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História Love me like you do -Romione - Verdades que libertam


Escrita por: Dralrs

Notas do Autor


Bom dia gente!
Capítulo forte, de grandes revelações.
Atenção:
1-Possíveis gatilhos nesse capítulo!
2- Isso é uma obra de ficção. Não estou retratando a vida de ninguém em especial, embora o que eu vou abordar aconteça bastante ainda, sem que ninguém se dê conta.
Se você está preparado, vem comigo e boa leitura. Nos vemos nas notas finais!

Capítulo 5 - Verdades que libertam


Fanfic / Fanfiction Love me like you do -Romione - Verdades que libertam

Cap 5 LMLYD- Verdades que libertam

Ronald, Gina e Harry desceram as escadas com um peso anormal nas cabeças. Deixaram para descer propositalmente mais tarde, quando todos os outros irmãos já estivessem tomando café.

– Bom dia!- Ron cumprimentou a todos, notando a falta dos gêmeos.– cadê os dois destrambelhados?

– Foram levar as namoradas em casa. Pelo jeito dormiram aqui – Molly resmungou, com ciúmes, fazendo um bolo crescer na garganta de Gina, que teve que se segurar para não correr e vomitar apenas o líquido que tinha no estômago.

Ron e Harry se entreolharam preocupados.

– Bom, espero que não demorem. Preciso de todos meus irmãos aqui, para uma conversa importante.

Fred e Jorge apresentaram as namoradas na festa, no dia anterior. E para espanto de Ron, as meninas eram as gêmeas Patil. O ruivo sabia que sua secretária tinha uma irmã gêmea, mas jamais poderia supor que seria Fred o responsável por Parvati não olhar mais para ele no trabalho.

– Que assunto tão importante o Roniquinho pode ter hein?– Gui brincou e levou um tapa da mãe e da esposa.

– O assunto é sério. E em breve vai saber o que é. – Ron respondeu secamente.

Agora até Molly e Arthur o olhavam espantados, mas não disseram mais nada, todos continuando o café em silêncio. Não muito depois a zoeira característica indicava que Fred e Jorge tinham voltado.

– Olá.

– Todos aqui ainda.

– Parece até que estavam nos esperando, né Fred.

– É o que parece Jorge.

Ron suspirou impaciente. Por baixo da mesa, Harry apertou a mão de Gina, a tranquilizando.

– E estávamos mesmo. – Harry se levantou, e mandou os dois se sentarem.

Gina trocou um breve olhar com Rony, baixando os olhos pro prato em seguida, a boca contraída de nervoso.

– Achei que era o Ron que tinha algo pra falar.

– Ele também vai, Carlinhos, mas eu começo.

Ele deu de ombros e Harry então começou.

– Molly, Arthur, embora eu os chame de mãe e pai, sabemos quem eu sou de verdade. E queria que soubessem que embora eu não tenha trocado o meu sobrenome, vocês dois, e meus irmãos de criação, foram as pessoas mais importantes da minha vida nos últimos 13 anos. Vocês me salvaram de uma vida restrita a um orfanato, me educaram, me deram liberdade ao mesmo tempo que me deram amor. Terminaram o trabalho que meus pais tinham começado, me dando a chance de ser quem eu quisesse, e hoje sou um homem quase por inteiro realizado.

Molly e Arthur já olhavam emocionados para Harry.

– Vocês serão pra sempre meus pais, mesmo que a partir de hoje vocês não me considerem mais como filhos de vocês.

Todos olharam confusos para ele, exceto Gina e Ron.

Harry suspirou.

– Quando eu cheguei aqui criei uma amizade especial por Ron, meu parceiro – Ron bateu no peito e Harry retribuiu o gesto– e conforme o tempo foi passando criei uma amizade especial por Gina. Tentei negar de todas as formas, afinal era criada como minha irmã caçula...

Molly e Arthur olharam horrorizados, e no momento que Gina se levantou e abraçou Harry, o casal compreendeu o que Harry falaria a seguir.

– Você quer me dizer que vocês...

– Sim, papai, é o que está pensando. Eu e Harry nos apaixonamos, e estamos juntos.

–Quê?!– todos os irmãos de Gina murmuraram ao mesmo tempo, enquanto Ron continuava sereno.

Molly, entre lágrimas, observou:

– Ronald, há quanto tempo sabia?

