História Love Me Teacher - Immortal

“Oh, todas essas coisas que os humanos fazem
Para deixar para trás uma pequena prova
Mas a única coisa que nunca morre é o amor, amor, amor
Amor, amor, amor

Estou sempre correndo atrás do tempo
Mas todo mundo morre, morre
Se eu pudesse comprar o 'para sempre' a um preço
Eu o compraria duas vezes, duas vezes
Mas se a Terra acabar em chamas
E os mares congelarem no tempo
Haverá somente um sobrevivente
A memória de nossa vida
Todo mundo morre, morre
Correndo atrás do tempo

Então, me mantenha viva
Então, me mantenha viva
Então, me mantenha viva”
- Marina and The Diamonds
 

Liverpool, Merseyside – Inglaterra

Elena Gilbert POV

Essa era uma das muitas vezes em que eu quis aniquilar Tristan. Sinceramente, como ele pode ter a audácia de me pedir a deixar Damon? Fala sério, eu jamais faria isso.

Não por Tristan. Mesmo sabendo que eu havia sido sustentada por ele durante todos esses anos e que eu não havia reclamado de sua ajuda, porém dessa vez ele tinha se colocado entre mim e Damon. Eu não iria ceder a suas chantagens. Pondero a opção de voltar ao Cavern Club e implorar meu emprego de volta. O salário não era ruim, e com o dinheiro que eu tinha guardado dava pra pagar a anuidade da faculdade tranquilamente. Então sim, o meu vínculo com Tristan de Martel iria se quebrado para sempre.

Chamei um táxi e pedi para que ele me levasse de volta para o dormitório, ainda insisti na possibilidade de que Care estivesse lá já que eu não consigo fazer com que ela atenda seu celular.

Subi cansadamente os degraus, eu queria que tudo no meu passado tivesse sido diferente. Além das inúmeras memórias ruins e imorais que eu portava, havia algumas boas, porém ainda sim elas eram ofuscadas pelas ruins.

Rodei a maçaneta e me deparei com um quarto vazio, que ótimo Care não estava aqui. Porém, algo encima de minha cama chamou a atenção. Uma caixa de bombons finos! Ando até minha cama e coloco aquela caixa em mãos, havia também um bilhete:

“Desfrute desse doce e sinta o que eu sinto quando beijo você.

DS”

Era um bilhete de Damon, ah.

Meu coração se aqueceu com tamanho carinho e atenção, e então fiz o que ele pediu. Tirei uma trufa da caixa e levei a boca. É de chocolate negro, mas havia um aroma de café. Quando mastiguei senti o gosto de outra coisa também, porém não consegui identificar.

Comi mais duas trufas satisfeita, mas quando ia comer a terceira começo a me sentir um pouco tonta. Como se um sono forte e denso tivesse sido instalado em mim, não contendo a sensação de tontura e mal estar eu desmaiei.

♠

Algo macio está sendo pressionado contra meu pescoço, estou ouvindo risadinhas sacanas e um pânico começa a me invadir.

-Acorde Elena, eu quero que a nossa festa seja completa! - é a voz de Tristan, sei que não pode ser nada de bom.

Abro minhas pálpebras e não consigo acreditar no que meus olhos estão vendo:

-Saia de cima de mim! - exclamo na tentativa de me desvencilhar de suas mãos, porém Tristan é mais forte e me segura pelos pulsos.

Aquele cenário era sobrenatural, eu estava (aparentemente) num quarto de hotel, deitada em uma cama de casal e (surpreendentemente) apenas de lingerie.

-Dê isto a ela, Tristan. - e outra bomba se explode, a loura que eu não esperava ver tão cedo se faz presente na cena. Rebekah Mikaelson entra no quarto, majestosamente bela e polida. Em uma mão um celular e em outra um comprimido - o efeito desta daqui é psicologicamente surpreendente.

