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  3. Capítulo Dois

História Love Like You - Capítulo Dois


Escrita por: DeathSmile

Notas do Autor


No cap há uma leve referencia aos fancomics de Juan Carlos Salazar - vulgo; YogurthFrost. Recomendo: http://yogurthfrost.deviantart.com/

As partes em itálico são flashbacks, ok? Ok!

Anyway;
Enjoy

Capítulo 2 - Capítulo Dois


Tinham se passado três meses. Três meses desde que Ametista partira novamente, a deixando só e a obrigando a lutar contra seus medos, seus demônios e inseguranças. Pérola sabia que era para o seu bem, mas isso não tornava a tarefa menos difícil.

E mais uma vez Pérola estava lá, no quarto dela. Deitada no colchão estropiado que continha o cheiro dela. Cheiro esse que Pérola sempre achou que fosse no mínimo pútrido, até deitar ali e perceber que na verdade era cítrico e levemente doce. Ao seu redor havia incontáveis pilhas de lixo dos mais variáveis tipos. Desde embalagens de comida a privadas quebradas. Aprendera a admirar a paisagem abstrata daquele quarto desde que se mudara definitivamente para lá, há mais de sete anos. Quando teve um surto nervoso, se chocando de vez com a realidade absurda de que Ametista não voltaria. Pouco depois disso, Connie anunciou que estava gravida, e todos os Gems muito contentes foram comemorar na pizzaria local de Beach City (que a autora “losticamente” esqueceu o nome ¬¬’). E Pérola não fora exceção. Não ia deixar sua culpa interferir na alegria de Steven ao descobrir que seria pai.

Ficaram boas horas lá. Todos comiam e bebiam, e até Pérola que não suportava a ideia de ter algo sendo digerido dentro de si entrou na roda. Garnet bebia seu quinto caneco de cerveja, e Pérola, ao contrário da outra, com apenas um gole de da bebida já demonstrava sinais de embriaguez. Ambas estavam no balcão, mais afastadas das outras gems que faziam farra na pizzaria. E meio que depois de Jasper agarrou Lapís e “tascou-lhe” um beijo ali mesmo, Garnet desistira de trazer um pouco de sanidade ao evento. Tanto Garnet como Pérola estavam com um sentimento nostálgico borbulhando em seus estômagos (ou seria só o álcool?). Acima de suas cabeças, na parede acima do balcão estava uma pintura de Ametista que Vidália fizera e vendera a pizzaria. Fazia treze anos que não a viam. A culpa era de Pérola, Garnet sabia disso, mas é como o ditado diz: se quer matar, fale; se quer torturar, cale-se.

Na pintura, Ametista dava língua com os olhos serrados enquanto estalava seu chicote entre as mãos. Tanto Garnet quanto Pérola sentiam como se a própria Ametista estivesse ali, sabiam que era mentira, mas a esta altura já estavam bêbadas, então tomaram a sensação como real. Até a chegada de um estranho a festa. Definitivamente não era de Beach City, embora apresentasse sinais de que estava acostumado com o litoral. Era um homem relativamente baixo, com barba por fazer a pelo menos um mês, mochila nas costas, vários bottons de diversos países na jaqueta, em especial um da bandeira do Canadá que era quadrado e amarelado pelo tempo. Era careca e tinha uma bela cicatriz no lugar do olho direito. Ele tinha cara de poucos amigos e se sentou afastado de toda a baderna, em um canto extremo ao balcão de bebidas onde Garnet e Pérola estavam.

A festa continuou interrupta por mais duas horas. Quando todos estavam cheios de comida, e outros de bebida, começaram a ficar sonolentos, apesar de serem gems. Alguns já estavam dormindo em cima das mesas, outros no chão e uns em cima dos outros. Até um tiro cortar o ar e zunir por cima de Garnet até atingir em cheio o rosto de Ametista no quadro acima. Todos acordaram desesperados pelo disparo que havia criado um efeito telefone no ouvido de todos. Bismuth e Jasper foram as primeiras a se prontificarem a agarrar o homem que disparou. Era o mesmo homem que entrara no estabelecimento duas horas atrás. Ele já demonstrava sinais de embriaguez e talvez até outras drogas. Garnet ficou frente ao homem enquanto ele era imobilizado pelas gems.

- Me solta, que eu vou tocar foco nessa desgraça! Só pode ser sacanagem! Mais mil milhas de distância e essa vadia me persegue até aqui!

Steven, que até então estava um pouco mais distante do homem, se virou para ver do que ele estava falando e o que ele atingiu. O quadro foi mirado por diversos olhos, tanto do mestiço, quanto das outras gems. Um peso pairou no ar. Ametista era um tabu, principalmente entre as outras gems.

- MALDITA AMETISTA! – o homem bradou com todo o folego que tinha.

Garnet perdeu a fala e Pérola que até então estava atrás dela, se encolheu ao ouvir o nome da outra ser dito com tanta violência. No entanto, foi Steven que que se aproximou e tomou as rédeas.

- Você conhece a Ametista?

O homem se debatia, mas desistiu e respondeu.

- Se estamos falando da mesma vaca de pele roxa e cabelo branco, sim! Eu conheço aquela vadia!

- Sabe onde ela está?

- Com sorte, queimando no inferno!

Ao receber um olhar inquisidor de Steven, Jasper que imobilizava o lado direito do homem, começou a torcer a mão dele. O mochileiro gritou de dor.

