz assustado quando nota um barco ser jogado na água e logo em seguida duas pessoas adentraram nele. — Capitão! Tem gente vindo! — Ele grita, alarmando a todos os outros da tripulação os quais já estavam assustados, iniciando ainda mais cochichos entre si.

— Silêncio! — Minho ordena com certa irritação, descendo do deck para perto da beirada apenas para esperar os mensageiros chegarem.

Levou poucos minutos, mas logo o pequeno barco que abrigava dois membros da tripulação do enorme Ceifador se dirigiram ao Lee.

— Capitão. — Um rapaz de cabelo em tom marrom falou. A julgar pelo jeito autoritário na voz e a coragem, Minho sabia que aquele era o executor do Bang. Ele o conhecia bem. — Que bom ver você.

— Sem papo furado, Sunwoo. O que seu capitão quer? — Meio apavorado, Minho tentava manter sua calma para não demonstrar nada de ruim para a tripulação. Um líder deveria encorajar e não assustar, ainda mais com a morte batendo em sua porta.

— Ele só quer conversar. — Com aquele sorriso de deboche, Sunwoo respondeu, deixando o Lee em dúvida.

Ele não sabia se confiava ou não.

— E como vamos saber se não vai levá-lo e matá-lo? — Alguém que Minho menos esperava levantou a voz entre sua tripulação, ainda mais depois de ter amedrontado o rapaz. Jisung era mesmo ousado.

Sunwoo percebeu de cara o Han, olhando para ele sem muita preocupação.

— Seu novo executor é uma graça. — O Kim debocha e deixa Jisung assustado com a dedução dele, até mesmo deixa Minho surpreso. — O quê? Como eu sei? A gente sabe de tudo sobre vocês. Se quiséssemos vocês mortos, teríamos ajudados as sereias com o trabalho delas.

— Estavam nos seguindo? — O Capitão interroga, quase boquiaberto por não ter percebido a presença de seu meio inimigo ali.

— É claro.

— Por quê?

— Já disse. O Capitão quer conversar com você. — Outro sorriso vem por parte do Kim e Minho suspira. — Ele tem um acordo para fazer com você, Capitão. Aposto que vai gostar.

As palavras do executor despertam curiosidade nos olhos assustados de Minho, afinal Chan o conhecia bem, sabia de quase tudo sobre e ele e um sabia da história do outro. Por mais que seus anos juntos tivessem sido sexo, eles também haviam conversado. O Bang sabia bem como atiçar o Lee.

— Meu executor está certo.

— Estou? — Jisung olha surpreso por Minho o dar razão.

— Está. Como vou saber que não é mais uma armadilha do Chan? — A pergunta faz Sunwoo suspirar cansado.

— Já disse. Se quiséssemos vocês mortos, já estariam… Mas! Se não confia nas palavras do meu Capitão, posso oferecer uma troca. — Minho ficava cada vez mais surpreso em como Kim Sunwoo era bom com palavras e com negócios. Nem parecia o bêbado inútil que dormia no mastro ou que caía das redes.

— Que troca? — Jisung pergunta interessado.

— Seu Capitão pelo meu navegador. — Sunwoo responde e então o garoto magrelo que estava atrás dele no barco, até então calado, arregala os olhos.

— O que a gente vai fazer com um magrelo? — Changmin se intromete, rindo ao reparar no navegador. Os outros da tripulação riram junto. — Ele é tão inútil quanto um médico num barco.

— Chanhee é mais útil do que você. — Sunwoo defende o Choi, que ainda estava incrédulo por ser oferecido como barganha e ainda por cima ser insultado. Ao ouvir o Kim o defender, até poderia agradecê-lo se ele não estivesse tratando ele como produto de troca. — Além do mais, seu Capitão sabe a importância do nosso navegador. — O Kim olha para o Lee e ele assentiu, deixando este primeiro contente. — Matem ele e matamos todos vocês . Irão sentir cada parte do corpo de vocês doer enquanto sangram e morrem lentamente nas minhas mãos.

— Tá bom, Sunwoo. Já chega de show por hoje. — Minho interrompeu e então se aproximou mais da beirada onde ficava alguns volumes de madeira que formavam uma escada para descer do navio.

Minho não confiava mais em Chan, e tinha quase certeza de que ele também não confiava mais em si, por isso cada passo que faria devia ser cuidadoso. Ele ouviria tudo que o homem tinha a dizer e depois iria embora com seu segredo, como sempre fazia.

Assim que ele desceu para o barco de Sunwoo, Chanhee subiu para o Rainha Vermelha e ali ficou com a tripulação do Capitão Lee, quem o encarava tentando entender o porquê da vida daquele magrelo ser tão preciosa até mesmo para Lee Minho.