Com uma mão Tristan agarra meus pulsos e com a direita ele tenta separar meus lábios pressionando minha bochecha. Eu tentei chuta-lo, me sacudir e até mesmo lhe dá um golpe de karatê que vi na TV, porém é tudo em vão. Além de conseguir abrir minha boca contra minha vontade, sua ajudante no crime coloca tal comprimido e o impulsiona a descer por minha garganta. Já era tarde demais, mesmo que eu tentasse cuspir ele já estava em meu estômago.

Não demorou muito para que minha mente fosse coberta por uma névoa, como se algo brusco tivesse me tirado do controle e me colocado do banco do carona. Era uma sensação torturante, como estar dos piores porres possíveis. Eu queria impedir, mas a cada segundo que passasse mais névoa acumulava e o controle era tomado de mim.

-Onde você arrumou esse, Rebekah? - a voz de Tristan parece tão distante, mas sei que ele está ao meu lado.

-É incrível o que se pode conseguir quando se tem dinheiro, dizem que o governo americano usa-a para interrogar suspeitos. Ela amplia as sensações, joga o consciente para debaixo do tapete e não há alternativa para quem a bebe dizer a verdade.

- Que papo chato. - digo sem controle sob mim.

Eles riem.

-Pode começar a filmar. - ele avisa a Rebekah. Mentalmente o meu consciente me implora a correr ali, porém eu permaneço.

Ainda nos braços de Tristan ele começa a me beijar, de maneira violenta que eu mal consigo acompanhar. De soslaio vejo que Rebekah digitava algo em seu celular, porém a que havia tomado controle de mim continuava a beijar Tristan. Deixava-o tomar posse do que não era mais dele, o deixava deslizar sua mão por lugares baixos. Mas, eu continuava ali. Vendo aquela cena do banco do carona horrorizada, implorando que aquela droga acabasse o efeito para que eu pudesse voltar ao banco do motorista e controlar a situação.

Mas era tarde demais, o estrago já estava efeito e o coração já havia se partido.

-Elena! - é Damon. Como ele havia me achado? Quero que Tristan pare de tocar em mim, para que eu possa ir com Damon - meu salvador.

- Oi professor Salvatore. - não é isso o que eu quero dizer.

Pare, pare, pare Elena!

É uma sensação torturante.

-Você quer se juntar a nós? - a Elena drogada e inconsciente pergunta, eu quero chutá-la, porém não consigo.

Tristan gargalha, ele havia parado de me tocar apenas para assistir a cena. Damon me encara incrédulo, eu consigo ver as lágrimas acumularem nos cantos de seus olhos. É triste.

-Vamos embora Elena. - ele se aproxima da cama a fim de me tirar de lá, eu comemoro finalmente iria para um lugar seguro até o efeito passar é o que eu quero. Mas, a Elena inconsciente não.

- Eu não vou pra lugar nenhum com você! Se não quer participar dê o fora! Não vê que está atrapalhando a minha tarde? - ela diz tudo em um fôlego só e ainda completa - Eu não tenho nada com o senhor, Salvatore.

Isto é a gota que faltava para o copo transbordar, vejo o quanto aquilo magoou Damon. Ele respira fundo e luta contra sua própria natureza é mais claro vê-lo assim. Um homem das cavernas graduado lutando contra a razão e a emoção, arrependido demais e inconstante demais.

-Tudo bem, Elena. - ele gira nos calcanhares e caminha para fora do quarto. É o fim, acabou tudo! Eu o perdi para sempre, ele não irá acreditar em mim não depois do que acabou de ver.

-Ótimo trabalho, querida. - Tristan murmura e pressiona a curvatura do meu pescoço, novamente sinto a tontura e desmaio de novo.

♠

Acordo novamente. Ciente de tudo o que se passava, a diferença é que agora eu estava no controle. Como era bom estar no controle!

Noto que estava decentemente vestida, mas ainda no quarto de hotel.

 - Acorde bela adormecida. - é Tristan novamente.

-O que você fez Tristan? - ele está passado pela porta do banheiro com um sorriso sacana.