- Tá! Tá! Tá bom! Eu não faço a mínima ideia de onde ela esteja! Nos encontramos raramente nos eventos de motos dos Tubarões no Brasil, ou no bar do Joe no Canadá, durante a temporada de caça!

- Onde ela está agora?

- Mesmo se eu soubesse eu teria ido na direção oposta, aquela vaca arrancou meu olho! Mas eu não deixei barato! Mas não deixei mesmo!

O homem começou a rir histericamente. Jasper voltou a torcer o braço dele.

- Ai, porra! Eu não a vejo a seis anos! Não sei nem se ela está viva depois daquilo!

Steven se afastou e foi até o balcão, onde pediu papel e caneta para Kiki que ligava para a polícia. Steven rabiscou o papel rapidamente e o dobrou. Voltou até o homem, se ajoelhou e balançou o papel na sua frente.

- Você só tem uma maneira de saiu daqui que não acaba com você preso em algum lugar. – O mochileiro voltou a ouvir – Aonde você vai agora?

-  Estou indo pro Brasil, em uma caravana. O festival de motos vai ser daqui a dois meses e eu só tenho esse tempo para chegar lá.

- Ametista vai estar lá?

- Não faço ideia.

Jasper apertou mais.

- Ai! Ai! Eu acho que sim! Ouvi falar que ela vai tentar trocar aquela Harley-Davidson dela por uma nova Fat Boy de edição limitada, é tudo o que eu sei!

Jasper parou de torcer e o homem soltou um gemido de alivio. Steven pôs o homem de pé e o entregou o papel dobrado.

- Entregue isso a Ametista.

O mochileiro olhou para a carta e para Steven, repetiu o processo umas quatro vezes até cair na gargalhada.

- EU?! Entregar isso a Ametista?! – Ele riu mais alto ainda – Meu caro, mesmo que eu jogasse todo o meu escasso juízo no ralo e fosse entregar isso a ela, ela iria me matar antes que eu desse um “ai”! Isso SE ela estiver viva!

Steven suspirou e abriu um sorriso.

- Eu entendo. – Ele se virou novamente para o balcão e gritou – Kiki! Pode voltar a chamar a polícia!

- NÃO! Não! Não! Não! – E tomou a carta da mão de Steven – Tá bem! Eu entrego isso a ela se eu achar.

Ele ajeitou a própria camisa rudemente e pegou sua mochila. O mochileiro antes de ir embora parou em frente a Jasper e estendeu a mão, pedindo a pistola de volta. Jasper tirou a arma do bolso traseiro e a partiu em duas na frente do homem, que saiu do bar resmungando coisas em francês.

Pérola nunca, em seus mais loucos sonhos, tinha imaginado que a tentativa de Steven de contatar Ametista tinha dado certo. E bem na hora.

Foi no dia do parto. Todas as Cristal Gems estavam no pátio do hospital, ansiosos para a chegada da nova gem mestiça. Mas apenas Steven, Pérola e Garnet estavam no mesmo andar em que tudo ocorria. Estavam do lado de fora da sala, no corredor, ouvindo os gritos, audíveis até no andar de baixo, de Connie. Garnet estava em silencio, sentada na cadeira de pernas abertas, cotovelos apoiados nos joelhos, e braços sustentando a cabeça. Steven estava simplesmente andando de um lado para o outro, roendo as unhas e puxando seus longos dreads. Pérola, apesar de ansiosa, sabia que não adiantaria nada ficar nervosa, e se reclinou na janela. A vista do hospital era bem convidativa, em frente a um parque extremamente verde, cheio de árvores, bancos com velhinhos alimentando pássaros, bancas de jornal, e até cães brincando. É, seria um bom mundo para criar a pequena Rose. E um bom tempo também. Sem guerras, sem Diamantes... sem Ametista.

Pérola se entristeceu ao lembrar disso. Estava com uma blusa de Ametista naquele momento, apesar da quartzo nunca ter a usado realmente, tudo o que ficava no seu quarto ficava impregnado com seu cheiro. Pérola levantou a gola da camisa xadrez e a levou até o nariz, sentindo o odor cítrico entrar em suas narinas. Fechou os olhos os sentindo humedecerem e deixou-se vagar nas lembranças que possuía sobre a quartzo. Como era no tempo antes de Steven nascer, até elas criarem uma distância discrepante depois disso. Pérola sempre tão voltada em seu próprio luto por Rose, e com sua maneira exageradamente protetora para com Steven. Acabou deixando Ametista de lado por causa disso, sem perceber que ela também precisava de atenção; de que ela estava tão desamparada quanto a própria. Ametista podia até ter pouco mais de três século de anos na época, mas ainda era uma criança, e Pérola a negligenciara, a deixando por si só.

As coisas mudaram depois que Steven fizera quatorze anos, ele estava mais independente e não necessitava tanto de Pérola como antes. O que a permitiu voltar a dar atenção a Ametista novamente. Não fora fácil. Ametista já havia criado uma crosta em volta de si, tentando replicar a imagem de gem forte de como um quartzo deveria ser. Mas aos poucos, depois da briga que tiveram no Jardim de Infância, Ametista se abrira mais a Pérola. E a mais velha aproveitava de cada brecha da mais nova para poder se reaproximar. Pena que não durou tanto quanto esperava. A guerra explodiu novamente, e Ametista fora obrigada a crescer abruptamente. Gems antigas e corrompidas voltaram com a ajuda de Steven, e agora tinham um exército. Exército esse em que Ametista se sentia completamente deslocada; ao contrário de Pérola, que se sentia “viva” novamente. Mas Ametista confiava em Pérola, confiava o suficiente para procura-la para falar de seus problemas e discutirem o que estava errado. Mas Pérola estava sempre ocupada. Ou conversando com as gems mais velhas, ou montando planos de ataque e defesa, criando táticas de batalhas, e simplesmente ignorava a quartzo caçula quando a mesma puxava levemente a manga de sua blusa e dizia:

“- P, eu queria falar com você....