– Há pelo menos dois anos. Mas não se culpem, eles são discretos. Eu sei porque sou treinado para observar o comportamento humano.

– Eu não entendo, como isso pôde acontecer! Irmãos não se amam dessa maneira, só podem estar confundindo as coisas.

– Mãe – dessa vez Ron se levantou para falar– Não mandamos nos sentimentos. E nós não estamos falando de incesto aqui. Harry e Gina não têm biologicamente nenhum parentesco... Moralmente não há problema algum em se apaixonarem, a rigor.

– Filho, ainda que você esteja certo. Acha que é fácil para nós nos acostumarmos com a ideia de que Gina namora alguém que até ontem achamos que era apenas um irmão para ela?

– Bem, não vai ter outro jeito a não ser aceitar, papai. – Gina falou finalmente, enxugando os olhos.

– Ginevra Weasley, como pode falar assim com seu pai?- Molly a repreendeu.

– Mamãe, desculpe, mas a Sra sabe que ela está certa. É maior de idade e tem liberdade de escolher o namorado.

Arthur suspirou, vencido, tentando se conter.

– Está bem, namorem então. Já que não tem outro jeito...

Os irmãos de Gina começaram um falatório com os pais, enquanto Gina chorava apoiada nos ombros de Harry.

– Calem a boca!!– Ron gritou e o silêncio se fez.– A conversa não termina aqui, papai. Há uma outra questão a ser conversada.

Todos os irmãos e cunhadas o olharam espantados, e o senhor e a senhora Weasley preparavam um chá.

Quando se sentaram novamente, Ron olhou para Gina:

– Gi, essa notícia você tem que dar.

Enxugando uma lágrima, Gina segurou firme nas mãos de Harry.

– Estamos esperando um bebê.

A confusão que se seguiu foi inevitável.

Molly desmaiou, Arthur mandou longe a xícara que segurava, e Gui, Carlinhos e Percy foram segurados pelas esposas para não irem atrás de Harry. Ron correu para ajudar o amigo, mas Fred e Jorge que não tinham esposas para segurá-los chegaram primeiro, e Harry recebeu um soco no estômago e outro no queixo caindo desacordado.

– Não!– Gina gritou desesperada.

— Acalma Gina, ele só desmaiou, vai ficar bem. – Ron falou, sentou a irmã no sofá, e deu um olhar mortal para os gêmeos, que bufavam furiosos e eram parabenizados pelos outros irmãos de Gina.

Enquanto isso, Arthur abanava a Sra Weasley, que começava a acordar. A matriarca então se lembrou do que tinha acontecido.

– Ah céus, Gina minha filha! – Molly correu até a caçula para olhar nos olhos dela.– É isso mesmo que ouvi antes de apagar?

A ruiva confirmou, as lágrimas escorrendo, e mesmo furiosa com a filha Molly não pode deixar de abraçá-la.

Nesse momento, Harry começou a acordar, e um pouco menos nervoso o Sr Weasley foi até ele.

– O que você pretende fazer agora?– disse num tom nada amigável.

– O que já pretendia fazer antes do fim do ano. Quero me casar com sua filha, p..Arthur. E eu sei que vocês me odeiam agora, então eu procurei um apartamento para morar provisoriamente, até...– Harry enxugou as lágrimas que desciam livremente– até poder levar Gina pra morar comigo.

– Não te odiamos.– para a surpresa de Harry, foi Molly quem falou, indo até ele. – Estamos em choque pela situação, decepcionados que já tenham dormido juntos antes do casamento, mas odiar jamais vamos odiar nenhum dos dois.

Arthur concordou, abraçando a esposa de lado, e respirando fundo, buscando se acalmar.

– Estamos magoados por termos sido enganados tanto tempo. Mas todo pai quer o bem dos filhos, você vai entender em alguns meses. E se você está disposto a cuidar da minha jóia preciosa, cuidar do bebê que ela espera, não vou te odiar. Mas exijo que se casem o quanto antes.

Harry deu um sorriso pra Gina, que retribuiu.

– É o que eu mais quero.

– Ótimo. Vamos ao meu escritório. Tem algumas coisas que precisamos conversar.

Ele engoliu em seco e assentiu, e Ron ficou trocando olhares com a Gina.

– E quanto a vocês dois– Molly disse pegando Fred e Jorge pela orelha enquanto estavam resmungando– querem me dizer que história foi essa de socar o irmão de vocês?

