História Love or Obsession? - Goodbye, my love...

POV Abby Jepsen

~ Hospital Central de Londres ~

Posso garantir que a dor emocional é mais dolorosa que a física. Eu sentia uma culpa enorme de fazer aquilo com Harry, mas era o meu subconsciente me protegendo de qualquer ameaça, mesmo que Harry não fosse uma. 

Eu o queria ao meu lado, mas a verdade é que eu não conseguia olhar em seus olhos verdes sem me lembrar do quanto eu fui humilhada. Eu só queria morrer. Não queria nenhum olhar de pena para cima de mim. 

E ainda o olhar de que perdi meu filho. 

Esse era o pior. Ele era apenas um bebê e sofreu com o meu erro de ser fraca e não lutar. Eu era a culpada. Meu bebê estava morto por minha causa. E Enzo só ajudou nisso. 

- Seu pai está chegando. - Mamãe disse acariciando meus cabelos. Pânico. 

- Não! - Praticamente gritei. Mamãe me olhou sem entender e eu sentia o medo em mim. - Não quero ver ninguém... - Sussurrei trêmula. 

A ideia de alguém me olhando me deixava apavorada. Nesses dois dias em que eu havia acordado do meu coma induzido - mamãe havia me contado - eu não deixei ninguém entrar no meu quarto, só minha mãe e médicas. Eles tiveram que trocar toda a equipe que cuidava de mim para médicas e enfermeiras. Eu não conseguia ver nenhum homem. E tenho certeza que não iria conseguir ver meu pai. 

- Querida... - Mamãe suspirou e se sentou ao meu lado. Comecei a brincar com meus dedos. - Vai fazer dois meses que tudo aconteceu e dois dias que você está acordada. Seus meninos querem te ver, seu pai quer te ver, o Harry quer te ver! 

- Mamãe... Eu não consigo. - Balançava a cabeça rapidamente. - Por mais que eu os ame, eu não consigo encara-los sem sentir medo. Sem sentir culpa! 

- A culpa de perder seu bebê não é sua, meu amor! - Ela sorriu terna, doce como ela sempre foi quando falava comigo. - Assim como você está sofrendo, Harry também está! 

- Ele sabia... 

- Sim, sabia. 

- Como? - Olhei em seus olhos esperando pela resposta que eu queria desde que eu acordei e vi que meu bebê não estava mais em minha barriga.

- Desde que você descobriu. - Abri a boca e ela sorriu. - Ele queria que você fizesse a surpresa. 

- Se ele tivesse me contado que sabia... 

- Iria acontecer do mesmo jeito. - Ela suspirou. - Enzo está preso. 

Me encolhi ao ouvir seu nome. 

- Ele está muito encrencado e duvido que saia de lá tão cedo. Agora, me prometa, não pense mais nele e vai seguir sua vida, sua carreira, seu namoro, e-

- Eu não quero. - Interrompi minha mãe. 

O medo de olhar todas aquelas pessoas me invadiu. Os olhares de pena e de repulsa, iriam me fazer chorar. Eu não queria voltar para cima de um palco com a ideia de que me olhariam do jeito que eu sempre odiei. 

- Eu não quero. - Minh respiração se tornou rápida e minhas mãos começaram a tremer. Minha mãe me olhou sem entender. - Eu quero ir embora. - Sentia meus lábios tremerem conforme eu segurava meu choro. - Quero voltar pra casa. 

Minha mãe sorriu e limpou uma lágrima que caiu. 

- Aqui é a sua casa, onde está todos que você ama, onde está sua banda, onde está Harry! 

- Eu quero ir pra casa! - Meus soluços se tornaram alto. - Eu só quero ir pra casa... - Seus braços me envolveram e eu me senti segura pela primeira vez depois de tudo. 

- Calma meu amor... - Eu chorava e me debatia. O pensamento de nunca mais nada ser o mesmo me tomou. Eu não queria ir pra casa, queria embora. Era diferente. Queria ir embora dessa vida que não era mais minha. - Abby! 

- Mamãe... Eu quero ir embora! 

- Nós iremos, meu amor. - Ela beijou minha testa. - Quando receber sua alta, iremos para o Brasil. 

POV Harry Styles 

- Brazil?! - As palavras saíram sem eu perceber. 

- Eu sinto muito, Harry. - Paloma passou as mãos em seu rosto como se espantasse o cansaço. 

Ela estava indo embora para o Brasil. Como ela pode querer ir embora e me deixar aqui?! 

- A psicologa conversou comigo e bom, Abby não está nada bem. E eu também acho que será melhor ela estar ao meu lado, para que eu cuide melhor da minha filha. 

- Mas... Ela é minha namorada! Posso cuidar dela! - Me desesperei com a ideia da minha menina ir para longe de mim. 

- Ela não consegue encarar o próprio pai, quanto mais você! 

Claro que todas aquelas palavras doeram. Ela não encarava o pai, como iria me encarar? Como íriamos voltar a ser como éramos antes? Estava tudo acabado? E o nosso amor? E as promessas? Tudo! 

- Minha filha não está bem, Harry. Nada bem. - Ela suspirou e se sentou de frente para mim. - Com ela no Brasil, fora de toda essa atenção que ela está recebendo, tenho certeza que ela ficará bem. 

- Quanto tempo? - Perguntei sentindo um bolo em minha garganta. 

- Não sei... Meses, talvez. - Fechei os olhos fortemente. - Melhor você seguir em frente, Harry. 