- Já disse que estou ocupada Ametista! Vai pedir ajuda a Steven ou Peridot, preciso trabalhar agora!”

E passou despercebido por Pérola que aos poucos, todos tinham abandonado Ametista. Steven vivia ocupado no Setor de Cura e Regeneração. Peridot estava constantemente ocupada na parte técnica e administrativa da base, junto a outros Peridotos. Garnet estava mais pragmática do que o normal e evitava sair da sala de comando, tendo a parte administrativa a consumindo constantemente, e um quase imperceptível desconforto para com as outras centenas de gems do exército. Jasper, que tinha se aproximado da pequena quartzo e tomado o papel provisório de mentora, já que afinal, também era um quartzo, estava ocupada demais com seu papel na Sala das Armas, o lugar onde eram confeccionadas e armazenadas as armas secundarias do exército; junto de Lápis, que com sua habilidade de hidrocinese, havia se tornado praticamente indispensável na confecção das armas, quando o assunto era extração de material, já que a maioria dos metais usados eram encontrados de destroços naufragados que anteriormente haviam sido naves gem, e no resfriamento constante dos metais e processo de fundição. Ametista estava sozinha.

Espantou essas memorias e enxugou as lagrimas com a manga da camisa maltrapilha. Voltou a olhar para o horizonte. A boca de Pérola se abriu e fechou como um peixinho dourado quando via algo na paisagem que anteriormente não estava lá. Uma moto robusta e pintada artisticamente com tons purpura estava apoiada na grade do parque. E na lateral estava escrito em uma letra cursiva desleixada:

Amethyst.

E um pouco mais longe da moto, perto da banca de jornais, se via uma grande cabeleira alva. Um capacete personalizado impedia Pérola de ver seu rosto, o capacete era negro e tinha um par de chifres voltados para cima nas laterais, e na frente havia um sorriso macabro pintado. A dona dos cabelos alvos colocou um maço de cigarros que havia acabado de comprar e pôs no bolso enquanto pagava o dono da banca. Após isso ela deu meia volta e se sentou em um banco, onde pérola reconheceu o mochileiro sem olho que estava na pizzaria meses antes, outro rapaz de bigode mustache, cabelos escuros e grandes pincings pelo rosto, e outra garota de cabelos artificiais escarlates com um colete. A de cabelos alvos tirou o capacete, e Pérola não teve dúvidas. Era Ametista.

Ametista fala alguma coisa para o grupo, eles se despedem e o homem de pincings e a ruiva vão embora. O outro mochileiro demora mais ao falar com ela, ambos riem e fazem gestos como se fossem velhos amigos. Por fim, ambos se abraçam e dão fortes tapas nas costas um do outro, para então o mochileiro ir embora. Ametista fica sozinha no banco e acende um cigarro para traga-lo em seguida.

Pérola não soube qual atitude tomar e apenas tapou a boca com a mão em meio ao choque, recuou um passo até colidir com Garnet que pela sua feição, havia presenciado a mesma cena que ela.

- Hey! O que vocês tanto olham ai?

Steven se aproxima abruptamente da janela e arregala os olhos.

- AMETISTA!

O grito foi ouvido desde o pátio, onde as Crystal Gems estavam, ao parque onde a própria Ametista deu um pulo do banco.

Steven se apressou e saiu tropeçando pelo hospital e escorregando pelos corrimões da escadaria.

Garnet deu um sorriso, ao contrário de Pérola que se mantinha estática. Ambas ficaram ali. A verdade era que Garnet queria ter feito a mesma coisa que Steven. Ter corrido até Ametista, lhe dar um abraço apertado, um murro na cabeça talvez, ralhar sobre o tempo que ela esteve fora e sobre o quanto perdeu. Mas sabia que Pérola estava em estado catatônico, e era melhor ficar com ela. Pérolas eram seres emocionalmente complexos, segundo Ruby, e o único motivo de Garnet não ser tão fria quanto Sapphire era por que ela era uma fusão de um gem complexa e rara, com uma simples e comum.