– Ele se aproveitou da nossa irmã!– Fred bufou e Molly apertou ainda mais a orelha dele.

– Ele não se aproveitou coisa nenhuma. Até onde sei sua irmã tem idade o bastante pra saber o que quer e um só não faz filho.

– Ela mal saiu das fraldas mãe!– Jorge completou.

– Eu não sou um bebê mais! Eu vou ter um bebê, é diferente! Aceitem isso ou eu vou agora mesmo embora junto com Harry.– Gina gritou.

Molly soltou a orelha deles e se virou irritada pra Gina.

– Você aquieta aí. Não vai sair pra lugar nenhum.– e voltou o olhar pros gêmeos, que massageavam as orelhas.– E quanto a vocês dois, cresçam, violência não resolve o problema. O que tinha de acontecer já aconteceu.

E dirigindo aos outros filhos e noras, a matriarca concluiu:

–O assunto está encerrado, e quem toma as providências agora sou eu e seu pai. Não quero ouvir um A sobre esse assunto!

E assim dizendo saiu da copa arrastando Gina escada acima para conversarem.

– E eu é que não fico aqui nesse clima pesado.– Ron resmungou e saiu para correr.

Enquanto corria, o ruivo deixou sua mente vagar livremente, e como um capricho do destino a voz de Hermione voltou à sua mente para perturbá-lo. “ Fui estragada para o amor”...

As palavras não saiam de sua cabeça. Os dois disseram a mesma frase com dias de diferença. O fracasso da vida amorosa de ambos, embora decorrentes de motivos diferentes, terminou da mesma maneira: com o doloroso flagra.

Ver a pessoa que ama nos braços dos outros era uma experiência extremamente dolorosa. Tão dolorosa que fez Ronald se afastar nesse último ano. Parou de sair com os gêmeos, recusou convites para noitadas com os colegas de faculdade, e sequer saiu para procurar mulheres. Estava a um ano sem sequer pensar em um novo amor. Sentia falta da adrenalina jorrando quando tocava a pessoa, do prazer do beijo e do cheiro da namorada... Mas tudo havia sido uma ilusão. Lilá havia o destruído para o amor. Definitivamente, ele pensava, amar não era pra ele.

E então, de novo pensou em Hermione. O que ele não estava vendo? O que havia no passado dela, na infância mais especificamente, para ela não tolerar ser abraçada até os 10 anos de idade, ter medo do escuro e, principalmente, ter medo do sexo? E por que se sentia sufocada perto dos pais? Porque não moram mais aqui em Ottawa se ela nasceu aqui? E principalmente, por que a voz dela mexia tanto com ele?

Por mais que tentasse explicar o que sentia com a contratransferência, algo não se encaixava. Já havia atendido inúmeros paciente, e nenhum deles provocava esse efeito. Ele se sentia ligado à Hermione, de um jeito que ia além do problema dela.

'Droga, não posso me envolver demais com pacientes! Concentre-se, Ronald!’– ele repreendeu a si mesmo e dando meia volta voltou pra casa, onde esperava que o clima estivesse um pouco menos pior. Ronald tomou seu banho e se deitou para esperar o almoço, sem perceber que desejava que a quarta-feira chegasse logo.

...

Hermione estava se sentindo no fundo do poço. Teria um trabalho pra apresentar em duas semanas, e não se sentia competente o suficiente nem para amarrar o cadarço do tênis, quanto mais para concluir uma importante tarefa da faculdade. Todas as provocações que vinha sofrendo mexiam demais com ela. De bilhetinhos a assovios nos corredores, a vida de Hermione tinha se tornando infernal. Se afastou de todos, e até Luna estava mais distante, talvez com medo de ouvir má resposta, fazendo que se sentisse culpada.

Assim, entre tantas preocupações, foi um alívio a chegada da quarta feira. Encontraria o ruivo mais uma vez. Por mais nervosa que estivesse na frente dele, Hermione se sentia bem ao sair das sessões, leve por ter conseguido contar do seu medo pra ele, ainda que não tivesse ainda contado o pior.

– Entre senhorita Granger. Essa é nossa última sessão às cegas, e eu ainda preciso de informações para entender sua situação. Então vá em frente e comece a falar– Ron disse divertido enquanto ouvia Hermione entrando e se recostando no divã.