- O que eu fiz? Ah, minha querida eu só fiz algo que você merecia há tempos. - ele deita na cama, um pouco afastado de mim e apoia o peso nos cotovelos.

- Do que você está falando?

- Eu tirei te tirei o que mais amava, assim como você fez com o meu filho! Aproveite a vida cheia de ruínas e dor, sua vadia suja! - ele murmura tão certo de si, me fazendo acreditar que além de péssima mãe eu fui uma vadia. Sinto nojo de mim mesma, uma vergonha louca que me deixava inquieta. Ignorei quando Tristan saiu rindo pela porta, quis acreditar que era a última vez que eu iria ver ele.

As lágrimas já se deslizavam pelas minhas bochechas, eu estava triste e arrependida. Pois, Tristan havia tocado numa antiga ferida: nosso bebê.

Ele não sabia o quanto me culpava por ter ido a Centreville naquele maldito dia, por ter bebido como uma alcoólatra e por ter colocado tantas vidas em jogo. Não só a do meu bebê, mas a de Marcel também.

Tristan de Martel havia guardado rancor do meu pior erro e depois de tanto tempo veio se vingar de mim, não satisfeito em tentar me separar de Damon ele se filiou com Rebekah.

Eles fizeram jogo sujo, porém eu preferi deixar de lado e me levantar. Eu iria atrás de Damon, imploraria por desculpas ou até ajoelharia aos seus pés apenas para ele me perdoar. Saio às presas do hotel, que descobri ser na verdade um motel - não poderia ficar pior.

Peço um táxi e imploro que ele apresse o mais rápido possível até o apartamento de Damon. Fico na duvida entre qual dos três ele estaria, mas escolho o que é particular.

Após vinte minutos o senhor do táxi estaciona, pago a corrida e me apresso a entrar. Como o porteiro já me conhecia, ele liberou sem muitos problemas. Já o cubículo metálico queria jogar em minha cara o quanto me detestava, após longos minutos chego ao andar de Damon.

Eu precisava de coragem, muita coragem. Mesmo que fosse inocente, eu clamava por coragem - para dizer a Damon que sou inocente e que tudo não passou de uma terrível armação.

Pressiono a campainha, mas não obtenho respostas e refaço o ato novamente.

É quando a porta se abre. É quando eu sinto o ar me faltar, e lá estava ele tão bonito o quanto me lembrava… ele irradiava sensualidade, mesmo com o seu semblante confuso e tenso.

- Damon, eu posso explicar! - praticamente grito, quando ele ameaça fechar a porta. - Por favor, deixe-me explicar!

Ouço sua respiração funda, eu não conseguia vê-lo tão claramente como antes.

-Você tem cinco minutos. - ele exige dando espaço, para que eu entrasse.

Assim que entrei percebi o quanto a atmosfera do local havia mudado, era como se eu fosse a pior das traidoras e isso piorava pelo fato de que eu podia sentir o perfume de Tristan em mim. - Quatro minutos agora.

Suspirei.

-Aquilo no hotel foi uma armação de Tristan, ele é o meu ex-padrasto que retornou apenas para se vingar de mim. - quero explicar tudo detalhadamente, porém não quero revelar o meu passado sujo.

- Por que não assume logo que teve um flashback com o seu querido padrasto? - o seu timbre de voz é julgador e sua irá é visível.

- Porque não é verdade! Você tem que acreditar em mim, eles me drogaram até a psicopata da Rebekah estava lá também! - praticamente grito, porque quero que ele acredite em mim.

Damon ri nervoso, ele começa a andar de um lado para o outro.

-Pare de mentir Elena.

- Eu não estou mentindo! Eu jamais faria aquilo com você se estivesse sóbria. Eles abusaram de mim, Damon! - eu não quero chorar, mas não consigo obrigar as lágrimas a se guardarem.

- Eu preciso de um tempo Elena, acho melhor você ir embora. - ele está praticamente me expulsando, mas eu não quero ir.