Ruby’s eram curtas e grossas, em muitos sentidos (piada sobre baixinhos detected!), ou amavam ou odiavam, e não faziam a menor questão de esconder. Safiras não. Eram pragmáticas e só faziam o que era designado, e por viverem sempre de olho no futuro, o presente geralmente lhes passava despercebido. Na verdade, grande parte da Safiras sofriam de depressão, pois como sabiam sempre o resultado de tudo, suas vidas não tinha a montanha russa de emoções que uma pessoa normal teria. Sapphire agradece até hoje pelo momento em que aquele misero fio de água, no rio do destino, a qual nem deu relevância, se tornou realidade, a presenteando com Ruby. Já os Quartzos, apesar de serem em teoria, simples, eram seres que sacrificavam suas emoções em prol de seus deveres impostos. Por dentro, a maioria era como Rose, seres curiosos que apesar do grande tamanho e força, eram seres inocentes e puros, semelhantes a crianças. Jasper era o maior exemplo disso; depois que sua pedra se corrompera e ela virara um monstro temporariamente e sem lembranças das Crystals ou de Homeworld, ela se tornara extremamente dócil, ao ponto de Steven ficar com pena de “poofa-la” e embolha-la. O que lhes rendeu um grande choque quando Jasper se curou da corrupção e voltou a ser a troglodita de sempre. Garnet riu consigo mesma daquelas lembranças. Peridotos eram bem diferentes de todas as gemas. Auto-afirmativos convictos e ficavam extremamente desnorteados quando algo lhes fugia ao controle. E isso lhes refletia em todos os aspectos. Também eram seres sem o menor tato emocional, tanto alheio quanto próprio, no entanto eram extremamente sinceros, e mesmo quando sabiam que isso magoaria um próximo, eles não iriam pensar duas vezes antes de abrirem a matraca. O que dava de certa forma má fama aos Peridotos, de que elas não argumentavam; elas faziam um discurso sobre porque estavam certas. Garnet já teve que apartar várias brigas entre Bismuth e Peridot por causa disso. Lapís já eram gemas tão complexas quanto Sapphire, de certa forma. Eram muito intensas. O seu estado emocional, que não era pra lá de estável, tinha grande poder sobre seus poderes de hidrocinese, o que fazia deles bem perigosos, por isso raramente eram usados em batalha. Geralmente a única corte que os usava era a corte da Diamante Azul, que usava mais por motivos de vaidade do que outra coisa. Podiam odiar até a demência, o amar do mesmo modo, e em suma, suas emoções eram como o oceano. Imprevisível.

Mas, saindo do monologo... Pearl se sentou em uma das cadeiras de espera enquanto Garnet voltou a admirar a visão da janela. Onde viu Steven cruzar a rua correndo para então se recebido de braços abertos por Ametista, que o pegou no ar e o girou. Poderia se dizer que era uma imagem cômica. Pois Ametista continuava com seus poucos metros de altura, e Steven já era um adulto. Estava bem parecido tanto com Greg quanto com Rose. Estava com diversos cortes no rosto devido à falta de pratica em se barbear, os cabelos cacheados cresceram e formaram longos dread-locks, não tinha ficado tão alto quanto Rose, mas tinha facilmente passado Greg, e isso tudo aconteceu depois que foi “poofado” pela primeira vez, quando seu corpo ficou pareô com sua idade mas parecia ter parado de envelhecer, como toda gem. E Ametista parecia ter apreciado o resultado ao estampar um sorriso para o irmão de criação. Rapidamente, outras gems foram receber Ametista. Basicamente, Jasper, Peridot e Lapís. Todos se falaram brevemente até outro grito de Connie ecoar pelos domínios do hospital. Steven pegou a mão de Ametista e ambos saíram correndo em direção ao hospital(ou melhor, Steven saiu correndo, Ametista só foi arrastada mesmo!).

Chegaram novamente a sala de espera, onde os gritos voltaram a dominar o ambiente. Garnet foi prontamente cumprimentar Ametista, que foi surpreendida com um abraço. Mas Pérola continuava distante, ela havia posto os pés para cima da cadeira e abraçado os joelhos, enquanto tentava fixar o olhar em qualquer ponto que não fosse a gem roxa. Viu com a visão periférica Ametista se aproximar dela. Ametista coçou a nuca, talvez pensando ao certo no que dizer. E quando finalmente abriu a boca pra falar alguma coisa um grito cortou o ar. E não era de Connie.

O que era um grito, logo se tornou um choro fino e agudo que foi cessando aos poucos. Até que o hospital mergulhou em um silencio mortal. Steven encarava a porto do final do corredor com um olhar vidrado, e as outras presentes também. Esperando o menor sinal. O menor ruído. Como se todos os seus sentidos estivessem em alerta. Até a sogra de Steven(Que a autora também esqueceu o nome, “lostico”!) abriu a porta e retirou a máscara de medico do rosto.

- Bom... A família já pode entrar.

Todos os presentes se prontificaram a dar um passo a frente.

- E com FAMILIA, eu quero dizer o PAI!

Tanto Garnet quando Pérola deram um passo para trás.

- Mas nem ferrando! – Ametista proclamou – Eu não cruzei meio mundo pra ficar do lado errado da porta! É hoje que eu vejo essa criança mas nem que eu tenha que pular a janela! E não duvide que eu pulo mesmo!

- Shhhhh!

- “Shiu” o quê, bruaca!

Ametista se pôs atrás de Steven e saiu, literalmente, empurrando ele até a porta do quarto. E como ele estava com as pernas bambas, foi até meio fácil. E na porta, sendo fuzilada pela “Bruaca” – vulgo, sogra de Steven – Ametista se virou para o corredor e falou:

- Vocês vêm ou querem ser arrastadas também?

Garnet abriu um sorriso e se apressou, junto com Pérola, que saia de seu estado letárgico de choque. E por fim, a família entrou.