– Bem. Eu estou desesperada nessa última semana. Literalmente pra baixo. Eu nunca tive autoestima boa por causa da época do orfanato...

Ron apertou as palmas umas contra as outras, esmagando a própria mão para evitar cair na tentação de gritar. Isso certamente explicava a relação forte com os pais, que ele havia reparado na primeira consulta.

–... Então quando eu fui exposta pra faculdade inteira, a minha característica autoconfiança, que me fazia ser respeitada entre os colegas, desapareceu. Eu tô um caco, me sentindo incompetente para tudo, até pra amarrar um tênis. E pior, tenho um caso importante pra apresentar no tribunal em 2 semanas.

Ron suspirou, lamentando que Hermione estivesse passando por aquilo.

– Embora eu saiba de trás pra frente o que devo fazer, não me sinto competente o suficiente. Se eu não sou competente nem para manter um relacionamento, como vou conseguir fazer isso sozinha? Eu fico tentando me convencer de que eu sou boa no que faço, e acabei criando esse personagem forte que era a Hermione Granger antes de terem dito aquilo sobre mim. Mas na verdade, eu nunca tive força suficiente.

Mione enxugou as lágrimas e fez o que nunca tinha feito. Contou a alguém seu passado verdadeiro.

– Eu te disse uns dias atrás que eu sou nascida aqui em Ottawa. Bem, na verdade isso é apenas uma suposição. Eu fui deixada na porta do orfanato quando nasci. Não havia qualquer carta explicando minha origem. Apenas fui parida e jogada lá. A única coisa que a mulher fez foi me dar um nome. Cheguei lá com um papelzinho escrito Hermione. Então esse é o nome que me deram. Mas eu não tinha sobrenome. Nenhuma criança do orfanato tinha na verdade. Exceto meu amigo, mas o caso dele era diferente. Então, como não tínhamos documentos, não podíamos ir pra escola. Aprendíamos ali no orfanato mesmo.

Mione tomou uma pausa pra respirar fundo enquanto Ronald escutava e refletia. Estava começando a suspeitar de qual seria o motivo do trauma de Hermione, mas intimamente desejava que estivesse errado.

– Foi realmente um milagre eu aprender tudo com facilidade, porque eu era muito arisca e tímida. E bem, meninas são mais fáceis de serem adotadas, então eu passei por alguns lares provisórios. Mas os casais sempre desistiam de mim no final, e eu voltava cada vez mais humilhada para o orfanato. O problema foi quando os desgraçados dos Mason entraram na minha vida para destruí-la. Fui morar com eles e bem, a Sra Mason trabalhava muito e...

Mione começou nesse momento uma crise de choro, fazendo que Ronald indicasse, mesmo de costas, uma caixinha de lenço em cima de sua mesa.

– Obrigada– disse ao pegar os lenços.

Ele apenas fez sinal de ok com as mãos, mas continuou absolutamente calado. Estava arrepiado e cada vez mais temeroso com o que ouviria a seguir.

– Eu passava o dia com o Sr Mason. A minha paz só durou uma semana. Um certo dia ele me pediu que descesse com ele ao porão, para pegar uns brinquedos... E me amarrou e amordaçou para eu não fazer barulho e ficava mandando eu sentar de vários jeitos diferentes enquanto ele tirava fotos minhas. Ele dizia que só estava brincando de fotógrafo, mas eu gritava dizendo que nunca vi ninguém brincar amarrada, mas a mordaça não deixava.

Ron sentiu nesse momento uma dor tão grande que quis gritar.

–Eu chorava e ele me pegava pelo pescoço e ficava passando a barba nojenta dele em mim, mandando eu calar a boca, ou ia começar a dormir ali também. Ele me levava pro porão e, depois de me fotografar, me fazia dar banho nele. E quando eu chorava, ele me dava tapas em todos os lugares que você possa imaginar. Dizia que o mínimo que eu podia fazer era ser grata por ter um teto e comida, e retribuir isso.

Ron tinha os punhos dentro da boca pra não demonstrar que chorava, as lágrimas caindo no colo do ruivo. Hermione já nem tentava mais enxugar as lágrimas, soluçando.