- Não faz isso comigo Damon, você tem que acreditar em mim! Eu… você me mudou Damon, me mostrou um lado bom em mim que eu havia esquecido que existia. Não ignora isso, por favor! - eu sabia que não havia mais nada que eu poderia dizer ou fazer, então preferi ir embora. Dar um tempo.

Senti meu coração se quebrar do momento em que eu passei por aquela porta, cogitei a ideia de que realmente era o fim. Eu estava tão assustada e envergonhada, que quando olhei pela última vez a Damon soube que ele não perdoaria tão fácil.

Por que Tristan teve que se aliar a Rebekah? Por que aquela loura quer tanto me aniquilar? Porque de alguma forma a sua história com Damon deu errado e ela não consegue seguir em frente. Mas, me ameaçar de morte não o fará voltar para ela.

Desci pelo elevador sendo arrebatada pelas lágrimas que não paravam de cair, eu as deixei inundar meu rosto com toda a força possível. Eles conseguiram me derrubar, mereciam o melhor champanhe de comemoração.

O porteiro perguntou se eu estava bem, Mr. Rodrigues era um latino de sorriso simples que conquistava por sua simpatia, mas hoje a única coisa que lhe disse fora “irei ficar”

Eu não ia ficar bem, até que Damon me perdoasse. Ao chegar à calçada a vida novamente me cuspiu a face, estava caindo uma tempestade de água. Mas eu permiti que ela me molhasse, eu quis sentir a água chocando-se contra mim. Como se ela estivesse lavando todos os meus pecados.

-Elena!

É Damon, então é como se o sol tivesse saído por aquelas densas nuvens e ensolarado-me novamente.

Estamos frente a frente, ele tão inundado como eu.

-Eu quero te perdoar, eu quero esquecer-me do que vi nas últimas horas. Você é a melhor coisa que já aconteceu comigo, Elena. - ele está ofegante, o coração martelando como se fosse o de um beija-flor. - Eu desci vários lances de escada, apenas para impedir que você me deixe.

Ah!

-Olhe nos meus olhos e diga que me quer como eu quero você.

Uma alegria violenta invade meu coração, como se a natureza estivesse se equilibrado novamente.

-Eu quero…

E então tudo fica denso demais para suportar. Algo rápido e feroz perfura meu peito, fazendo com que o ar me faltasse. Lembro-me de ouvir o ruído do disparo, mas estou inerte demais para ter certeza. Olho para Damon completamente confusa, ele está incrédulo. Toco em meu peito e vejo o líquido vermelho escorrer por meus dedos, a força nos joelhos me faltam e eu caio nos braços de Damon. A chuva lavava meu rosto e o sangue.

-Elena fique comigo! Alguém chama uma ambulância! Por favor! - ele estava desesperado, porém eu não sentia nada.

- Eu não tenho escolha baby. - ele havia apoiado minha cabeça em seu colo, as suas lágrimas se fundiam aos pingos de chuva, eu queria tomar sua dor. - Eu te amo, Damon!

Sua expressão de dor aumenta, ele acaricia meu rosto com calma. Eu tento fazer o mesmo, porém minhas mãos já estão trêmulas demais.

-Não faça isso Lena, eu não irei me despedir de você. - ele implora.

- Você é a melhor coisa que me aconteceu, Damon. Guarde meu amor dentro de seu coração e tudo o que vivemos na alegria e na dor. Agora eu estou nos braços do meu primeiro amor, a primeira pessoa que eu amei e que para sempre irei amar.

Eu não consigo dizer mais nada, a morte está me levando em seu colo frio e torturante. Eu não queria ir. Negava-me a acreditar que o encanto da vida terrena iria acabar. Eu tinha escolhido ficar, essa era a minha escolha. Então, agora eu sou roubada e levada para os braços da morte. Tão fria.

A última imagem que tive foi de Damon me beijar aos lábios e seus olhos cheios de lágrimas.

É o fim.