Dentro do quarto, Connie ninava um embrulho de panos, cantando uma canção criada por Sapphire a tempos atrás. De dentro do embrulho, saíram duas mãozinhas, que se agitavam no ar. As Crystal Gems arfaram em expectativa e foram se aproximando lentamente. Steven tomou posição ao lado de Connie, enquanto Pérola, Garnet e Ametista ficaram mais afastadas da cama. E até gente que não era pra estar lá estava dando um jeito de espiar, isso ficou meio obvio quando quatro cabeças começaram a aparecer na janela. Jasper escalara a parede até a janela do quarto andar (onde estava o quarto) carregando Lapís e Peridot na cabeça, enquanto Bismuth também escalara, mas do seu jeito, afundando seus dedos na parede do hospital, o que a deu mobilidade o suficiente para escalar até a janela de cima do quarto, onde prendeu os pés e jogou o corpo para baixo, a fazendo ficar pendurada e seu rosto aparecer de cabeça para baixo na janela.

- Pelo amor da Gema! Lápis! Você pode voar! Sai da minha cabeça!

- Mas eu não teria estabilidade! Bismuto, tira a cabeça da frente!

Um par de olhos castanhos observava com encanto tudo a sua volta. Talvez se perguntando se todos os habitantes daquela terra estranha eram todos enormes e multicoloridos.

- Só eu tô achando que ela se parece com um certo alguém? – Ametista perguntou

- Ela se parece com Rose. – Pérola falou o que já era meio obvio para quem estava vendo a criança de perto.

Era uma menina. De pele parda e uma grande quantidade de cabelo, para um recém-nascido, com pequenos cachos se formando em cores rosáceas.

Era meio óbvio que todos os presentes estavam se derretendo pela criança, menos Jasper que não estava conseguindo ver nada.

Até que um apito estridente quebra o clima familiar. Todos rapidamente olharam para a fonte do barulho, no caso, Ametista. Que sentiu as bochechas corarem ao ver que seu celular estava tocando.

- Com licença, eu vou atender lá fora, já volto.

Mas Ametista não voltou. Durante aquele episódio Pérola não sabia como interagir com Ametista depois de tanto tempo. Mas estava disposta a tentar, estava disposta a se tornar amiga da gem caçula de novo, mas ela partiu novamente. Escorregando por entre seus dedos. É claro que no ano seguinte ela compareceu no aniversário de um ano de Rose. E após muitas investidas de Garnet ela contou o porquê teve que partir de novo. Nem Garnet e nem Pérola entenderam direito a explicação dela ter que sair correndo do hospital após a ligação, algo a ver com motoqueiros, roubo, e algodão egípcio.

Pérola se revirou novamente no colchão.

Não tinha como falar em Ametista sem falar de Rose também.

“Ah... Rose...” Pensou a albina.

Pérola ainda não entendia a escolha de Rose. Não que a reprovasse também, afinal, foi essa escolha que presenteou as Crystal Gems com Steven. Não entedia essa escolha por outro motivo que desconhecia. Talvez em parte por ser uma pérola.

Pérolas são seres altruístas acima de tudo. Fazem tudo o que lhe é ordenado, nem que a consequência seja a própria morte da pérola. Eram seres extremamente leais e complexos. Uma vez tendo um dono, morrem junto com ele. Talvez seja isso o que deixara Pérola tão desconsolada e indignada com a escolha de Rose. Era uma vergonha para uma pérola deixar seu “dono” morrer. Era um fracasso. E mesmo Rose não tendo sido dona de Pérola, pérolas eram mais misteriosas do que Homeworld dizia. Haviam relatos, bem poucos, de Pérolas, aparentemente rebeldes, que escolhiam seus próprios donos. Esses casos eram praticamente demonizados pelas outras gems, e canonizados pelas outras pérolas. Pérola se lembrava de um caso que conheceu; uma pérola roxa, da corte da Diamante Amarelo, jurou lealdade à uma Onix negra, que era general da Blue Diamond. Esse caso era um dois mais falados pelas pérolas. Algo comparável ao fenômeno que Romeu e Julieta é para os humanos.

Onix, para não se afastar de sua Pérola, pediu baixa da Corte da Blue Diamond, que não ficou nem um pouco satisfeita e pôs a cabeça das duas à prêmio. E pôr seus dotes militares e estratégicos notáveis, não foi muito difícil para Onix conseguir uma anistia em uma outra corte Diamond, que à tempos desejavam aquela peça em seus respectivos tabuleiros. Mas no final, Onix aceitou apenas o convite de White Diamond para entrar em seu exército, com a condição de que continuasse com Pérola. As duas viveram bons anos em paz. Mas aqueles eram tempos de guerras entre as Diamonds. E as outras Diamonds, com raiva por serem rejeitadas por uma mera Onix, mesmo que a das mais notáveis, tramaram planos contra ela e sua Pérola rebelde. A Pérola Roxa foi mandada em uma viajem diplomática para apaziguar os atritos das corte Pink e White. No entanto, quando voltou de sua viajem e foi aos aposentos da “dona” e amante, a encontrou quebrada em sua cadeira de general. Tinha sido covardemente assassinada. E no final da história, na aurora seguinte ao acontecimento, White Diamond foi procurar sua general que não dava notícias, e nos aposentos, encontrou apenas a capa da general, símbolo de sua autoridade, e dentro da capa estavam embrulhadas duas gemas. Uma Onix negra partida em dois, e uma Pérola arroxeada que perdera seu brilho.

Esse era o sonho de toda a Pérola. Encontrar alguém a quem quisessem servir, e não fossem impostas. Mas independentemente do modo com que isso ocorria, o final de toda pérola era o mesmo. Ela deveria morrer junto com sua dona. Independentemente da forma com que isso lhe fora imposto, se servia por amor, ou se servia por obrigação. E isso Pérola não entendia.

Se jurou lealdade a Rose, por que não morreu junto com ela?