Abri os olhos rapidamente para ver se eu não havia ficado louco e escutado coisas. 

- Como assim, seguir em frente? - Perguntei me levantando. 

- Ela pode nunca mais ser a mesma. 

- Você acabou de dizer que ela voltaria a ser a mesma! - Disse trêmulo. 

- Mas também pode nunca voltar! - Ela pulou do sofá e me encarou. - Não quero que você tenha esperanças, mas Abby pode nunca mais voltar. Ela pode voltar a sorrir ou até mesmo te ver, mas voltar aos palcos e a essa vida... - Ela balançou a cabeça. - Eu duvido muito. 

Meu peito doía conforme eu ouvia as palavras de Paloma. 

Era a vida que ela amava, era onde ela havia se encontrado, e agora, ela estava com medo de viver essa vida. 

Mas eu sei que ela seria forte, ela pensaria em mim e seria forte. Eu estava sendo por ela. 

- Quando ela vai? - Me virei para a parede. 

- Amanhã. - Abaixei a cabeça, chorando baixo. - O avião particular da banda irá nos levar. Apenas nós duas. 

Me virei para ela, sem entender. 

- E o Bruno? David, Estrela? E a Bella?! 

- Ela não quer ver ninguém, Harry. 

Meus lábios trêmulos contribuíram para meu choro vir sem eu segurar. 

- E os meninos? 

- Apavorados da ideia sem a Abby. 

- E a banda? 

Ela balançou a cabeça. 

- Não sabemos o futuro da banda. 

Deixei o ar sair pela minha boca. Não seria só a Abby e os meninos que sofreriam, todos iriam sofrer se a banda acabasse! 

- Pode me fazer um favor? - Pergunto e ela sorri. 

- Claro, você ainda faz parte da família. - Não sorri. Meu namoro estava por um fio. Eu não iria sorrir. 

- Espere alguns minutos, eu já volto. - Subi as escadas da minha casa indo para o meu quarto. 

Abby saberia que, apesar de tudo, eu iria esperar por ela. 

POV Demi Lovato 

- De? - E eu chorei. E ela chorou. 

Eu fui a única que ela havia deixado entrar além da sua mãe. 

- Vou sentir sua falta, irei te visitar assim que der! E irei te fazer melhorar, iremos fazer nossos vídeos, iremos rir quando minha mãe tentar fazer algo para comermos e ser um desastre, iremos rir de tudo isso, você irá voltar para os palcos, iremos cantar juntas, iremos... iremos... 

Ela não parecia a mesma. Ela me olhou com medo quando entrei no quarto. Mas sorriu quando eu corri para seus braços. Abby era uma parte de mim que estava indo para o Brasil. Uma parte de mim que ficaria adormecida até que ela voltasse. 

- Eu amo você, Demi. - Ela sorriu e beijou minha bochecha. 

- E-eu t-também amo vo-você! - Meu choro era alto, doído. 

- Por favor, cuide dele, não o quero ver sofrendo mais do que está! - Seu tom era baixo. 

- Ele já está sofrendo ver você partir. - Respirei fundo tentando conter meu choro. 

- Eu preciso fazer isso. - Ela disse. 

Eu entendia muito bem. Ela precisa ter seu tempo para colocar sua cabeça no lugar. Eu mesma fiz isso quando fui para reabilitação, eram pensamentos confusos que eu não conseguia coloca-los no lugar. 

- Eu entendo. - Sorri para a minha pequena. - E você vai voltar, para a gente e para os palcos. 

Ela negou. 

- Não sei se consigo mais. Não consigo encarar meu pai ou os meus meninos, quanto mais meus fãs. 

- Você vai conseguir. - Beijei sua testa. - Eu sei que vai... Eles estaram te esperando, como os meus Lovatics estiveram por mim. 

- Os meus meninos... 

- Eles te amam, e entendem. - Peguei um caderno que estava na poltrona que eu deixei quando entrei no quarto. - Tome, eles te mandaram. - Ela pegou o caderno e sorriu. - Abra quando se sentir a vontade, quando sentir que esta ficando boa. Aí dentro tem um pen drive com videos que vocês gravaram quando tinham entre onze e quinze anos. Tem fotos de quando vocês se conheceram. 

- Diga para eles que os amo. - Sorri assentindo. 

- Direi. 

- E Demi... - Ela pegou minha mão e fez carinho. - Obrigada por tudo. 

- Não precisa agradecer, minha princesa. 

POV Abby Jepsen

A vida é um labirinto, as vezes entramos por um caminho errado e sem saída, e temos que dar meia volta para encontrar o caminho certo. Eu estava voltando. 

- Isto é seu. - Mamãe me entregou um envelope branco. 

Mamãe e eu estávamos no jatinho, não foi fácil chegar até aqui. Não me despedi de ninguém além da Demi, a saída do hospital foi estressante. Fechei os olhos e não olhei ninguém, mas sentia flashes e gritos. Eu os amava, mas não podia encara-los. Eu estava com medo, mas mamãe me tranquilizou. Mamãe me abraçou até o aeroporto. Enterrei minha cabeça nos braços da minha mãe e a deixei me guiar. O aeroporto estava vazio, as fãs não sabiam que eu estaria voltando para o Brasil. 

- O que é? - Perguntei quando peguei o envelope. 

- É do Harry. - Senti meu peito doer ao lembrar que estava o deixando para trás. - Abra, ele pediu para te entregar quando estivéssemos no ar. 

Assenti e abri. Era uma carta. E meu peito doeu quando comecei a ler.