Jisung viu quando Minho chegou ao outro navio e subiu, sumindo de vez de sua vista. Ele não sabia o que esperar daquele encontro tendo em vista de que não conhecia nada da vida daqueles homens — como o próprio Minho o havia feito enxergar.

Sem muito o que fazer, o príncipe apenas se virou para adentrar o convés junto de seu amigo e o branquelo ao lado dele, sem nem ao menos ter percebido quando outro alguém que o reconhecia ia logo atrás.

— Changbin está estranho. Isso é impressão minha, não é? — O Han confessou assim que desceu as escadas. Ele sabia que podia confiar pelo menos em Changmin. Talvez não todo o seu histórico, mas pelo menos boa parte dele.

— Ele foi puxado pra dentro d'água por um tritão. Deve estar traumatizado com o que viu. — Younghoon foi quem falou assim que se sentou em uma rede com o Ji no colo dele.

Jisung sentou em uma rede bem na frente dos rapazes, ouvindo-os com certa atenção.

— Mas não é isso… ele ficava falando do canto dele… Isso é normal? — Changmin e Younghoon se olharam, fazendo Jisung perceber que havia algo errado. — Quer dizer, eu não entendo de sereias, mas…

— Minha avô dizia que as sereias só cantam por três motivos. — O Ji indaga tentando fazer os números com as mãos. — O primeiro é quando elas precisam arrastar os homens ou mulheres pra dentro d'água. O segundo é quando elas se apaixonam pelas vítimas.

— E o terceiro? — Jisung temia mais uma vez sua pergunta, julgando pelo silêncio que os dois faziam.

— Quando estão ameaçadas. Elas encantam a vítima como forma de se defender, assim elas fazem a vítima acreditar que a criatura é um tipo de anjo, alguém bem inocente.

— E depois?

— E depois, quando ela estiver salva, ela mata. — Younghoon termina simples. — Mas por quê?

— Changbin. — Diz preocupado e rapidamente começa a se levantar da rede.

Era claro o porquê do Seo estar tão fissurado naquele tritão desde que foi capturado. Ele havia dito que quando cravou sua espada na criatura, ela voltou para ele e cantou. Estava mais do que óbvio e Jisung deixou escapar o instinto de sobrevivência da coisa. Claro, ele não tinha como saber, mas ainda assim era estranho como o jeito que Changbin agia toda vez que olhava para o tritão.

Ele precisava avisá-lo o mais rápido possível sobre o risco que ele corria. Quando Jisung estava prestes a se dirigir para a escada que levava ao andar debaixo, ele é surpreendido por alguém que não esperava ver ali já que nem percebeu quando o garoto magrelo passou por ele e seus amigos no barco.

— Jisung. — Chamou o loiro com um olhar tenso.

— Como sabe meu nome?

— Eu sou Choi Chanhee.

— E daí? — Pergunta meio confuso, ainda mais por ter sido interrompido em um momento importante.

— E daí que eu sei que você é o príncipe Han. — Com aquele sorriso o atrevido, Chanhee era mais do que um garoto magrelo. Jisung também começava a entender que as espadas não eram tão afiadas quanto as palavras.

Minho havia subido no barco de Bang Chan sozinho. Um silêncio enorme se formou quando ele deu os primeiros passos no convés na direção da proa, onde o Capitão se encontrava quieto. Sunwoo continuava no barco, apenas esperando que a conversa acabasse para levar o Lee de volta e trazer ao pobre coitado do Choi de dentro daquele navio.

Quando Chan percebeu a movimentação hesitante de Minho atrás dele, ele apenas se virou com um sorriso no rosto de quem tinha todas as cartas na manga.

— Pra que o medo, amor? — Brinca, como sempre fazia quando o Lee estava por perto. — Já te disse que você não está tão perto assim de morrer. Posso te sentir em cheio…

— Aposto que gosta de me sentir. — “Passos seguros”, Minho pensou, mas suas palavras iam o oposto do que ele realmente havia imaginado que tinha que fazer.

— Não vou negar que eu gosto. — Chan se encosta na proa, sem medo algum da beirada, e olha para seu rival, admirando-o de cima abaixo. — Você emagreceu.

— Você acha?

— Acho. — Ele sorri outra vez. — Roubaram sua comida de novo?

— Como sabe disso? — O Lee questiona com uma pulga atrás da orelha. Chan sempre foi direto nos assuntos que ele queria resolver. O Bang não gostava de enrolar, preferia terminar tudo o mais rápido o possível. Algo estava errado e Minho sentia isso. Estavam jogando conversa fora, mas tanto para um quanto para outro não era normal.

— Não se lembra?

— Do que eu devia me lembrar?