Nem ela sabia a resposta. Meio que nenhuma pérola voltou da morte e disse: “Migs, vai acontecer assim, você vai relaxar e vai tudo apagar. Entendeu? Vlw flws. ” Não. Definitivamente não era assim que funcionava. Pérola sempre achou que quando chegasse a hora simplesmente ia acontecer. Mas não.

A única explicação que pérola conseguira criar depois de anos matutando, foi que a sua última “ordem” dada por Rose, foi a de cuidar de Steven. Significava que seu trabalho como serviçal da quartzo ainda não havia terminado. Mas era diferente. Não tinha a lealdade à Steven como uma pérola teria a sua dona. Claro que amava o garoto com todas as forças. Mas um amor maternal, não aquele que nutria por Rose. Era como se o “contrato” que tinha com Rose tivesse passado da validade, mas não havia sido cancelado. Estava estagnada. Não “pertencia” mais à Rose, mas também não conseguir seguir mais ninguém. A realidade era que nunca acreditou muito naquela história que Rose lhe contara, que Pérola não pertencia à ninguém. Todos pertencem à alguém. Podem até passar por períodos solitários, mas no final ninguém morro sozinho. Jasper, pertencia à Lápis. Ruby, pertencia à Sapphire. Steven, pertencia à Connie. E assim por diante.

“Jasper...” – Pensou Pérola.

E como se o universo conspirasse, a quartzo tigrada apareceu enfiando sua cabeça na fresta da porta de Pérola.

- Hey, “Prissy Pants”! Garnet tá chamando todo mundo, ela que ter uma conversa sobre os últimos relatórios! Ela quer todo mundo no auditório em quinze minutos!

Quando a bruta ia sair do quarto de Pérola, na verdade de Ametista, a mesma deu um salto súbito do colchão.

- Espera! – Ela saltou da pilha de lixo – Você chegou na hora certa!

Jasper parou na porta do quarto e fez uma cara de quem não estava entendendo bulhufas. Pérola não se importou, não esperava que Jasper entendesse nada em um dialeto que não envolvesse aglutinação de palavras.

- Quero lhe fazer uma pergunta... – Pérola respirou fundo – Como os quartzos pensam?

Ao ouvir a pergunta, Jasper arregalou os olhos e deu um passo pra trás, pra depois se sentar com as pernas cruzadas, o que fez o quarto tremer, e coçar a nuca.

- Bem... Por quê raios você quer saber isso?

Pérola suspirou, cansada, e sentou em um banquinho quebrado que tinha na base de uma pilha de lixo. Jasper pareceu não se interessar muito pela resposta, já que afinal ela já suspeitava do motivo. Ametista era um quartzo. Jasper girou os olhos pelo quarto e começou a esfregar e olhar para os próprios dedos.

- Bom, “Priss/ quer dizer, Pérola, bem... Hum... O que você espera que eu diga?

Pérola suspirou novamente e bateu na própria gema com a mão.

“Como sou estupida!” pensou.

- É obvio que você não vai falar – Desabafou em voz alta – Por quê, raios, vocês nunca falam o que pensam?! Nunca falam o que estão sentindo?! Nunca falam merda nenhuma?!

Após o desabafo da albina, Jasper entortou levemente o rosto, em resposta à surpresa de ver a sempre tão racional Pérola xingar um palavrão. Mas ficou séria novamente e inspirou fundo para responder.

- É óbvio que nunca falamos o que sentimos. – Confessou.

Pérola se surpreendeu da outra ter respondido com sinceridade, aproximou o banquinho da mais alta e perguntou:

- Por que?

- Somos quartzos, Pérola. Vivemos para a guerra. Em um campo inimigo tudo corre à favor da sua morte, e por isso os quartzos tem praticamente um mantra entre si: Nunca fale onde dói, pois é lá que vão machucar.

- Mas... – Pérola coçou os cabelos, intrigada com a resposta – Não somos inimigas. Vocês não estão em um campo inimigo pra ter esse tipo de reflexo.

- Para um quartzo, todo o lugar é um campo de batalha. E até mesmo quando você integra um exército, sabe que está sozinho. Você sabe que nenhum outro soldado no campo de batalha vai voltar por você se estiver em dificuldades. A própria vida é uma batalha sem fim, Pérola. Os quartzos apenas enxergam isso ao pé da letra.

Pérola ficou pensativa após a resposta. Ela abaixou os olhos e encarou o nada, absorvendo a resposta da outra. Jasper se levantou após ver que a outra não reagia, estava nitidamente incomodada com o rumo da conversa, então se retiraria dali. Deu maia volta, mas estagnou ao encontrar Lápis a encarando na porta. Pérola também percebeu a presença da azulada, que não fez cerimônia em pegar a orelha de Jasper e a arrastar para o mesmo lugar em que estava sentada anteriormente.

- Ai. Ai. Ai. Tá doendo. Tá doendo. Tá doendo. – Resmungou Jasper.

Lápis a fez se sentar novamente no mesmo lugar torcendo a orelha da mais alta, para após se sentar no colo da mesma e encarar Pérola, que a essa altura tinha se encolhida achando que a azulada estava tendo um ataque de ciúmes (que eram muito agressivos e violentos, e ocorriam com frequência na Base, fazendo muitas vítimas saírem feridas e afogadas.).

- Quer saber sobre quartzos, correto? – Perguntou Lápis autoritariamente.

Pérola acenou nervosamente com a cabeça.