–E depois que eu dava banho nele, ele me largava lá no porão e geralmente ia encontrar alguma puta. Mas sempre voltava antes da Sra Mason. E na volta, ele me levava pra cima pra me dar banho. E eu ficava vendo ele “subir” todas as vezes que me colocava na banheira ou que ele me fazia dar banho nele e...– Mione parou pra respirar– um dia ele não quis saber de banho. Disse que eu já estava grandinha o suficiente para entender certas coisas. Me disse que me amava muito e, que quando duas pessoas se amavam deviam ficar juntas. E que ele me amava tanto quanto amava a senhorita Mason.

Ron mordeu as mãos, chegando quase a cortá-las, e sua respiração estava descompassada, enquanto as lágrimas desciam livremente.

Hermione respirou fundo. Por mais doloroso que fosse era melhor continuar de uma vez por todas.

– Foi um milagre que me impediu de perder a virgindade aquela noite... A Sra Mason esqueceu algo em casa e chegou bem quando ele falava isso, sobre me amar. Aquele verme me desamarrou rápido e colocou meu short, que ele já tinha tirado, e subiu comigo pra cozinha assim que ouviu o barulho do carro dela estacionando.

Ron abriu os olhos embaçados pelas lágrimas e respirou fundo, mas quanto mais tentava se acalmar, mais chorava, sempre com muito cuidado para não fazer barulho.

– Eu estava tão assustada que corri pros braços da minha mãe adotiva. Achei que ela me protegeria. Aquele porco me deu um olhar ameaçador e saiu para pegar alguma coisa pra esposa e eu aproveitei para pedir socorro a ela, dizer tudo que acontecia. Mas ela não me ouviu. Ficou revoltada comigo por estar inventando mentiras e me devolveu pro orfanato no mesmo dia.

Ron enxugava as lágrimas que caiam dos cílios ruivos, e se não fosse seu autocontrole levantaria e iria até Hermione confortá-la. O que estava acontecendo com ele? Normalmente se controlava mesmo diante de histórias tão horríveis quanto a de Hermione.

– Daquele dia em diante eu fiquei acuada. Não suportava ser tocada, muito menos abraçada, então isso dificultava os casais de terem interesse por mim. Eu tinha 7 anos nessa época. E quando voltei pro internato, tinha um menino novo lá. Ele tinha uns 10 anos e tinha ficado órfão, e não sei bem por que nós nos aproximamos. Ele era o único com quem eu conversava. Nós dois falávamos que estávamos grandes demais para alguém nos querer, mas milagres acontecem. E por um capricho da vida, fomos adotados no mesmo dia, mais ou menos dois anos depois, por famílias diferentes. E então eu fui morar com os Granger.

Mione já mais calma se recostou no divã.

– O resto não é difícil de você entender. Eu tinha um trauma gigantesco, e sentia tanta dor ao ser tocada como se estivesse tocando um ferro incandescente. E somente dois anos depois de morar com os Granger contei a eles o mesmo que estou contando agora. Eu fiquei com medo de me devolverem, porque eu entrava em pânico toda vez que tinha que tomar banho e um dos dois apareciam para ver estava fazendo isso direito, mas não me tocavam. Eles ficaram arrasados mas me juraram que nunca me devolveriam, e que me ajudariam a superar tudo isso. E realmente fizeram de tudo pra isso. Depois de anos de terapia eu deixei os dois me abraçarem pela primeira vez. Mas dependendo de quem é ainda me sinto desconfortável com o toque humano.

Hermione estava se sentindo uma tonelada mais leve, e Ron aproveitou essa pausa para enxugar os olhos.

A morena olhava para o ruivo de costas, suspirando.

– Nem acredito que consegui contar isso para alguém que nem conheço ainda. Obrigada, Dr Weasley. Parece que tirei um piano das costas.

– É meu trabalho, Srta Granger. Obrigada pela confiança.– disse com a voz ainda rouca.– Nos vemos novamente na quarta, para começarmos o tratamento?

– Claro. Até quarta.


Notas Finais


Então meus amores...
Pesado, eu sei. Mas tá aí, o primeiro passo pra libertação de Hermione.
Quis abordar esse assunto na fic porque infelizmente ele ainda é uma realidade. A violência doméstica contra crianças e adolescentes, seja física ou sexual, é ainda muito acobertada. Não acobertem, denunciem.
Se você conhece uma criança que sofre maus tratos, pegue seu telefone, disque 100 e denuncie. É anônimo e você salvará a vida dessa criança de diferentes maneiras.
Enfim, desculpem pelas lágrimas que provavelmente derramaram lendo, e até sábado que vem!


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