— Ai, ai, Minho… — Chan suspira, mordendo ao próprio lábio. — Tão inteligente e tão burro ao mesmo tempo… Primeiro você perde uma tripulação quase inteira para uma doença desconhecida no mar, tudo porque era um bando de velhos. Depois começa a recrutar jovens porque sabe que eles resistem mais a essas doenças. Muito esperto. Mas aí então traz mendigos que roubam suas coisas e fogem. Quase matando você e sua tripulação, de novo.

— Eles foram punidos.

— O problema não é esse. — Chan diz aumentando o tom de voz, agora parecendo irritado.

— Aonde quer chegar com isso? — Minho estava parado de pé em frente do Capitão Bang, investigando-o com o olhar, tentando entender aonde ele queria chegar com aquela conversa fiada.

— Você é tão ingrato que nem sequer se lembra que quem encontrou você quase morto fui eu. Quem te salvou da morte mais uma vez. E pra quê? Pra você roubar meu mapa? — Chan se levanta, agora próximo de Minho, ele se segurava para não ficar puto como da vez em que Minho levou dele sua única chance de vingança e acabar terminando com a longa vida do Lee ali mesmo. — Eu devia te matar agora mesmo…

— Mas não vai? Né? Você mesmo disse que eu tenho muito tempo de vida. — As palavras de Minho fazem Chan rir.

— A vida é como a maré, meu amigo. Ela pode estar baixa e de repente aumentar. Você pode ter uma longa vida e uma curta a cada caminho que escolhe. Ou eu decido quando vai acabar. Eu sou o fim de tudo mesmo. — O jeito perverso do Bang assustava o tão destemido Capitão Lee vendo que ele o tinha na palma das mãos de novo.

— Se não vai me matar, então de que serve essa conversa?

Minho encara firme, pronto para dizer adeus de vez quando Chan suspira e inicia seu discurso.

— Você pode ter me tirado a chance de encontrar o pirata que me traiu, mas eu não irei tirar a sua chance.

— Como é que é?

— Isso mesmo o que ouviu. — O Bang se aproxima lentamente do Lee, colando o corpo no do outro e pressionando sua coxa entre a virilha dele. — Sei muito bem como você vai se vingar do rei. Eu tenho tudo o que você precisa.

Minho arrepiou. A fricção causada pela coxa do mais velho em seu pênis o deixava com tesão mesmo aquela não sendo uma boa hora. Chan sabia muito bem o que estava fazendo: seduzindo ao alvo para conseguir o que queria. Minho conhecia muito bem os jogos daquele homem e não se deixaria cair tão fácil quanto antes.

— Como p-pretende fazer isso? — Gaguejou com um aperto dado em sua bunda contra o Bang agora que a mão dele percorria por suas costas, deixando-o inebriado com aqueles toques que sabiam bem onde ir.

Chan se afasta sem ligar muito para como havia acabado de deixar Minho, apenas para ver a cara de descontentamento do Lee para poder deixar que ele o ouvisse atentamente, sem nenhum gemido suspeito ou algo do tipo, por mais que gostassem das sensações.

— O rei tem um filho. Ele tem a sua idade. Mas ele fugiu do castelo e agora o pai está fazendo de tudo para recuperá-lo.

— Difícil acreditar que aquela coisa ame alguém. — Minho debocha, ainda sem entender muito onde o Bang queria chegar.

— Ele não ama, mas está desesperado por um herdeiro. Pelo que eu entendi, o irmão dele e ele são rivais e se o filho não assumir, o irmão assume.

— E você por acaso sabe onde está esse filho? — Minho abre um sorriso, começando a compreender o plano de Chan.

— E como sei... — Sorriu vitorioso.

— Vai me falar?

— Eu proponho um acordo.


Notas Finais


Jisung tem que fechar o cu pra falar com o Minho se não quiser perder o pescoço, pqp KKKK e o Chan e o Minho, aiai, esses dois são uma bagunça juntos. Será que o Chan entrega o Jisung? Sim ou claro?
Enfim o tritão tem nome 😥 Changjin na área galera, aproveitem. Próximo capítulo terá a introdução de um novo personagem ao drama e com certeza sei que vão adorar conhecer o papel dos 9 meninos nos sete mares.
Obrigada pelos comentários e favoritos, vocês me incentivam a continuar escrevendo e me deixam ansiosa pra postar logo tudo de uma vez. Tô escrevendo o cap 12 já e até agora tá uma beleza. Queria essa inspiração pra completar os caps de Nudes e GF que eu ainda devo 😔 me perdoem mas bloqueio e indisposição mental pra certas coisas é foda.

Mas enfim, isso tá grande demais então vou ficando por aqui. Beijos e espero ver vocês no próximo cap!


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