- Se quer realmente saber, então nunca pergunte à uma. – Pérola entortou a cabeça em um sinal claro de que não entendeu. – Você não entendeu nada, não é?

Pérola negou com a cabeça.

- Quartzos não falam com quartzos sobre coisas de quartzos. Elas têm uma linguagem própria, já que elas geralmente dividem um ambiente hostil onde falar é perda de tempo e de energia, elas simplesmente já sabem o que se passa umas com as outras só de se olharem.

- Não é bem assim – Jasper tentou argumentar.

Lápis, que estava sentada no meio das pernas de Jasper, que estava em posição de índio, levantou a mão para alcançar o queixo da outra, e começou a coçar ali, sem quebrar o contado visual com Pérola, que assistia a tudo chocada. Jasper revirou os olhos para cima e começou a ter leves espasmos. Parecia aqueles cachorros que batiam a perna ao receber carinho na barriga.

- Vê? Quartzos são seres simples e de fácil entendimento, contanto que você seja recíproca a elas.

- Perdão, mas ainda não entendi.

- Eu explico. – Ela não parava de coçar o queixo da outra – Eu simplesmente não sei como vocês, Pérolas, são as que tem mais implicância com os quartzos, já que em suma vocês são iguais. – Pérola ficou mais confusa ainda. – É simples; porém, devido à sinônimos mal interpretados vocês são colocados em posições opostas. Os sinônimos de servir e proteger.

“Pérolas tem a função de servir. Simples, até aí. Mas a questão é, todos os integrantes da corte têm essa mesma função, servir à sua diamante. No entanto, as Pérolas são tidas como as mais passivas e inúteis em batalha. Por isso são tratadas como bonequinhas de luxo, apenas. Mas quartzos são diferentes. Elas têm uma lealdade tão grande quanto à das Pérolas. Mas elas nunca abrem mão de sua individualidade. Pérolas são designadas aos seus donos e são rapidamente ‘domadas’ por eles. Já quartzos não. Uma quartzo pode ter uma diamante, mas uma diamante nunca terá um quartzo. Olhe em volta e verá. Rose não só traiu sua diamante, como a quebrou. Quartzos tem vontade própria, e o fato delas serem parte de um exército, na opinião delas próprias, não é amor à corte, pátria ou semelhante. Não. É simplesmente um facilitador. Carneiros afastados do rebanho são abatidos mais cedo, simples assim. A lealdade de Jasper à Pink Diamond, foi devido ao fato das duas terem se encontrado cara à cara. Quartzos nunca respeitam alguém que não tem coragem de olha-las nos olhos. E na época, Jasper, que tinha praticamente acabado de ‘brotar’, compactuou com seus princípios, mas eu acho que isso foi apenas pelo fato da mesma ser ingênua da época. ”

Lápis olhou para cima e admirou o rosto babão da outra com ternura.

- Quartzos escolhem por quem querem dar à vida. Tanto é, que em Homeworld tem o ditado: “Podem haver mil exércitos à sua frente, tenha um quartzo leal ao seu lado e nada irá lhe acontecer. ”.

- Aonde está querendo chegar? – Perguntou Pérola.

Lápis riu cinicamente e parou de coçar o queixo da mais alta, que parecia desnorteada e deixou o rosto cair no ombro da azulada. Após a nova posição, Lápis começou a fazer um cafuné nos cabelos da outra.

- Você e Ametista são extremamente iguais, só que em sentidos opostos. Tá eu sei que não faz o menor sentido! Acontece que, Ametista daria a vida por você.

O modo convicto com que Lápis falou aquilo deixou Pérola no mínimo incomodada.

- Mas você não faria o mesmo por ela. – Pérola se levantou para protestar de imediato, mas Lápis não queria ser interrompida e continuou com o discurso – É compreensível. Você era uma pérola de “livre servidão” como costumam falar. E perdeu sua “dona” não faz muito tempo. É normal que demore a aceitar a possibilidade de ser leal a alguém novamente. Mas o tempo é curto. Faça a seguinte analogia. Quartzos são como gatos. Se chegar rápido demais eles correm, se chegar lento demais eles atacam. Mas se respeitar o tempo deles, eles rolam e abrem as pernas.

- Hey! – Protestou Jasper.

- Mas se ele se aproximar de você, e você simplesmente nega-lo e seguir andando. Você verá que o gato pode até seguir você por algum tempo, Pérola, mas chega uma hora que ele para, ele te encara e percebe que você é como todos os outros. Uma possibilidade de amor recíproco, que como todos os outros, não passou disso. Uma possibilidade. E volta para a caçamba de lixo de onde saiu.

Pérola encarou as próprias mãos de maneira nervosa e sentiu os olhos umedecerem.

- Voltando rapidamente aos sinônimos. Pérolas tem como função primaria, servir. E geralmente é a única função delas, pelo menos em Homeworld. E a função primaria dos quartzos é sobreviver. Que as diamantes vivem mentindo, dizendo apenas que a função primaria dela é lutar. Não. Lutar e sobreviver não são a mesma coisa. – Lápis parou de fazer cafuné em Jasper, que soltou um gemido de protesto – No entanto. Quartzos tem algo que é raro entre as gemas. Uma função secundaria, que se desbloqueada altera a função primaria (meu Deus! Preciso parar de jogar tanto!). Uma função que elas consideram muito mais importante do que a primeira. E essa função não é nada mais e nada menos do que a de proteger. E servir e proteger são funções complementares, e idênticas, de certa forma. Se você, - Lápis olhou diretamente para Pérola – mudou a vida de um quartzo, ao ponto dela se oferecer para lhe proteger... A função primaria delas se altera drasticamente. De sobreviver, para viver. E Pérola, você não faz ideia de quantos quartzos brotam e quebram, apenas sobrevivendo.

Pérola estava nervosa. Se tudo o que Lápis estava dizendo era verdade, Ametista praticamente se ajoelhara perante ela todos os dias e ela não tinha dado a mínima. Mas tinha volta. Tinha como resolver. Ametista ainda estava a esperando.

- Pérola? – Chamou Lápis, que lhe sorriu bondosa – Sei que de início parece confuso. Ver algo, deste tamanho – apontou para Jasper – dizendo que quer lhe proteger, mas é verdade. E com o tempo, você vai começar a ter um tradutor interno que fala a língua dos quartzos. Quando eles dizem que querem estar com você, ao seu lado, lhe proteger, ou sabe se lá o verbo que Ametista lhe falou...! Eles querem dizer: “Eu amo você, e me preocupo com você. Eu vi o mundo e sei que ele não é bonito, mas estou disposta a agarrar a benção que é a ignorância, e passar o resto dos meus dias com você. Nem que eu tenha que levar mil facadas para proteger um sorriso seu.”

“Pérolas, são muito altruístas, e isso irrita as quartzos. Elas não suportam ver alguém se arriscando por elas, do mesmo modo que uma pérola não suporta ver seu dono perecendo. Quartzos são egoístas. E esse talvez seja o maior defeito delas. Elas podem cometer massacres sem precedentes por motivos chulos. Se alguém oferecesse o seguinte: Mate mil inocentes, ou mato a sua protegida. O quartzo não pensará duas vezes antes de matar os mil. Mesmo que isso faça a protegida delas a odiar pela eternidade depois, a quartzo não se importará. Pois o desejo egoísta de telas junto de si fala mais alto. Elas preferem ver você viva e as odiando, do morta e as amando. É assim que funciona na balança moral delas.”

Pérola coça a cabeça, estava claramente desnorteada com tantas informações assim.

- Uau. E eu que achei que os quartzos fossem simples. – Satirizou a albina.

Lápis riu do comentaria e voltou a acariciar a juba de Jasper. Pérola observou aquilo. Era como ter uma bomba nas mãos e você fosse o botão vermelho.

- Dá medo no início. – Lápis confessou – Mas depois... Você percebe que não é uma muralha. Que sua vida não é só proteger os outros. Você percebe que não é uma arma de guerra, é que merece ser protegida também. E você, Pérola, em breve vai saber, o quanto é bom ser protegida. E Ametista também saberá.

Lápis terminou. Ela não se voltou novamente a Pérola , sabia que a mesma precisava de tempo para pensar e processar tudo aquilo. A própria Lápis demorou meses para aprender a lidar com Jasper, mas Pérola ainda tinha tempo de sobra.

- Não tínhamos uma reunião agora? – Perguntou à Jasper.

A guerreira laranja arregalou os olhos, prevendo a bronca que iria tomar de Garnet, pegou Lápis no colo em estilo noiva, que deu um grito de surpresa, e saiu correndo do quarto, deixando Pérola sozinha com seus pensamentos novamente.

Mas Pérola não precisava mais pensar. Na verdade, sua mente nunca esteve tão clara em toda a sua vida. Amava Ametista, e Ametista a amava. E nada além disso importava

+++§§§+++

Em algum lugar da Inglaterra.

Ametista caiu no chão em um baque surdo. Seus ouvidos emitiam apenas um zumbido que contrastava com a ação das várias lutas que ocorriam a sua volta. Ametista parecia ver tudo em preto e branco. Em câmera lenta. Tudo parecia doer. Viu o vermelho e azul da sirene da polícia. Apenas via, pois seus ouvidos não captavam nada. Ela tinha caído atrás de um carro então os policiais demorariam mais a acha-la. Viu Lebron e Anitta serem algemados e outras duas viaturas encurralarem o beco. Tentou se levantar, mas havia algo errado. Ametista tossiu sangue negro. Ela estranhou, gems não deveriam sangrar... deveriam? Ela forçou o dorso a se sentar novamente, mas foi imobilizada por uma dor avassaladora que se apoderou de seu corpo. Ao perceber que tinha algo errado, ela abriu o sobre tudo negro que vestia e olhou para seu corpo. A blusa branca estava machada de lama, assim como a calça jeans surrada. Até que uma mancha negra surgiu em seu peito. Ela rasgou a blusa, procurando rapidamente o problema, e avistou...

Sua pedra estava rachada ao meio, quase que combinando com a cicatriz em sua pele. E da fissura na pedra saia um liquido negro.

Ametista se forçou a levantar, mesmo com toda a dor que sentia. Ela levantou os braços e logo os policiais vieram detê-la. O supercilio dela se partiu ao ter sua cabeça jogada contra o capô do carro enquanto a algemavam. Pela primeira vez em seus séculos de vida, Ametista estava com medo. Nunca tivera medo de apanhar ou de cair, e continuava sem tê-lo. Mas dessa vez... Não tinha medo de cair. Tinha medo de não levantar mais.

Estava com medo. Se não se levantasse...

Quem iria proteger Pérola?

 

 

 

 

 

CONTINUA...


Notas Finais


Comentários me impedem de matar personagens...


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